Clavel saiu de casa com o coração cheio de preocupação pelas crianças doentes. Se alguns deles fossem filhos do seu cunhado Ariel, teria de ajudar a sua irmã Camélia, pensou enquanto caminhava pelo jardim. Os seus olhos pousaram num grupo de baloiços, onde os irmãos daqueles que gozavam de boa saúde brincavam sob o olhar atento das amas e dos seguranças. Contudo, algo chamou a sua atenção.
Havia um jovem sentado à sombra de uma imponente árvore, limpando constantemente a testa suada com um lenço. O seu rosto parecia-lhe estranhamente familiar, como se já o tivesse visto antes. Uma sensação de incredulidade apoderou-se dela enquanto tentava recordar de onde conhecia aquele jovem. Então, como um raio de luz que atravessa a mente, uma recordação surgiu das profundezas da sua memória. Outro jovem, muito pNa casa dos Rhys, conseguiram remover a bomba que o jovem tinha presa ao corpo. O ex-senador Camilo Hidalgo, junto com os seus filhos Camélia, Clavel, Gerardo e uma outra jovem encantadora, visivelmente emocionada, rodeavam o jovem deitado no chão e aguardavam ansiosos que ele despertasse. Por fim, viram-no levantar-se de súbito e abraçar-se à jovem que tinha vindo com Camilo.—Como conseguiste escapar? —perguntou emocionado.—Perdoa-me, meu irmão, por não te ter deixado ir antes falar com o nosso pai. Tinhas razão! A mãe do Gerardo mentiu-nos —disse a jovem prontamente.—O que queres dizer? —perguntou ele intrigado, incorporando-se com a ajuda dela.—Foi ela quem nos deu para adoção, não os nossos pais, foi ela! —afirmou enquanto o abraçava, olhando-o fixamente nos olhos, e acrescentou:— Os nossos pais não faziam
O doutor Félix conseguiu estabilizar o jovem Reutilio, que finalmente desperta e se alegra ao ver-se nos braços do seu pai. Marlon, ao senti-lo, abre os olhos de imediato.—Como te sentes, filho? —pergunta tocando a testa do pequeno.—Salvaste-os, pai? Salvaste-os? —pergunta com urgência.—Sim, sim, olha para eles nas suas camas —aponta-lhe Marlon. Depois de o tirar da câmara de oxigénio, levaram-no para o quarto onde estavam os restantes—. E tenho-te uma surpresa.—Uma surpresa? Tenho medo de surpresas, pai —diz apertando a mão de Malo.—Esta vais gostar —Marlon sorri-lhe e aponta para um lugar—. Vês aquela mulher bonita que está a dormir naquele sofá ao lado dos teus irmãos?—Sim, é a tua esposa. A senhora Marcia que me salvou —responde o menino.—Não só isso, é ve
Ao Major não passou despercebido que o capitão tinha algo mais em mente. Algo na sua postura denotava que a conversa estava longe de ter terminado. —O que descobriu sobre a doutora Elizabeth? —perguntou com um tom inquisitivo, focando o olhar no homem à sua frente. Tinha pedido que a investigassem, guiado por uma suspeita que ainda não conseguia explicar completamente. O capitão António hesitou por um momento antes de falar, soltando um breve suspiro, como se o que estava prestes a dizer fosse tão grande quanto preocupante. —Acredito que as suas suspeitas estão corretas, Major —disse finalmente, baixando ligeiramente a voz. O seu tom agora parecia carregar um peso ainda maior—. E tenho provas que podem mudar o rumo da sua investigação. A expressão do Major endureceu ainda mais, como se os seus traços fossem esculpidos em pe
Os jovens estenderam os braços decididos, enquanto observavam Ariel Rhys entrar, surpreendido com a notícia, correndo para colocar-se ao lado da esposa. Cada nova informação era uma grande surpresa para todos. Gerardo adiantou-se, ansioso para saber o que Juan pretendia fazer com a bomba da revelação. —Garantiram-me que devolveriam a minha irmã se eu a deixasse nesta casa, mas, ao ver as crianças, não tive coragem —confessa, apertando o braço. —Estou tão feliz que Clavel me tenha reconhecido! —És tão parecido com o Gerardo! E tu, María, pareces-te com o papá, não é, Camelia? —pergunta emocionada. —Sim, é verdade. Este é Ariel Rhys, meu marido —apresenta-o Camelia, olhando para a possível irmã com preocupação—. O que tens, María? Porque
O capitão Miller olhava para a doutora Elizabeth com incredulidade. Malena sempre se tinha comportado bem com ele. Tinha um prestígio conquistado no exército que colidia com tudo aquilo que Elizabeth lhe estava a dizer agora. Era evidente que ela tinha uma obsessão por casar-se com ele, mas daí a fazer aquilo havia um grande passo. —Elizabeth, não consigo acreditar no que me estás a dizer sobre ela. A Malena seria incapaz de fazer essa traição —respondeu, hesitante, perante o olhar dela. —Ela fez, Miller! Até notificaram o teu pai, e ele encontrou-te jogado num hospital de veteranos no Iraque —contava Elizabeth com lágrimas nos olhos—. A tua ferida tinha infetado. Não me deixaram aproximar porque não eras “nada meu”. A Malena acusou-me de má prática médica porque, quando finalmente descobri onde te tinham, e
Ariel dirigiu-se para o interior da casa acompanhado pelos dois filhos, deixando os Hidalgo a lidar com a situação familiar que os tinha levado até ali. A semelhança física entre os recém-chegados e o resto da família era tão impactante que já ninguém duvidava da verdade, independentemente do que os resultados de qualquer teste de paternidade pudessem confirmar. O ar parecia denso, carregado de emoções difíceis de decifrar, enquanto o eco das palavras recém-pronunciadas continuava a flutuar no ambiente. Já dentro de casa, as crianças, entusiasmadas por terem o pai novamente com elas, bombardearam-no de perguntas. As suas vozes enchiam a sala como um turbilhão incessante. Ariel decidiu que o melhor era sentar-se com eles, deixando por um momento as preocupações que gravitavam na sua mente. —Pai, porque foste embora durante
Ariel e Camelia viraram-se ao ouvir o leve ranger do chão sob os passos pausados da avó, que entrou na casa de banho com a solenidade que só o tempo pode conceder. Lá dentro, os gémeos continuavam a brincar na banheira, alheios à conversa que estava prestes a começar. A avó, mais magra mas tão firme como sempre, observou-os com aquela mistura de ternura e autoridade tão própria dela. Ao ouvi-la perguntar pelas crianças resgatadas e referir-se a elas como se fossem suas, Ariel sentiu um aperto de emoção. Levantou-se rapidamente e abraçou-a.—Ainda não sabemos, avó —disse com uma cordialidade que tentava disfarçar a sua ansiedade, embora sem sucesso—. No total, encontrámos oito. Seis estão muito mal, subnutridos e com problemas respiratórios devido à exposição a substâncias químicas.
O capitão e Elizabeth conduzem a toda a velocidade de regresso ao hospital. Ao chegar, a médica corre, seguida por ele, até ao quarto onde está o seu filho. Ao não o ver, sai à procura da enfermeira que a tinha chamado de urgência.—O que se passa com o meu filho? —pergunta de imediato.Está desesperada por não o encontrar na cama, enquanto o capitão Miller se junta a ela, decidido a doar a sua medula.—Tem de falar com o seu médico —diz-lhe a enfermeira—. O seu filho está a ser operado.—O quê? Operado? —perguntou, sem entender.Miller e Elizabeth olham um para o outro e correm para a sala de operações. Os passos apressados ecoam pelos corredores do hospital, enquanto os seus corações batem com ansiedade e esperança. A angústia e a tristeza entrelaçavam-se nos se