Émie Carter: Amanheceu chovendo, eu poderia parecer estranha, mas adoração ouvir o barulho dos trovões durante a madrugada. Não consigo entender como ele conseguiu acordar tão cedo… Quando chegamos, Michael agarrou-se a uma garrafa de vinho e se trancou em seu quarto, logo em seguida. Estava olhando a chuva através do vidro quando senti aquela sensação de que alguém estava ali muito perto, tornado seu hálito quente uma tremenda falta de respeito com a carência alheia. — Eu não vi você tomando café da manhã. — me arrepiei quando Michael sussurrou ao pé do meu ouvido, realmente, não estava com fome. — Estou sem fome. — peguei minha bolsa, meu casaco e fui andando em direção a porta. — Até mais, Michael. — Isso é uma despedida, Émie? — Talvez seja, afinal, eu sou um ser humano e tem grandes chances de haver interesse da minha parte. Portanto, acho que se ficarmos distantes um do outro, será melhor. — Me desculpe, não era minha intenção te fazer pensar desta forma. Eu também desejo
Michael Williams:Suzan não deveria ter ido até mim ontem a noite, isso me deixou furioso, mesmo após ter enviado uma boa quantia para ela, ainda sim me perturba. Eu tinha que resolver um assunto sério, era sobre a Suzan e eu sabia que ela queria me ferrar, só não sabia que seria de uma forma tão sentimental. — Finalmente, você não chegava nunca? — seus olhos azuis brilhavam ao me ver, correndo ela veio me abraçar. — Não me toque, por favor! Então, espero que tenha um bom motivo para ter me chamado até aqui. A casa dela estava bem arrumada. Estava com uma bela apresentação e a luz de velas. Suzan parecia nervosa, bebeu uma taça de vinho em uma virada só. — Eu estou indo embora da cidade, mas depois de tantos anos juntos, eu não me sinto mais no direito de continuar escondendo a coisa mais doida que já aconteceu em nossas vidas. Há três anos atrás a nossa filha nasceu, eu estava sozinha no banheiro e… — suas mãos tremiam, ela chorava e me olhava com um olhar de piedade. Olhei firme
Émie Carter: Meu celular havia acabado de parar de funcionar bem no momento em que eu estava tentando encaixar alguma mensagem para Michael, na esperança de saber onde ele estava, pois a chuva não dava uma trégua e eu não queria ficar doente, ou as coisas seriam mais difíceis para mim. Não havia como ir para sua casa, então sem muita opção, eu fui arrumar a salinha para dormir, quando ouvir a porta ser aberta, revelando Dona Emília entrando. — Que bom que a encontrei aqui, estava mesmo precisando falar com você. — seu sorriso fraco indicava que as coisas que ela iria dizer, não eram muitos agradáveis. — Eu pensei em dormir aqui hoje, já que está chovendo e… — Não precisa me dar explicações, Émie. Eu estive com sua mãe hoje cedo e ela me contou toda a situação, claro que na história você se saiu como errada, mas saiba que eu estou do seu lado, agora sente-se aqui que tenho que conversar sério com você. Com o peito arfando e as emoções me dominando, eu sentei ao seu lado com as mão
Michael Williams: Dois dias depois… Vésperas de Natal Qual a função de um pai? Era difícil saber quando não se tinha convívio com um na infância ou adolescência. — Ele vai sentir fome, vai precisar de fraldas e algumas coisas que os bebês precisam. — Émie segurava Zenith em seu colo, cantando jazz e dando passos para um lado e para o outro. — Amanhã iremos resolver isso! — enquanto ela o fazia dormir novamente em meu quarto, eu descia as escadas às pressas para atender a ligação de Lilian, mas já não era necessário mais atendê-la. Com as pernas cruzadas ela estava sentada, segurando um copo com whisky e o desgastando quando me viu. — Por que não atende minhas ligações? Por acaso esqueceu que dia é hoje? — Se eu não atendi é porque não queria vê-la hoje, temos um combinado, Lilian. — estava torcendo para que Émie não descesse por agora, porque eu teria que colocar um fim em mais um empecilho da minha vida. — Por isso mesmo estou aqui, Michael, porque temos um acordo. Às quinta
Émie Carter: Com o envelope de dinheiro em mãos, se passavam mil e um pensamentos em minha mente. Todos nós parecíamos perdidos, e o Natal que nunca foi comemorado por mim, agora estava sendo uma data especial e ao mesmo tempo vazia novamente.Michael tentava ser compreensível, mas seu jeito arrogante de ser, o tornava uma pessoa incapaz de demonstrar sentimentos, tanto em palavras quanto em gestos. Agora com um filho sob sua responsabilidade, eu tentava ser o mais compreensiva possível com ele, enquanto o pequeno estava brincando, nós dois estávamos arrumando a casa, embora fosse enorme, não era algo ruim para mim, pelo menos me mantinham com a cabeça ocupada. — Você pensou no que eu lhe disse? — ele me olhava de cima da escada, sem camisa e com um pano de prato pendurado em seu ombro, um extremo gostoso. — Eu… — tentei não olhar pra ele, mas era quase impossível disso não acontecer. — Eu acho melhor a gente ficar aqui, por enquanto, não quero sair do meu ninho por agora, tenho mu
Michael Williams: Haviam alguns minutos que Émie estava no banheiro, mas ainda não havia ligado o chuveiro, então resolvi lhe chamar. Mas parei no mesmo instante…— Eu só quero entender como você foi descobrir que só tinha um filho agora! Como isso foi acontecer, Michael? — Betsy estava com fúria nos olhos, assim como eu, confusa. — Ele é filho da Suzan, ela o mantinha em um orfanato até o dia que decidiu me levar lá e me falar sobre ele. O orfanato está em situação precária, mas ela havia onerando em tudo e o garoto tem meu nome em seu registro. Sem escolhas, eu tive que trazê-lo e… — Cadê a babá que está cuidando dele? Por que não me chamou aqui quando soube, Michael? Onde ficou nossa cumplicidade? Afinal, com quem vai sair? — suas infinitas perguntas se calaram quando ela viu Émie saindo do banheiro, vestida em um roupão com os cabelos presos em um coque. — Eu não estou acreditando nisso. Então…? — seus olhos arregalados diziam o que ela estava querendo falar. Levei Betsy até a
Émie Carter: Tudo era tão superficial. A felicidade que as pessoas demonstravam sentir umas pelas outras, não se passavam de máscaras expostas em seus rostos, com Michael não era muito diferente. Ele sorria e tentava desistirá que estava tudo bem enquanto conversava com alguns amigos seus, dentre eles havia professores, juízes e o mais inusitado, acompanhantes de luxo, dentre elas, uma em especial que não parava de olhar para Michael. — E você, Williams, quanto tempo não passou correndo atrás dos seus sonhos até chegar onde está hoje? Aliás, onde arranjou essa acompanhante? Nunca o vi na presença de outra mulher a não ser Suzan. — era incrível como ignoravam a minha presença ali, como se eu não fosse um nada, e realmente ali eu não era nada. No instante em que eu iria dar as costas para tentar disfarçar o choro, fui puxada contra seu peito e surpreendida quando ele apontou seu dedo no rosto do homem que havia acabado de falar tais palavras. — Essa é Émie, uma grande estudante de l
Michael Williams: — Por apenas três anos eu morei com meus pais, conheci Betsy quando completei oito anos, ela havia acabado de nascer quando chegou ao orfanato e me apresentaram a ela. Eu nunca senti tamanha felicidade em minha vida ao conhecer uma pessoa como no dia em que eu vi a Betsy pela primeira vez. Ela parecia uma boneca de tão pequena e frágil, eu fui me adaptando a cuidar dela dia após dias, até a família Williams adotar a gente. No começo, eles não me queriam por já ser uma criança grande, eu já tinha 11 anos e Betsy três, me agarrei a ela e sem ela eu não ficaria e nem ela iria embora. Eu amo a minha família, não por me adotarem, mas porque amam a Betsy com todo seus corações. Confesso que fui um filho rebelde, dei muito trabalho aos meus pais e tenho certa vergonha disso, por isso evito muito contato com ele. Émie me olhava com seu olhar piedoso, compreendendo cada palavra que acabara de ser dita. — Eu agradeço por ser filha única, não porque não queria ter um irmão,