Minha mãe logo veio ao socorro dele. Deu-me um beijo e sussurrou no meu ouvido:- Precisamos conversar!Assenti, sentindo os olhos de Catriel sobre mim. Ele vinha em minha direção, mas foi parado pelo rei Filipe para uma conversa, o que me dava tempo.Consegui chegar em Odette e Donatello, que já pareciam mais calmos.- O que está acontecendo? – Perguntei.- Alteza, eu não fiz a pergunta a fim de humilhá-la publicamente. Só queria a verdade dele... – Donatello explicou-se.- Se queria a verdade, por que não perguntou diretamente à sua Alteza? – Odette foi ríspida.- Não fiz por mal, juro. – Ele me olhou.- Pouco importa. – Dei de ombros.Realmente eu não me importava com qual intenção Donatello havia feito aquela pergunta a Catriel. O que importa é que havia sido feita e o príncipe havia mentido para mim.- Como assim pouco importa? De que porra de lado Donatello está? Porque do seu não parece ser, Aimê. – Odette proferiu.- Precisamos conversar! – Ouvi a voz de Catriel atrás de mim.
Balancei a cabeça, aturdida. Por que nada podia ser normal na minha vida? Por que com tantos homens no mundo, fui me apaixonar por Catriel Levi Mallet?- Todos me traíram... – Senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, misturadas aos pingos da água da piscina – Mas o pior de tudo não é ser enganada, “Cat” – mencionei o nome dele saboreando a sensação de poder chamá-lo daquela forma mais íntima, deixando escapar um sorriso de satisfação, por mais que soubesse que era o último – O pior é ser enganada pelas pessoas que eu mais amava.- Aimê, por favor, não é como você está pensando...- Não quero mais sofrer por você, Catriel, independente do motivo. Alpemburg pode não me merecer... Mas o príncipe herdeiro de País del Mar merece menos ainda.- Eu te amo... – A voz dele soou fraca.Senti uma forte pontada na cabeça e a luz pareceu enfraquecer e logo em seguida piscar inúmeras vezes.- Está... Vendo isso? – Perguntei, tentando focar na luminosidade das lâmpadas.- Isso... O quê? – Catrie
- Alexander jogou-se na frente de uma bala para me proteger. Esteve entre a vida e a morte por minha causa... E... – Ela não terminou, pois a voz ficou embargada.- Jamais eu compararia Max com Alexander, já que Alexander sequer pode ser comparado à uma pessoa... Eu só quero que entenda que nem todo mundo que se colocaria na sua frente para proteger sua vida necessariamente lhe é fiel. – Disse meu pai.- Tinha que ter nos falado sobre Max. – Satini criticou.- Tudo que você não nos fala, somatiza aqui – papai tocou meu coração - E acaba ficando trancado dentro de você, tendo que explodir de alguma forma. Estamos aqui para lhe ajudar. E a protegeremos sempre, porque você é a nossa vida, assim como Pauline e Alexia.- Me desculpem.- Amadurecer não significa não nos contar os seus problemas e sim saber resolvê-los de forma racional, levando em conta não só a sua vontade, já que você será responsável futuramente por um país inteiro.- Filha, o médico pediu que você faça exames, para conf
Sentada na minha poltrona no avião, enquanto observava a escuridão da noite pela janela, senti falta de Max. Sim, ele havia me denunciado. E tinha sido uma traição horrível de sua parte. Mas eu conseguia entender perfeitamente sua explicação sobre os motivos que o levaram a fazer aquilo: raiva momentânea, pensamentos confusos e vingança.Eu havia sido uma filha da puta com ele e não podia negar. Brinquei com seus sentimentos, embora tivesse parado depois me confessou amor verdadeiro. Mas não foram dias e sim anos nos relacionando sem que eu prometesse nada em troca. E o fato de não o enganar quanto a não ter intuito de casar-me com ele não me isentava da culpa.Hoje eu sabia o que era a rejeição, ser enganada pelo amor de sua vida e a dor de ver a pessoa nos braços de outra. Max simplesmente jogou com as armas que tinha. E eu no seu lugar teria feito o mesmo.Meus pais dormiam numa cabine separada. Odette estava dormindo na poltrona com um livro sobre o peito. Fui até lá e retirei-o d
- O príncipe de País del Mar sabe sobre seu livro?Encarei Donatello, enrugando a testa:- Não preciso lhe responder sobre isto. É minha vida pessoal. Aliás, invadida por você quando pegou o livro que não lhe pertencia e começou a ler.- Não fui contratado para ser o responsável por mostrar a verdadeira princesa Aimê D’Auvergne Bretonne ao povo?- Sim, para “mostrar” e não para “expor”.- Creio que exposição era o que vossa Alteza fazia antes de me contratar. – Falou com um sorriso sarcástico.Suspirei:- Não quero que seu amigo apareça na minha frente nunca mais. – Deixei claro.- Pelo que sei ele foi beijado quase a força.Virei-me e agora vi não só um sorriso debochado, mas sim toda a expressão facial completamente zombeteira.- Eu gosto de Catriel ainda e não foi fácil terminar por conta da mentira dele.- Não foi bem uma mentira, Alteza. Ele só ocultou a verdade.- De que lado você está, afinal?- Do da verdade, como é meu dever.- De onde você tirou Sasha? Há quanto tempo são am
Eu estava organizando minha defesa junto de Odette, os advogados e meus pais, no escritório. Apesar de saber que haveria uma pena, por mais branda que fosse, estávamos todos preocupados com o resultado do julgamento.- Ouvimos falar da possibilidade de um ano de reclusão – Meu pai perguntou para um dos advogados – Isso seria uma pena branda ou das mais fortes?- Certamente se houver reclusão, será em casa, Majestade. Mas isso... Seria uma pena branda. – Tirou a dúvida, me olhando com o canto dos olhos.Senti meu coração acelerar e o medo ficar ainda maior dentro de mim. Um ano sem poder sair do castelo seria horrível. E meus estudos, que eu nem havia começado? Isso me atrasaria a faculdade em um ano. Viagens nem pensar. E somente poderia ser visitada, como numa prisão real.- Que porra! – Ouvi meu pai esbravejar, dando um soco na mesa.Logo após demonstrar o quanto ficara impactado com a resposta do advogado, papai ficou calado e percebi que todos conversavam enquanto ele afrouxava a
- Estou deixando nossos pais preocupados. Alexia me liga frequentemente. Eu não quero mais isso.- Foi só uma crise de estresse. – Nossa mãe disse, se aproximando.- Imaginei que fosse. Por minha culpa! – Abaixei os olhos – Tenho acabado com o sossego de vocês. E só lhes trago preocupações. Um pedido de casamento num dia, um escândalo no outro... – sorri amargamente.- Esta vida que vivemos é estressante às vezes. – Satini respondeu, fazendo-me encará-la – Estamos do seu lado e sempre estaremos.- Obrigada, mãe. Mas por que você e papai não vão viajar? Precisam descansar um pouco.- Já pensei nisto. Esperaremos o julgamento e talvez façamos isto.- Não precisam estar aqui no julgamento. – Argumentei.- Jamais a deixaríamos sozinha neste momento, Aimê.- Mas eu sou forte.- Não duvido disto. Mas eu sou sua mãe. E nunca a abandonarei, assim como seu pai e suas irmãs. Mas depois deste julgamento tentarei convencer Estevan a tirarmos um tempo de férias, fora de Avalon.- Mas papai é o rei
- Catriel... É um ótimo artista. – Me limitei a falar.- Ótimo? Não, ele não é só ótimo – Pauline articulou – Ele é o melhor de todos. Só não põe seu nome como um dos pintores mais famosos da atualidade porque não quer.- Ele não ligou? – Meu pai quis saber.- Não. – Respondi sem olhá-los, fixando-me no prato à minha frente – E eu nem queria. – Menti.- Uma pena aquela obra de arte com seu rosto ter ficado na parede de um quarto de Hotel tão distante daqui. – Minha mãe lamentou – Se contratássemos um pintor profissional, duvido que faria melhor.- Parece que não retirarão a obra, segundo Samuel – meu pai comunicou – Pedirão autorização de Catriel e Aimê para deixarem a obra exposta. Creem que atrairá muito as pessoas a escolherem aquele quarto.- De um casal que não ficou junto mais de três dias? – Eu ri, com ironia – Aposto que vai dar azar para quem ficar lá.- Lamento profundamente ele não ter ligado. – Minha mãe disse.- Não era para ele ter ligado. Nós... Não temos mais nada um c