Aléssio Romano, Assim que fiquei sozinho no escritório, peguei meu celular e liguei para Vito. Ele sempre sabia que, quando eu chamava, algo importante eu queria que ele fizesse. Não demorou muito até que ele chegasse, eficiente como sempre. Sentou-se de frente para mim, com aquele olhar sério e concentrado, esperando que eu lhe desse as próximas instruções. — Senhor. — disse ele, sempre direto ao ponto. Eu o observei por alguns segundos, considerando o que precisava ser feito. Bianca agora estava sob o meu controle, e para que isso se mantivesse, havia algumas peças que precisavam ser removidas da vida dela. — Quero que vá até a casa da tia de Bianca. — comecei, indo direto ao ponto. — Ofereça dinheiro para que ela saia da cidade. Diga a ela para não se preocupar com Bianca, que está em boas mãos. — Fiz uma pausa, sabendo que a mulher provavelmente não ligava para o paradeiro da sobrinha. — Se bem que ela nunca se importou de verdade com a sobrinha. Para ela se Bianca sumisse, er
Bianca Santoro, Aquela noite, depois de ser levada ao quarto por Lupi, tomei um banho longo. A água quente escorrendo pelo meu corpo parecia aliviar um pouco a tensão acumulada, mas minha mente ainda estava a mil. Escolhi uma roupa confortável do closet, algo simples, mas de qualidade superior ao que eu estava acostumada. Era estranho usar roupas caras, como se de repente eu tivesse sido lançada em um mundo que não era o meu. Me deitei na cama, sentindo o conforto que ela oferecia. Não me lembro da última vez que dormi em algo tão macio. Para minha surpresa, acabei dormindo tranquilamente. Acordei na manhã seguinte com a claridade invadindo o quarto. A governanta da mansão, Lupi, já estava de pé, abrindo as cortinas. Ela fazia isso com a eficiência e elegância de sempre, como se fosse uma rotina perfeitamente calculada. — Bom dia, senhorita Bianca. — disse ela, em um tom formal, mas educado. Eu resmunguei e virei para o outro lado da cama, tentando ignorar o mundo por mais alguns
Bianca Santoro, A ideia de uma aula de etiqueta me deixou perplexa. Eu, uma garota que mal conseguia seguir regras nas ruas, agora estava sendo moldada para agir como uma dama em algum tipo de alta sociedade que Aléssio parecia querer me inserir. Me senti deslocada, irritada e, acima de tudo, desconfortável. Mas o contrato que eu assinara me obrigava a seguir em frente com isso, e essa era uma lembrança constante na minha mente. Se eu quisesse alguma liberdade, teria que aguentar. Cumpro com a minha parte da dívida, e ele com a dele. A professora Elenice era impecável, como uma daquelas figuras perfeitas de revista. Vestido elegante, corpo esguio e um olhar que parecia me julgar desde o momento que entrei. Ela não era como ninguém que eu já tinha conhecido. Seus olhos me examinavam, e eu sabia que ela estava ali para me moldar. Eu odiava isso. — Vamos começar com algo essencial: postura e maneiras à mesa. — Elenice começou, sem perder tempo. — Como você se apresenta em um jantar
Aléssio Romano, Estou no pior dia da minha vida. Nunca imaginei que fosse dizer isso, mas hoje a dor que sinto é profunda demais, até para mim. Passei o dia inteiro ao lado de Sofia, minha irmã, que estava completamente destruída pelo funeral de nossa pequena Lia. Ela desmaiou, simplesmente não conseguiu lidar com a realidade de enterrar a própria filha. E eu não pude deixá-la sozinha.Meus pais não estavam presentes no funeral. Eles estão viajando e, por mais que tentassem voltar, não conseguiram chegar a tempo para o enterro. Estão a caminho, mas sei que isso não faz diferença. O que aconteceu hoje vai marcar nossas vidas para sempre. Lia se foi, e não há nada que eles possam fazer, nada que ninguém possa fazer. Só resta a dor.Agora estou aqui no quarto de Sofia, sentado ao lado da cama, enquanto o médico a examina. Ela está apagada, pálida como a morte. Eu queria ser capaz de afastar a dor dela, mas não posso. Essa é a realidade que enfrentamos: a perda de alguém que significava
Aléssio Romano,Assim que o carro estacionou na frente da mansão, saí rapidamente, minha mente focada em uma única coisa: tomar um banho e tentar relaxar. O peso do dia estava sobre meus ombros, e eu precisava de um momento para organizar meus pensamentos. Caminhei direto em direção ao meu quarto, determinado a me livrar daquele cansaço que parecia me consumir. Mas, enquanto passava pelo corredor, algo me fez parar. Um som de choro.O som vinha do quarto de Bianca. Ele me paralisou por um instante, antes que eu percebesse o que estava acontecendo. Algo dentro de mim reconheceu a dor naquele choro. Não era o choro de alguém com raiva ou aborrecida. Era profundo, quase desesperado. Imediatamente, o cansaço que me dominava desapareceu, substituído por uma preocupação súbita. Fui até o quarto dela, meus passos rápidos, mas silenciosos.Quando entrei, Bianca estava deitada na cama, se debatendo, como se estivesse lutando contra algo invisível. Seus murmúrios eram quase incompreensíveis, ma
Bianca Santoro,A noite estava tranquila demais, e isso só fazia com que eu me sentisse mais alerta. Depois de tudo que havia acontecido, eu finalmente estava me acalmando quando ouvi aquele som estranho. Era um chiado, algo que fez minha pele arrepiar imediatamente. A febre já tinha passado, mas agora parecia que outro tipo de pânico tomava conta de mim.Aléssio estava no sofá, claramente tentando pegar no sono. Ele não parecia estar nem um pouco à vontade, mas cumpria o que tinha prometido: ficar ali comigo, pelo menos até eu adormecer. Ele não era do tipo de homem que ficava por perto, ainda mais em situações assim, mas, por eu ter pedido, ele estava. E, para ser sincera, eu me sentia mais segura com ele ali. Estava quase cochilando quando ouvi o barulho de novo. Dessa vez, tinha certeza de que não era minha imaginação.— Você ouviu isso? — perguntei, me sentando na cama de repente, o coração disparado.Aléssio resmungou, abrindo um olho apenas, com a expressão de quem não queria
Aléssio Romano,Acordei cedo, como de costume, mas meu corpo estava mais tenso e dolorido do que o normal. Dormir a noite inteira no sofá com Bianca ao lado não era exatamente o tipo de descanso que eu estava acostumado. Olhei para o lado, e lá estava ela, dormindo profundamente, uma mecha de cabelo sobre o rosto, as pernas jogadas de forma descuidada sobre mim. A camisola que ela usava tinha subido, revelando mais do que eu gostaria de ver logo pela manhã.— Porra, isso logo de manhã cedo? — resmunguei, me movendo devagar para não acordá-la.Fiquei ali, observando-a por alguns segundos. Ela parecia tão tranquila enquanto dormia, completamente diferente da garota rebelde que estava sempre me desafiando. Sem pensar muito, levei a mão até o rosto dela e tirei a mecha de cabelo que cobria seus olhos. Ela nem se mexeu, continuava imersa em seu sono.Eu me permiti fitar seu rosto por mais alguns segundos, percebendo um lado dela que eu raramente via. A respiração dela era calma, o rosto re
Aléssio Romano,Ainda no meu escritório, enquanto revisava alguns documentos, recebi uma ligação de Vito. Ele sempre era eficiente em seus relatórios, e pelo tom de voz, sabia que ele tinha boas notícias para me dar.— Senhor, resolvi tudo o que foi pedido. — começou ele, direto. — A tia de Bianca já foi embora. Eu mesmo a levei até o aeroporto e me certifiquei de que ela embarcasse. Ela nunca mais voltará. Quanto aos homens que estavam ameaçando Bianca, aceitam o acordo. Não vão mais incomodá-la.Soltei um leve suspiro de alívio. Era um peso a menos nas minhas costas, e com isso resolvido, eu podia ficar despreocupado. O caso de Bianca estava praticamente fechado, pelo menos por enquanto. E agora, era hora de me concentrar em Henry e Acapulco.— Bom trabalho, Vito. — respondi. — Continue de olho em tudo enquanto eu estiver fora.Desliguei o telefone e voltei a organizar os papéis em minha mesa. A governanta Lupi entrou logo em seguida, trazendo o meu café da manhã, como sempre fazia