O único motivo que justificava Anthony aguardar no estacionamento era Anne.― Você parecia desesperada, então imaginei que estivesse procurando por mim. ―A jovem apertou os lábios ao perceber que Anthony prestava atenção em todos os seus movimentos.‘Achei que ele estava na reunião... Como ele saberia que eu estava indo e voltando do banheiro?’ ela pensou. Mas, sem tempo para pensar sobre o assunto, preferiu mudar o rumo da conversa:― Você está bem? ―Percebendo a mudança brusca, o homem zombou:― Então você está aqui para manifestar seus pêsames? ―Os olhos da jovem se desviaram:― Não. Vou direto ao ponto se você não quiser que eu deseje meus sentimentos antes. Eu queria falar com você sobre uma coisa... Você pode revalidar meus documentos? ―― Por quê? ―Anne congelou com a pergunta.― Como assim ‘por quê’? A verdade veio à tona. Não tivemos nada a ver com a morte de sua mãe. Você não deveria nos deixar em paz? ―― Nada a ver com a morte da minha mãe? ― Ele a encarou c
Não tinha sido à toa que Anthony percebera que Nigel havia comprado o apartamento para ela tão imediatamente, ele também tinha um apartamento ali. Entretanto, aquilo era tão inesperado que Anne se sentiu tão abalada quanto se visse Anthony comendo fast food na rua.Ela queria ignorá-lo e ir embora, mas um barulho vindo da sacada a fez olhar para trás.Anthony estava encostado na cadeira. O copo em sua mão escorregara para o chão, estilhaçando-se, enquanto ele parecia completamente relaxado, com a cabeça inclinada para o lado, os olhos fechados e o rosto pálido.― Ele desmaiou? Posso fingir que não o vi? ― murmurou a jovem, mas sabia que sua consciência não a deixaria em paz. Não importa o quanto ela temesse e se ressentisse de Anthony, ele ainda era o pai de seus filhos. No entanto, ela não podia simplesmente chamá-lo... Ligar para Bianca também não era uma opção, Afinal, a pianista questionaria como Anne sabia onde Anthony estava.A única pessoa de quem Anne sabia o número de co
― Você não disse que ia embora? O que está esperando? ― Anthony perguntou, com um sorriso no rosto.Anne se virou e perguntou, sem graça:― Posso passar pela sua porta? ―― Não. ―A jovem o encarou furiosamente, pois estava muito traumatizada para voltar pela estreita marquise a 19 andares do solo, então não queria fazer tudo de novo.― Por quem você acha que eu vim até aqui? Custa muito me deixar usar sua porta? Eu vim aqui para tentar te ajudar! ―― Eu acabei de te salvar. ―Anne ficou sem palavras.― Eu ainda não jantei. ― Anthony fechou os olhos preguiçosamente e Anne entendeu que o homem insinuava que ela deveria cozinhar para ele, para poder sair do apartamento usando a porta.A jovem encarou o chão, contemplando as opções diante dela, sabendo perfeitamente que Anthony não teria dito tal coisa se não a estivesse comandando. Se ela não desejasse usar a marquise, teria que cozinhar para ele.― O que você tem aqui? Eu posso cozinhar. ―A jovem foi até a cozinha preparar u
Anne se recuperou da surpresa e correu para impedir Anthony de sumir.― Por que você insiste em me fazer ficar? Eu quero ir para casa. ―― Eu não estou de bom humor, então não me teste. ― Anthony estreitou seus olhos perigosamente.― Você não está com vontade de ser testado e, por isso, eu tenho que ceder aos seus caprichos? ― ela questionou confusa, sem conseguir entender porque Anthony não podia deixar que fosse embora para se sentir melhor, já que se ressentia tanto dela.O demônio olhou para ela enquanto a agarrava pelo ombro e a empurrava para dentro do quarto.― Ora seu... ― Forçada a entrar no cômodo, Anne cambaleou para dentro. Então, Anthony voltou a ignorar a jovem e foi para o banheiro a deixando parada no meio do quarto, sem saber o que fazer. Ela queria desesperadamente sair, mas não tinha coragem de desobedecê-lo. No final, percebeu que o mínimo que podia fazer era deixar aquele cômodo.Sentindo-se desconfortável com o barulho da água correndo dentro do banheiro,
Sem muita delicadeza, Anne sacudiu Anthony, enquanto dizia:― Ei, tome seu remédio. Kathryn os trouxe aqui para você. ―Anthony não respondeu, como se estivesse dormindo profundamente e Anne olhou para suas feições perfeitas, impressionada com o quão frio e perigoso ele parecia, mesmo quando estava dormindo.Então, baixou a voz e disse:― Branca de Neve, aqui está sua maçã. ―Os olhos de Anthony se abriram abruptamente e Anne caiu para trás, batendo com o traseiro no chão, mas imediatamente rastejou de volta, antes de apontar para o móvel de cabeceira e falar:― Kathryn trouxe seu remédio. ―― Tem certeza que isso não está envenenado? ― ele perguntou calmamente.Ela esfregou o nariz e ficou de lado:― Por causa da história da maçã? Eu... eu só estava brincando. ―Sem dizer mais nada, Anthony sentou-se e engoliu o comprimido, sem precisar beber água.Anne pensou que Anthony ficaria ofendido com sua piada, mas ficou aliviada por ele não ter dado importância. Ainda assim, estav
Ela tinha o hábito de segurar os trigêmeos quando dormia, então, durante o sono deve ter confundido Anthony com seus filhos e acabou abraçando o homem.Percebendo que ela havia enrolado uma perna na de Anthony, imediatamente a afastou. Então, lançou um olhar para Anthony, que ainda estava dormindo e lentamente se afastou o braço que a envolvia.Quando conseguiu sair da cama, Anne suava profusamente e, assim que seus pés tocaram o chão, ela disparou para fora do cômodo. Anthony abriu os olhos quando ouviu a porta se fechando.Anne não parou de se mover até entrar em um táxi para chegar em seu próprio apartamento, como se estivesse fugindo de alguma coisa. Depois de pegar o telefone, saiu do apartamento e não olhou para o aparelho até entrar no carro. Mas, quando finalmente conferiu, fez uma careta, percebendo que havia três chamadas não atendidas de Bianca.Por que Bianca estaria procurando por ela?Ela então percebeu que como Anthony tinha desaparecido a noite toda, Bianca certame
A expressão de Anne endureceu.― Você parece orgulhosa de si mesma por ficar acusando a mesma pessoa, falsamente, várias vezes e postando tudo na internet. Você não tem vergonha? ―― Acusando você falsamente? Vá em frente, então. Onde você esteve a noite toda? ― Bianca questionou bruscamente.Anne não tinha certeza se Bianca sabia sobre o apartamento de Julie. Mesmo que não soubesse, Anne não queria informá-la sobre o novo apartamento que Nigel havia comprado para ela recentemente. Seria igualmente problemático para Bianca descobrir isso.Assim que ela pensou no que poderia dizer, o telefone de Bianca tocou e, depois de conferir de quem se tratava, a pianista se afastou para atender com privacidade. Anne poderia, simplesmente ter se afastado, mas a curiosidade a obrigou a tentar ouvir o que Bianca estava falando: ― Anthony, onde você esteve? Eu estava morrendo de preocupação, pensando que algo tinha acontecido com você! Por que você não atende o telefone? Você ficou bêbado? Você
O interior de Anne ardeu de ódio, mas ela se virou para ficar de frente para os trigêmeos, com um sorriso, apesar de tudo.― Vocês estão indo para a escola? O ônibus escolar já chegou? Podem ir. ―Os trigêmeos continuaram andando para a portaria do prédio, mas sem tirar os olhos de Bianca e, quando passaram, Charlie perguntou:― Quem é você? Por que você está brigando com nossa vizinha legal? ―― Eu a conheço. Ela é aquela moça que aperta as teclas na TV ― disse Chloe.Bianca ficou furiosa porque uma criança teve a audácia de descrever sua elegante arte do piano forte como 'apertar teclas'.― Mas quem deixou ela entrar? Moça das teclas, não arranje confusão por aqui. É melhor você ir embora! ― Disse Chris.Para evitar que Bianca dissesse algo pior, Anne disse à babá:― Podem ir, vou ficar bem. Não deixe que isso atrase as crianças de irem para a escola. ―― Tudo bem... ― A babá afastou as crianças.Charlie era o mais temperamental entre os três, então ele gritou ferozmente, a