No fim, nenhum dos frutos do mar capturados poderiam ser consumidos. De propósito, Anthony os deixara na expectativa, sabendo que queriam experimentar comer coisas novas. Anne suspirou, porque não havia pensado que sua alergia a frutos do mar poderia se estender a ouriços-do mar. Até cogitou comer a iguaria com ovos cozidos, como tinha visto numa receita. Quando ela se virou e viu que o guarda-costas estava prestes a jogar os espécimes de volta no oceano, correu para impedi-lo. — Por que precisa jogar fora? Eu e as crianças não podemos comer, mas os funcionários podem. Por que não servir a eles? São tantos! Podemos levar para os empregados da Mansão Real também! — O guarda-costas se via em um dilema. Afinal, o senhor Marwood ordenou que ele jogasse o amontoado de ouriços fora. — Calma! Vou falar com Anthony sobre isso. — Anne alcançou o magnata e argumentou. — Anthony! Anthony, para que jogar fora os ouriços? Vou embalar e levar para casa! São muitos! — Anthony a encarou com
— Papai vai dormir com a gente? — Chris olhou ansiosamente para o pai, que se sentava no sofá. — Vocês podem ir em frente, eu apareço lá depois. — Anthony encarou Anne. Com uma expressão taciturna, a moça tirou as crianças do convés. Ela se perguntou se Anthony se comportava apenas de maneira evasiva com as crianças ou se falava sério. Embora estivessem em um iate, a cama era bem grande, afinal. Algum tempo depois, quando Anthony entrou no quarto, Anne e as crianças já haviam adormecido. A jovem dormia profundamente e os trigêmeos se posicionavam ao seu lado. O magnata olhou para os quatro por um longo tempo, até que resolveu pousar a mão sobre o travesseiro, beliscar o queixo de Anne com a outra mão e dizer: — Que ideia maravilhosa de fazer as crianças dormirem com você para que não possamos ficar sozinhos, não é? — Anne inconscientemente murmurou qualquer coisa, virou-se e, por instinto, abraçou Charlie, que estava mais próximo da mãe. A moça apenas continuou a dormir, enq
Ashlynn se aproximou sem olhar para eles, passando na frente do grupo. Os rapazes assobiaram, mas ela os ignorou. Um cigarro acabado caiu na frente dela, fazendo-a parar. Em seguida, a moça passou por cima da bituca a continuou andando. Presunçoso, um dos importunadores ficou em sua frente, impedindo-a de sair. — Ei, linda, você está indo fazer o quê? Quer que a gente te acompanhe? A rapaziada está com tempo livre agora. — O homem, que usava uma tatuagem símbolo de uma gangue local, encarou a moça com olhos obscenos. Os outros, que estavam encostados na parede, aproximaram-se e também circularam atrás de Ashlynn, flanqueando-a por todos os lados, impedindo-a de avançar ou recuar. — Não estou interessada. Você pode abrir caminho? — Ashlynn perguntou. — Não está interessada? Tem certeza? — O gangster se aproximou mais. Ashlynn deu um passo para trás, afastou-se e acelerou o passo. — Não vá, linda. — O gangster deu um passo à frente e agarrou o ombro da moça. Os olhos de Ashly
Ashlynn olhou para o Bentley parado no meio-fio e perguntou: — Por que o senhor está aqui? — Corentin riu. — Você não me viu na enfermaria? Eu estava procurando um lugar para comer aqui por perto. Não esperava ver você sendo intimidada por gangsters... Felizmente, esbarrei em você. Caso contrário, não consigo imaginar o que fariam... — — Sim... Muito obrigada! — Disse Ashlynn novamente. — Isso é tudo? — — O quê? — Ashlynn não entendeu o que ele quis dizer. — Ainda não comi. Que tal uma refeição junto comigo? Você é assistente da minha sobrinha, afinal. Aposto que deve saber onde comer bem aqui em Luton, não sabe? Quero sugestões. — Ashlynn não teria aceitado antes, mas o homem a salvara havia pouco e, por causa disso, ele ainda estava sem comer. Corentin, além de tudo, era tio de Anne, então não havia motivo para se preocupar. Mesmo assim, a jovem ainda se sentia um tanto insegura. — Eu já comi, mas posso recomendar um lugar para você. — Disse Ashlynn, procurando u
Corentin olhou para Ashlynn enquanto tomava um gole de vinho tinto. Ele pousou o copo sobre a mesa e perguntou: — É a primeira vez que você experimenta vinho tinto? — — Quando eu trabalhava em outro lugar, precisava beber e socializar. Eu bebia um pouco naquela época, mas... Enfim. — Ashlynn colocou a taça de vinho de lado e disse: — Você me salvou e me convidou para jantar, no fim das contas, não é? — Os dedos delgados de Corentin seguraram a haste da taça e a sacudiram suavemente. — Pois é. Agora, você pode me explicar por que fica tão assustada toda vez que me vê? Nós nem nos conhecemos, então do que tem tanto receio? — — Sinto muito, fui rude. É porque você e meu ex-marido... são muito parecidos. Ele era um assassino e agressor que foi punido pela lei e agora está morto. É por isso que fiquei com medo quando vi seu rosto, que parecia exatamente igual ao dele... — Ashlynn explicou a situação a ele. — Somos realmente tão parecidos? — Corentin ergueu as sobrancelhas, ex
— Ah, entendo! Nesse caso... Aceito! — Ashlynn sorriu.Na verdade, Anne se lembrou de Ashlynn assim que se deu conta de que a quantidade de ouriços era grande demais. A moça era sua assistente pessoal, além de ser alguém em quem ela desenvolvera facilidade para confiar. De qualquer modo, se ela tivesse dado a outra pessoa, as pessoas poderiam estranhar, já que não era tão próxima de ninguém da mesma forma na empresa de Nigel.Anne trabalhou a manhã inteira e foi ao hospital com Ashlynn à tarde. O ferimento de Sarah já não doía nada, então era quase impossível para a mulher ficar na cama. Portanto, quando a encontraram, a mãe de Anne se encontrava ao lado de Nigel, massageando os músculos da panturrilha do homem.— Mãe. — — Quando é que voltou?! — Sarah ficou encantada ao ver Anne.— Ontem à noite. Você não ficou nesse quarto a noite toda, não é? — — Não! Você pode perguntar à enfermeira. — Sarah não admitiu isso.— Você acha que eu não vou perguntar, não é? Mas eu pergunto mes
— Eu sei, mas por que você quis colaborar comigo? Nossa empresa é pequena e as associações do Grupo Lloyd geralmente são com empresas maiores. — Anne tinha suas reservas.— Eu já não deixei isso claro? É porque somos uma família! Mas, bem, há também outro motivo importante... — Corentin olhou para Ashlynn, que estava colocando o café na sua frente.— O que é? — Perguntou Anne.— Meu pai não está mais com a saúde boa de antigamente... Eu conheço meu pai. Queria aproveitar esta oportunidade para melhorar o relacionamento entre ele e meu irmão. Não importa o quanto você queira defender Nigel, você nunca saberá o que eles pensam um do outro. No fundo, talvez eles só precisem de uma ponte para resolver isso tudo. — Sugeriu Corentin.— Meu pai sofreu um acidente e está em coma. O que poderia fazer meu avô, que eu nunca conheci antes, se importar mais? — Anne foi um pouco sarcástica.— Ele é um homem velho e pode ser um pouco teimoso. Portanto, agora estou tentando ser essa pessoa interm
Ashlynn ficou atordoada, então inconscientemente se virou para olhar para Anne. A assistente percebeu que a moça também parecia ter sido pega de surpresa e, de imediato, entendeu que não foi a patroa quem contou ao homem sobre aquilo. Diante disso, a jovem funcionária tentou desconversar: — Do que está falando? —— Como assim? Você me disse que a senhorita Vallois lhe deu uma caixa de ouriços, não? — O senhor Walker mantinha um sorriso maquiavélico.Era impossível que Ashlynn tivesse contado sobre os ouriços, então, na certa, alguém tentava queimar sua reputação. O senhor Walker?— Quando eu disse isso? — — Ontem, depois do trabalho! — — Onde? Acho que não me lembro. Mas, se o senhor insiste, acho pertinente que a gente verifique nas gravações de segurança do escritório. — Explicou Ashlynn enquanto distribuía os documentos.— Sua memória é realmente ruim, não é? Não foi aqui! Nós nos encontramos lá fora, a caminho da estação de trem. — Ashlynn terminou de distribuir os docu