Pablo RodriguézNão sei o que estou fazendo, apenas saboreio os lábios de Alicia como se minha vida dependesse disso. A forma como nossas bocas se encaixa em uma dança erótica é surreal. Não sei por que tive essa atitude tão impensada, mas não estou arrependido, não quando meus lábios sorvem o gosto de menta da boca dessa mulher. Esperava uma recusa, um empurrão, mas vi que estava enganado quando ela puxou minha nuca, colando ainda mais nossos corpos. Meu pau adquiriu vida própria e eu posso jurar que meu zíper vai estourar a qualquer momento. A luz de um farol se aproximando faz nossos corpos se separarem e eu constato a merda que acabei de fazer. Eu tinha beijado a mimadinha da minha chefe, e eu continuaria beijando se nenhum carro tivesse se aproximado. Tinha sido demitido, então de qualquer forma eu estava ferrado, não iria conseguir chegar em casa tão cedo se fosse andando e também não poderia ser idiota a ponto de deixá-la sozinha em uma rua deserta.Mesmo que isso tenha
Pablo RodriguézAinda estou um pouco anestesiado pelo que aconteceu. É difícil acreditar que Alicia não me ofendeu de todas as formas possíveis, ao invés disso, ela permitiu que eu trabalhasse amanhã.Não vou criar esperanças, é óbvio que ela não quer entrar em um táxi em pleno domingo.Afrouxo a minha gravata, atento ao trânsito e tentando não pensar no maldito beijo.Preciso me convencer que aquilo me afetou apenas por estar sóbrio, mas a lembrança das nossas línguas entrelaçadas, de suas unhas arranhando a minha nuca e das minhas mãos contornando sua cintura, deixa meu pau duro como uma rocha.Não quero me sentir como um pervertido maluco, estou apenas precisando transar, já que não sei o que é sexo sem estar bêbado ou drogado há bastante tempo.Mais uma vez questiono o porquê de não ter uma idosa ranzinza como chefe, se bem que ranzinza Alicia já é...— Ela precisava ser tão linda? — digo, entrando com o carro no meu bairro e me apressando em estacionar na garagem.Sinto a boca se
Alicia PamukOlho para o líquido preto caindo abundantemente na caneca e o cheiro do café invade a cozinha. Bocejo, tirando a caneca do suporte da cafeteira e colocando duas colheres generosas de açúcar dentro dela.Um café com bastante açúcar é tudo o que eu preciso para me manter acordada e me ajudar com a preparação para um almoço com os meus pais.Tive uma bela noite de sono, sem me culpar por ter pensado no meu motorista de uma forma muito peculiar. Sinto um frio na espinha por saber que vou encontrá-lo em algumas horas, e não conseguiria encará-lo de forma alguma.Por que eu estava sentindo esse desejo fora do normal por Pablo? Tudo o que eu sabia sobre ele era: o seu sobrenome, que ele não durou em nenhum dos seus trabalhos anteriores e que era um ogro sem classe alguma.Meu corpo se arrepia ao lembrar da forma que suas mãos firmes me puxaram para si quando sua boca reivindicou a minha.Bebo um gole generoso de café.Eu só posso estar ficando maluca, não tem probabilidade algu
Alicia PamukA postura do meu pai muda, ficando tensa.— Não diga isso, Wilma, sabe o quanto Liv se esforça. Não esperava que ele fosse dizer algo, já que na maioria das vezes ele finge não estar vendo o que minha mãe faz, para não comprar uma briga com ela.Vejo minha mãe revirar os olhos. — Sabe que nunca concordei com a sua aposentadoria, Otto, sua filha não é a melhor pessoa para reger uma empresa como a nossa. Meu objetivo nunca foi a diretoria da Pamuk, o meu coração tinha outro desejo, mas as circunstâncias me trouxeram para onde estou agora. Minha mãe nunca quis que eu estivesse no lugar que sempre fora destinado ao meu irmão, e ela não faz questão alguma de esconder isso. Quando meu pai começou a me treinar para ocupar seu lugar, quase gerou um divórcio entre ele e a minha mãe.Adali não aceitava a decisão do meu pai e, quando os problemas de saúde dele se agravaram, Otto me entregou a diretoria e a raiva que minha mãe sentia de mim dobrou de tamanho.— Tenho sessenta an
Pablo RodriguézMordo um burrito, sentindo o sabor do tempero maravilhoso da minha avó. Acho que ninguém no mundo conseguiria cozinhar tão bem quanto ela.Está sendo um dia estranho, não pelo fato de eu quase ter tido uma taquicardia quando vi Alicia se aproximando do carro, usando aquele vestido amarelo que fica mais do que perfeito em seu corpo, precisei me esforçar para não agir como um idiota e ficar a admirando. Ela não está vestida como de costume e isso já me surpreende, mas ela não parecia muito confortável e eu não sei dizer se é por causa da minha presença depois da noite passada.Não quero pensar nada ruim a seu respeito, ainda mais depois do que li sobre ela, preciso pensar que ela não é só uma mulher mimada.Sei do erro que cometi ao beijá-la, mas o meu maior arrependimento é o de ter desejado outra mulher estando sóbrio, uma mulher que não é Clarice. Nenhuma mulher é ela.Estou agoniado para saber o que se passa na cabeça de Alicia , mesmo sabendo que isso não é da minh
Pablo RodriguézEu não sabia ter outra reação a não ser correspondê-la, tomando os seus lábios adocicados. Gemo suavemente enquanto minha língua invade sua boca possessivamente, minhas mãos contornam seu corpo curvilíneo, o que me deixa ainda mais sedento por ela.Meu pau pulsa querendo alívio, querendo a boceta dela, praticamente rosno ao sentir minha língua sendo sugada, fazendo com que meu autocontrole vá para o espaço, minha imaginação criando uma imagem erótica dela engolindo meu pau.Meus pensamentos estão completamente entregues ao desejo que sinto, me impedindo de considerar as consequências do que está acontecendo.Suas unhas arranham a minha nuca, arrepiando todo meu corpo, mordo seu lábio inferior levemente antes de ela se afastar, me olhando de uma forma que eu não consigo interpretar. Tento encontrar explicações para sua atitude, alguma que não tenha relação com atração, porque se essa mulher estiver tão atraída por mim quanto eu estou por ela, será o meu fim.Preciso ac
Alicia PamukDesço do carro assim que Pablo estaciona, não vou esperar que ele abra a porta para mim. Evitá-lo é a melhor solução para esquecer o que aconteceu entre nós dois.Ele só precisa dirigir e me levar para onde eu precisar e, se ele cometer qualquer deslize, eu o demito sem pensar duas vezes.Passo pela portaria vazia, indo para o elevador na expectativa que ele esteja tão vazio quanto o hall. Vi que estava com sorte assim que a porta se abriu.Não é nem duas da tarde e eu me sinto exausta. O elevador pareceu estar mais lento, ou a minha ânsia de estar em casa me fazia acreditar nisso.Saí do elevador correndo praticamente, quase dei pulinhos de alegria ao colocar os pés sobre o carpete da minha sala, joguei a bolsa em um dos sofás, tirando minhas sandálias em seguida e indo em direção à adega.Preciso de álcool para digerir tudo que vem acontecendo na minha vida. Minha cabeça estava começando a doer, beber uma garrafa de vinho seco em menos de uma hora não tinha sido uma b
Pablo RodriguézPassar a tarde jogando dominó com meu avô fazia eu me sentir como o Pablo adolescente, aquele que tinha sonhos, que não conhecia os horrores da guerra, que não tinha o coração destruído em mil pedaços.Me pergunto se tudo teria sido diferente se eu não me alistasse, se tivesse escolhido um rumo diferente para minha vida. Quem sabe uma bolsa em alguma faculdade por ter sido um jogador razoável no time de basquete?Minha vida poderia ter sido outra se eu não tivesse escolhido o exército?Estar ali, sentado no quintal junto ao meu avô, jogando dominó na velha mesa de madeira, me trazia lembranças e questionamentos que eu nunca saberia responder.— Trouxe um lanchinho para vocês — minha vó fala, se aproximando da gente e colocando uma bandeja sobre a mesa com algumas fatias de bolo de carne e dois copos de suco.— Obrigado, mi amor. — Meu avô segura a mão dela e a beija com carinho.— Você ainda está importunando o menino com esse seu jogo, Miguel? — Minha vó torce o nari