Ao amanhecer, Danika despertou com os primeiros raios de sol, sentindo o calor reconfortante do corpo de Enry ao seu lado. Seu olhar se prendeu à tranquilidade dele enquanto dormia, a linha de sua mandíbula forte, a respiração calma e o peito nu subindo e descendo lentamente. Ela ficou assim por um tempo, perdida em pensamentos, admirando sua beleza de forma silenciosa. Então, notou um pequeno sorriso no canto da boca de Enry. Franziu a testa, desconfiada, e, indignada, sussurrou: — Você estava acordado esse tempo todo? Enry abriu um sorriso mais largo, os olhos ainda fechados, e murmurou: — Gosto de ver você me admirando. Danika revirou os olhos, frustrada com a brincadeira dele. Antes que pudesse protestar, Enry abriu os olhos e, com um olhar cheio de intensidade, inclinou-se para beijá-la. Foi um beijo suave, mas cheio de significado, o tipo de gesto que falava mais do que qualquer palavra poderia. Quando ele se afastou, ainda com aquele sorriso de quem sabia que havia
Danika, ainda dentro do carro, começa a sentir algo estranho. Um incômodo, uma pressão crescente no fundo de sua mente, como se algo estivesse despertando. Ela não sabe o que é, mas pode sentir seu corpo reagindo, seus sentidos aguçando. Uma sensação de perigo iminente inunda seus sentidos. — Enry... — ela murmura, sem saber exatamente o que está acontecendo, mas sabendo que precisa avisá-lo. Enry lança-lhe um olhar rápido, captando sua inquietação, mas sem tempo para processar o que está acontecendo com ela. Sua paciência esgota-se. Em um movimento rápido e letal, ele avança contra o homem mais próximo, sua mão já esticada para atacá-lo. No entanto, antes que possa concluir o movimento, uma dor intensa atravessa suas costas. O impacto é brutal. Uma bala. Não qualquer bala, mas uma feita de prata, e o efeito é imediato. A dor o corrói por dentro, queimando como fogo. Ele cambaleia, os sons ao seu redor se tornando distantes, abafados por um zumbido ensurdecedor. Seus sentidos es
No porão úmido e escuro, Danika estava jogada no chão de pedra fria, sentindo o peso da miséria sufocante. O ar ao seu redor era denso e pesado, a escuridão envolvente fazia com que o tempo perdesse qualquer significado. Seus olhos estavam inchados, as lágrimas secas marcando sulcos profundos em seu rosto sujo. Ela tremia incontrolavelmente, o corpo encharcado de suor e sangue seco. A sede ardia em sua garganta, e o frio parecia corroer seus ossos. Mas nada disso se comparava à dor dentro de sua alma.Cada músculo gritava de exaustão, seu corpo debilitado pela fome e pelo desespero. Seus pensamentos, porém, estavam presos em um único momento, como uma agulha arranhando incessantemente o mesmo vinil quebrado: Enry caindo, o brilho cruel da prata queimando sua carne, e ela sendo incapaz de salvá-lo.As memórias voltavam como uma enxurrada, impiedosas, revivendo o pesadelo:Enry, com sua expressão determinada e feroz, avançara contra o homem. Danika, sentindo o incômodo crescendo dentro
Três dias se passaram desde o incidente, e durante esse tempo, Enry se recuperava lentamente, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Seu corpo, ferido pela bala de prata, cicatrizava a passos lentos, mas sua alma estava em frangalhos. O silêncio em sua mente, onde seu lobo costumava rugir com força, era ensurdecedor. Ele estava desconectado de sua fera interior, e isso o devastava. Além da dor física, Enry se sentia traído, machucado, com raiva e, acima de tudo, confuso. Como aquilo poderia ter acontecido? Como Danika, sua companheira, poderia tê-lo ferido dessa forma?Durante esses dias de recuperação, Henrico e Hilda se revezaram cuidando dele, mantendo todos afastados. Enry havia dado ordens claras para que ninguém, além deles, pudesse entrar em seus aposentos. Vaiolet, especialmente, tentara várias vezes forçar sua entrada, discutindo furiosamente com os guardas do lado de fora, mas sempre sem sucesso.Agora, no quarto dia, Enry finalmente conseguiu se levantar sozinho, embora a
Enry saiu da masmorra com passos firmes, a tensão ainda marcando cada movimento seu. Determinado a não deixar a desordem em sua mente dominar, ele se dirigiu ao seu escritório. A questão que o inquietava precisava ser resolvida, e ele sabia que teria que tomar as rédeas da situação. Ao entrar em sua sala, ele se acomodou atrás da grande mesa de madeira escura, de onde sempre comandava a alcateia. Sua expressão estava dura, seu olhar frio e penetrante, e sua presença irradiava autoridade inquestionável. Ele chamou pelo general dos guardas, que logo entrou, reverente, mas também apreensivo diante do rei. Enry o observou por um momento antes de falar, sua voz profunda e controlada: — Onde está a arma que disparou a bala? — A pergunta soou como um comando, sem espaço para evasivas. O guarda engoliu em seco e respondeu com um tom respeitoso: — Está sob nossos cuidados, senhor. Enry assentiu levemente, mas seus olhos se estreitaram, como se calculasse os próximos passos. — E o
A noite estava pesada, envolta em tensão, quando Henrico bateu na porta do escritório de Enry. O som ecoou pelos corredores, carregado de urgência. Ele entrou sem esperar convite, preocupado com o estado emocional do irmão. Enry estava de pé, de costas, olhando pela janela, mas a fúria em seu corpo era palpável. Henrico sabia que qualquer movimento precipitado poderia levar a uma catástrofe.— "Ela confessou, Enry. Mas você conhece a Danika, algo não está certo aqui," — disse Henrico, tentando trazer um pouco de razão para a conversa.— "Confessou, mas por quê? Por que ela faria isso?" — Enry respondeu com uma voz sombria, sem desviar o olhar da escuridão do lado de fora.Henrico abriu a boca para responder, mas antes que pudesse, uma batida interrompeu a conversa. O guarda entrou, segurando um envelope em suas mãos. O resultado do teste.— "Senhor, o teste... confirma. As digitais de Danika estão na arma," — disse o guarda, sua voz hesitante, como se pressentisse o que viria a seguir
Enry correu para seus aposentos como se fugisse de si mesmo. Cada passo ecoava a angústia que corroía seu peito, a culpa o esmagando como uma montanha impossível de suportar. Ele havia ordenado aquilo. Havia assistido à punição de sua própria companheira, e agora o vazio o consumia por dentro. Fechou a porta atrás de si com brutalidade, as mãos trêmulas, os olhos ardendo. Sua mente repetia incansavelmente a imagem de Danika sendo chicoteada, seu corpo frágil e imóvel, suas esperanças sendo despedaçadas junto com sua carne. Ele sentiu o peso insuportável de sua decisão. "Foi escolha dela", repetia para si mesmo como um mantra, tentando se convencer de que não havia outra saída. O lobo dentro dele, que sempre rugia e o guiava com uma força primal, agora estava em silêncio, como se estivesse morrendo junto com ela. Os instintos que sempre o haviam mantido no controle estavam fracos, quase inexistentes. E então, pela primeira vez desde que assumira o trono, Enry permitiu que as lágr
Nos corredores do castelo, Henrico caminhava com passos rápidos e decididos em direção aos seus aposentos, o peso da responsabilidade o esmagando. Ele precisava pensar em uma maneira de convencer Markus a ajudar Danika. O mago era imprevisível e, após o que havia acontecido, não seria fácil trazê-lo de volta.Perdido em seus pensamentos, ele se esbarrou em Laelia, que vinha em sua direção com um olhar desdenhoso. Ao sentir o cheiro de Danika impregnado nele, Laelia não perdeu a oportunidade de provocar.— "Estava com ela, não estava?" — disse ela, a voz carregada de desprezo. — "Posso sentir o cheiro daquela imunda em você."Henrico parou abruptamente, sua paciência já desgastada. Laelia sempre soubera como irritá-lo, e agora, naquele momento crítico, ele não queria lidar com seus joguinhos.— "O que você tem a ver com isso, Laelia?" — ele respondeu friamente, seus olhos amarelos faiscando com irritação.— "Você não deveria estar ajudando ela," — continuou Laelia, o rosto distorcido p