Ariel observa a sua esposa enquanto ela sai da água. É um momento que também o preocupa, mas ele não diz nada porque não quer aumentar a ansiedade de Camelia.
—Não precisas preocupar-te com isso. Nós os dois já avançámos muito na nossa confiança. Vamos devagar, como da primeira vez, lembras-te? —tenta desanuviar a situação. Com expressão pensativa, continua—. Embora agora que penso nisso, acho que ia demasiado devagar. Certas pessoas obrigaram-me a ir mais depressa, ah, ah, ah...—Não sejas mau! Eu estava drogada —protesta Camelia, divertida ao recordar-se daquela primeira vez—. E tu estavas com medo, não o negues. Só me davas beijos, eu tive de te ajudar! Ah, ah, ah… Morrías de medo! Ah, ah, ah...— Não vou negar, estava com medo —aceita Ariel ao ver como ela continua a conversa noO som das coisas ao cair faz com que saltem assustados. Ariel deixou-as cair ao ouvir a última notícia. Ele apanha-as nervoso, coloca-as na mesa e aproxima-se. Segura a mão de Camelia, que começou a tremer e a chorar.—Não fiques assim, querida, isso não vai acontecer —mas quase não consegue falar, aterrorizado diante dessa possibilidade—. Doutora, pode confirmar se as suspeitas são verdadeiras?—Não se adiantem, acalme-se, Camelia —a doutora, ao perceber o grande medo que ambos sentem, tenta tranquilizá-los—. Pode ser que a ausência do período seja causada por um transtorno ou por tudo o que tem estado a acontecer.—Não posso estar grávida desse monstro, doutora! Não suportarei isso! —vocifera Camelia, agora aterrorizada com a possibilidade—. A vida não pode odiar-me tanto!Faz-se um silêncio,
A doutora tranquiliza Ariel, dizendo-lhe que nada disso os vai afectar, mas Camélia deve submeter-se de imediato a um check-up geral no hospital. Além disso, terão de manter um acompanhamento constante durante e após a gravidez. Não sabem se ela contraiu o VIH.—Embora te tivéssemos feito profilaxia, Camélia, agora mais do que nunca tens que te manter atenta —observa o olhar de medo nos seus rostos, sorri e pergunta—. Querem ouvir novamente o batimento? Camélia?—É do Ariel? Tem a certeza de que o meu bebé é do Ariel? —insiste Camélia, sentindo ainda um enorme medo no seu peito.—Sim, sim, querida! De certeza que foi naquele dia no jardim! Ah, ah, ah… —ri nervosamente Ariel, tentando desviar a atenção do susto que Camélia sente—. Ou foi na praia?—Ariel! —exclama Camélia, corando ao nota
Ambos conversam enquanto avançam, seguindo as crianças que correm ao encontro de Marcia, que saúda Ismael com uma mão enquanto ouve os seus filhos gritar ao ver o avião levantar voo novamente.—Lembras-te do tipo que salvei junto com os outros, por quem me deram a medalha de coragem, e que depois desapareceu do acampamento? Chamava-se Osvaldo —recorda ele com tristeza.—Sim, agora lembro-me. O que aconteceu com ele? Estava no Brasil? —pergunta com interesse.—Exactamente, pai! Devia ter deixado que o matassem! —exclama Ismael, visivelmente irritado.O pai, ao ouvi-lo, para e olha-o nos olhos. O filho, imediatamente, conta-lhe que Osvaldo era um dos homens que dirigia a rede de tráfico humano e que agora compreende o que gritava a mulher, num idioma que ele não entendia, quando chegou para a resgatar.—Eles estavam a espancá-lo porque ele tinha atacado uma das ra
Ismael, ao ouvir aquilo, emociona-se e imediatamente coloca as mãos na barriga da esposa, que continua a contar que a mãe e o bebé não conseguiram dormir bem durante o mês em que ele esteve ausente.—Vamos, amor, ficaremos contigo para descansar e promete que nunca mais te vais separar de nós —diz-lhe, beijando-o com amor.—Prometo, amor, prometo, bebé —responde Ismael, que não podia estar mais feliz. Olha para o pai e aponta para a mãe. Ele acena com a cabeça e observa-os afastarem-se felizes.Depois, concentra-se no olhar preocupado da sua esposa, Aurora, que observa o marido junto de Marcia e dos netos. Aproxima-se deles, e as crianças abraçam-na, mas soltam-na imediatamente ao verem o pai, Marlon, aproximar-se.—Meninos! Não corram assim! —chama-lhes a atenção Marcia, que corre atrás deles.—Porquê
Todos olham uns para os outros sem saber como reagir; é algo que apanhou todos de surpresa. Embora tenham ouvido a última notícia, o medo e a dúvida corroem-nos. —Parabéns, Ari! E dá um abraço à Camelia da nossa parte —reage Marlon. —Mano, estavas aí? Por que não me respondeste? —pergunta Ariel, imerso na sua felicidade. Mas ouve a voz da sua mãe. —Muitos parabéns, filho, muitos parabéns. É uma bênção este bebé. Vou fazer um almoço de boas-vindas e, antes que digas algo, será apenas para a família —explica emocionada Aurora—. Dá também os parabéns à Cami e diz-lhe que tudo ficará bem; vamos cuidar dela. —Convida também os pais e os irmãos dela, mãe —pede Ariel, cheio de emoç&at
É tanta a sua felicidade que, apesar da distância que os separa, a sua voz reflete a imensa alegria que sente naquele momento. Ri feliz ao ouvir a emoção dos seus pais e do seu irmão, especialmente com a insistência do seu pai em que o bebé leve o seu nome, seja qual for o sexo; ele quer que a criança herde o nome. —Vamos ver, papá —depois pergunta-lhes—. Acham que amanhã podem esperar-nos na casa dos pais do Ariel? —Vêm, filha? —pergunta Lirio, que conseguiu colocar o telefone em alta-voz antes de o marido lho tirar da mão—. Vão finalmente regressar a terra? Camelia confirma que sim, que prefere passar a gravidez em terra. Para alegria de todos, avisa que ficará um bom tempo com eles na quinta, já que quer estar ao seu lado. Lirio emociona-se ao ouvi-la, ansiosa pelo dia em que a terá finalmente consigo.
O imenso iate dos Rhys entra no porto sob a admiração de todos. Toda a família foi dar-lhes as boas-vindas. Observam como Camelia desce, segurada por Ariel e rodeada por guardas de segurança que mal permitem que a vejam.—Não achas que estás a exagerar, Camilo? —pergunta a senhora Lirio, reconhecendo muitos homens do seu marido a cuidar da sua filha—. Mal a deixam respirar.—Mãe, melhor assim, vai habituar-se como eu —diz Clavel, sorrindo ao ver a sua irmã. Depois deixa-os e avança até Camelia, que, ao vê-la, tenta correr para ela, mas o grito angustiado do seu marido impede-a.—Não corras, Cami, lembra-te do bebé! —detém-se, levando uma mão ao seu ventre plano e espera que a sua irmã, que é alcançada pelo irmão Gerardo, chegue.Os três abraçam-se emocionados, perante os protesto
O caos apoderou-se do terraço. Sofia, entre contrações cada vez mais intensas, alternava o olhar entre o marido inanimado a seus pés e os rostos preocupados da família. O senhor Rhys ergueu-se com a autoridade que o caracterizava e, como um general no meio de uma batalha, começou a dar ordens com voz firme e clara: —Félix, cuida da Sofia —chamou, embora ele já tivesse corrido até ela—. Marlon, acorda o teu irmão. Marcia, leva as crianças para dentro de casa com a Camelia e a avó —fez uma pausa e olhou para a sua esposa—. Aurora, manda aquecer água, não creio que a Sofia chegue ao hospital. Ariel e Oliver, levem a Sofia para o quarto no rés-do-chão. Camilo, trata de chamar a ambulância, só por precaução. Enquanto Marlon tentava reanimar Ismael com suaves palmadas nas bochechas, Ariel e Oliver l