CAPÍTULO 3

Uma semana. Uma semana trabalhando nessa casa e eu descobri que não existe alguém mais ignorante que o meu patrão. O homem é igual a uma geladeira.

Não diz "bom dia", "obrigado".

Tudo é ordens e mais ordens. E fora regras insuportáveis que ele tem. Aonde já se viu colocar regras de como arrumar a casa?

- isso tem que ficar de tal jeito!- o imito enquanto limpo seu escritório.

O que o homem tem de bonito, tem de chato, insuportável e mandão.

Término de limpar e organizar seu escritório e saio do mesmo fechando a porta.

Passo por aquele espelho gigante do corredor e me observo. Essa merda de uniforme ficou muito pequeno e apertado, minha bunda fica completamente marcada e minhas pernas a mostra.

Reviro os olhos incomodada com aquilo, mas sigo o meu caminho e continuo o meu trabalho. Depois eu dou um jeito de trocar ou de deixar menos escandaloso.

Desço as escadas e caminho até a área de serviço pra resolver as últimas coisinhas que restam. Graças ao bom Deus meu serviço já está praticamente completo. Só falta pegar as roupas secas e guardar no closet do "chefinho". Eu juntei todas as roupas secas que não são de passar e as coloquei em um cesto e subi novamente indo diretamente para o seu closet.

- o que você está fazendo aqui?- aquela voz grossa e imponente fez o meu corpo congelar.

O meu corpo se arrepiou por inteiro naquele momento. Solto um suspiro tentando me acalmar e me viro em sua direção dando um sorriso amarelo, mas o meu sorriso congelou ao ver a imagem na minha frente. Ele está apenas com uma toalha amarrada na cintura deixando seu peitoral completamente a mostra

MEU DEUS DO CÉU!

Pra que tanto músculo? O homem parece até um daqueles homens de comercial de cueca. Sua barriga e trincada e seus braços são grandes e fortes. Seu cabelo está molhado, suponho que por causa do banho.

- eu te fiz uma pergunta. Você está surda por acaso?- sua voz soou me fazendo acordar daquele transe.

Balanço a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos e balanço a cabeça forçando um sorriso.

- o que?- pergunto totalmente alheia aquela situação.

Ele cruzou os braços naquele momento deixando seus músculos ainda mais evidentes e levantou uma sobrancelha com um olhar de curiosidade.

- o que você está fazendo aqui?- ele pergunta novamente.

Desvio meu olhar dos dele por alguns segundos e dou um sorriso fraco acenando com a cabeça.

- eu vim guardar suas roupas.- me explico.

Ele olha para o chão e logo depois me encara levantando uma sobrancelha.

- essas que estão no chão?- ele perguntou em um tom sarcástico.

Arregalo os olhos e me abaixo catando aquelas roupas do chão e coloco tudo no cesto novamente.

- me desculpe senhor, eu acabei me atrapalhando.- digo meio sem jeito com aquela situação.

Também né? O homem saí apenas com uma toalha pendurada na cintura e com todos os músculos a mostra. É meio que impossível não se atrapalhar.

Me levanto ajeitando minha roupa e coloco aquele cesto em minha frente tapando minhas pernas.

Ele está encostado em um dos móveis do closet, mantém os seus braços cruzados e me encara de uma maneira que faz minhas pernas tremerem.

Em um certo momento ele desencostou do móvel e veio caminhando em minha direção. Naquele momento o meu coração quase foi a mil.

Ele para em minha frente e pega algumas peças de roupa no cesto com seus olhos sobre os meus. Minhas pernas ficaram moles naquele momento.

Eu mantive aquela expressão de idiota sem ao menos saber o que fazer.

- vou me trocar.- ele diz desviando seu olhar dos meus e da as costas caminhando de volta para o seu banheiro e a porta se fechou.

Meu olhar desceu diretamente para o seu bumbum que está marcado perfeitamente na toalha.

Balanço a cabeça tentando afastar os meus pensamentos. Eu não posso pensar nisso.

Eu tenho um namorado.

Eu tenho um namorado.

Eu tenho um namorado.

Término de guardar aquelas roupas e saio o mais rápido que consigo daquele cômodo e vou direto para o meu quartinho, me troco e dou um jeito nos meus cabelo e pego minhas coisas.

Eu saí daquele cômodo e quando entrei na sala e me deparei com o meu querido chefe. Ele está de costas virado para a janela falando com alguém no telefone.

- exatamente, me encontre na cobertura a noite... Quanto menos roupa, melhor!- ouço ele dizer e arregalo os olhos surpresa com suas palavras.

Eu fiquei de canto na sala esperando ele desligar e quando ele guardou seu telefone em seu bolso e se virou em minha direção eu sorri sem graça e dei um passo a frente.

- o senhor precisa de mais alguma coisa?- eu o questiono.

- não!- ele diz sem me dar muita atenção, como sempre.

Aceno com a cabeça e começo a caminhar em direção a porta.

- sim senhor, já vou indo então.- digo passando por ele.

Ele não disse uma palavra ou ao menos se despediu de mim. Grosso insuportável.

A porta se abriu quando eu digitei o número de segurança e eu saí fechando a porta atrás de mim.

- grosso!- sussuro com raiva.

Eu saí dalí e fui caminhando até o ponto de ônibus. já passam das seis da tarde e quando eu peguei o ônibus fiquei de pé por estar tudo cheio.

Quando eu desci no ponto do meu bairro meus pés já estavam queimando de tanta dor.

Eu saí andando pelas ruas e me surpreendi ao ver a grande movimentação. Pelo visto hoje é dia de baile já que as ruas estão cheias e um funk alto toca extrondando os meus ouvidos.

Quando eu cheguei em minha casa entrei direto e tirei aqueles sapatos e me sentei na primeira cadeira que vi na minha frente.

Como sempre, Raquel e Lorena estão jogadas no sofá assistindo novela.

- a gente ta com fome, faz um pouco de café.- Raquel diz chamando minha atenção.

Dou uma risada nervosa ao ouvir as suas palavras. Como é? Eu trabalho o dia inteiro e tenho que chegar em casa e fazer café para as duas vagabundas? Elas só podem estar brincando com minha cara.

- faz você, trabalhei o dia inteiro e vim de pé no ônibus.- digo me levantando e pegando minha bolsa.

O nível de folga das duas ultrapassa minha paciência.

- custa você fazer um pouquinho de café, Bruna?- o meu perguntou entrando na sala.

O encaro e balanço a cabeça sem acreditar em suas palavras. As vezes eu sinto tanta raiva do meu pai por ele ser conivente a putaria dessas duas.

- eu não vou fazer nada, estou muito cansada.- digo irritada com aquela situação.

Ele me encarou e balançou a cabeça com uma expressão nervosa.

- tá vendo? Depois você diz que elas não gostam de você, não pode fazer nem um favor.- ele diz passando por mim.

Conto até três e vou direto para o meu quarto sem lhe responder, mas a minha vontade foi de falar poucas e boas.

Fecho a porta e me jogo na cama tentando conter a minha raiva.

Sinto muito a falta da minha mãezinha. Com ela era tão diferente.

As vezes eu sinto vontade de pegar minhas coisas e alugar um lugar só pra mim, mas ao mesmo tempo eu quero estar próxima ao meu pai.

Meu celular apita chamando minha atenção.

______________________________________

Michael.

Sobe aqui, precisamos conversar!

______________________________________

O Michael é outro que tem me tirado do sério. Nosso relacionamento está tão frio ultimamente, parece que o amor acabou.

Escolho uma roupa e tomo um banho gelado, dou um jeito em meu cabelo e pego meu celular.

Saio do quarto e caminho em direção a porta.

- lá vai a corna!- ouço a lorena dizer.

Viro a encarando e levanto uma sobrancelha.

- por que você tem sempre que inventar algo? Você Não cansa.- digo cruzando os braços.

Ela me encara com uma expressão debochada.

- você não se toca, né?! Acha mesmo que o seu namoradinho é fiel, seu chifre não passa mais na porta!- ela exclamou.

Balanço a cabeça e solto um suspiro tentando manter a calma.

- eu não vou discutir com você!- digo dando as costas.

Quando eu bati a porta eu ouvi sua risadinha e tive vontade de voltar e pega-la pelo pescoço.

Desço a pequena escada e caminho em direção a casa do michael. Sua casa é bem próxima a minha. Duas ruas mais ou menos.

Chego em sua rua e caminho mais rápido. Os meninos do tráfico costumam ficar por aqui e isso me assusta de uma certa forma.

Quando chego próximo a sua casa vejo minha amiga Luiza parada no portão.

- veio me vê?- ela perguntou dando um sorriso.

Dou uma risada sem graça.

- tudo bem, eu sei que veio ficar com seu namorado.- ela diz fazendo uma careta.

A Luiza não gosta do michael e eu não entendo o porquê.

- faz tempo que você não vem conversar comigo.- ela diz colocando as mãos na cintura.

Concordo com a cabeça.

- eu sei, agora que estou trabalhando fica ainda mais difícil.- me explico.

Ela concorda com a cabeça.

- a gente podia fazer alguma coisa no fim de semana, assistir um filme juntas, sei lá!- ela diz e eu concordo com a cabeça.

- vai ser bom, preciso mesmo desabafar.

Ela sorri, mas no segundo seguinte seu sorriso se foi e ela ficou séria.

- Bruna!- ouço a voz de michael.

Ele está parado na porta de sua casa.

- não tinha te visto.- digo olhando em sua direção.

Luiza coloca a mão em meu ombro.

- vou entrar, depois eu te mando uma mensagem.

Ela encara o michael com um olhar sério e caminha entrando na sua casa.

Caminho até ele e paro em sua frente e levanto uma sobrancelha sem entender a expressão nervosa em seu rosto.

- eu não gosto que você converse com essa fofoqueira.- ele diz me fazendo rir.

- a luiza é minha amiga desde o colegial.

- mas eu não gosto, ela é má influência pra você.- ele diz tentando se justificar.

Entramos em sua casa e eu estranhei com o silêncio. Ele mora apenas com seu pai.

- meu pai saiu.- ele diz envolvendo as mãos em minha cintura.

Fecho os olhos e respiro fundo.

- eu to cansada.- digo.

De fato eu estou morta de cansasso.

Tudo que eu quero é dormir.

Ele beija meu pescoço.

Hoje em dia eu não tenho o mínimo ânimo pra ir pra cama com michael.

Eu não sei mais o que é sentir um orgasmo.

Não vejo mais graça no sexo.

Me afasto dele.

- oque é?- ele pergunta alterando a voz.

Balanço a cabeça.

- tô cansada!- digo.

Ele me encara sério.

- depois quando ganha chifre não sabe o por que!- ele diz.

Levanto uma sobrancelha.

- oque você está querendo dizer com isso!- digo.

Ele me encara e balança a cabeça.

- nada, eu sou homem, tenho minhas necessidades!- ele diz.

Suspiro.

- você só pensa em você!- digo.

Ele caminha até mim.

- não vamos brigar, vamos pro quarto fazer um amorzinho!- ele diz beijando meu pescoço.

Ele me arrasta para o seu quarto e tira minha roupa.

Logo ele fica nú também.

Ele deita por cima de mim.

- você não vai colocar camisinha?!- digo.

Ele me encara.

- você sabe que me incomoda, você que deveria tomar remédio!- ele diz.

Abro a boca pra o xingar, mas ele me penetra, sem ao menos me avisar.

Sinto um ódio corroendo em meu peito.

Aquilo não durou nem cinco minutos.

Ele gozou e saiu rapidamente de cima de mim.

Me levanto rapidamente e me visto.

Sinto tanta raiva dentro de mim.

- compra uma pílula depois, você sabe que eu não quero ser pai!- ele diz.

O encaro.

- cadê o dinheiro?- pergunto apenas pra vê sua reação.

Ele levanta uma sobrancelha.

- além de te dar prazer você ainda quer que eu pague?!- ele diz me fazendo rir.

Balanço a cabeça ainda rindo.

Prazer.

Se tem uma coisa que eu não tenho sentindo enquanto transo com o michael é prazer.

Chega ser engraçado.

- qual a graça?- ele pergunta.

Balanço a cabeça.

- nada, nada...- digo.

O encaro.

- eu já vou!- digo.

Ele se levanta da cama, vem até mim e me da um selinho.

Ele me encara sério.

- da um jeito nesse seu cabelo, você fica horrível com esse cabelo duro!- ele diz e da as costas.

Fico paralisada ali.

Ele entra no banheiro enquanto fuma um cigarro.

Dou as costas e saio daquela casa.

Sinto um ódio corroendo em meu peito.

Tem horas que eu acho que vou explodir.

Ando em passos largos até minha casa.

Entro indo diretamente para o meu quarto.

Bato a porta e me jogo em minha cama.

Imprestável.

Eu não sei o por que ainda estou com ele.

Me levanto da cama e caminho até o espelho.

Me encaro.

Meu cabelo está horrível mesmo.

Pego algumas coisas no meu armário.

Incluindo o secador e a chapinha.

Passei metade da noite escovando meu cabelo.

Mas quando eu terminei, mesmo assim não me senti feliz...

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados