– Tem certeza de que essa é uma boa ideia, Vince? – June perguntou, não parecendo muito preocupada, mas aflita de certa forma. – Você disse que a noite é perigosa pra quem tem cheiro de magia, como nós.
– E é. – Vincent confirmou.
Sebastian e June trocaram olhares significativos.
– E mandou ela pra lá mesmo assim? – Sam questionou, perplexo.
– A Ellie quem insistiu – rebateu Vincent.
– E se ela morrer? – Amber perguntou, em sua característica voz desprovida de emoção.
– Ninguém vai morrer – o feiticeiro assegurou – Está tudo sob controle.
– Morrer, GRA! – gritou o corvo – Ela vai morrer!
– Calado, corvo! – disseram Sam, June e Bash em uníssono.
Vincent acariciou as penas ne
Eleanore precisou de um longo tempo para conseguir se acalmar, depois de achar que iria morrer pelas presas de um ser feito de ventos. Assim que conseguiu organizar seus pensamentos e seu corpo, ela se levantou e limpou as folhas secas de suas roupas.Em um momento de completo pânico, Eleanore percebeu que não sabia mais onde ficava o leste. O castelo estava longe de vista para ajudá-la na direção a seguir, o confronto com o elemental a fez perder de vista seu caminho. E agora? Para onde iria?Estava completamente perdida, sem direção e sem saber para onde deveria ir. Sentiu-se novamente como naquela fatídica noite em que fugira de casa, quando estava em completo desespero, sozinha e sem nenhum rumo.Era uma noite escura, mas não chovia, havia apenas a fraca luz da lamparina, que havia caído quando Eleanore se jogara no chão para se salvar. Felizmente, não tinha quebrado, caso con
Ela se aproximou, tomando cuidado com as demais flores, para chegar até aquela específica e poder colhe-la rapidamente, para que pudesse voltar.Estava prestes a arrancar uma das flores da noite, quando algo saltou para fora da terra, fazendo Eleanore soltar um grito de susto. Ela perdeu o equilíbrio e caiu sentada, provavelmente matando uma dezenas de flores no processo.– O que você pensa que está fazendo, hein? Pegando flores do jardim alheio! – Aquela criatura não podia ter mais de trinta centímetros, era uma existência estranhíssima. Sua pele era de um tom verde acastanhado, seus olhos eram escuros, seus cabelos eram brancos assim como sua barba em formato triangular. Usava roupas feitas de folhas secas e um chapéu pontudo igualmente feito de vegetação. Apesar da forma humanoide, obviamente não era humano.Apesar de inegavelmente feioso, magricela, de
Naquela dia, Eleanore sonhou novamente com aquela garota agachada na beira de um lago escuro, cantando uma canção com sua bela voz, como o canto de um anjo saído do céu.A menina se levantou, virando-se na direção dela. Seus cabelos castanhos brilhosos caiam por suas costas feito uma capa. Ela usava uma longa saia vermelha, uma blusa branca, corpete preto e por cima um casaco azul escuro; preso à sua cintura estava um cinto dourado repleto de medalhinhas, além de brincos igualmente dourados.Ela tinha olhos castanhos penetrantes, hipnóticos de uma forma que era impossível de desviar o olhar, profundos como o oceano. Sua pele tinha um tom oliva, que realçava suas características castanhas e escuras. Ela era linda, tinha um tipo de beleza natural que atraia pela simplicidade e autenticidade de seus traços.Aquela menina não parecia feliz em vê-la, sua express&at
Naquela manhã, Eleanore acordou mais animada. Teve um sono tranquilo e sem sonhos, estava bastante descansada, seus músculos ainda estavam um pouco doloridos, ainda havia um arranhão em sua bochecha latejando, mas nada apagaria seu bom humor.Aquele seria seu primeiro dia de aprendizagem sobre feitiçaria.Ela vestiu um vestido verde água, grossas meias-calças de lã, já que era uma manhã fria de outono. Prendeu seu cabelo em uma trança, depois de ter lutado incessantemente com uma escova para domar a armação de seus cachos.Amber havia dito que ela deveria tomar o desjejum e depois subir, pois Vincent a esperava na biblioteca. Eleanore comeu os ovos e pães rapidamente, quase engasgando-se, tomando um gole do leite para que a comida se assentasse.Vincent estava esperando sentado em uma poltrona, havia um enorme livro apoiado em suas coxas, tão grande que quase
– Você lembra quando você comentou sobre a minha idade e eu te disse que envelheço mais devagar por causa das minhas praticas mágicas? – o tom de Vincent era sério.Eleanore pensou sobre isso, na conversa que eles tiveram quando ela estava na banheira, pouco depois de Maximus tentar possuir sua mente. Eleanore assentiu.– Usar magia é mais complicado do que apenas seu aprendizado, quanto mais você usar, mais ela vai te mudar por dentro. Ela vai afetar sua constituição física, vai fazer com que você envelheça mais devagar, assim como fez comigo.– Mas isso não parece uma coisa ruim. – Eleanore não acharia nada mal ter mais de sessenta anos, assim como Vincent e ter a aparência que ele tinha agora.– Não parece agora, mas você entende que, enquanto você envelhece bem mais devagar que as
June havia ido à residência de uma senhora tratar uma ferida penetrante, devido à um acidente na cozinha com uma faca. Como de costume, o marido dela fez pouco caso de June, perguntando-se como uma pessoa tão jovem, ainda mais uma mulher, poderia ser médica.Depois que June executou seu trabalho com maestria, fechando o ferimento e amenizando a dor, aquele homem torceu o nariz e não disse mais nada. Sua esposa, certamente mais gentil, agradeceu June e a pagou generosamente.Na volta para seu herbário, June avistou alguns homens encarando-a de uma forma nojenta, fazendo com que tudo dentro dela se revirasse a deixando com enjoo. Isso a fazia se lembrar de sua mãe, da sua terrível infância e do lugar onde costumava morar. Pior do que isso, ela quase conseguia sentir o cheiro pungente masculino e ouvir aquelas risadas odiosas.June apertou o passo, pensando que, se precisasse se defender, poderia p
Eleanore interrompeu seus estudos para descer para o almoço. Já havia estudado um pouco sobre os movimentos da Terra, o ciclo elíptico ao redor do Sol, translação, e o giro ao redor do próprio eixo, chamado de rotação. Também havia aprendido o básico sobre o funcionamento do corpo humano e também das plantas, que absorviam a luz do sol e transformavam gás carbônico em oxigênio. Estudou sobre o mapeamento das estrelas, contos sobre mitologia grega, sobre minérios que constituíam o solo, como era o processo de combustão.Ela lia um pouco de cada livro todos os dias, isso para que nenhum assunto pudesse satura-la e se tornasse maçante. Talvez pudesse se tornar um pouco confuso, mas Eleanore marcava os assuntos os quais não entendia bem para perguntar a Vincent mais tarde.Obviamente, Eleanore gostaria de praticar feitiços e aprender sob
Vincent se sentou, puxou a manga do casaco e da camisa rasgados e empapados de sangue, para analisar o ferimento. Era ruim, sangrava muito, os dentes se cravaram profundamente e, de uma maneira geral, fluidos de demônios eram venenosos, até mesmo a saliva. Tinha que tratar aquilo o mais rápido possível, mas antes tinha que lidar com aquele problema.Foi então que ouviu gritos de pessoas assustadas. Bash e o outro cão não estavam a vista, tinham dobrado uma esquina, mas havia um rastro de sangue na estrada que denunciava a direção a qual tomaram.Vincent ficou em pé, ignorando seu braço latejante e a dor excruciante, correndo na direção dos gritos que só aumentavam.Ao dobrar a esquina, Vincent encontrou caos total. Havia ao menos duas barracas completamente destruídas, espalhando maçãs, batatas e ovos para todos os lados. Pessoas corriam e gritav