Anthony se sentava no sofá com as pernas cruzadas, como se ocupasse um trono. Sua presença era poderosa e altiva. Diante dele estava ajoelhada uma mulher com as roupas meio rasgadas, revelando uma ferida no braço. Quatro seguranças se mantinham atrás dela, prontos para atacar, a qualquer movimento. Anne sabia que Anthony não se importava com o gênero da pessoa que matava. Enquanto Anne decidia se deveria voltar para o quarto ou descer para a sala, a voz do demônio ribombou:― Desça aqui. ― Sem sequer olhar na direção de Anne, ele já havia tomado a decisão por ela. A jovem desceu as escadas e caminhou até ficar a um metro de distância de Anthony. Ela finalmente viu o rosto da mulher desconhecida, cheio de terror. ― Foi ela? ― Anthony perguntou. Sabendo que a pergunta era dirigida a ela, Anne olhou firmemente o rosto da mulher, procurando alguma coisa em seus olhos, antes de responder, hesitante:― Eu não vi o rosto da pessoa, no dia da tentativa de assassinato. ― A
Ela não esperava que Anthony continuasse investigando. ― Por que Anne estava procurando por você, na escola? ― Ele questionou ― Ou ela estava lá para fazer alguma outra coisa? ― Anne mordeu o lábio e olhou nervosamente para a mãe. Elas, definitivamente, não podiam dizer a verdade, ou provavelmente seriam mortas. Na melhor das hipóteses, suportariam torturas inimagináveis. Anthony nem se preocupou em olhar para o rosto Cheyenne. Seus olhos permaneciam fixos em Anne, enquanto fazia a pergunta e esperava a resposta. Percebendo isso, a jovem lutou para manter a expressão neutra, mas sob tanta pressão, respirar se tornou impossível e ela começou a se sentir tonta. Teria de contar com a mãe, mesmo sem poder dar nenhuma dica.― Eu... eu queria trabalhar para a escola, cozinhando para as crianças ― Cheyenne disse, com medo, sem saber se tinha dito a coisa certa. Anne permaneceu inexpressiva, mas ficou aliviada com a resposta de Cheyenne. Anthony desviou o olhar do rosto de Anne
Era muito melhor saber onde Anthony estava, assim como era melhor saber onde estavam as feras quando alguém estava perdido em uma floresta. Ela não sabia quando ele iria aparecer ou atacar, então precisava de tempo para se preparar, ao invés de esperar passivamente que ele a atacasse, caso contrário estaria morta antes que percebesse. Mesmo assim, ainda seria extremamente desafiador escapar de Luton. Sua segunda tentativa de obter um passaporte foi em vão. Depois de não conseguir escapar da primeira vez, Anthony tinha sido mais cauteloso com ela. Fora isso, saber onde Anthony estava não significava tudo, pois ele ainda contava com uma equipe de segurança competente para vigiá-la. Mas, ainda assim, sua situação havia melhorado ligeiramente. Considerando o que havia acontecido, Anne decidiu que precisava falar com sua tia e ligou para ela. ― Anne, por que você está me ligando a esta hora do dia? Você não deveria estar trabalhando? ― Sarah perguntou gentilmente, com uma leve p
Em uma das mansões da família Marwood, Tommy e seu pai jantavam, quando o homem mais velho reclamou, implacável:― Desde que seu avô soube que Anthony é a pessoa por trás do Grupo Arquiduque, favorece Ron em vez de nós. Se isso continuar, toda a herança da família cairá nas mãos de Ron e não haverá lugar para nós! ― Tommy continuou a comer, sem dizer uma palavra e Damian olhou para o filho, cada vez, mais agitado:― Você nunca foi tão bom quanto Anthony. Não importa a matéria, suas notas sempre foram mais baixas do que as dele. Se você se destacasse em qualquer coisa, não seria tão inútil em nossa família! ― Tommy não sem importou com o insulto, pois estava acostumado a ser comparado a Anthony. Ele simplesmente limpou a boca com um lenço de papel e disse:― Mesmo que você herde tudo o que pertence à família, ainda não será poderoso o suficiente. Então, qual é o objetivo? ― ― Pouco é melhor do que nada! ― Damian ficou furioso com a falta de ambição do filho ― Quando Ron rene
Anne não discutiu mais. Como ela tinha deduzido, as pessoas que estavam atrás de Anthony no restaurante, no dia de seu encontro com Lucas, eram membros da família de Michelle. Entretanto, era fato que o casamento não estava garantido, por isso, se Michelle encontrasse qualquer oportunidade de prejudicar Anne e afastá-la de seu pretendente, seria o melhor.― Não pense que roubar meu telefone é suficiente para esconder suas intenções. Um dia, contarei a todos que você é uma destruidora de lares! ― Michelle avisou, antes de sair furiosa. Anne encostou-se no armário, ansiosa e impotente. Ela tinha inimigos em todos os lugares e se sentia como uma marionete. Afinal, desde que chegou em Luton, as relações que estabeleceu em seu trabalho e o comportamento de todas as pessoas que ela encontrava pareciam uma peça dramática escrita por outra pessoa. Ela não tinha permissão para ter sua própria opinião e foi deixada vivendo dia após dia em confinamento. O único alívio foi ter descoberto qu
Ela não esperava que Sarah estivesse procurando por ela e, muito menos, que acabasse encontrando as crianças. 'O que devo fazer?' Cheyenne pensou, com os olhos arregalados. Então, Sarah caminhou até ela, com desprezo no rosto:― Relaxa. Eu não vou te sequestrar de novo. Nós só vamos bater um papo e... Espera! De quem são essas crianças? ― Os olhos de Cheyenne se viravam para encarar os bebês, enquanto ela pensava no que dizer, já que Anne havia pedido para não deixar ninguém na Família Marwood saber sobre as crianças. As três crianças usavam máscaras faciais e olhavam com curiosidade para a mulher estranha. ― Eu... eu sou a babá delas. A mãe deles está ocupada, então vim buscá-las na creche... ― Disse Cheyenne, sem saber se Sarah acreditaria nela. Confusa, Sarah questionou:― Pensei que você estivesse trabalhando aqui... Você está trabalhando como babá também? ― Cheyenne ficou tensa. ― Tia Chey cuida de nós. Mas eu quero a mamãe! Quem é você? ― Chloe disse, co
Anne colocou o copo d'água sobre a mesa de centro, o tempo todo tensa sob o olhar sanguinário de Anthony, que focava na marca em seu pescoço. Então, quando Anne estava prestes a se afastar, para se sentar na poltrona, de frente para o sofá, o demônio segurou seu queixo. ― O-o que há de errado? ― A jovem perguntou, congelando no mesmo lugar. ― Não me lembro de ter sido tão ruim. ― Ele estudou o hematoma atentamente. Percebendo o que ele queria dizer, Anne tocou o hematoma em seu pescoço e disse:― Eu... eu fiz isso, senão as pessoas na clínica entenderiam mal... Ai! ― O magnata a arrastou para mais perto e ela caiu, pousando um joelho no sofá e o outro na coxa de Anthony. Ela instintivamente se abaixou para se firmar e mordeu os lábios, de vergonha. Então, o homem esfregou o dedo na pele machucada, que ainda doía com o toque. ― Parece que eu deveria ter sido menos misericordioso com você... ― Disse ele, enquanto olhava para o hematoma. ― Por favor, já chega ― ela olh
Anthony passou a noite no apartamento de Anne e, quando finalmente foi embora, a jovem passava mal, querendo saber o que tinha acontecido entre sua mãe e Sarah. Por isso, decidiu que resolveria aquela questão, antes de qualquer outra coisa e pediu dispensa do trabalho. Afinal de contas, independentemente do que fizesse, sua reputação na clínica era quase nula, que diferença faria mais um dia?A primeira coisa que fez, foi ligar para Cheyenne, mas o telefone estava desligado, então, com um arrepio nas costas, a jovem percebeu a gravidade da situação. Desesperada, a jovem ligou para a creche, mas sua mãe não estava lá e os bebês tinham passado a noite ali.Não importa o quão chateada Cheyenne pudesse ter ficado com a perseguição de Sarah, ela não faltaria à escola logo no segundo dia, afinal, ela parecia tão feliz quando conseguiu o emprego que não era possível já ter desistido.Então, Anne correu para a escola para perguntar ao guarda sobre o ocorrido. O homem não tinha ouvido falar