Com dificuldade, Anne se arrastou e começou a erguer o corpo, se escorando na parede, enquanto pensava em como realmente era uma pessoa azarada, primeiro por ter perdido a mãe, depois por ter se envolvido com aquele drama familiar que não lhe dizia respeito e ter se tornado a válvula de escape de um jovem desequilibrado. Cansado do impasse, Anthony apontou a arma para um vaso e apertou o gatilho, dizendo, em meio ao barulho:― Vocês não vão levá-la embora. O próximo disparo é no peito de um de vocês. ―Anne gritou, assustada, achando que alguém tinha sido ferido, mas olhou a seu redor e viu que Ron e Tommy estavam bem.Atraídos pelo barulho, os seguranças da propriedade convergiram, encontrando Tommy no corredor, Anne escorada na parede, Anthony bloqueando a passagem e Ron na sala. Compreendendo a situação, o líder do grupo perguntou:― Senhor Marwood, você quer que nós os expulsemos? ― Ron não ousaria revidar, porque obviamente estava do lado perdedor. Além disso, ainda eram
Anne cambaleou para trás, surpresa, aterrorizada e impressionada. ― Você sabe mesmo como segurar uma arma? Você consegue disparar? Quer que eu te ensine? ― Anthony abriu um sorriso de tubarão e apertou o gatilho. ― Ah! ― Anne levou as mãos à cabeça assustada e suas pernas cederam. Se houvesse algum líquido em sua bexiga, teria urinado em suas roupas. Mas, quando voltou a si, percebeu que não tinha sido atingida.― Sai da minha frente, ou vou atirar de novo. ― Anthony disse, com indiferença. Sem querer pagar para ver, Anne correu para o pátio, onde Hayden esperava, ao lado de um carro, segurando a porta aberta. Sem hesitar, a jovem se jogou no veículo e escutou a porta fechar, atrás de si.O carro se afastou da Curva e seguia para a cidade, mas o corpo de Anne ainda tremia. O trauma tinha sido muito grande e ela precisaria de algum tempo para se recuperar. Por isso, voltando para seu apartamento, pegou uma cadeira e começou a bater contra a parede, enquanto gritava:― Seu
No dia seguinte, assim que acordou, Anne se lembrou de enviar uma mensagem de texto para Tommy e sua tia para dizer que estava segura e que não se preocupassem.A jovem se recuperou, ainda com o corpo abalado pelo suplício de três dias e começou a se arrumar para ir trabalhar. Mesmo sabendo que, na verdade, tinha perdido completamente o interesse por seu emprego na clínica. Não fazia mais sentido ela ir para aquele lugar, para se afastar de Anthony quando ele tinha adquirido o espaço, justamente para mantê-la vigiada. No entanto, se ela não fosse mais, causaria suspeitas em Anthony.Assim que chegou no trabalho, Zelda comentou, com sarcasmo:― Finalmente! Que menstruação longa você teve! ― ― Sim, foi mesmo. ― Anne respondeu, cansada daquilo tudo. ― Que pessoa frágil! Vai acabar tirando férias todos os meses, agora! Não sei por que a empresa quer manter pessoas como você. Até o diretor foi demitido por sua causa! ― Zelda disse e se virou. As sobrancelhas de Anne curvaram, en
Mas, assim que desceu as escadas, logo depois de cruzar as catracas, uma mulher de meia-idade carregando frutas passou, andando rápido e Anne se virou, em estado de choque, achando que tinha visto um fantasma.Sem perceber nada diferente, a mulher continuou galgando os degraus, mas agora ela estava muito perto de Anne e a jovem não tinha como ter feito confusão. Ela realmente via um fantasma, em carne e osso.“Aquela era minha mãe? Como? Como pode ser? Ela está morta! Será que estou alucinando?"A mulher caminhava na direção da catraca quando Anne tomou uma atitude e decidiu segui-la. Ela caminhou até chegar em um edifício muito antigo, cheio de apartamentos e sem portaria, o que facilitou a entrada da jovem que ainda acompanhava a mulher à distância. Até que ela parou em um dos apartamentos, e só enquanto ela pegava a chave na bolsa, sentiu uma presença atrás de si e virou na direção de Anne. Confusa, a mulher derrubou a sacola de frutas e as chaves, deixando que tudo se espalhas
― A mamãe vai voltar, logo! ― ― Vamos esperar! ― A boquinha fofa de Chloe fez beicinho:― Sério? Mas... vai demorar muito... ― Os dois meninos pararam de falar e brincar, desanimando com o comentário da irmã. Depois de alguns segundos em silêncio, Charlie pensou em algo e seus olhos brilharam:― Vamos buscar a mamãe! ― Chris não disse nada. Ele parecia pensar que o plano era bom e seu rosto começou a ficar vermelho de excitação.Chloe espiou de sua colcha, com os olhos grandes:― Mas, mamãe está longe, Nancy disse... ela... está em... em Lu... ― ― Luton! ― Charlie respondeu.― Precisamos ir! ― Os olhos de Chloe brilharam. No entanto, ela se sentiu frustrada e disse ― como vamos chegar lá? ― Seus dois irmãos ficaram em silêncio e, então Chris concluiu:― Vamos perguntar! ― Os olhos das três crianças fofas brilhavam como estrelas, enquanto elas conversavam absurdos e davam ideias impossíveis, tornando, em suas pequenas cabeças, a ideia cada vez mais real.Na tarde
― É uma cidade grandiosa, se você souber procurar o que gosta, garanto que não vai se decepcionar. ― Com os radares instantaneamente ligados, os bebês sorriram e começaram a seguir o casal, até chegar em um dos guichês de atendimento. Em suas cabecinhas, eles tinham certeza que daquela maneira conseguiriam encontrar a mãe.Na fila, a pessoa da frente acreditava que eles fossem os filhos da pessoa de trás e vice versa, mas ambos os grupos comentavam sobre a fofura e beleza das crianças, bem como sobre a raridade de se ver trigêmeos.― Essas três crianças são muito fofas! ― ― Uau! São trigêmeos! ― ― Que coisa mais fofa, eu queria beliscar esses bochechões todos... ― Apesar de todo mundo prestar atenção nas crianças, todos as deixavam passar, sem se preocupar, acreditando que estavam sendo supervisionados. Quem imaginaria que três crianças tão pequenas podiam ser um pequeno bando em fuga? E foi assim que o trio passou pela verificação de segurança da alfândega, tendo apenas uma
― Desculpa, Anne... eu estou velha demais pra isso. Não aguento mais. ― disse Nancy.Anne colocou a mão na testa, sentindo-se impotente, tonta e ansiosa. Ela tentava entender o que se passava na cabeça da babá e percebia que envolvia virar, subitamente, mãe de trigêmeos e o fato de tê-los deixado escapar, como em uma comédia pastelão, pesava bastante. Por isso, achou melhor dizer que entendia e desligar a ligação.Então, a jovem se sentou debilmente na beirada da cama, com a mente caótica.O que ela deveria fazer depois que as crianças chegassem? Ela poderia realmente levá-las para seu pequeno apartamento e acolhê-las? E se Anthony as encontrasse? De jeito nenhum as crianças poderiam ficar com ela. Seria muito perigoso. Se Anthony descobrisse e decidisse ficar com as crianças, ela não teria a menor chance de disputar pela guarda. Isso se, na pior das hipóteses, a mente doentia do demônio não decidisse descontar toda a ira que sentia nas crianças inocentes.Entretanto, quem poderia
Desconfiado, Charlie pulou da cadeira e perguntou:― Você é mesmo a vovó? Por que mamãe não está aqui? Onde está a mamãe? ― Ainda sentados, Chloe e Chris concordavam com as perguntas, mantendo expressões sisudas nos pequenos rostos rechonchudos.Cheyenne olhou para as três crianças fofas e instantaneamente gostou delas, especialmente quando viu a garota, que parecia exatamente com Anne em sua infância. Os meninos não se pareciam com Anne. Portanto deveriam ser parecidos com o pai.Sorrindo, Cheyenne pegou as mãozinhas carnudas das crianças e disse:― Mamãe está esperando por vocês, em casa. Vocês podem vê-la quando chegarmos. ― Na casa da mãe, Anne esperava ansiosamente sem conseguir ficar parada, tamanha era sua agitação. Era muito difícil imaginar que as três crianças voaram sozinhas para Luton e nenhum adulto percebeu que algo estava errado. “Pelo amor de Deus, eles têm só dois anos”, ela pensou.A jovem achava que ia pirar, sem aguentar esperar, nem mais um minuto, quando