Sarah tinha as mãos e pernas amarradas e estava sentada em uma cadeira. Era uma casa vazia e havia uma janela para ventilação. O céu lá fora estava tão claro que era ofuscante. O chão estava coberto de plástico como se alguém estivesse pronto para machucá-la e quisesse ter certeza de que não deixaria manchas no chão.A mulher terminava de entender sua situação precária quando Ron entrou, parecendo hostil. Então, Sarah apertou os olhos e questionou, com a voz mais agressiva que encontrou:― Você me sequestrou? ―Ron segurava o telefone de Sarah na mão:― Além deste aparelho, onde mais você escondeu a gravação? Você guardou na casa de Anne? ―― Não! ―― Eu confiei em você e lhe dei as ações, mas as gravações ainda estão por aí! Mesmo assim, vou te dar uma chance de se arrepender e voltar atrás, considerando que já fomos marido e mulher! ― Ron a advertiu.Sarah olhou para ele, com uma expressão estranha:― Como você sabe que a gravação está no meu telefone? ―― Eu instalei uma es
O carro acelerou e, uma vez estabilizado, Anne conseguiu se ajeitar, em sua poltrona, arrumando os cabelos atrás da orelha e encarando a paisagem, de maneira frenética. Estranheza e tensão preenchiam a atmosfera dentro do pequeno e confinado espaço do carro.Depois de alguns minutos, Anne sorrateiramente deu uma olhada para o lado. Mas, o olhar de Anthony estava fixo fora da janela, como se ele fosse indiferente a sua falta de jeito. Entretanto, ela podia sentir a tensão ao redor dele e até mesmo a sede de sangue.O homem tinha acabado de descobrir que sua mãe fora assassinada por seu avô. Ela deveria simpatizar com Anthony? Ela achava que deveria simpatizar consigo mesma. Queria falar alguma coisa, mas não sabia o que dizer, afinal, uma vez que a verdade fosse descoberta, Anthony não teria mais motivos para querer torturá-la e ela poderia alcançar a verdadeira liberdade, não poderia?Ron ficou parado na porta e observou enquanto Anne caminhava sozinha em sua direção. Ela carregava
Ron percebia, enquanto suor brotava em sua testa que, não apenas Anne não tinha ido sozinha, como tinha contado para a pessoa a quem mais temia, seu filho, Anthony Marwood.― A gravação está no... telefone de Anne ― Sarah disse, com culpa.Ron não ficou surpreso, ele tinha intuído aquilo. Entretanto, Anne não podia acreditar no que ouvia:― Quando? Quando você fez isso? ―― Naquele dia em que almoçamos juntas, aproveitei quando você foi ao banheiro ― disse Sarah.Anne pegou seu telefone, abriu a galeria e viu que havia um arquivo de voz salvo ali. Se não fosse por Sarah avisar, ela demoraria séculos para notar a gravação. Com um movimento de braço, Ron tentou pegar o aparelho, mas foi contido pelos guarda-costas de Anthony.― Não dê ouvidos a essa mentirosa. É tudo falso! ― Ron suplicou desesperadamente.― Falso ou verdadeiro, quem decide isso sou eu. ― O tom de Anthony era frio e sua voz era tão intimidadora que, ao invés de estarem em uma casa, parecia que todos se apertavam e
As últimas palavras do patriarca soaram extremamente estranhas e qualquer um que não fosse tolo seria capaz de afirmar que a intenção de Elder Marwood era a de matar Sarah.Anthony caminhou até Ron que, aterrorizado pela presença do filho, empalideceu e recuou:― Anthony, eu sou seu pai. O que você está tentando fazer? Ah! ―O homem andava de costas e não percebeu que se aproximava do degrau que levava ao porão, então, pisou em falso e despencou em uma queda ruidosa. Anthony ficou parado no topo da escada e olhou para o pai com a mesma expressão neutra de antes, antes de dizer, com uma voz sem emoção:― Entre em contato com a imprensa e divulgue as palavras: Elder Marwood, o patriarca e fundador do Grupo Marwood está gravemente doente. Diga também que você ficará afastado de tudo para velar por seu pai! ― Seguido por sua equipe de guarda-costas, Anthony deixou a casa.Ron sentou-se no chão, com arrepios percorrendo sua espinha. Enquanto sentia a dor dos inúmeros machucados sofrido
Anthony tinha sido privilegiado com um visual sedutoramente bonito e uma figura imponente. Sua aura majestosa desviava completamente a atenção de Bianca e todos na seção de comentários perguntavam sobre ele, especulando como ele era mais bonito do que muitos dos artistas de cinema.Um grupo de mulheres se uniu para descobrir mais informações sobre Anthony e alguém se apresentou para explicar que ele era o fundador do Grupo Arquiduque e o neto mais velho do fundador do Grupo Marwood, Anthony Marwood.Enquanto Anne passava por todos os comentários, houve um erro repentino com a página da web e, quando ela tentou atualizar a página, tudo tinha desaparecido, incluindo o vídeo e os comentários.― O que você viu? ― Sarah perguntou.― Tudo se foi. Anthony provavelmente bloqueou as notícias ― disse Anne.Ninguém na imprensa ousaria espalhar boatos sobre Anthony e essa era a força do capitalismo. O poder e a influência, muitas vezes, valiam mais do que dinheiro e o magnata não precisava ga
Anne se sentia ansiosa e não tinha vontade de trabalhar, então andava de um lado para o outro entre o departamento e o banheiro. Mas, depois de fazer mais de dez voltas, seus colegas começaram a suspeitar que havia algo de errado, entretanto, a jovem finalmente viu a porta da sala de reuniões se movendo.A porta se abriu e Anthony saiu, com a mão no bolso, e foi direto para o elevador. Mas, sem perder tempo, Anne correu atrás do magnata. Ela não podia falar com Anthony no Grupo Marwood, pois a relação entre eles já havia sido o centro das fofocas. Por isso, apenas observou o andar em que o elevador parou e entrou na cabine do lado, selecionando o mesmo piso.Mas, assim que desceu do elevador, alguém a agarrou pelo ombro por trás e a puxou para uma das salas.― O que você está fazendo? ― Anne se afastou e tentou sair. Ela não tinha tempo a perder, mas Tommy insistiu em ficar em seu caminho. ― O que quer que você precise dizer, espere. Estou ocupada! ―― Ocupada com o quê? Você não v
O único motivo que justificava Anthony aguardar no estacionamento era Anne.― Você parecia desesperada, então imaginei que estivesse procurando por mim. ―A jovem apertou os lábios ao perceber que Anthony prestava atenção em todos os seus movimentos.‘Achei que ele estava na reunião... Como ele saberia que eu estava indo e voltando do banheiro?’ ela pensou. Mas, sem tempo para pensar sobre o assunto, preferiu mudar o rumo da conversa:― Você está bem? ―Percebendo a mudança brusca, o homem zombou:― Então você está aqui para manifestar seus pêsames? ―Os olhos da jovem se desviaram:― Não. Vou direto ao ponto se você não quiser que eu deseje meus sentimentos antes. Eu queria falar com você sobre uma coisa... Você pode revalidar meus documentos? ―― Por quê? ―Anne congelou com a pergunta.― Como assim ‘por quê’? A verdade veio à tona. Não tivemos nada a ver com a morte de sua mãe. Você não deveria nos deixar em paz? ―― Nada a ver com a morte da minha mãe? ― Ele a encarou c
Não tinha sido à toa que Anthony percebera que Nigel havia comprado o apartamento para ela tão imediatamente, ele também tinha um apartamento ali. Entretanto, aquilo era tão inesperado que Anne se sentiu tão abalada quanto se visse Anthony comendo fast food na rua.Ela queria ignorá-lo e ir embora, mas um barulho vindo da sacada a fez olhar para trás.Anthony estava encostado na cadeira. O copo em sua mão escorregara para o chão, estilhaçando-se, enquanto ele parecia completamente relaxado, com a cabeça inclinada para o lado, os olhos fechados e o rosto pálido.― Ele desmaiou? Posso fingir que não o vi? ― murmurou a jovem, mas sabia que sua consciência não a deixaria em paz. Não importa o quanto ela temesse e se ressentisse de Anthony, ele ainda era o pai de seus filhos. No entanto, ela não podia simplesmente chamá-lo... Ligar para Bianca também não era uma opção, Afinal, a pianista questionaria como Anne sabia onde Anthony estava.A única pessoa de quem Anne sabia o número de co