Aléssio Romano,As últimas três semanas passaram em um ritmo lento, quase arrastado. Viajei, tratei de negócios importantes, participei de festas e jantares de interesse. Negociei contratos significativos e mantive minha presença no mundo dos negócios como de costume. Minha rotina seguia inabalável, com a exceção de um detalhe: nada de Bianca. Nenhum sinal, nenhuma palavra. Ela parecia ter desaparecido completamente. Meu pai sempre dizia que a pressa é inimiga da perfeição, e talvez ele estivesse certo. Algum momento, ela iria precisar de mim. Isso era inevitável. No final, todos precisam de algo. Bianca não seria diferente.Enquanto aguardava esse momento, segui com meus compromissos, concentrando-me nos acordos em andamento. O controle sempre foi a base de tudo para mim. Eu me assegurava de que cada movimento fosse calculado e eficiente. Por trás dos jantares de negócios e das festas de aparências, sempre havia uma nova negociação, uma nova aliança a ser formada. Cada passo no mundo
Bianca Santoro,Essas semanas se arrastaram como se o tempo estivesse preso, me sufocando a cada segundo que passava. Minha vida não mudou muito desde a última vez que vi aquele homem arrogante. Continuei fugindo dos canalhas a quem eu ainda devia uma boa parte do dinheiro. Sempre que achava que tinha escapado deles, apareciam em alguma esquina, prontos para me lembrar de que minha dívida estava longe de ser paga.Hoje não era diferente. Estava vestida de preto, com uma toca que cobria meu cabelo e uma máscara no rosto. Sentada em um banco em frente a uma loja de roupas, observava o movimento da rua. Minha mente estava focada em um plano. Nas últimas três semanas, estive arquitetando como conseguir o dinheiro para pagar aqueles desgraçados de uma vez por todas. Não era fácil, mas eu precisava arriscar. Precisava agir.O barulho das pessoas andando pela rua e o som dos carros ao fundo ajudavam a disfarçar minha ansiedade. Meu alvo era simples: a loja à minha frente. O caixa dela estava
Aléssio Romano,Assim que entrei no meu escritório após a visita à clínica, recebi uma ligação de Vito. Já era tarde, e eu esperava que o dia estivesse acabando, mas parecia que a noite ainda me reservaria algumas surpresas.— Senhor, Bianca se meteu em uma fria. — disse ele, com aquele tom calmo, quase indiferente. — A molecada chama assim, não é? Ela entrou em uma loja de roupas, pegou o dinheiro do caixa, e assim que saiu, o alarme disparou. A polícia foi acionada e prendeu ela. Levaram-na para a delegacia.Suspirei, sem surpresa. Eu sabia que isso iria acontecer eventualmente. Bianca não era o tipo de pessoa que conseguia se manter longe de problemas. Ela estava presa naquele ciclo autodestrutivo, e, por mais que resistisse, o fim sempre seria o mesmo. Era inevitável.— Não faça nada. — respondi a Vito. — Ela vai ter que me procurar. Eu sei que vai dar um jeito de me ligar.Desliguei o telefone e caminhei até a janela do meu escritório, olhando para o jardim lá fora. Uma parte de
Bianca Santoro, Aquela noite foi uma tortura. O filho de uma vaca sem chifres não apareceu para me tirar da delegacia. Esperei praticamente a noite inteira sentada, com os nervos à flor da pele, mas, com o passar das horas, o cansaço venceu. Quando acordei no dia seguinte, o policial já estava abrindo a cela com um olhar de tédio, como se aquilo fosse apenas mais uma tarefa rotineira. — Acorda aí, garota. — ele murmurou, dando um leve chute na cama de pedra. — Você tem sorte, sabia? Não sei como consegue tanto, de ter um homem como o senhor Romano pra vir te salvar. Olhei para ele com desdém. Sorte? Isso não era sorte. Era uma dívida. — O senhor Romano é importante pra você? — perguntei, minha voz carregada de sarcasmo. — Porque, pra mim, ele é só mais um homem como qualquer outro. O policial apenas riu, um som seco e sem humor, enquanto abria a cela para que eu saísse. Passei por ele com passos firmes, mesmo que o cansaço ainda estivesse grudado no meu corpo. Quando saí, lá esta
Aléssio Romano, Ela estava ali, bem na minha frente, sentada na cadeira do meu escritório, completamente diferente da garota que vi semanas atrás. Não parecia mais a garota ousada e de língua afiada que sempre tinha uma resposta pronta para qualquer coisa que eu dissesse. Agora, era apenas mais uma peça no meu jogo, alguém que tinha sido encurralada e não tinha para onde fugir. Era quase engraçado ver como as pessoas mudam quando percebem que estão sem saída. Por um momento, quase ri ao vê-la tão controlada. Todo aquele orgulho que ela carregava parecia ter evaporado assim que percebeu que a única maneira de sair dessa era obedecer às minhas regras. Claro, Bianca ainda tinha aquele brilho de desafio no olhar, mas agora estava quieta, absorvendo a realidade em que se encontrava. Era uma santa do pau oco, fingindo que estava calma, mas eu sabia que, por dentro, ela estava fervendo. Eu gostava disso. Gostava de ver como as pessoas tentam esconder seu verdadeiro estado quando são pegas
Bianca Santoro, Observei aquele contrato diante de mim, mas sinceramente, eram tantas palavras e cláusulas que eu nem me dei ao trabalho de ler tudo. A questão era simples: obedecer Aléssio até que ele decidisse que minha dívida estava quitada. Quando isso tudo acabasse, estaria livre dele. E, no momento, isso era tudo o que eu queria. Aléssio pegou o telefone que estava em cima da mesa e fez uma ligação rápida, sem tirar os olhos de mim. Ele falava em um tom calmo, mas firme, e, em questão de minutos, a porta do escritório se abriu. Uma mulher de cabelos grisalhos, presos em um coque impecável, entrou com passos firmes e silenciosos. Ela usava uma roupa perfeitamente ajustada, seu porte elegante e disciplinado, como se estivesse sempre preparada para qualquer ordem. — Sim, senhor. — respondeu ela com um leve aceno de cabeça, as mãos cruzadas atrás das costas, em uma postura que exalava respeito e profissionalismo. — Lupi, esta é nossa nova hóspede, Bianca — Aléssio disse, me lanç
Aléssio Romano, Assim que fiquei sozinho no escritório, peguei meu celular e liguei para Vito. Ele sempre sabia que, quando eu chamava, algo importante eu queria que ele fizesse. Não demorou muito até que ele chegasse, eficiente como sempre. Sentou-se de frente para mim, com aquele olhar sério e concentrado, esperando que eu lhe desse as próximas instruções. — Senhor. — disse ele, sempre direto ao ponto. Eu o observei por alguns segundos, considerando o que precisava ser feito. Bianca agora estava sob o meu controle, e para que isso se mantivesse, havia algumas peças que precisavam ser removidas da vida dela. — Quero que vá até a casa da tia de Bianca. — comecei, indo direto ao ponto. — Ofereça dinheiro para que ela saia da cidade. Diga a ela para não se preocupar com Bianca, que está em boas mãos. — Fiz uma pausa, sabendo que a mulher provavelmente não ligava para o paradeiro da sobrinha. — Se bem que ela nunca se importou de verdade com a sobrinha. Para ela se Bianca sumisse, er
Bianca Santoro, Aquela noite, depois de ser levada ao quarto por Lupi, tomei um banho longo. A água quente escorrendo pelo meu corpo parecia aliviar um pouco a tensão acumulada, mas minha mente ainda estava a mil. Escolhi uma roupa confortável do closet, algo simples, mas de qualidade superior ao que eu estava acostumada. Era estranho usar roupas caras, como se de repente eu tivesse sido lançada em um mundo que não era o meu. Me deitei na cama, sentindo o conforto que ela oferecia. Não me lembro da última vez que dormi em algo tão macio. Para minha surpresa, acabei dormindo tranquilamente. Acordei na manhã seguinte com a claridade invadindo o quarto. A governanta da mansão, Lupi, já estava de pé, abrindo as cortinas. Ela fazia isso com a eficiência e elegância de sempre, como se fosse uma rotina perfeitamente calculada. — Bom dia, senhorita Bianca. — disse ela, em um tom formal, mas educado. Eu resmunguei e virei para o outro lado da cama, tentando ignorar o mundo por mais alguns