Na manhã de segunda-feira, enquanto o carro deslizava pelas ruas movimentadas de Nova Iorque, Clark estava perdido em pensamentos. O cenário da cidade parecia desfocado diante de seus olhos enquanto ele relembrava os eventos recentes e refletia sobre as questões que o atormentavam."Olivia grávida... justo agora, depois de eu ter deixado claro que não queria nada sério." Ele franziu o cenho, revendo mentalmente a conversa da noite anterior e o modo calculado como ela agiu. A notícia não parecia coincidir com o timing dela, e isso acendia um alerta em sua mente.Ele respirou fundo e olhou pela janela, vendo os prédios altos e as pessoas apressadas na calçada. Como um filme, sua memória o levou de volta ao momento em que Jones, seu primo, chegou à casa de seus pais. Clark lembrava de um garoto tímido, mas com uma malícia perceptível por trás daquele comportamento acanhado. "Ele sempre teve esse jeito manipulador," pensou Clark, enquanto a lembrança evoluía. Jones, quatro anos mais velh
Ainda naquela noite, enquanto Dominic e Clark saíam do escritório, do outro lado da cidade, Jones estava mergulhado em seus próprios planos. Sentado em seu apartamento luxuoso, ele pegou o telefone e discou o número de Janine. Do outro lado da linha, a cúmplice atendeu com sua típica calma, como se nada pudesse abalá-la.— Janine, é melhor ajustarmos nosso plano, — disse Jones com a voz controlada, mas carregada de tensão. Janine, do outro lado, respondeu com indiferença: — Ajustar? Está preocupado com alguma coisa? Jones suspirou, passando uma mão pelos cabelos em um gesto impaciente. — Quero que você diminua a dosagem do medicamento. O efeito precisa ser sutil, algo que apenas desgaste a saúde dele ao longo do tempo, sem causar alarmes imediatos. Não posso correr o risco de que ele ou, pior ainda, Clark descubra o que está acontecendo. Houve uma pausa do outro lado da linha antes que Janine respondesse: — Entendido. Eu já previa que você pudesse querer algo assim. Tenho outro
Logo após uma noite agradável ao lado do pai, Clark dirigiu-se ao seu apartamento, mas sua mente continuava inquieta. As palavras de Olivia ainda ecoavam em seus pensamentos, e ele sabia que precisava esclarecer a situação. Sem hesitar, decidiu ligar para ela.Do outro lado da linha, Olivia estava sentada no sofá com uma taça de vinho nas mãos, já antecipando os próximos passos de seu plano. O celular começou a tocar, e ela viu o nome de Clark no visor. Por um momento, deixou o aparelho tocar, como se calculasse a importância do suspense. Finalmente, ela atendeu, bocejando teatralmente:— Clark! — sua voz carregava um tom de falsa surpresa. — Por que me ligou a essa hora? Aconteceu alguma coisa?Clark não perdeu tempo com rodeios. Seu tom era firme e resoluto:— Precisamos conversar, e tem que ser agora.Olivia estreitou os olhos, tentando esconder a irritação que crescia dentro de si. Tentou ganhar tempo, respondendo com um tom suave:— Mas eu já estou na cama, Clark. Não passei o di
Ela deixou a cabeça pender levemente para o lado, os olhos brilhando como se estivesse prestes a chorar. Era um truque bem ensaiado, mas que sempre parecia surtir efeito.Clark se aproximou ainda mais, sua expressão endurecendo.— Se isso for um jogo, Olivia, eu vou descobrir. E se estiver mentindo, você vai se arrepender. — As palavras saíram frias, como uma lâmina cortante.Olivia sentiu o impacto, mas não deixou transparecer. Ao invés disso, ergueu o queixo, deixando escapar um sorriso suave e calculado.— Eu não quero nada de você, Clark, posso criar meu filho sozinha… Mas, por enquanto, é isso que eu tenho para dizer. O tempo vai provar que estou falando a verdade.Ela fez uma pausa dramática antes de continuar:— Agora, se você veio aqui só para me acusar e não para cuidar do que importa, talvez seja melhor irmos cada um para o seu lado.Clark estreitou os olhos, avaliando cada palavra de Olivia com cuidado. Ele sabia que estava diante de uma mulher inteligente e habilidosa em m
Uma semana se passou, e Clark não conseguia tirar Olivia da cabeça. Ele tentou ligar várias vezes, mas cada chamada caía diretamente na caixa postal. Sua paciência, já curta, se esgotava rapidamente. Ele estava prestes a contratar um investigador para descobrir por que ela não havia retornado para Nova Iorque, quando uma notícia inesperada chegou: Olivia havia sofrido um acidente em Milão e estava hospitalizada.Clark ficou atônito. Por um instante, sentiu uma onda de culpa invadir seu peito, lembrando-se da última conversa que tiveram e do quão duro havia sido com ela. Talvez sua pressão, somada ao estresse da gravidez, tivesse contribuído para o ocorrido. Ele suspirou profundamente e, com o coração pesado, decidiu que precisava vê-la. Era sua chance de esclarecer as coisas e, quem sabe, se desculpar.No hospital, Clark foi recebido pela enfermeira que o informou que ela havia sido transferida para uma clínica particular e seguiu imediatamente para lá. Assim que chegou à clínica onde
Seis meses haviam passado desde que Aline voltou ao trabalho, recebida calorosamente por seus colegas. Sua história, marcada por desafios e superação, tornou-a conhecida e admirada na empresa. Aline parecia brilhar, equilibrando com maestria sua nova vida pessoal e profissional.Enquanto isso, Clark enfrentava uma transformação própria. Ele havia decidido namorar Olivia, inicialmente motivado por um sentimento de culpa, mas, com o tempo, descobriu que estava começando a gostar dela de verdade. Olivia, por sua vez, estava no auge de sua satisfação. Ter Clark ao seu lado era tudo o que sempre desejara, e agora que ele era seu, ela acreditava que poderia deixar para trás as alianças que a levaram a essa conquista.Determinada a encerrar sua parceria com Jones e Janine, Olivia marcou um jantar em um restaurante discreto, longe dos olhos de qualquer um que pudesse conhecê-los. Sentada à mesa com Jones, ela estava elegante, mas sua expressão refletia a mistura de confiança e desconforto que
Os planos de Jones estavam avançando como ele havia planejado. A saúde de Dominic, seu tio, se deteriorava lentamente. Embora ainda comparecesse à empresa ocasionalmente, era evidente que ele estava mais fragilizado. Suas visitas se tornaram menos frequentes, e quando aconteciam, ele passava a maior parte do tempo em sua sala, descansando, em vez de tomar decisões importantes sobre os negócios. Naquele período de dois anos, Jones conseguiu reassumir o cargo de diretor, para o desgosto de Clark, que observava a situação com relutância e frustração. Certa manhã, no escritório de Dominic, Jones entrou com um sorriso calculado e um arquivo debaixo do braço. — Tio Dominic, pensei em atualizar você sobre os projetos da filial do Japão — começou Jones, com uma voz doce e solícita. Dominic estava sentado à sua mesa, com a postura visivelmente cansada. Ele ajustou os óculos e respondeu: — Não sei se estou com cabeça para discutir detalhes hoje, Jones. Talvez você possa me dar um resumo br
No dia seguinte, Aline acordou ainda cansada e preocupada, mas sabia que precisava seguir com sua rotina. Antes de sair para o trabalho, ela se certificou de deixar Gabriel com a babá, Juliana, instruindo-a com firmeza: — Juliana, qualquer coisa, qualquer desconforto que o Gabriel sinta, me ligue imediatamente, está bem? — Pode deixar, Aline. Vou cuidar bem dele — respondeu Juliana com um sorriso reconfortante. Com o coração apertado, Aline seguiu para o escritório. A manhã passou rapidamente, embora ela mal conseguisse se concentrar em suas tarefas. Sua mente insistia em voltar para o hospital, revivendo a conversa com o médico e a expressão serena de Gabriel. Na hora do almoço, Aline decidiu saiu no horário que era de costume. Enquanto caminhava em direção à saída do prédio, pegou o celular e ligou para Juliana, ansiosa por boas notícias. — Oi, Juliana, como está o Gabriel? Ele se alimentou direitinho? — Sim, Aline, ele está bem. Está brincando agora — respondeu a babá do outr