Entrei no meu quarto e fui direto para o chuveiro lavar a sensação de ter sido usada como uma prostituta que acabou de vender o seu corpo. Seria assim daqui para frente. Ele estava pagando e eu me vendendo. Não havia mais sentimentos. Dormi com toda a minha mágoa naquela noite. Acordei outra mulher, mais fria e consciente talvez. O conto de fadas se desmanchou. Não existia mais um príncipe, não existia mais a garota sonhadora do interior. Agora era só negócios. Eu sabia aceitar a condição a que Victor me colocou, de mulher interesseira, que se casou para voltar a ter seus bens de volta. A cada ano que estivesse casada com ele, um dos bens penhorados pela minha mãe ou pelo meu padrasto, voltava para mim. Com o casamento, a casa da cidade onde minha mãe morava já havia sido passado para o meu nome. Desci as escadas e não vi Victor à mesa. Diana estava do lado da cabeceira curiosa. — Bom dia, Diana! — eu disse me sentando. — O patrão não desceu ainda senhor
Diana ficou cabisbaixa, pressionando as mãos, enquanto falava com voz trêmula: — Eu juro que ele não fez parte disso, senhora! Eu quis que fosse lá e achei que conversando com aquele profissional, concordasse em fazer o que supus ser o melhor para a senhora, uma vez que esse filho não era bem vindo! Eu engoli em seco. Como alguém podia ser tão sórdida? — O meu filho pode não ser bem vindo para você e para o seu patrão, mas para mim ele é um presente. A única coisa que vai ficar de bom quando essa porcaria de casamento acabar. — Não vai acabar!— Diana disse assustada. Eu franzi a testa e retruquei: — Só casei para obter os meus bens de volta, mas nem sei se valeu a pena! Diana começou a andar em círculo falando impaciente: — Não pode fazer uma coisa dessas com o Victor! Isso é traição! Ele estendeu a mão para você quando estava na sarjeta! Diana não se dirigia a mim, mais como sua patroa, mas como um simples objeto de compra do Victor. Ela
Dois meses se passaram. Eu comecei a fazer o pré-natal com um médico indicado pelo assessor de Victor. Zilma ia comigo nas consultas. Um certo dia, estava jantando quando senti uma pontada muito forte na barriga, depois aquilo foi ficando agradável, mas a essa altura, Victor já havia se levantado da mesa para saber o que estava acontecendo. — O que houve? Está sentindo alguma coisa? Eu ri e disse respirando ofegante: — Ele mexeu! Ele mexeu! — Mexeu? Como assim?— Victor ficou confuso. — Os bebês mexem, Victor! — eu disse segurando o ventre. Victor voltou a sentar-se à mesa e disse: — Precisa ver com o médico! Tem que ver se isso é normal — Claro que é normal, Victor! — eu insisti. Victor se levantou novamente e veio colocar a mão na minha barriga de quase cinco meses. Era pequena, talvez porque eu era magra ou por ser a minha primeira gestação. No momento em que Victor passou a mão no meu ventre, o bebê se mexeu lentamente. — E
Eu deitei em minha cama e descansei um pouco usando um roupão. Zilma veio me acordar um tempo depois. — Acorde, Nora! Vamos! Precisa se arrumar. No quarto do patrão está tudo pronto! Victor havia voltado para a empresa depois de me deixar em casa e ainda não havia chegado. — Tem que estar lá quando ele chegar, Nora! Vamos, ainda tenho que fazer sua maquiagem! Eu consegui ficar de pé com a euforia de Zilma. Eu fui ao banheiro onde escovei os dentes e os cabelos. Em seguida, voltei animada. — Vamos com isso, Zilma, quero ficar linda para o meu marido!— eu disse olhando a camisola nas mãos da criada. Zilma me ajudou e logo eu estava pronta. Ela me fez uma maquiagem suave valorizando os meus olhos e lábios. — Ficou ótimo! — eu disse escovando os cabelos. Zilma estava animadíssima. Ela sabia o quanto aquele encontro era importante para mim. — Me deseje boa sorte amiga!— eu disse tensa. — Vai dar tudo certo! — Zilma disse
Lá estava eu e Diana no meu quarto. Puxei ela pela mão fazendo-a se sentar à beira da minha cama. — Vamos Diana! Vamos com isso! Conte logo de uma vez! O que sabe sobre o Victor que supõe fazer-me desistir de ir embora? A mulher começou a falar pressionando as mãos nervosas: — Eu só vou lhe contar este segredo do patrão, porque pretendo realmente fazê-la desistir de deixá-lo. Não quero que pense que ele estava lhe traindo ontem, num dia que era importante para a senhora. Eu retruquei incrédula: — Acredita que existe algo que possa justificar ele não ter vindo comemorar comigo ontem? Era sobre o filho dele, Diana! — Sim, senhora, eu sei que ele não veio porque aconteceu algo terrível! — Com ele?— entrei em pânico. — Não, não com ele! Com a Rafaella, senhora! Eles estão no hospital! — Ela está doente? — Ela não, mas… — Mas ela mentiu que tinha um irmão pequeno, não mentiu? — Não exatamente, senhora! Eu fiquei boquiaberta. Que ra
Nesse dia, Diana pediu dispensa e saiu junto com Clóvis no carro dele. Conforme combinado, Durval os seguiu em seu próprio carro para não levantar suspeitas. Depois que o carro de Clóvis entrou no estacionamento, Durval esperou discretamente até ver os dois seguindo de mãos dadas até a portaria de um hospital de luxo. Durval ficou fazendo hora esperando por eles que saíram junto com Victor. Durval franziu a testa. Era tão estranho ver o patrão sem seguranças! Ele ficou ali observando Clóvis e Diana despedindo-se do patrão. Eles pareciam uma família. Para ele, aquela era uma cena comum. Os colegas de trabalho se comportavam sempre como os pais de Victor. Assim que o casal atravessou a rua e entrou no estacionamento, Durval resolveu voltar para a mansão. Estávamos todas curiosas esperando na cozinha. Norma tinha feito um bolo de nozes, porque eu estava com muita vontade de comer e comíamos juntas. Durval chegou ansioso para no
Subimos pelo elevador e chegamos na lanchonete do hospital. — Então, abra o jogo!— eu comecei. — Eu não podia lhe contar sobre o meu filho!— Rafaella se justificou. — Como não, se ele não é filho do meu marido!— eu fui ousada. — Claro que é!— ela insistiu . Eu me ajeitei na minha cadeira e disse soberba: — Nada que um exame de DNA não resolva! Rafaella ficou desesperada e tomou o seu café num só gole. — Por que Victor não se casou com você? Ele sabe que o filho não é dele?— eu quis saber. — O filho é dele! — ela insistiu já alterada. — Por que na recepção César é tido como pai?— eu instiguei. — Ele registrou o Fred. — O quê? Quanta sujeira! Victor deixou que outra pessoa registrasse o garoto para não assumir nada. Meu Deus! — Foi ideia daquela mulher!— Rafaella se referia a Diana. Eu ergui as sobrancelhas e ela continuou: — Ela me colocou para correr daquela casa, quando descobriu que eu estava grávida e ele apoiou. Ele a
Victor me acompanhou até o meu quarto. Percebi que ele estava envergonhado por eu ter descoberto as coisas daquela forma. Ele tentou argumentar. — Me desculpe! Essa minha história com Rafaella é tão absurda que eu não conseguia te contar. Eu me ergui um pouco para falar: — O seu medo de se comprometer sempre foi a sua fraqueza! Diana lhe tem como um homem fraco! Ela lhe manipula como uma marionete! Victor franziu a testa impaciente retrucando: — Ela apenas excede nos cuidados! Diana é boa pessoa. Sempre me tratou como um filho! Minha mãe nunca cuidou de mim assim! Eu dei de ombros e rebati desanimada: — Eu teria convivido melhor com ela. Victor sorriu achando graça e retrucou: — Não diga isso! Minha mãe era egoísta e era indiferente a todos! — Ao menos não iria atrapalhar a minha vida!— desabafei angustiada e deixei o corpo relaxar sobre o leito novamente. — Diana lhe faz tão mal assim?— Victor se assustou. — Muito!!!!— respond