O dia mais curto do ano, a noite mais longa, ela lera isso no livro sobre astronomia. O solstício de inverno era o momento em que a Terra estava o mais distante possível do Sol.
Eleanore caminhou pelo seu quarto inquieta, os braços estavam firmemente cruzados à frente do corpo, como se fossem um escudo. Ela ergueu uma de suas mãos e torceu um de seus cachos em seu dedo indicador, enquanto mordia seu lábio inferior.
Durante a maior parte de sua vida, Eleanore sabia que tinha apenas um propósito na vida, casar-se, ser a esposa de um homem e gerar seus filhos. Sempre teve a certeza de que era apenas uma garota triste e solitária, porém, completamente ordinária. Foi por estar cansada demais dessa sua vidinha miserável que fugiu de casa, sem qualquer esperança.
Jamais esperou que isso fosse leva-la à um castelo mágico, lar de um feiticeiro e de demais criaturas fant&aacu
Vincent desceu as escadas naquela manhã com uma preocupação pairando ao seu redor, feito uma nuvem de tempestade trovejando sobre sua cabeça. E aquilo em nada tinha a ver com o que Minerva falara sobre a suspeita do Conselho da Magia ou sobre Eleanore ser uma Fonte.Aquela noite seria tenebrosa, como todas as outras noites como aquela nos últimos vinte anos. Mesmo sendo ainda bem cedo, ele já podia sentir a marca em seu braço arder.Sebastian estava espalhado em um dos sofás com um sorriso torto nos lábios.– Bom dia, meu feiticeiro favorito – o familiar cantarolou – Dormiu com a ruivinha hoje?– Que?! – Vincent grasnou, perplexo.– Dormiu com a ruivinha, GRA! – gritou Dimitri, que estava empoleirado sobre a lareira.– Quieto, Dimitri – Vincent bramiu para o corvo, enquanto segurava a ponte de seu nariz
Eleanore estava animada na mesma proporção em que estava nervosa. Naquela manhã, havia arrumado seu cabelo descontrolado em uma trança grossa, colocou um vestido azul marinho de mangas compridas e saia volumosa. O colar de sua mãe e o colar de ônix, que Vincent lhe dera, estavam ambos ao redor de seu pescoço.Ela estava no último cômodo do segundo andar, a enorme sala de teto alto, janelas arqueadas, paredes feitas de pedra cinzenta, onde haviam diversos símbolos de proteção em todo canto.Estava em pé no centro da sala, enquanto Vincent se postava à cerca de três metros dela.Pouco antes de ele deixa-la em seu quarto, no dia anterior, Vincent havia dito que ensinaria magia na prática para ela já que, se Eleanore fosse realmente uma Fonte, ela precisaria aprender a controlar ao menos o básico de feitiçaria.– Primei
Inicialmente, ela imaginou a magia concentrada em suas mãos, transformando-se em uma lufada de ar que pudesse erguer aquela moeda. Tudo que ela conseguiu, porém, foi soprar o ar no rosto de Vincent, agitando as mechas soltas de seu cabelo.Ao fazer isso, Eleanore voltou do início, tendo que canalizar a energia para seu corpo e depois concentrando-a novamente em suas mãos. Após isso, ela experimentou uma nova abordagem, ergueu as mãos e imaginou que estava pegando a moeda entre seus dedos, direcionando a energia para a peça de prata sobre a mesa.Dessa vez, a moeda se moveu, mas não flutuou controladamente como era a ideia, no primeiro momento. O objeto metálico simplesmente voou para o outro lado da sala, atingindo a parede e tilintando ao cair no chão.Dante riu, o que lhe rendeu um olhar assassino por parte de Vincent.O feiticeiro ergueu a mão e um brilho verde partiu de
June estava em seu herbário, cortava raízes e amaçava ervas no pilão, etiquetava os frascos contendo as poções, estranhando aquele silêncio ensurdecedor.Quando Eleanore passou os dias ali, ela costumava fazer várias perguntas, como eram feitas as poções e o que cada planta podia fazer. Dante, que insistira em ficar com ela no herbário um dia, falava demais, fizera mais perguntas do que ela achava possível, ao que parecia, ele gostava bastante da própria voz.Ela não teve muito clientes nos últimos dias, as pessoas da vila estavam com medo dos lobos de sombras e até o mercado havia sido comprometido. A destruição da luta de Vincent e Bash contra os demônios havia causado bastante prejuízo.Já era noite, o herbário já havia fechado, mas June estava ali trabalhando, pois queria ficar sozinha, e também
Vincent não apareceu para o jantar, Sebastian disse que ele tinha serviços à fazer. Eleanore não sabia que tipo de “serviços” eram esses, já que o familiar respondeu vagamente que “Vincent fazia certos feitiços para pessoas que podiam pagar”. Deveria ser assim que ele conseguia bancar os mantimentos da casa.Após o jantar, Eleanore ficou sentada à mesa de seu quarto, admirando o novo anel que pesava no dedo médio de sua mão direita, a pedra violeta, que parecia brilhar sob a luz prateada da lua cheia.Ela estava com um certo receio em pegar no sono, devido à sua forte e recente ligação mental com Vincent, além de sua conexão estranhíssima com Maximus.Porém, em determinado momento, teve que adormecer, considerando que teria que acordar cedo no dia seguinte para mais práticas e estudos sobre magia.Ele
Vincent percebeu o claro embaraço de Eleanore logo de cara, já que ela tinha uma séria dificuldade em olha-lo nos olhos sem enrubescer.Isso comprometeu totalmente o desempenho dela ao praticar novamente o feitiço de flutuação. Por isso, o feiticeiro se viu na obrigação de esclarecer as coisas com Eleanore, segurando-a pelo cotovelo e a levando para um canto da sala, o mais longe possível de Dante.– Ellie, esqueça o que houve hoje de manhã, tudo bem? O que você viu foi apenas um corpo, não é algo para se envergonhar tanto assim. Sei que você sempre ouviu que isso é algo considerado pervertido, mas essa não é a verdade, tudo bem? Não se deve ter vergonha de algo tão natural quanto isso. – Vincent explicou calmamente – Eu não fiquei constrangido e nem estou tendo um mau julgamento de você.E
Vincent arqueou uma de suas sobrancelhas claras, claramente surpreso e desconfiado, encarando de olhos semicerrados o velho.– É mesmo? E por quê?– Não é todo dia que um feiticeiro se torna um assassino em série.O rosto do feiticeiro se fechou como uma tranca.– Aquilo não fui eu.– Isso, sinceramente, não é da minha conta – O vendedor ergueu as mãos e voltou seus olhos castanhos para Bash. – Você esteve aqui, não?Bash apenas assentiu, mas voltou sua atenção para o feiticeiro, esperando que ele falasse.– Você conhece Leona Phoenix. – Vincent afirmou, sério – O que ela vinha fazer aqui?– Não é óbvio? – Ele indicou toda a loja com suas mãos. – Ela vinha aqui comprar meus produtos, os de melh
Vincent ficou ereto e enrijeceu os ombros, alerta.– O quê?– Houveram mais mortes – Minerva contou – Assim como as outras, todos homens ligados à você. Três, assim como da última vez. Um deles era um guarda, que o prendeu no passado por práticas de bruxaria, e os outros dois foram homens para os quais você prestou serviço.O feiticeiro respirou fundo, curvando os ombros, sentindo-se impotente e derrotado.– Eu não entendo. Como Maximus pode conhecer esses homens, se nem mesmo eu me lembrava dos meus agressores do orfanato? Como ele pode saber pra quem eu prestei serviços? Como ele conseguiu esse tipo de informação?Um silêncio denso e contemplativo pairou sobre todos os presentes na sala. Vincent pensava, não parava de fazer isso há tempos.– Maximus sabia de qual orfanato você