Camelia desata-se a chorar inconsolavelmente ao perceber que sim, que tem um problema sério. Ela, que obrigou todos a comparecer precisamente ao aniversário que a sua sogra organiza todos os anos para os seus filhos, tinha-se esquecido por completo. E apercebe-se que tem de fazer algo urgente; não pode continuar assim, pensa enquanto continua a chorar.—Não, não, Cami, não chores, por favor —tenta acalmá-la Ariel, ao perceber que o problema é mais grave do que tinha calculado. Têm de tomar medidas urgentes ou perderá Camelia e, com ela, toda a sua família e estabilidade emocional.Continua a tentar acalmá-la enquanto ela não consegue parar de chorar desconsoladamente. Quando finalmente consegue, garante-lhe que tudo está bem, que tem um plano. Enquanto fala com ela, fá-la entrar novamente no duche, deixando que a água corra pela sua cabeça, até que vê que se acalma.—Cami, isto mostra-nos que não superámos nada. São demasiadas coisas com as quais estamos a lutar —ajuda-a a tirar o sab
Lucrecia começou a dirigir-se para o lugar que Luis lhe tinha indicado. As pessoas, envolvidas no êxtase das luzes e dos sons, dançavam e gritavam sem parar. No entanto, quando o DJ assumiu o comando, o alvoroço tornou-se ensurdecedor. A explosão de fogo, luzes e música transformou o espetáculo em algo emocionante e indescritível para ela, que finalmente chegou à casa de banho. Depois de esperar a sua vez para entrar, fez as suas necessidades e lavou um pouco o rosto para se recompor. Ao sair, viu Luis à sua espera. —Porque demoraste tanto? —perguntou ansioso—. Pensei que alguém te tivesse apanhado. —Quem é que pode apanhar-me a mim? —riu Lucrecia e abraçou-o—. Vamos para a nossa mesa. —Não, já temos de ir para o reservado —deteve-a Luis—. Olha, trouxe-te uma garrafa de água. —Que ótimo, obrigada! Era mesmo disto que precisava —e, sem pensar duas vezes, esvaziou a garrafa num só gole, perante o olhar satisfeito do seu novo amigo, que a puxou pela mão enquanto se aventuravam
Ariel olhava para a sua esposa com seriedade. Não conseguia entender como ela não percebia o lado mau das pessoas, apesar de tudo o que tinha vivido desde que nasceu. Depois, fixou o olhar no mar, soltando um profundo suspiro antes de tentar falar com suavidade. — Cami..., linda. Estás a falar a sério? Mesmo com tudo o que nos está a acontecer, não consegues ver o mau nas pessoas? — perguntou, sentindo-se frustrado. — Não estou a dizer que seja verdade o que disseram sobre a Lucrecia, que ela está apaixonada por mim. Mas não podes negar que, desde que a encontrei, não me deixa em paz. Camelia observou-o em silêncio, tentando recordar todas as situações vividas com Lucrecia que tinha ignorado ou justificado. No entanto, as imagens da jovem espancada e ensanguentada não lhe saíam da cabeça, ao ponto de se ver refletida nela no dia da
Marlon Rhys desliga o telefone e fica pensativo. Ariel acaba de lhe ligar para informá-lo de que ficará um mês na ilha e que deve verificar não apenas o trabalho da pequena editora dirigida por Ricardo, com Nadia como assistente executiva, mas também que investigue o militar que Ismael propôs para dirigir a associação. Com um suspiro, ele pega a fotografia da família que está em sua mesa de cabeceira. Depois, abre uma gaveta onde guarda o teste de paternidade que o jovem lhe deixou: Onde estará?Ele procurou por toda parte, sem resultados; é como se tivesse sido engolida pela terra. Descobriram um tal de Reutilio Miravalles, um empresário de sucesso, embora ninguém saiba de onde veio. Parece ser um homem correto e quase nunca sai de casa. Conforme o detetive lhe dissera, tudo está parado e a busca pelos filhos desaparecidos não parece avançar.—
Lucrecia continua a recordar seu primeiro encontro com Ariel. Depois de pegar o cartão que ele lhe tinha dado, limpa uma lágrima e olha para ele, incrédula de que a sua mãe realmente tivesse conseguido ajudá-la. Apesar do que lhe tinha acabado de acontecer no clube, saiu na hora certa para se encontrar com Ariel Rhys, pelo que, decidida, continuou com o plano.—És mesmo o que diz aqui? Podem ajudar-me? —Depois lembrou-se do que disse, que não era uma sem-abrigo—. Não gostaria de chegar a casa neste estado, os meus pais não me perdoariam.—A sério? E o que está a fazer aqui a estas horas? —perguntou o chefe de segurança de Ariel.—É uma longa história. Juro-vos que não me dedico ao que parece. Um amigo meu convidou-me para uma festa na noite passada e, ao que parece, vendeu-me —respondeu, sincera, ao ver a express&atil
Camelia levantou-se apressada, como todos os dias, e correu para a casa de banho, quando viu o sonolento Ariel aparecer à porta. Ela perguntou-lhe: — O que fazes, querido, levantado tão cedo? Ainda não nasceu o sol. — Tenho imensas coisas para fazer. Preciso ver se finalmente consigo resolver o problema da Lucrecia e esse bebé que não para de chorar... — interrompe-se ao notar como o marido a olha e, nesse momento, percebe que não vai trabalhar e que tudo o que acabou de dizer não faz sentido.Camelia congela-se e olha para Ariel com um pouco de vergonha. O que raio lhe está a acontecer? Precisa de se desintoxicar desse trabalho; é como se fosse uma droga para ela. — Desculpa, Ari, é o hábito — balbucia. — Queres que vamos nadar? — pergunta Ariel, sem dar importância — A esta hora, a água est&aa
A vida nem sempre é justa com quem acredita ter feito tudo corretamente nas suas vidas. Este é precisamente o caso do capitão reformado Lorenzo Miller. Toda a sua família se dedicou por completo ao exército e ao serviço do seu país. Uma bomba veio truncar a sua carreira e o seu futuro; não só feriu o seu corpo, que se recuperou aos poucos, como também afetou o seu cérebro, deixando-o incapacitado para servir, nem sequer num cargo administrativo no exército, e muito menos na política. Por isso, afastou-se da sua família e da sua cidade e veio à procura de Ismael.Ismael e ele tinham sido companheiros, não só no exército, mas também na escola e na universidade. Durante muito tempo, partilharam o apartamento onde viviam. Tinham sido cúmplices de noitadas e travessuras. Conheciam todos os segredos um do outro, até ao momento em que
Depois de se amarem na areia, Ariel e Camelia voltaram a entrar no mar e correram para casa. Entraram silenciosamente na casa de banho, onde voltaram a se entregar ao amor até ouvirem os seus filhos chamá-los. Tiveram o cuidado de trancar a porta da casa de banho. —Filhos! —chama Ariel—, subam para a cama que já saímos. —Sim, papá. A mamã está aqui, não foi embora? —ouve a voz de Alhelí. —Sim, querida, aqui estou. A mamã não vai para lado nenhum sem vocês— responde Camelia, com um nó na garganta ao perceber a desconfiança na voz da sua pequena. Ariel, que já saiu do duche e está a secar-se, não diz nada. Apenas continua a fazer o que está a fazer, focado em secar-se e ir ver os filhos. Vê-a derramar algumas lágrimas e pergunta: —E agora, por