— Ele não é gigante, tem a sua altura! — exclamou Yew. — E você é meio baixinho. — Mas é gigante para um merco — disse o jovem humano com um sorriso travesso nos lábios. — MEIO merco, por favor. — O ladrão estava abusando da sorte tendo uma arma apontada para si. Gale continuou. — E a cara dele está desbotando, então faz sentido a parte sobre não ter cor! — O rapaz estava mais feliz do que deveria por ter resolvido o mistério do verso da profecia. Talvez achasse que ele e Outono estavam se entendendo. — Ei! Eu nasci assim! Não é porque sua cara parece com a de um montês que as pessoas ficam dizendo isso, não é? — Eu pareço um montês? — perguntou a Yew, que deu de ombros. O merco voltou a se manifestar: — E não irei levar ninguém para Tarian! — ele exclamou. — É minha passagem secreta e vocês dois prejudicaram meus negócios! O elfo dos olhos esmeralda se aproximou e fez menção a se pronunciar, porém Gale foi mais rápido em assumir as rédeas da conversa. — Quanto quer? — E com
Samhain permanecia profundamente calma desde que Gale a havia guardado novamente na bainha. Agora, o Sentinela e o Outono seguiam junto do elfo Yew Navarre, aquele improvável novo companheiro.Guido, o meio merco com problemas na pele transparente, jurava conhecer uma passagem secreta que era capaz de atravessar as muralhas que circundavam Tarian, de modo que os três não fossem obrigados a entrar pelos grandes portões estritamente vigiados por soldados da Legião dos Cavaleiros de Ferro.O tortuoso caminho pelo qual eram guiados fazia o Filho do Outono cogitar que o Gigante Sem Cor os estava levando por uma rota mais traiçoeira de propósito, talvez por Gale ter colocado uma espada em sua garganta. Desde pequeno aprendera que quando havia espadas e gargantas em uma discussão, geralmente as coisas se tornavam pessoais.Os três viajantes atravessavam galhos e volumosos arbustos enquanto seguiam pela margem de um pequeno riacho, que corria na exata direção em que pretendiam ir. O som da ág
Os três chegaram até o fim do acesso e encontraram uma parede que os impedia de prosseguir. O meio merco apontou para cima, onde se mantinha uma abertura retangular grande o suficiente para que pudessem atravessar.— Vamos subir em silêncio para não alertar ninguém sobre a nossa presença — disse Guido sussurrando. — Vou primeiro.Assim o fez, carregando consigo o máximo de barulho que Gale já imaginou ser possível de emitir. O elfo se ofereceu para dar apoio ao rapaz, que assim que chegasse até em cima o puxaria. Yew se limpava com alguns tapas para tentar tirar o excesso de sujeira das roupas.Um ranger da porta de madeira seca à frente deles congelou seus corpos.— Ei, Guido! — disse o ser que entrava no banheiro. Travou assim que viu os acompanhantes do velho conhecido. — E mais… dois?Era um egih, uma grande raça de hud detentora da pele mais dura de toda Cylch, as mãos eram grossas e possuíam quatro dedos curtos, seus pés eram substituídos por cascos e ficavam para fora da brilha
Gale desesperou-se ao ver o brilho mágico escapando pelas frestas da bolsa de couro e a prensou contra o próprio corpo. — De novo, não… — murmurou. — Por favor, não agora… O elfo de olhos esmeralda escutou as baixas lamentações do jovem humano e virou-se. No exato momento em que olhou para o rapaz, seu coração falhou ao dar uma batida. Eram muitas pessoas ao redor, não podiam deixar que Samhain se partisse novamente e causasse tanta destruição quanto das outras vezes. Yew correu até o companheiro e o puxou pelo braço para que pudessem chegar logo até a praça, uma área minimamente com menor em questão de fluxo. — Gale, você precisa controlar o Outono — afirmou ele. — M-Mas eu… — O jovem gaguejava com o nervosismo. — Não dá, não consigo nem entendê-lo direito! Ele simplesmente age por vontade própria, ele se desfaz de tal maneira que não conseguimos prever e… — Não importa se a espada explode a cada três dias ou a cada três minutos. Você não pode deixar o desequilíbrio te vencer e
Yew olhou incrédulo para o companheiro humano, que apesar de não estar tão furioso quanto ele, compartilhava da surpresa qual não sabia dizer ser agradável ou completamente embaraçosa. — Oi — falou Guido, ignorando os outros dois que faziam esforço para tentar ajoelhar-se naquela cela tão pequena. — Finalmente pude conhecer o contrabandista da pele camuflada. — A garota estudava corpo do meio merco que ia adaptando-se a cada movimento para se mascarar no ambiente. Sua fala o fez gelar. — Levantem-se, iremos até a Cidadela de Ferro para conversar. — E por que não aqui? — Desconfiado, o guardiano perguntou. — Porque, senhor elfo… — Começou. — Vocês precisam urgentemente de um banho. Gale e os outros foram levados em uma carruagem real atravessando as ruas da cidade de ferro até se aproximarem da entrada da enorme cidadela. Era construída em uma espécie de ilha no centro da cidade, onde pontes retráteis faziam o papel de ligar o palácio com o povo. Para que fossem higienizados, alg
— É incrível a capacidade que você tem de perder ela, não é? — disse Yew, o que incomodou o filho da Luz, porque era verdade. — Uma espada muito bonita, não acha? — perguntou Helena. — Aposto que deve ser implacável em um combate. — Ela é muito boa — o jovem respondeu. — Porém, fico feliz em não precisar usá-la na maioria do tempo. A garota suspirou. — As notícias não param de chegar de todos os locais possíveis contando sobre o desequilíbrio. Chuvas de sangue a oeste, quedas de estrelas no norte, furacões vindos do leste, zonas de corrupção do Abismo em todos os lugares… — Começou ela. — E claro, em poucos dias uma tempestade de gelo e um incêndio florestal que vieram do sul. E os responsáveis agora permanecem nesta sala. — Não foi nossa culpa — falou o elfo. — Não duvido que tenha sido — respondeu Guido. O hud de olhos esmeralda lhe deu um soco no topo da cabeça. — Estamos enviando ajuda para todos estes lugares e também vigiando o Santuário da Luz agora que os ataques cessa
— Minha senhora… Invadiram a cidade! — Quem!? — questionou ela de olhos arregalados. — Os encapuzados, os monstros… — O corpo dele caiu duro no chão revelando a adaga presa em suas costas. Os devotos da fumaça chegaram até Tarian, no momento em que o exército está dividido por todas as partes de Cylch. — Acho que descobrimos o porquê de o Santuário ter parado de sofrer ataques — declarou Helena. — Parece que agora estão atrás de você, Gale. — Vamos lutar — afirmou Yew. — Não vão! — protestou a rainha. — Vocês vão continuar com a missão. Juro que não irei deixar Tarian cair na mão desses covardes. — Não posso deixar que sangue de inocentes seja derramado por minha causa. — Gale apertou forte o cabo de Samhain para que pudesse sentir a força que emanava dela. — Deixe de ser idiota, garoto! — A garota lhe deu um tapa, que arrancou caras assustadas dos outros dois companheiros quais deram um passo para o lado a fim se afastar. — Vivemos e morremos pelas espadas. Existimos para te
Os extremos ventos cessaram com certa violência, despejando Gale, Guido e Yew em uma colina afastada das bordas do reino de Tarian. O elfo se afastou dos dois ligeiramente para vomitar. — Me lembrem de nunca fazer uma coisa dessas de novo! O Filho do Outono observava ao longe a entrada do próximo obstáculo qual enfrentaria: a Floresta das Ilusões. Então, como havia pensado anteriormente, o nome não lhe deixava mais confiante. Para chegar até lá precisariam somente seguir colina abaixo, Helena havia os deixado o mais próximo que era possível. O rosto do rapaz ainda queimava levemente com o tapa que recebera da garota. Lembrou-se de Lenora e esboçou um leve sorriso carregado de saudades. — O que foi? — perguntou Yew limpando o canto da boca. — Vai me dizer que é a primeira vez que apanha de um mulher bonita? — Que sortudo — o meio merco resmungou. — A primeira que usava uma armadura completa — confessou. — Ferro tariano não é nada macio. O elfo dos olhos esmeralda de virou para a