Michael Williams: Dois dias depois… Vésperas de Natal Qual a função de um pai? Era difícil saber quando não se tinha convívio com um na infância ou adolescência. — Ele vai sentir fome, vai precisar de fraldas e algumas coisas que os bebês precisam. — Émie segurava Zenith em seu colo, cantando jazz e dando passos para um lado e para o outro. — Amanhã iremos resolver isso! — enquanto ela o fazia dormir novamente em meu quarto, eu descia as escadas às pressas para atender a ligação de Lilian, mas já não era necessário mais atendê-la. Com as pernas cruzadas ela estava sentada, segurando um copo com whisky e o desgastando quando me viu. — Por que não atende minhas ligações? Por acaso esqueceu que dia é hoje? — Se eu não atendi é porque não queria vê-la hoje, temos um combinado, Lilian. — estava torcendo para que Émie não descesse por agora, porque eu teria que colocar um fim em mais um empecilho da minha vida. — Por isso mesmo estou aqui, Michael, porque temos um acordo. Às quinta
Émie Carter: Com o envelope de dinheiro em mãos, se passavam mil e um pensamentos em minha mente. Todos nós parecíamos perdidos, e o Natal que nunca foi comemorado por mim, agora estava sendo uma data especial e ao mesmo tempo vazia novamente.Michael tentava ser compreensível, mas seu jeito arrogante de ser, o tornava uma pessoa incapaz de demonstrar sentimentos, tanto em palavras quanto em gestos. Agora com um filho sob sua responsabilidade, eu tentava ser o mais compreensiva possível com ele, enquanto o pequeno estava brincando, nós dois estávamos arrumando a casa, embora fosse enorme, não era algo ruim para mim, pelo menos me mantinham com a cabeça ocupada. — Você pensou no que eu lhe disse? — ele me olhava de cima da escada, sem camisa e com um pano de prato pendurado em seu ombro, um extremo gostoso. — Eu… — tentei não olhar pra ele, mas era quase impossível disso não acontecer. — Eu acho melhor a gente ficar aqui, por enquanto, não quero sair do meu ninho por agora, tenho mu
Michael Williams: Haviam alguns minutos que Émie estava no banheiro, mas ainda não havia ligado o chuveiro, então resolvi lhe chamar. Mas parei no mesmo instante…— Eu só quero entender como você foi descobrir que só tinha um filho agora! Como isso foi acontecer, Michael? — Betsy estava com fúria nos olhos, assim como eu, confusa. — Ele é filho da Suzan, ela o mantinha em um orfanato até o dia que decidiu me levar lá e me falar sobre ele. O orfanato está em situação precária, mas ela havia onerando em tudo e o garoto tem meu nome em seu registro. Sem escolhas, eu tive que trazê-lo e… — Cadê a babá que está cuidando dele? Por que não me chamou aqui quando soube, Michael? Onde ficou nossa cumplicidade? Afinal, com quem vai sair? — suas infinitas perguntas se calaram quando ela viu Émie saindo do banheiro, vestida em um roupão com os cabelos presos em um coque. — Eu não estou acreditando nisso. Então…? — seus olhos arregalados diziam o que ela estava querendo falar. Levei Betsy até a
Émie Carter: Tudo era tão superficial. A felicidade que as pessoas demonstravam sentir umas pelas outras, não se passavam de máscaras expostas em seus rostos, com Michael não era muito diferente. Ele sorria e tentava desistirá que estava tudo bem enquanto conversava com alguns amigos seus, dentre eles havia professores, juízes e o mais inusitado, acompanhantes de luxo, dentre elas, uma em especial que não parava de olhar para Michael. — E você, Williams, quanto tempo não passou correndo atrás dos seus sonhos até chegar onde está hoje? Aliás, onde arranjou essa acompanhante? Nunca o vi na presença de outra mulher a não ser Suzan. — era incrível como ignoravam a minha presença ali, como se eu não fosse um nada, e realmente ali eu não era nada. No instante em que eu iria dar as costas para tentar disfarçar o choro, fui puxada contra seu peito e surpreendida quando ele apontou seu dedo no rosto do homem que havia acabado de falar tais palavras. — Essa é Émie, uma grande estudante de l
Michael Williams: — Por apenas três anos eu morei com meus pais, conheci Betsy quando completei oito anos, ela havia acabado de nascer quando chegou ao orfanato e me apresentaram a ela. Eu nunca senti tamanha felicidade em minha vida ao conhecer uma pessoa como no dia em que eu vi a Betsy pela primeira vez. Ela parecia uma boneca de tão pequena e frágil, eu fui me adaptando a cuidar dela dia após dias, até a família Williams adotar a gente. No começo, eles não me queriam por já ser uma criança grande, eu já tinha 11 anos e Betsy três, me agarrei a ela e sem ela eu não ficaria e nem ela iria embora. Eu amo a minha família, não por me adotarem, mas porque amam a Betsy com todo seus corações. Confesso que fui um filho rebelde, dei muito trabalho aos meus pais e tenho certa vergonha disso, por isso evito muito contato com ele. Émie me olhava com seu olhar piedoso, compreendendo cada palavra que acabara de ser dita. — Eu agradeço por ser filha única, não porque não queria ter um irmão,
Émie Carter: Cada virada de taça vinha acompanhada de uma risada. Sentandos de frente para um lado, em um estabelecimento pouco frequentado por sua aparência (de pobre). Pela primeira vez eu estava sentada, bebendo e me divertindo sem medo de ser agredida quando chegasse em casa, só em pensar nisso eu já me sentia uma pessoa de sorte e aliviada por ter me livrado de tudo aquilo. — Você disse que tinha um namorado, ele ainda perturba você? — Michael não era invasivo, ele sabia o momento certo de fazer suas perguntas. — Mclay é meu demônio infernal, ele nunca vai me deixar em paz enquanto estiver vivo. — respondi certa do que estava dizendo, pois em vida ele jamais me deixaria em paz, além do mais, sendo amigo dos meus pais isso só seria vantajoso para ele, no caso fazer chantagens para mim. — Ficaria triste se ele morresse? — a pergunta inusitada fez com que meus olhos se arregalassem e eu cuspisse todo o vinho fora, batendo nele e sujando sua camisa. — Me desculpe por isso. — num
Michael Williams: Estava me controlando ao máximo para beijá-la, mas isso se tornou impossível de não o fazer quando olhei para trás e vi sua respiração ofegante. Estávamos um pouco elevados, mas ainda sim estávamos sóbrios e com a consciência em dia. Com o carro parado, ela desceu e estava reclamando baixinho. — Acho que precisamos pautar algumas coisas por agora. Nutrimos o mesmo sentimento um pelo outro, nada mais justo que compartilharmos nossas dores, você não acha isso justo? — enconstada em uma árvore ela se mantinha calada, com o olhar baixo e um bico querendo retrucar.— Acho que as coisas tem que ser conforme o tempo vai passando, do que adianta a gente partilhar momentos e dores se eu não sei se você vai permanecer aqui comigo? — seu medo do abandono era alto assustador, era como se ela tivesse o máximo apego ao que havia acabado de conhecer pelo simple medo da solidão. — Daqui a alguns dias você irá retornar para sua casa, seu trabalho e sua rotina, quando a mim… eu nem
Émie Carter: Estava quase adormecendo quando o vi saindo do quarto, a solidão era algo que doía em mim, apesar de todas as coisas eu queria estar com ele hoje. — Depois de tantas promessas, vai me deixar aqui sozinha, deixando os lençóis me aquecendo, quando você mesmo poderia estar fazendo isso? — mordisquei o lábio inferior e ele se jogou ao meu lado. (...)Betsy me esperava sair do banho, enquanto discutia sobre coisas fúteis com seu irmão. — Você sabe que Émie não tem nada haver com seus problemas. Já pensou no quanto você a magoou? — Betsy falava baixo, mas como não havia barulho, estava dando para ouvir a conversa. — Se eu fosse a mesma pessoa de anos atrás, tenho certeza que Émie jamais iria me querer. Espero que me permita cuidar dela, deixe que aos poucos ela saberá do que precisa saber. Não é minha intenção enganar, muito menos machucá-la. — Michael falava com uma certa convicção, o que no fundo me deixava feliz. — O caminho é todo seu, e de verdade, eu espero que saib