– Nossa! Falando desse jeito parece que eu sou o culpado de tudo!
– Pois você é! – Eu afirmo.
– Não mesmo. Você quase matou a guria atirando ela pela janela, ainda bem que eu estava lá perto e a ajudei.
Depois vem para o meu quarto e... Você sabe! – Patrício fala gesticulando com braços – A culpa não é só minha não!
– Bem feito para aquela vagabunda de quinta categoria. Deveria era ter se quebrado toda para aprender a não dar valor para um bêbado que ainda por cima está namorando! – Eu digo.
– Está... Com ciúmes? – Patrício pergunta rindo.
– Ciúmes? Eu? Você está de palhaçada com a minha cara, só pode! – Eu digo ri
Depois de meia hora eu enfim saí do banheiro sentindo-me limpa e renovada. Como se aquela madrugada tivesse sido apenas uma lembrança que eu não lembrava e queria esquecer. Chega a ser irônico!Desci as escadas sem muito animo e andei até a cozinha, já que eram passados do meio dia e minha barriga clamava por comida. Quando cheguei o local Joselina estava preparando o rango. Sentei-me em um dos banquinhos e comecei a cantarolar uma música que conhecia de cor e salteado.– Pare de ser apressada menina. – Ela reclamou com uma colher de madeira cheia de alguma coisa que não reconheci. – A comida vai demorar um pouquinho ainda.Joselina era de longe a melhor empregada que a doida de minha mãe havia encontrado para essa casa. Ela tinha um jeito único de contornar todas as histerias de minha mãe, adivinhar o que meu
– O que está acontecendo gente? – Pergunta uma voz vinda em nossa direção. – Esqueceu-se de avisar da festinha aqui? – Era Felipe.– E o bobo da corte sem graça chegou! – Ironizei.– Poxa gatinha, assim você fere meu coração! – Ele fala piscando o olho e ri.Patrício lança um olhar para ele que eu não entendo. Felipe tenta disfarçar alguma coisa. Olho para os dois e depois para Kathe, que estava olhando sua unha e nem percebeu a situação estranha que acabará de acontecer.– Então... O que está pegando?– Resumindo: Angelica não quer que Patrício veja um vídeo que ele recebeu de Chuck agora a pouco. Essa doida me trouxe para cá para tentar recuperar o vídeo e
Patrício estava doido.Ele tinha fumado alguma coisa ou tinha batido a cabeça bem forte para falar merdas como aquelas. Ou será que ele havia ingerido água sanitária pensando que era um suco de maça? Ou ele estava querendo brincar comigo perguntando aquilo?Na sala estavam todos quietos. Felipe e Katherine parados, quase catatônicos com aquela situação, tanto como eu. Não dava nem para ouvir a respiração, pois naquele momento era inexistente.Eu o olhei sem acreditar que aquelas palavras tinham saído de sua boca. Era algo surreal como se eu tivesse um sonho... Melhor, em um pesadelo que eu acordaria a qualquer momento e voltaria na realidade da minha vida chata.Ou será que aquilo é real?Levei minha mão ao meu pulso e o belisquei para ver se aquilo n
Eu fiquei calada. Aquilo era meio inacreditável de se acreditar. Chuck, o Chuck que eu conheço falaria alguma coisa daquelas? Quais as probabilidades? Eu sempre tive certeza que ele queria destruir minha vida, e eu ainda tenho essa certeza, só que agora com essas palavras o que eu devo pensar?Nada mais fazia sentido na minha vida.O mundo parou de girar, e o sol explodiria.Era assim que eu estava me sentindo.– Então quer dizer que Chuck faz tudo isso, quer destruir a vida dela... Porque ama? - Pergunta Felipe.– Exatamente. No jogo do amor, nada faz sentido. - Patrício fala com um sorriso.– Eu não estou entendendo nada.Patrício bufa com minha afirmação e se endireita na cadeira para falar comigo.– Resumi
– Eu desisto de viver! - Grito começando a andar rápido tentando sair daquele lugar que eu odiava.Eu estava na aula de balé quando me deu um ataque de nervo ao ver a idiota da Jéssica ser escolhida para fazer o Lago dos Cisnes. Não que eu estivesse querendo esse lugar para mim, pelo contrário, nem queria parecer nesta bosta de apresentação, mas ao ver ela jogado na minha cara que é melhor do que eu e que só ela tem capacidade para fazer a principal da apresentação... Subiu o sangue e eu acabei tendo um ataque. E isso causou minha expulsão (ou suspensão, se preferir) da escola de balé por uma semana. Como se eu me importasse com isso.Ando estressada demais esses dias. São tantas coisas na minha cabeça que eu não sei mais controlar minhas emoções. Parece eu sempre estou a base de c
– Desculpa a demora... - Minha mãe disse cumprimentando Anne com dois beijinhos em cada bochecha, daquele jeito de sempre. - Ag se atrasou.– Claro. Eu. - Digo ironicamente e cumprimentando Anne.– Verona. - Anne cumprimentou meu pai e logo depois fechou a porta.A casa estava brilhosa (limpa?) desde minha última visita. Fomos até a sala e encontramos Patrício e Felipe sentados em um dos sofás. Um garotinho que no máximo tinha oito anos estava sentado na poltrona perto dos meninos. E um senhor de idade (seus 40 anos) sentado na outra poltrona bebendo em seu copo.– Venham, venham. - Anne disse puxando meus pais - Deixe-me apresentar todos. - Ela apontou para Patrício e depois para Felipe. - Meu filho vocês já conhecem. No seu lado é o amigo dele, meu afilhado, Felipe.
Passo pela cozinha e ando até a porta que leva para o pátio da casa. Ele era grande, tinha tudo o que uma casa daquele status havia. Desde piscina a canil (embora não tenha nenhum cachorro). Andei até a borda da piscina e fiquei olhando para sua água pensando em tudo.Anne havia descoberto realmente o que eu havia feito, ou será que ela estava só blefando para eu me afastar do seu filho? Será que ela andou conversando com o Chuck? Mas isso não faria sentido, porque ele não contaria nada daquele dia... A menos, que ele tenha ganhado alguma coisa realmente boa em troca de um segredinho sujo meu. Ele anda sumido por esses dias... Será?Mas eu não poderia machucar Patrício, poderia? Não. Claro que não. Estamos em uma aposta besta e nenhum dos dois quer realmente se apaixonar pelo outro. Certo? Então, por mais que eu tenha esse meu passado sujo, isso não po
– Você está apaixonado por mim? - Eu perguntei impaciente pela segunda vez.Eu havia tido meus "20 segundos de coragem" e no fim deles, me arrependi. Não sei por que eu tive a ideia de perguntar uma coisa dessas, afinal... Eu sabia que não. Ou pelo menos era isso que eu queria ouvir, não era? Então porque será que estou sentindo uma pontinha lá no fundo de expectativa que sua resposta fosse "sim"? Era como uma pontinha de iceberg que estava começando a se mostrar um pedaço imenso de gelo e a qualquer momento iria me afundar, como havia feito com oTitanic.– Eu... Hm... Hã... - Patrício abria e fechava a boca diversas vezes, porém não sabia o que falar, ou talvez não conseguisse.– Realmente, não sei para que lado levar sua resposta. - Digo dando uma carga irônica na pala