Este livro foi escrito após ter um sonho muito real em que eu estava internado já em ditosa velhice e vi que estava completamente sozinho no quarto de um hospital, minha esposa havia falecido e meus filhos haviam me abandonado com câncer em um hospital para morrer completamente sozinho e abandonado.
Aquilo foi uma das piores experiências que tive na vida, sentir o abandono das pessoas que mais amo doeu como uma facada, fez com que eu tivesse uma visão de como as pessoas se sentem nos asilos.
Diferente do que eu sou como pessoa, em meu sonho eu era uma pessoa completamente arrogante e por puro compromisso com a lei da semeadura, estava colhendo os frutos de tudo aquilo que havia plantado, afinal, ninguém é culpado pelas nessas escolhas além de nós mesmos.
O personagem principal, Daniel, podem visualizar como se fosse realmente eu, talvez em um universo paralelo em que eu sou uma pessoa extremamente arrogante e que somente minha esposa tivesse o poder de me fazer ser uma pessoa melhor, o que em tese não está realmente errado, porque ela tem esse poder, mas é divertido me imaginar de forma diferente, porque sua à sua frente uma nova perspectiva de tudo o que realmente poderia ter sido se você tomasse as decisões diferentes das que tomou.
Este livro, diferente da grande maioria não é um thriller policial ou um livro de suspense da qual estou ambientado em escrever, é uma história de reflexão sobre o poder das nossas atitudes diante dos erros do nosso passado e como vamos reagir diante de tudo o que construímos.
Diferente de todos os livros que escrevi, este em especial é muito autobiográfico, tento moldar meus próprios sonhos de ser um atleta profissional de basquete e futebol, ao mesmo tempo alinhar com a vida maravilhosa que tive. Claro, é mais uma versão de uma espécie de: “E se...”, pois a gente sempre fica imaginando o que teria acontecido se tivesse feito outras escolhas das quais nós fizemos e este livro é uma releitura da minha vida de que eu tivesse voltado no tempo e sido um atleta profissional de sucesso, ou não.
Da mesma forma que ocorreu no livro “Uma ponte para a felicidade”, em que a existência de algo impossível torna a história pouco confiável de ser verdadeira, mesmo usando de licença poética, este em especial trarei uma nova realidade e fica a critério do leitor imaginar as duas possibilidades que ele vá acreditar:
1º - Ele realmente viajou ao passado e viveu tudo novamente;
2º - Ele entrou em coma e imaginou tudo aquilo.
Não posso obrigá-los a escolher a minha visão favorita sobre esta obra, mas posso, como um bom escritor, te indicar caminhos para você escolher qual o mais seguro, lembrando que também sou um bom leitor.
Existia um homem que estava com oitenta e sete anos de idade e sua esposa tinha falecido havia exatamente oito meses, quinze dias e algumas poucas horas. Sua cabeça andava meio fraca ultimamente, tentava ser tão preciso, perfeito em tudo como sempre foi – e isso era um dos seus defeitos favoritos, porém, depois dos setenta anos tudo o que ele menos conseguia ser era perfeccionista, sua mente pensava algo, mas seu corpo não acompanhava mais sua mente sagaz.Sua vida havia sido um emaranhado de emoções distintas, filho de pais separados, conheceu sua esposa poucos dias antes do baile de formatura e se apaixonou imediatamente por ela e ao vê-la fez uma das orações mais sinceras e honestas que Deus já recebeu:— Senhor, é com ela que eu quero me casar e passar todos os dias da minha vida.Como se fosse um passe de mágica, aquele jovem apaixonado encontrou uma bela jovem qu
Enquanto seus pensamentos viajavam nas mais loucas histórias do seu passado ao lado da mulher da sua vida, Anna, entrou um senhor de idade ainda mais avançada que a sua, se é que ele achava possível, já que depois dos oitenta anos é natural a pessoa se achar a mais velha do mundo, ele estava com uma bengala de madeira simples, sem nenhuma ornamentação luxuosa e com algumas coisas estranhas escritas nela, talvez em uma língua que ele jamais tinha visto.O velho se sentou em uma poltrona ao lado da sua cama e descansou seu corpo aparentemente cansado por alguns instantes, visivelmente parecia aliviado por sentar-se ali, depois ele apoiou sua cabeça sobre a bengala que trazia consigo e ficou olhando para ele como se enxergasse muito mais do que apenas um decrépito Daniel.Seus olhos pareciam refletir uma verdade que ele jamais tinha visto em toda a sua vida, ao mesmo tempo que tinha ficado com me
Nesse momento quem deu gargalhada foi Daniel, mesmo lutando contra as suas dores, ele sentiu um súbito riso que era mais forte do que ele, mas ao invés do velho ficar bravo com ele, sorriu também como se fossem amigos há muito tempo.— Nem eu acreditaria se contasse – disse o velho contendo o riso –, mas é verdade, adoro compartilhar isso com as pessoas, me faz tão bem, parece que tira um peso das minhas costas.Quando ele disse isso, ambos deram risada novamente, Daniel sabia que seria grosseria demais de sua parte rir de alguém mais velho que ele, mas depois daquilo não dava mais para continuar sisudo.— Vim aqui – continuou o velho após Daniel se conter – porque você disse que eu não me importava com você.— E não se importa mesmo, é bom poder falar na cara de Deus isso.A voz de Daniel transparecia muito sarc
Quando Daniel acordou no dia seguinte – era aproximadamente oito horas da manhã do dia 24 de abril de 1988 –, no fatídico dia em que seus pais se separaram, ele estava novamente na casa de sua avó paterna e seu pai vendo a sua mãe arrumando as coisas para a mudança completamente em silêncio, em certo aspecto parecendo aliviado com tudo aquilo que estava acontecendo, como se um fardo estivesse saindo das suas costas.Não é possível que ele esteja feliz com essa situação...Mas a verdade era nua e crua, e nada e nem ninguém poderia mudá-la, seu pai não amava a sua mãe e sentia que estava prestes a viver algo maravilhoso ao lado de outra pessoa.Ele se lembrava muito bem de como aquele dia tinha começado corrido para todo mundo, a situação parecia mais um filme antigo do que uma lembrança viva, mas agora a lembran&
Quando chegaram na casa da sua avó Antônia, foi uma alegria só – pelo menos para ele, é lógico –, Daniel nunca imaginou que sentiria tanta a falta de alguém como sentia dela.Daniel foi correndo abraçá-la como se estivesse correndo os cem metros livre em uma final olímpica, a emoção do abraço deve ser a mesma ao saber que venceu a prova.Daniel disse chorando:— Vó... que saudade da senhora.Seus olhos choravam sem parar, ficou mais de quarenta minutos abraçado com ela, se lembrando de como era bom aquele abraço, ouvir aquela voz reconfortante que somente ela tinha, sentir o calor daquele amor que só encontrou em Anna anos mais tarde.— Não precisa me chamar de senhora... – disse ela brava como sempre quando a chamávamos de senhora.Voltar ao passado já tinha valido a p
Provavelmente a visão da sua avó materna trouxe um pouco de tranquilidade na mesma proporção que rever seu pai acelerou seu coração e sua vida, pois vê-lo novamente no auge da sua beleza e virilidade era uma visão completamente diferente do que ele se lembra do decrépito e falido Walter, trouxe um misto de emoções diferente de tudo o que já havia enfrentado até então.Vendo-o daquela forma, Daniel fez uma promessa a si mesmo que iria garantir com todas as forças que ele não caísse em desgraça e vê-lo definhar como aconteceu, ao ponto de sua mãe ver uma foto dele e perguntar quem era aquele homem.Seu pai, como já sabia Daniel, se casou poucas semanas depois de se separar de sua mãe com uma secretária chamada, Marie, e pouco do que se lembrava daqueles momentos terrivelmente tristes, pioraram agora que tinha no&cc
Sua relação com sua mãe não mudou muito do que era, ela decidiu trabalhar e aos finais de semana revezava entre sair com ele, comer pastel no shopping, assistirem algum filme juntos nos cinemas e sair com seus amigos nas rodas de pagode, de vez em quando Daniel ia junto.Daniel via que a melhor coisa que poderia ter acontecido foi a separação de seus pais, viviam em mundos completamente diferentes e ele estava entre esses mundos e realidades opostas entre si, nunca pendia nem para um lado e nem para outro, ele era, o que eles chamavam de café com leite, mas teoricamente era uma pessoa neutra naquela guerra inútil em que não haviam vencedores.A única viagem que ele fez com ela foi para a praia com diversas amigas dela e ele era o único rapaz da turma, depois de muitos anos ele foi entender o que elas diziam:— Uma pena que ele é tão novinho iríamos no
Certo dia, passeando pelo centro da cidade, parou em frente a uma loja de instrumentos musicais e disse para a sua mãe:— Quero um violão.Sua mãe olhou para ele de forma espantada e ao mesmo tempo o repreendendo.— E desde quando você sabe tocar violão?— Digamos que tenho talento nato, assim como o seu pai.Sua mãe riu.— Meu pai é um mistério da natureza, filho, ele tocava acordeom, um dos instrumentos mais difíceis de se tocar.— Não estou pedindo para me comprar um acordeom, mas um violão.Minha mãe sabia perfeitamente do que ele estava falando, pois, seu pai era regente da banda no quartel e por muito tempo ensinou música para as pessoas dos bairros onde morava.Eles entraram na loja e ele escolheu um violão Folk e disse:— Escolhe uma música.Ela sorriu diante do