Existia um homem que estava com oitenta e sete anos de idade e sua esposa tinha falecido havia exatamente oito meses, quinze dias e algumas poucas horas. Sua cabeça andava meio fraca ultimamente, tentava ser tão preciso, perfeito em tudo como sempre foi – e isso era um dos seus defeitos favoritos, porém, depois dos setenta anos tudo o que ele menos conseguia ser era perfeccionista, sua mente pensava algo, mas seu corpo não acompanhava mais sua mente sagaz.
Sua vida havia sido um emaranhado de emoções distintas, filho de pais separados, conheceu sua esposa poucos dias antes do baile de formatura e se apaixonou imediatamente por ela e ao vê-la fez uma das orações mais sinceras e honestas que Deus já recebeu:
— Senhor, é com ela que eu quero me casar e passar todos os dias da minha vida.
Como se fosse um passe de mágica, aquele jovem apaixonado encontrou uma bela jovem que se apaixonou por ele também e viveram muito felizes, tiveram filhos, netos e uma vida digna todos os anos que foram casados, completando bodas de diamante pelos sessenta anos de casados até que veio o fatídico dia.
Por um longo, prazeroso e insuportável momento ele achou que morreria com ela e completariam o ciclo juntos...
Era exatamente o que ele queria... mas não o que Deus queria...
Era engraçado ele pensar isso, pois quem falou isso para ele foi exatamente, o próprio Deus em carne e osso, talvez se alguém perguntasse para ele aquilo, obviamente não acreditaria, mas o homem provou para ele ser quem ele disse ser.
Mas logo Daniel percebeu que, daquele mesmo momento o quão infeliz era, sua vida era uma verdadeira tragédia grega, talvez shakespeariana...
Pois nem para morrer ele tinha vocação... sua teimosia chegou ao limite da própria existência humana...
Daniel descobriu que tinha Câncer na mesma semana em que sua esposa, Anna, foi internada no Hospital Samaritano há mais de dez anos e realizava tratamento periódico e por vezes eles tinham a esperança de que ela estava plenamente curada, mas no ano seguinte o câncer voltava e lá estava os dois lutando novamente pela vida, mas sempre juntos.
No caso dela, já era um estágio bem mais avançado que o dele e apesar de tudo, não sofreu tanto quanto a maioria das pessoas sofrem com uma das doenças mais desgraçadas que acomete o homem.
Qualquer hipócrita e cretino que fazia parte da sua laia teria preferido assim, ele, porém, se arrependia por não ter fé suficiente para salvá-la daquele martírio sem fim, ela melhor do que ninguém não merecia aquele tipo de fim e achava injusto da parte de Deus fazer aquilo com uma das pessoas mais incríveis que já tinha pisado na Terra...
***
— REALMENTE, NÃO DEVO nem valer um centavo furado para Deus... nem eu, muito menos minha inoperante fé.
Anna, como sempre, ria do marido mal-humorado e continuava encarando tudo como uma bênção de Deus, mas ele – como sempre também – tinha que abrir a sua boca grande para murmurar contra tudo e todos – principalmente contra Deus e sua má vontade em fazer algum agrado em seu favor:
Como se eu fosse tão merecedor assim...
— Prefiro pensar que Deus sabe bem melhor do que eu quando nos permite passar por momentos assim, só posso ser grata por tudo o que vivi até chegar aqui, especialmente por tudo o que passei ao seu lado.
— Porque deveria agradecer? – Disse Daniel para Anna que retribuía suas palavras com seu sorriso pleno, e ele com seu mau-humor habitual – por estarmos aqui prestes a morrer como se fôssemos gado no matadouro?
Anna ria como se aquilo fosse a piada mais engraçada do mundo, talvez fosse a única pessoa do mundo que iria rir de algo daquele tipo.
— Posso agradecer por estar aqui comigo ou posso reclamar pelo que estou passando, os dois é impossível, querido.
Ele levantou carinhosamente a mão dela e a beijou como sempre fazia.
— Eu sei que não dá para fazer os dois, mas posso tentar, não é mesmo?
— Não deve tentar, querido, é errado.
Ela estava sempre pronta para fazer do seu dia algo inesquecível.
— Depois dos seus sessenta anos, o seu Deus a abandonou, estamos com Câncer, você está internada e desenganada pelos médicos, nossos filhos nem se lembram que existimos – pelo menos, de mim ninguém se lembra –, todos os meus amigos já morreram...
— Seu problema sempre foi um só, meu amor...
Ele sempre se achava certo, mesmo Deus, todos estavam sempre completamente errados...
— Sabe o que penso? – Continuou falando levantando a voz nesse momento, um dos seus grandes defeitos, falar alto – Que perdi uma vida inteira acreditando em alguém que me abandonou no final, me sinto traído, vilipendiado em minha honra...
Anna como sempre riu das suas bobagens, mesmo sendo um velho gagá como Daniel era, ela sempre esteve ao seu lado, nunca reclamou, sempre foi paciente com a sua ignorância e suas infinitas manias – e olha que de manias ele entendia melhor que ninguém, tinha pelo menos umas vinte manias fixas, foras as passageiras.
Assuas favoritas eram: reclamar dos vizinhos, reclamar de Deus, reclamar da política, reclamar do seu time de futebol, reclamar do seu time de basquete...
Ele só não achava possível reclamar da esposa.
— Só você mesmo para me fazer rir num momento como esse, meu velho – disse ela rindo enquanto olhava pela janela procurando por algo, ou alguém que só ela sabia que estava lá.
— O que aconteceu, amor? – Sua voz saiu carregada de curiosidade – Porque seus pensamentos estão tão distantes?
Um súbito sentimento de desespero bateu sobre Daniel, ele já tinha vistos muitos filmes e lido muitos livros para entender perfeitamente que aquela era a despedida definitiva.
Anna riu novamente para ele, mas dessa vez era mais como uma despedida.
— Ele está me chamando...
Daniel fingiu não entender.
— Quem está te chamando, amor?
— Deus... – ela deu um sorriso de felicidade – é impossível não atender ao seu chamado, nunca me senti tão bem e em paz em toda a minha vida, sua voz é tão reconfortante, sinto como se alguém muito especial estivesse me esperando com seus braços abertos.
— Pede para ele me levar junto com você.
— Não é a sua hora ainda, tem muita coisa para viver sem mim.
— Não posso viver sem você, querida.
Daniel já tinha ouvido muitas histórias de pessoas que no final da vida ficavam malucas, a morte – ou a aproximação dela – causa algo nos corações das pessoas que ninguém sabe como realmente vamos reagir a isso, afinal...
Só se vive uma vez...
Não, ele sabia que nós vivemos todos os dias, a verdade era mais cruel do que ele imaginava:
Só se morre uma vez na vida...
E ele estava presenciando um momento único na vida da esposa.
— Tive uma vida de rainha ao seu lado, Daniel – disse ela quebrando o silêncio do ambiente e interrompendo os gritos desesperados do seu coração –, jamais poderia ser tão feliz ao lado de alguém que não fosse você, queria que soubesse que estar ao seu lado foi a realização da minha vida, você é o homem dos meus sonhos, foi o marido que sempre pedi para Deus...
O seu coração incrédulo nunca esteve tão apertado em toda a vida, mesmo que não fosse uma despedida, ele sabia que aquela seria a última vez que veria aquele sorriso e aqueles olhos brilhantes que marcaram tanto a sua vida.
Daniel sentou-se ao seu lado e ela fez um esforço heroico para colocar sua mão macia em seu rosto, ele a ajudou, e ela sentiu o calor do seu corpo ainda uma última vez.
Sua mão estava quente e reconfortante como um bom banho quente no mais rigoroso inverno na Rússia.
— Daniel... você foi a luz no fim do meu túnel, nunca te disse isso, mas te conhecer fez a minha vida ter um sentido verdadeiro, em você encontrei um amigo, fortaleza e principalmente amor, você é meio esquisitão, mas é o meu esquisitão.
Mesmo ela estando tão fraca ainda conseguia fazê-lo sorrir, ela tinha o incrível dom de fazê-lo feliz em qualquer situação, todas as vezes que ele estava desempregado, era ela quem dava ânimo para ele continuar, e agora, era ela quem estava o incentivando a permanecer firme enquanto o mundo desabava em cima dele.
— Prometa, Daniel, que não vai fazer nenhuma bobagem quando eu não estiver mais ao seu lado, sei que hoje é o meu último dia e realmente agradeço a Deus por tudo que vivi, fui a mulher mais feliz do mundo...
Ela tossiu e logo em seguida voltou a sorrir, escondendo toda a dor que sentia.
— Você tem muita coisa boa para viver ainda, Daniel, não deixe a oportunidade fugir, não culpe Deus pelo que está acontecendo, estou feliz, sei que você poderia ficar feliz por me ver feliz também.
— Me perdoe, meu amor – disse com a voz cortada de tanta emoção –, mas fica difícil acreditar em Deus em um momento como esse.
Anna deu risada como nos tempos de adolescência.
— Quanta bobagem, Daniel, principalmente nesse momento, temos que acreditar em Deus, sinto-O – falava ela sobre Deus – tão perto de mim quanto você, sua luz é quente, sua voz se torna tão audível em meus pensamentos que não sei se converso com Ele ou com você.
Daniel ficou olhando atentamente para ela esperando que terminasse de falar.
Mas Anna não falou mais nada...
Nunca mais...
Ele queria chorar, mas não conseguia, estava tentando ouvir a voz de Deus também, mas Ele não falava nada, absolutamente nada, estava tentando sentir aquele calor que ela estava sentindo, mas também não sentia nada... o frio que começou a se formar em seu coração encheu todo aquele lugar.
Seus filhos entraram e tentaram-no consolar, mas Daniel percebeu que eram eles que precisavam de consolo, afinal, inúmeras vezes os ouviu dizendo que se ele estivesse morto, sem dúvidas eles cuidariam de sua amada Anna em suas casas, mas ele junto era complicado.
Daniel ficou imaginando se eles chorariam tanto no seu enterro quanto choraram no enterro dela, e percebeu que para certas respostas, é melhor não sabermos para não nos tornarmos mais ateus do que já somos.
DEPOIS DO ENTERRO ele não podia dizer que teve uma vida de verdade – daquelas que se leem nos livros que têm finais felizes –, seus filhos não o visitavam mais, seus netos aproveitavam a vida com o dinheiro da herança que deixou para eles.
Sua vida se resumia às quimioterapias e ficar chamando as enfermeiras para ajudá-lo com tudo – nem voltou mais para sua casa.
SEU LAR AGORA era aquele bendito hospital e as enfermeiras sonhadoras que adoravam ouvir suas histórias de amor ao lado de Anna, que sempre contava o quão maravilhoso era o seu marido.
Por mais turrão, ignorante, insensível e teimoso que fosse, Daniel descobriu que tinha um encanto diferente que não era somente a Anna que via isso nele, era ele que não deixava as pessoas verem que ele tinha coisas boas...
O Dr. Ronald – médico que cuidava dos dois desde que descobriram que estavam doentes – disse:
— Infelizmente o senhor terá no máximo mais um mês de vida, senhor Daniel, sinto muito.
— Pelo menos será apenas mais um mês sem a minha esposa, depois disso estará tudo terminado.
— Vocês tiveram uma vida muito bonita juntos.
— Ela embelezava tudo o que tocava.
O médico sorriu e disse:
— Isso é o verdadeiro amor, senhor Daniel.
JÁ NÃO ADIANTAVA fazer mais nada por ele, absolutamente nada... toda a tecnologia que estava disponível eles já tinham usado, mas seu Câncer estava em um estágio muito avançado, e já era um milagre ele estar vivo.
Estar vivo? – Pensou se remoendo com meus velhos grilos.
Melhor morrer e deixar de atazanar a todos ao meu redor...
Daniel percebeu naquele momento que só a Anna o aguentava mesmo naquela vida, é claro que ele sempre falava para ela desde o começo que seria um velho gagá, chato, irritantemente insuportável, mas jamais imaginou que chegaria ao ponto de nem mesmo ele não se aguentar.
Daniel sempre se vangloriou por ser um intelectual reconhecido por todos, de nunca precisar ficar em cima dos cadernos estudando que nem um maluco – como a grande maioria dos seus amigos faziam.
Mas agora, sem Anna ao seu lado, nada mais fazia sentido nessa vida para o velho e caquético Daniel, até o dia de sua morte, ele nunca entendeu o porquê ela aceitou se casar com ele. Hoje em dia ele percebe que por atrás desse homem grosso, metido, egoísta, mesquinho – e muitos outros defeitos que prefiro não relatar para que fiquem com ódio dele... – existia na verdade um ser humano sensível que daria a vida se fosse possível pelas pessoas que mais amava, só a Anna via isso em nele...
E ele jamais percebeu isso...
Enquanto seus pensamentos viajavam nas mais loucas histórias do seu passado ao lado da mulher da sua vida, Anna, entrou um senhor de idade ainda mais avançada que a sua, se é que ele achava possível, já que depois dos oitenta anos é natural a pessoa se achar a mais velha do mundo, ele estava com uma bengala de madeira simples, sem nenhuma ornamentação luxuosa e com algumas coisas estranhas escritas nela, talvez em uma língua que ele jamais tinha visto.O velho se sentou em uma poltrona ao lado da sua cama e descansou seu corpo aparentemente cansado por alguns instantes, visivelmente parecia aliviado por sentar-se ali, depois ele apoiou sua cabeça sobre a bengala que trazia consigo e ficou olhando para ele como se enxergasse muito mais do que apenas um decrépito Daniel.Seus olhos pareciam refletir uma verdade que ele jamais tinha visto em toda a sua vida, ao mesmo tempo que tinha ficado com me
Nesse momento quem deu gargalhada foi Daniel, mesmo lutando contra as suas dores, ele sentiu um súbito riso que era mais forte do que ele, mas ao invés do velho ficar bravo com ele, sorriu também como se fossem amigos há muito tempo.— Nem eu acreditaria se contasse – disse o velho contendo o riso –, mas é verdade, adoro compartilhar isso com as pessoas, me faz tão bem, parece que tira um peso das minhas costas.Quando ele disse isso, ambos deram risada novamente, Daniel sabia que seria grosseria demais de sua parte rir de alguém mais velho que ele, mas depois daquilo não dava mais para continuar sisudo.— Vim aqui – continuou o velho após Daniel se conter – porque você disse que eu não me importava com você.— E não se importa mesmo, é bom poder falar na cara de Deus isso.A voz de Daniel transparecia muito sarc
Quando Daniel acordou no dia seguinte – era aproximadamente oito horas da manhã do dia 24 de abril de 1988 –, no fatídico dia em que seus pais se separaram, ele estava novamente na casa de sua avó paterna e seu pai vendo a sua mãe arrumando as coisas para a mudança completamente em silêncio, em certo aspecto parecendo aliviado com tudo aquilo que estava acontecendo, como se um fardo estivesse saindo das suas costas.Não é possível que ele esteja feliz com essa situação...Mas a verdade era nua e crua, e nada e nem ninguém poderia mudá-la, seu pai não amava a sua mãe e sentia que estava prestes a viver algo maravilhoso ao lado de outra pessoa.Ele se lembrava muito bem de como aquele dia tinha começado corrido para todo mundo, a situação parecia mais um filme antigo do que uma lembrança viva, mas agora a lembran&
Quando chegaram na casa da sua avó Antônia, foi uma alegria só – pelo menos para ele, é lógico –, Daniel nunca imaginou que sentiria tanta a falta de alguém como sentia dela.Daniel foi correndo abraçá-la como se estivesse correndo os cem metros livre em uma final olímpica, a emoção do abraço deve ser a mesma ao saber que venceu a prova.Daniel disse chorando:— Vó... que saudade da senhora.Seus olhos choravam sem parar, ficou mais de quarenta minutos abraçado com ela, se lembrando de como era bom aquele abraço, ouvir aquela voz reconfortante que somente ela tinha, sentir o calor daquele amor que só encontrou em Anna anos mais tarde.— Não precisa me chamar de senhora... – disse ela brava como sempre quando a chamávamos de senhora.Voltar ao passado já tinha valido a p
Provavelmente a visão da sua avó materna trouxe um pouco de tranquilidade na mesma proporção que rever seu pai acelerou seu coração e sua vida, pois vê-lo novamente no auge da sua beleza e virilidade era uma visão completamente diferente do que ele se lembra do decrépito e falido Walter, trouxe um misto de emoções diferente de tudo o que já havia enfrentado até então.Vendo-o daquela forma, Daniel fez uma promessa a si mesmo que iria garantir com todas as forças que ele não caísse em desgraça e vê-lo definhar como aconteceu, ao ponto de sua mãe ver uma foto dele e perguntar quem era aquele homem.Seu pai, como já sabia Daniel, se casou poucas semanas depois de se separar de sua mãe com uma secretária chamada, Marie, e pouco do que se lembrava daqueles momentos terrivelmente tristes, pioraram agora que tinha no&cc
Sua relação com sua mãe não mudou muito do que era, ela decidiu trabalhar e aos finais de semana revezava entre sair com ele, comer pastel no shopping, assistirem algum filme juntos nos cinemas e sair com seus amigos nas rodas de pagode, de vez em quando Daniel ia junto.Daniel via que a melhor coisa que poderia ter acontecido foi a separação de seus pais, viviam em mundos completamente diferentes e ele estava entre esses mundos e realidades opostas entre si, nunca pendia nem para um lado e nem para outro, ele era, o que eles chamavam de café com leite, mas teoricamente era uma pessoa neutra naquela guerra inútil em que não haviam vencedores.A única viagem que ele fez com ela foi para a praia com diversas amigas dela e ele era o único rapaz da turma, depois de muitos anos ele foi entender o que elas diziam:— Uma pena que ele é tão novinho iríamos no
Certo dia, passeando pelo centro da cidade, parou em frente a uma loja de instrumentos musicais e disse para a sua mãe:— Quero um violão.Sua mãe olhou para ele de forma espantada e ao mesmo tempo o repreendendo.— E desde quando você sabe tocar violão?— Digamos que tenho talento nato, assim como o seu pai.Sua mãe riu.— Meu pai é um mistério da natureza, filho, ele tocava acordeom, um dos instrumentos mais difíceis de se tocar.— Não estou pedindo para me comprar um acordeom, mas um violão.Minha mãe sabia perfeitamente do que ele estava falando, pois, seu pai era regente da banda no quartel e por muito tempo ensinou música para as pessoas dos bairros onde morava.Eles entraram na loja e ele escolheu um violão Folk e disse:— Escolhe uma música.Ela sorriu diante do
O fato de Daniel já conhecer sua própria história fez com que ele moldasse seus próprios acertos e erros, o que gerou novos erros e acertos.Da mesma forma como foi da primeira vez, um mês depois de seus pais terem se separado, Daniel conheceu Marie e diferente da primeira vez ele sabia o terreno que estava pisando, um serpentário venenoso.Marie era uma das mulheres mais lindas que Daniel já havia conhecido e uma espetacular cozinheira, ele não culpada seu pai por cair naquela armadilha, em termos de beleza, ela e sua mãe eram equivalentes, em termos de inteligência também, para Daniel só restou imaginar no campo sexual, ela deveria fazer algo que sua mãe não fazia.Mas conhecendo seu pai como conhecia, Marie era realmente a sua alma gêmea, não tinha como dizer que ambos não tinham sido feitos um para o outro, eram faces opostas da mesma moeda e n