Enquanto Anne ainda aguardava Michelle voltar do banheiro, o maitre se aproximou e disse:― Boa noite. Você quer algo mais? Eu sugiro um café ou uma sobremesa. Ou posso trazer a conta? ―Com o rosto vermelho como um tomate, a jovem não sabia o que responder, então disse, hesitante:― Ah... eu não sei. Minha amiga foi ao banheiro e... ―― Você está falando da mulher que veio com você? Ela já foi embora. ―Anne arregalou os olhos e disse:― O quê? ― Ela tinha sido ludibriada por Michelle que tinha pedido licença, dizendo que ia ao banheiro, enquanto ia embora sem pagar a conta. Anne suspirou, resignada e disse — tudo bem. Pode trazer a conta.Sem demora, o homem trouxe a caderneta de couro preta, que Anne abriu. Ao ver o valor exorbitante da conta, mais alta do que um mês de seu salário, sentiu seu coração falhar uma batida e suor gelado escorrer no meio de suas costas.— Por que ficou tão caro? — A jovem se aventurou a perguntar.O maitre limpou a garganta, um pouco constrangido e respo
― Ela se recusou a pagar? ― Anthony perguntou, calmamente. A expressão em seus olhos era ilegível.― Sim! Ela entrou com roupas casuais, comeu e se recusou a pagar. Que ousadia! Afinal, somos um dos melhores restaurantes de Luton. Até entendo que as pessoas mais simples almejem experimentar nossa comida uma vez antes de morrer, mas isso é um absurdo! ― O gerente disse, com emoção.Anthony entrou, ainda sem expressão.O gerente disse:― Senhor Marwood, venha aqui! ―No entanto, Anthony não parecia ter ouvido o homem e continuou andando. Ele mantinha uma mão no bolso e, com a outra, puxou uma cadeira e se sentou na mesma mesa que Anne, a encarando. A jovem comprimiu os lábios e inclinou a cabeça, evitando sustentar o olhar penetrante.O gerente logo percebeu que havia algo entre Anne e Anthony e ficou apavorado, pensando consigo mesmo "Será que eles são próximos? E eu falei mal dela para ele, será que estou em apuros? Mas, como eu ia saber? Ela parece uma mulher qualquer."― Quanto ela t
Michelle sorriu, satisfeita com a decisão da jovem, em ir embora. Era bom que Anne conhecesse seu lugar. Era melhor que Anne saísse rapidamente, para não atrapalhar seu reencontro com Anthony.― Eu lhe dei permissão para sair? ― A voz de Anthony soou baixa e grave.O corpo de Anne enrijeceu e ela voltou a se sentar.Só havia dois lugares na mesa e, se Anne não saísse, Michelle não teria lugar para sentar. Sem querer admitir derrota, a modelo manteve o sorriso altivo no rosto, enquanto puxava assunto, ainda em pé:― Eu convidei Anne para vir jantar aqui, mas tive um assunto para resolver e saí sem me despedir, só então lembrei de voltar para pagar a conta. Quem diria que eu iria esbarrar em você. ―A verdade é que ela só voltou só para conferir como Anne escaparia da situação embaraçosa em que a tinha deixado. Como o homem não disse nada e nem mesmo chegou a virar o rosto na direção da modelo, Michelle sorriu e decidiu se despedir:― Eu vou embora agora, Anthony. Vamos nos encontrar em
Michelle tinha, de fato, aumentado os olhos. Ela não achava que eram grandes o suficiente para a câmera. Por isso, as palavras de Anne tocaram Michelle em carne viva.Percebendo que tinha acertado o alvo, Anne continuou:― Você subornou o Doutor Carlson? Se isso se tornar público, isso afetará sua carreira de um jeito bem ruim, não é? ― ― Ahhh. Sua enxerida! ― Michelle estava furiosa, quando apontou para Anne ― vou pedir à clínica que demita você! Não me importo de não ser mais uma celebridade. Meus pais são ricos de qualquer maneira! ―Então, saiu furiosa do consultório, batendo a porta atrás dela.Anne franziu a testa, ligeiramente, quando percebeu que Michelle tinha ido preparada, pois ouvia seus gritos, do lado de fora:― Você deve demitir Anne Vallois! ― O diretor se aproximou e as enfermeiras ficaram em volta.― O que há de errado? ― perguntou o homem careca e de óculos.― Anne estava me caluniando. Você deve demiti-la! Não vou deixá-la escapar impune! ― Michelle bufou.― O que
― Anne, se você tentar me pregar peças, ou agir por minhas costas, você estará morta. ―Anne sentiu seu couro cabeludo ficar dormente, de arrepio:― Eu sei, mas o que eu disse é verdade. Michelle foi para a clínica e me ameaçou. Ela pressionou o diretor a me demitir, então eu não tive escolha. Nada disso foi culpa minha... ―Antes que ela pudesse terminar a frase, Anthony desligou, com sua grosseria característica.Anne não sabia se o que disse tinha funcionado. Ela fingiu parecer fraca e assustada, como se fosse uma vítima inocente da loucura de Michelle. Mas, Anthony era um sádico cruel e era impossível saber se sua tática tinha funcionado, por isso, ela se sentiu insegura.Quando seu telefone tocou novamente, ela ficou tão assustada que quase caiu. Era um número desconhecido e a jovem respondeu, cautelosa:― Alô? ― ― É do RH da Clínica. Já liguei para você, algumas vezes. Ainda bem que você atendeu. Por que você não veio mais trabalhar, aconteceu alguma coisa? ―Anne estava confusa
Anne ergueu a cabeça, exibindo seu rosto pálido pelo terror e molhado pelas lágrimas. Apesar de se sentir péssima, teve de reunir presença de espírito para conseguir mentir:― Eu... estou com cólicas menstruais e isso está me matando... ― Vendo que Anne segurava o estômago e tinha as feições do rosto contorcidas, Lucia, a enfermeira, se sentiu compadecida e disse:― É tão sério assim? Você gostaria de tirar uma licença para ver um médico? ― Entretanto, outra colega, chamada Zelda, que também tinha acabado de chegar ao banheiro, zombou:― Que conversa interessante estou ouvindo aqui! Tirar licença por causa de cólicas menstruais? Também menstruo, todo mês, mas você não me vê tirando licença, não é? ― ― Ei, você não acha que esse comentário foi meio desnecessário? ― Lucia baixou a voz, franzindo a testa. ― Desnecessário? Mas, eu estou errada? Você está me dizendo que toda mulher com cólica deve tirar licença? ― ― Zelda, pelo amor de Deus, olha para a cara dela! Você n
― Hoje é o primeiro dia! ― Chris disse, com muita alegria. ― Mas, ainda precisamos esperar muito tempo... ― Chloe disse. Nancy agarrou suas mãos gordinhas e a acalmou:― Vai passar rápido e estamos todos juntos. Com certeza mamãe vai voltar. Ela vai resolver tudo por lá e logo estará aqui de novo, está bem? ― ― Tá! ― Chloe finalmente se animou, contagiada pela empolgação dos irmãos e da babá. Entretanto, mesmo sabendo que a filha estava melhor, Anne ficou inquieta o dia todo. Afinal, era natural que uma mãe, se sentisse assim quando sabia que havia algo de errado com um de seus filhos, pois, mesmo quando eles estavam bem, controlar a saudade e a preocupação já era muito difícil. Então, assim que chegou em casa, pegou o telefone e ligou, mais uma vez, para Nancy.Mas, antes que a ligação fosse completada, uma sensação ruim percorreu suas costas e ela encerrou a ligação, com medo de alguma coisa. Seus sentimentos estavam confusos. Seria bom ligar para os filhos, permiti
Entretanto, aquela não era mais a primeira experiência de Anne em um lugar como aquele e ela estava muito mais calma do que costumava ser. Por isso, caminhou lentamente até Zabinski que estava um pouco atordoado e confuso. Afinal, quando viu a jovem, imaginou ser a acompanhante de Anthony, mas ele tinha dito que ela o servisse. Porém, apesar de sua perplexidade, achou melhor não dizer nada.Assim que chegou ao lado do homem, Anne pegou uma garrafa de vinho e começou a servir Zabinski, mas ele a interrompeu, pegando a garrafa de sua mão e servindo a si mesmo e a ela, dizendo: ― Não, não. Pode deixar, querida, eu nos sirvo. ― Surpreendida pelo ato de gentileza, pois era a primeira vez que algum desses homens fosse gentil com ela, Anne lançou um olhar curioso na direção de Zabinski e descobriu que ele parecia bem familiar. Enquanto se acomodava ao lado do homem e bebericava seu vinho, o reconheceu como alguém da televisão. As amizades de Anthony pareciam ser todas com pessoas incomu