Enquanto o ambiente do hospital fervilhava com revelações perturbadoras sobre Dominic, Aline tomava uma decisão difícil. Após resolver as pendências no trabalho e garantir sua ausência pelos próximos dias, ela dirigiu-se para Nova Jersey. O destino era a boate HotWoman, propriedade de Vicent Spina.Aline sabia que enfrentar Vicent seria como lidar com o próprio diabo. Ele era um homem imponente, de meia-idade, com uma aparência que misturava charme e intimidação. A tatuagem de estrela no rosto destacava-se como um símbolo de sua ousadia, e sua personalidade era marcada por arrogância, egocentrismo e um ego inflado. Mesmo assim, era a única pessoa a quem Aline podia recorrer para salvar a vida de seu filho.Dirigir até Nova Jersey foi uma tarefa exaustiva para Aline. Duas longas horas na estrada, com as mãos suadas no volante e o coração acelerado. Quando finalmente chegou à frente da boate, respirou fundo e tentou reunir coragem. A fachada era chamativa, com luzes de néon brilhando e
Sentada no banco do carro, Aline olhou para o pedaço de papel por um breve instante. O nome de Vicent assinado na parte inferior fazia seu estômago embrulhar, mas o valor escrito ali era o suficiente para garantir o transplante de Gabriel. Com os olhos marejados de emoção, ela ligou o carro e acelerou rumo ao hospital.A cada quilômetro percorrido, Aline sentia o peso de sua responsabilidade aumentar. "Está tudo bem agora", ela repetia para si, como um mantra. Ela não podia perder tempo. Gabriel precisava dela. Ao chegar ao hospital, Aline estacionou o carro apressadamente e correu para a recepção com a bolsa firmemente segurada contra o corpo. Ao avistar a enfermeira que cuidava de Gabriel, ela mal conseguiu conter as lágrimas. — Eu consegui o dinheiro! — exclamou, sem fôlego. — Por favor, preparem tudo. Quero que a cirurgia seja feita o mais rápido possível. A enfermeira sorriu, compreendendo a urgência na voz de Aline. — Certamente, senhora Rooth. Vou informar o médico agora me
Clark se despediu do pai, que ainda repousava em sua cama no hospital, e lançou um último olhar para Jones. — Jones, vou precisar voltar à empresa. Tenho alguns assuntos urgentes para resolver. Você pode ficar aqui por um tempo? Quero que alguém de confiança esteja com meu pai enquanto eu estiver fora. Jones sorriu, tentando parecer cordial. — Claro, Clark. Pode deixar. Estarei aqui para cuidar do tio Dominic. Clark assentiu, mas manteve o olhar fixo no primo por alguns segundos a mais do que o necessário. — Obrigado. Vou avisar às enfermeiras para manterem você informado. Qualquer coisa, me ligue. Jones concordou com entusiasmo exagerado, mas por dentro sentiu um desconforto súbito. Clark estava mais calmo do que de costume, algo que não era seu padrão, e isso o incomodava. Porém, ele disfarçou, colocando uma expressão de preocupação e lealdade. Assim que Clark saiu, Janine, que estava sentada em uma cadeira ao lado da porta, levantou-se e caminhou até Jones com um olhar inqui
Era fim de tarde, e o céu tingido de tons alaranjados começava a ceder espaço à escuridão. Clark chegou ao hospital com o rosto marcado pelo cansaço e a mente cheia de pensamentos. Ele não podia descansar enquanto não resolvesse aquele mistério que rondava a saúde de seu pai. Assim que entrou, dirigiu-se imediatamente à sala do médico, onde duas enfermeiras aguardavam com o médico-chefe.O médico o cumprimentou com um aceno breve e falou de forma profissional: — Senhor Johnson, como solicitado, monitoramos a presença de seu primo Jones durante o dia. Ele permaneceu no hospital e não se afastou do quarto de seu pai, exceto para o básico. Quanto à mulher que o acompanhava, ela saiu para o almoço e não retornou. Não encontramos nada suspeito até o momento. Clark assentiu, tentando esconder a frustração. Ele agradeceu educadamente a equipe: — Entendo, doutor. Agradeço pela ajuda de vocês. Sei que não é um pedido fácil. As enfermeiras trocaram olhares discretos, e o médico respondeu:
Enquanto Juliana estava distraída ao telefone, Gabriel e Dominic continuavam sua conversa descontraída. Dominic estava fascinado com a vivacidade e inteligência do menino, sentindo-se cada vez mais intrigado com a conexão inexplicável que parecia existir entre eles. Gabriel, por sua vez, falava sem parar, contando sobre os desenhos que adorava assistir e como queria um cachorro como presente de aniversário. No mesmo momento, Clark saiu da sala do médico, segurando um envelope com instruções detalhadas sobre os cuidados necessários para Dominic. Sua expressão era séria e determinada enquanto caminhava em direção ao quarto de seu pai, mas, ao longe, algo chamou sua atenção. Ele avistou Dominic sentado em um banco, conversando animadamente com um menino. Ao se aproximar, Clark parou de repente, como se tivesse levado um choque. Ele ficou imóvel por alguns segundos, observando o garoto que gesticulava e sorria, com uma energia encantadora. Clark sentiu o ar escapar de seus pulmões ao no
Aline sentia o coração martelando no peito, como se quisesse escapar. Ela tentava manter a compostura, mas o turbilhão de emoções que tomava conta de si tornava isso quase impossível. Abriu a boca para dizer algo, qualquer coisa que pudesse afastar Clark daquele olhar insistente, mas foi interrompida pela voz animada de Gabriel, que se colocou à frente dela com a espontaneidade de uma criança que nada sabe sobre os segredos dos adultos.— Eu acabei de fazer cinco anos! — anunciou Gabriel com um sorriso radiante, balançando as perninhas enquanto segurava o apoio da cadeira de rodas. — E minha mãe vai fazer uma festa incrível! Você está convidado para o meu aniversário. Clark abaixou o olhar para o menino, e por um momento, sua expressão séria suavizou. Gabriel tinha uma energia contagiante, uma alegria que dificultava não sorrir, mas Clark não podia ignorar o que estava em sua mente. Ele olhou para o menino com uma curiosidade crescente, enquanto a voz do garoto ecoava na sua cabeça:
Aline puxou sua mão suavemente, tentando se libertar do toque firme, mas delicado, de Clark. Ele não a soltou de imediato. Sua expressão não era de confronto, mas de uma busca desesperada por respostas, uma necessidade que transbordava em seu olhar.— Clark... — começou ela, a voz falhando quase como um sussurro.Ele a interrompeu, sua voz firme, mas embargada pela emoção que parecia crescer dentro dele. — Não, Aline. — Ele respirou fundo, encarando-a com intensidade. — Não me diga que estou errado. Eu sei o que senti quando vi Gabriel. Eu sei o que vi. — Ele inclinou-se ligeiramente para ela, o peso da verdade pulsando em cada palavra. — Ele é meu filho, não é? Gabriel é meu filho.Aline tentou desviar o olhar, mas a mão de Clark ainda estava em seu queixo, segurando-a com delicadeza, como se ele temesse que ela desaparecesse se ele a soltasse. O peso do momento era avassalador, e ela sentia como se estivesse completamente exposta diante dele, incapaz de esconder a verdade que há an
Aline ficou por alguns instantes parada à porta do quarto, respirando fundo, tentando se recompor. A conversa com Clark ainda ecoava em sua mente como uma onda que não cessava. Ao cruzar o limiar, ela percebeu Juliana a observando atentamente, com uma expressão de preocupação.— Aline, você está bem? — Juliana perguntou, franzindo o cenho. — Vai me contar o que acabou de acontecer?Aline suspirou profundamente, sentindo o peso das palavras que não conseguia organizar. Sua mente estava um caos, e cada tentativa de encontrar clareza só a deixava mais confusa. Ela se sentou na poltrona ao lado da cama de Gabriel, passando as mãos pelos cabelos antes de responder.— Te conto outra hora, Juliana. Não agora. — Sua voz era baixa, quase abafada, mas tinha um tom firme que deixava claro que ela não queria mais perguntas naquele momento.Ela olhou para Gabriel, que brincava distraído com um pequeno carrinho de brinquedo sobre a cama. Um sorriso suave surgiu em seus lábios enquanto ela se aproxi