Eleanore abriu seus olhos e a primeira coisa que viu foi o céu noturno. Não, não era o céu, era um par de olhos azuis escuros estampados em um rosto bronzeado.
Ela se assustou e se ergueu bruscamente, batendo a cabeça contra a dele.
– Ai! – Dante recuou, cambaleando para trás, esfregando a mão contra a sua testa.
O coração dela estava disparado no peito. Eleanore olhou ao redor e viu Dante ao lado da cama, Sam estava próximo à ele, flutuando. Amber, em forma de um pássaro, estava pousada na mesa que ficava abaixo da janela do quarto. Todos olhavam atentamente para a ruiva.
Ela buscou se acalmar, convencendo-se de que estava no castelo e segura.
– Você está bem? – Sam disse ao se aproximar dela.
– Eu... – Eleanore pensou sobre o assunto. Ainda estava atordoada pelas lembranças de Vincent
Amber havia ordenado a casa que trouxesse comida para Eleanore, já que, um pouco antes, sua barriga roncara tão alto que fizera suas bochechas pegarem fogo de vergonha.Não demorou muito para que Eleanore estivesse sentada em frente à mesa, uma bandeja de prata estava bem diante dela, com um prato contendo assado, salada e batatas, além de um copo cheio de suco de maçã. Tudo parecia muito delicioso, mas antes de comer, ela voltou a atenção para Dante que, assim como Amber e Sam, continuava no quarto.– Não quer comer nada, senhor Hendrix? – ela perguntou educadamente.Dante ofereceu um sorriso cheio de dentes perolados à ela.– Não se preocupe, bela, estou bem. Além disso, foi você quem sofreu pelo feitiço, precisa mesmo comer.Eleanore comeu o assado, que estava divino. A magia que atuava no castelo cozinhava muito
O nome afetou Vincent visivelmente. Sua postura relaxada se tornou rígida, ele se empertigou, ficando ereto e virou de costas para Eleanore, cruzando os braços.– O que você viu? – ele perguntou com a voz mais dura.– Vi quando vocês se conheceram na floresta de pinheiros... Eu vi vocês f-fazendo... vocês dois hum... Sabe, como homem e mulher. – Àquela altura o rosto de Eleanore estava da cor de seu cabelo.Vincent se voltou para ela com a expressão suavizada. Seus olhos estavam bem abertos, expondo bastante de sua íris violeta.– Entendi. Você sabe o que estava acontecendo?– Minha tia Eveline me explicou como que se faz... os bebês. Ela sempre disse que era doloroso para as mulheres, que não era uma coisa que nós fossemos gostar, que era desagradável e ruim. Mas a Calliope não parecia... &n
O dia mais curto do ano, a noite mais longa, ela lera isso no livro sobre astronomia. O solstício de inverno era o momento em que a Terra estava o mais distante possível do Sol.Eleanore caminhou pelo seu quarto inquieta, os braços estavam firmemente cruzados à frente do corpo, como se fossem um escudo. Ela ergueu uma de suas mãos e torceu um de seus cachos em seu dedo indicador, enquanto mordia seu lábio inferior.Durante a maior parte de sua vida, Eleanore sabia que tinha apenas um propósito na vida, casar-se, ser a esposa de um homem e gerar seus filhos. Sempre teve a certeza de que era apenas uma garota triste e solitária, porém, completamente ordinária. Foi por estar cansada demais dessa sua vidinha miserável que fugiu de casa, sem qualquer esperança.Jamais esperou que isso fosse leva-la à um castelo mágico, lar de um feiticeiro e de demais criaturas fant&aacu
Vincent desceu as escadas naquela manhã com uma preocupação pairando ao seu redor, feito uma nuvem de tempestade trovejando sobre sua cabeça. E aquilo em nada tinha a ver com o que Minerva falara sobre a suspeita do Conselho da Magia ou sobre Eleanore ser uma Fonte.Aquela noite seria tenebrosa, como todas as outras noites como aquela nos últimos vinte anos. Mesmo sendo ainda bem cedo, ele já podia sentir a marca em seu braço arder.Sebastian estava espalhado em um dos sofás com um sorriso torto nos lábios.– Bom dia, meu feiticeiro favorito – o familiar cantarolou – Dormiu com a ruivinha hoje?– Que?! – Vincent grasnou, perplexo.– Dormiu com a ruivinha, GRA! – gritou Dimitri, que estava empoleirado sobre a lareira.– Quieto, Dimitri – Vincent bramiu para o corvo, enquanto segurava a ponte de seu nariz
Eleanore estava animada na mesma proporção em que estava nervosa. Naquela manhã, havia arrumado seu cabelo descontrolado em uma trança grossa, colocou um vestido azul marinho de mangas compridas e saia volumosa. O colar de sua mãe e o colar de ônix, que Vincent lhe dera, estavam ambos ao redor de seu pescoço.Ela estava no último cômodo do segundo andar, a enorme sala de teto alto, janelas arqueadas, paredes feitas de pedra cinzenta, onde haviam diversos símbolos de proteção em todo canto.Estava em pé no centro da sala, enquanto Vincent se postava à cerca de três metros dela.Pouco antes de ele deixa-la em seu quarto, no dia anterior, Vincent havia dito que ensinaria magia na prática para ela já que, se Eleanore fosse realmente uma Fonte, ela precisaria aprender a controlar ao menos o básico de feitiçaria.– Primei
Inicialmente, ela imaginou a magia concentrada em suas mãos, transformando-se em uma lufada de ar que pudesse erguer aquela moeda. Tudo que ela conseguiu, porém, foi soprar o ar no rosto de Vincent, agitando as mechas soltas de seu cabelo.Ao fazer isso, Eleanore voltou do início, tendo que canalizar a energia para seu corpo e depois concentrando-a novamente em suas mãos. Após isso, ela experimentou uma nova abordagem, ergueu as mãos e imaginou que estava pegando a moeda entre seus dedos, direcionando a energia para a peça de prata sobre a mesa.Dessa vez, a moeda se moveu, mas não flutuou controladamente como era a ideia, no primeiro momento. O objeto metálico simplesmente voou para o outro lado da sala, atingindo a parede e tilintando ao cair no chão.Dante riu, o que lhe rendeu um olhar assassino por parte de Vincent.O feiticeiro ergueu a mão e um brilho verde partiu de
June estava em seu herbário, cortava raízes e amaçava ervas no pilão, etiquetava os frascos contendo as poções, estranhando aquele silêncio ensurdecedor.Quando Eleanore passou os dias ali, ela costumava fazer várias perguntas, como eram feitas as poções e o que cada planta podia fazer. Dante, que insistira em ficar com ela no herbário um dia, falava demais, fizera mais perguntas do que ela achava possível, ao que parecia, ele gostava bastante da própria voz.Ela não teve muito clientes nos últimos dias, as pessoas da vila estavam com medo dos lobos de sombras e até o mercado havia sido comprometido. A destruição da luta de Vincent e Bash contra os demônios havia causado bastante prejuízo.Já era noite, o herbário já havia fechado, mas June estava ali trabalhando, pois queria ficar sozinha, e também
Vincent não apareceu para o jantar, Sebastian disse que ele tinha serviços à fazer. Eleanore não sabia que tipo de “serviços” eram esses, já que o familiar respondeu vagamente que “Vincent fazia certos feitiços para pessoas que podiam pagar”. Deveria ser assim que ele conseguia bancar os mantimentos da casa.Após o jantar, Eleanore ficou sentada à mesa de seu quarto, admirando o novo anel que pesava no dedo médio de sua mão direita, a pedra violeta, que parecia brilhar sob a luz prateada da lua cheia.Ela estava com um certo receio em pegar no sono, devido à sua forte e recente ligação mental com Vincent, além de sua conexão estranhíssima com Maximus.Porém, em determinado momento, teve que adormecer, considerando que teria que acordar cedo no dia seguinte para mais práticas e estudos sobre magia.Ele