Michelle tinha, de fato, aumentado os olhos. Ela não achava que eram grandes o suficiente para a câmera. Por isso, as palavras de Anne tocaram Michelle em carne viva.Percebendo que tinha acertado o alvo, Anne continuou:― Você subornou o Doutor Carlson? Se isso se tornar público, isso afetará sua carreira de um jeito bem ruim, não é? ― ― Ahhh. Sua enxerida! ― Michelle estava furiosa, quando apontou para Anne ― vou pedir à clínica que demita você! Não me importo de não ser mais uma celebridade. Meus pais são ricos de qualquer maneira! ―Então, saiu furiosa do consultório, batendo a porta atrás dela.Anne franziu a testa, ligeiramente, quando percebeu que Michelle tinha ido preparada, pois ouvia seus gritos, do lado de fora:― Você deve demitir Anne Vallois! ― O diretor se aproximou e as enfermeiras ficaram em volta.― O que há de errado? ― perguntou o homem careca e de óculos.― Anne estava me caluniando. Você deve demiti-la! Não vou deixá-la escapar impune! ― Michelle bufou.― O que
― Anne, se você tentar me pregar peças, ou agir por minhas costas, você estará morta. ―Anne sentiu seu couro cabeludo ficar dormente, de arrepio:― Eu sei, mas o que eu disse é verdade. Michelle foi para a clínica e me ameaçou. Ela pressionou o diretor a me demitir, então eu não tive escolha. Nada disso foi culpa minha... ―Antes que ela pudesse terminar a frase, Anthony desligou, com sua grosseria característica.Anne não sabia se o que disse tinha funcionado. Ela fingiu parecer fraca e assustada, como se fosse uma vítima inocente da loucura de Michelle. Mas, Anthony era um sádico cruel e era impossível saber se sua tática tinha funcionado, por isso, ela se sentiu insegura.Quando seu telefone tocou novamente, ela ficou tão assustada que quase caiu. Era um número desconhecido e a jovem respondeu, cautelosa:― Alô? ― ― É do RH da Clínica. Já liguei para você, algumas vezes. Ainda bem que você atendeu. Por que você não veio mais trabalhar, aconteceu alguma coisa? ―Anne estava confusa
Anne ergueu a cabeça, exibindo seu rosto pálido pelo terror e molhado pelas lágrimas. Apesar de se sentir péssima, teve de reunir presença de espírito para conseguir mentir:― Eu... estou com cólicas menstruais e isso está me matando... ― Vendo que Anne segurava o estômago e tinha as feições do rosto contorcidas, Lucia, a enfermeira, se sentiu compadecida e disse:― É tão sério assim? Você gostaria de tirar uma licença para ver um médico? ― Entretanto, outra colega, chamada Zelda, que também tinha acabado de chegar ao banheiro, zombou:― Que conversa interessante estou ouvindo aqui! Tirar licença por causa de cólicas menstruais? Também menstruo, todo mês, mas você não me vê tirando licença, não é? ― ― Ei, você não acha que esse comentário foi meio desnecessário? ― Lucia baixou a voz, franzindo a testa. ― Desnecessário? Mas, eu estou errada? Você está me dizendo que toda mulher com cólica deve tirar licença? ― ― Zelda, pelo amor de Deus, olha para a cara dela! Você n
― Hoje é o primeiro dia! ― Chris disse, com muita alegria. ― Mas, ainda precisamos esperar muito tempo... ― Chloe disse. Nancy agarrou suas mãos gordinhas e a acalmou:― Vai passar rápido e estamos todos juntos. Com certeza mamãe vai voltar. Ela vai resolver tudo por lá e logo estará aqui de novo, está bem? ― ― Tá! ― Chloe finalmente se animou, contagiada pela empolgação dos irmãos e da babá. Entretanto, mesmo sabendo que a filha estava melhor, Anne ficou inquieta o dia todo. Afinal, era natural que uma mãe, se sentisse assim quando sabia que havia algo de errado com um de seus filhos, pois, mesmo quando eles estavam bem, controlar a saudade e a preocupação já era muito difícil. Então, assim que chegou em casa, pegou o telefone e ligou, mais uma vez, para Nancy.Mas, antes que a ligação fosse completada, uma sensação ruim percorreu suas costas e ela encerrou a ligação, com medo de alguma coisa. Seus sentimentos estavam confusos. Seria bom ligar para os filhos, permiti
Entretanto, aquela não era mais a primeira experiência de Anne em um lugar como aquele e ela estava muito mais calma do que costumava ser. Por isso, caminhou lentamente até Zabinski que estava um pouco atordoado e confuso. Afinal, quando viu a jovem, imaginou ser a acompanhante de Anthony, mas ele tinha dito que ela o servisse. Porém, apesar de sua perplexidade, achou melhor não dizer nada.Assim que chegou ao lado do homem, Anne pegou uma garrafa de vinho e começou a servir Zabinski, mas ele a interrompeu, pegando a garrafa de sua mão e servindo a si mesmo e a ela, dizendo: ― Não, não. Pode deixar, querida, eu nos sirvo. ― Surpreendida pelo ato de gentileza, pois era a primeira vez que algum desses homens fosse gentil com ela, Anne lançou um olhar curioso na direção de Zabinski e descobriu que ele parecia bem familiar. Enquanto se acomodava ao lado do homem e bebericava seu vinho, o reconheceu como alguém da televisão. As amizades de Anthony pareciam ser todas com pessoas incomu
Sentindo uma dor de cabeça insuportável, Anne acordou, deitada no tapete de um cômodo, perto da porta. Era como se tivesse sido arremessada ali, como um pedaço de lixo e, de certa forma, ela sabia que tinha sido exatamente isso que tinha acontecido.A jovem olhou ao redor, reconhecendo a decoração e percebendo que estava na Mansão Real, assim como planejara. Mesmo com a dor de cabeça, a tontura e o estômago ruim, Anne sorriu e agradeceu à Deus pela oportunidade que tinha recebido.Levantando com dificuldade, a jovem cambaleou até o banheiro e tomou uma ducha. Se sentindo refrescada e bem melhor da ressaca, saiu do quarto e desceu as escadas. No meio do caminho até a sala, encontrou Hayden, que se aproximou, dizendo: ― Senhorita Vallois, o desjejum está pronto. ― Sem querer trocar amenidades com o mordomo, a jovem apenas perguntou:― Onde está Anthony? ― ― O Senhor Marwood saiu. ― Tentando manter uma expressão neutra no rosto, Anne concordou com a cabeça e caminhou até
Agora que era uma mulher adulta, quanto tempo o demônio teria coragem de deixá-la ali? Três dias? Uma semana? Mesmo que fossem somente algumas horas, Anne não queria mais lutar. Ela estava cansada de ser derrotada por causa de sua própria ingenuidade. Em sua ânsia de escapar, sempre esquecia o quanto Anthony era ardiloso.Tentando manter a cabeça ocupada, esperou a vista se adaptar com a escuridão e começou a procurar se havia algo a sua disposição, como comida, água ou uma cama. Tudo que encontrou foi um balde vazio e, mesmo assim, ele estava ali por acaso.Sem ter o que fazer, a jovem recostou contra a parede e tentou dormir, o máximo de tempo que conseguia.No primeiro dia, a sensação no estômago vazio era suportável, mas no segundo parecia que ela começava a desidratar, enquanto sentia câimbras abdominais. No terceiro, os lábios de Anne racharam e ficou difícil de mover o corpo, então ela simplesmente ficou parada. A jovem não gastou energia com futilidades como gritar por socor
Com uma mistura de raiva e frieza, Tommy olhou para Hayden.― Você é o mordomo, não é? Somos membros da família Marwood. Você tem certeza de que tem autoridade para nos expulsar? ― Em dúvida, Hayden parou, incapaz de encontrar uma resposta e Tommy aproveitou o momento de hesitação para se embrenhar na mansão. Exasperado, Hayden pegou o celular, no bolso de seu paletó, e começou a discar. Mas, Ron o interrompeu e, com uma expressão neutra no rosto, perguntou, com simplicidade: ― Anne está presa aqui? ― Hayden parecia desconfortável. Ele não queria mentir, mas ao mesmo tempo, tinha medo de desafiar seu empregador, por isso, escolheu uma resposta que não o comprometeria:― Ninguém pode desobedecer ao Senhor Marwood. Aconselho-o a sair, agora mesmo! ― Encostada na porta, grogue e quase em letargia total, Anne escutou seu nome soar distante, quase como se fosse chamada em outra vida, ou outra galáxia. Tinha sido uma ilusão? Afinal, não fazia sentido nenhum ouvir a voz