3 UM FAVOR INÉDITO

Eu tinha ficado observando-a sem compreender o que me pedia. Sério, minha mente estava naquele momento buscando possíveis fatos que tivessem acontecido com minha funcionária na minha empresa e que eu teria que resolver àquela hora da noite.

—Por favor, senhorita Camélia, pode finalmente me dizer o que aconteceu para ver se posso ajudá-la? —perguntei um pouco exasperado.

—Pois é, senhor, nos chocolates havia esta droga, sabe, esta droga..., esta droga... —gaguejava como se temesse ou se envergonhasse de dizer.

—Que droga? —perguntei para incitá-la a falar, agora verdadeiramente intrigado.

—Pois esta que faz você cometer loucuras, que..., que faz você querer fazer com qualquer um, sabe, aquele ato..., aquele..., sabe..., entre um homem e uma mulher... —tentava me explicar toda ruborizada e baixava o olhar enquanto gaguejava diante de mim, que não podia acreditar no que me dizia— e eles riam de mim, diziam que eu iria correndo suplicar a eles que me fizessem o "favor", mas antes me mato, senhor!

 A revelação de Camélia me deixou em estado de alerta máximo. A ideia de que alguém pudesse ter manipulado a comida ou a bebida de uma funcionária da minha empresa com uma droga de excitação era algo não só moralmente repugnante, mas também perigosamente ilegal. A situação tinha escalado de uma possível brincadeira de mau gosto para um potencial crime grave.

 A gravidade do assunto assentou-se no meu peito como uma laje pesada. Pude ver o medo genuíno nos olhos de Camélia, o tipo de medo que surge quando alguém se sente completamente vulnerável e em perigo. Seu nervosismo era agora uma mistura de terror e os efeitos da droga que corria pelo seu sistema, provocando reações em seu corpo que ela não podia controlar.

Ela andava de um lado para o outro, incapaz de ficar quieta, com a respiração rápida e superficial. Eu sabia que tinha que agir rapidamente. Não só devia tranquilizá-la e garantir sua segurança, mas também considerar os passos legais e médicos necessários para abordar a situação. A voz de Camélia me tirou dos meus pensamentos, eu estava pensando em ligar para você, Oliver, para que me dissesse o que fazer, mas o que se seguiu me deixou perplexo.

—Me desculpe, senhor, eu já estava saindo para casa, mas vi sua luz acesa e me ocorreu..., me ocorreu..., é..., sabe..., talvez o senhor..., bem, quero dizer, que talvez o senhor pudesse me ajudar! —Terminou parando na minha frente.

—Ajudá-la em quê, senhorita? —perguntei, não querendo entender que ela estivesse me pedindo o que eu imaginava.

—O senhor sabe, senhor..., fazer-me o "favor"! —e apressou-se a dizer diante da minha cara de surpresa e incredulidade—. Fique claro, é sem nenhum compromisso, nem lhe exigirei nada, nada mesmo, só preciso que me ajude, senhor, por favor —suplicou-me desesperada e continuou falando como uma louca enquanto se movia de um lugar para outro diante do meu olhar de surpresa.

 Não soube o que responder de imediato a esse pedido, também não estava certo se não era uma brincadeira dos meus irmãos, ou se realmente estava acontecendo. Era o dia dos Namorados e vocês já conhecem aqueles dois, todos os anos me fazem uma maldade. Camélia, ao ver que eu não respondia, continuou falando.

—Eu estava disposta a procurar qualquer um por aí, pensei em ligar para um amigo meu, mas ele não está na cidade. Antes de pedir a um estranho, peço ao senhor que sei que é uma pessoa correta, que não vai abusar de mim, que é saudável, além de ser meu CEO. Por favor, senhor, me ajude, faça-me o "favor"! —Terminou de falar tudo aquilo numa velocidade tremenda, para parar e olhar nos meus olhos suplicante.

 Já podem imaginar como me senti, não podia acreditar que ela estivesse me pedindo esse "favor", pude perceber pela forma como se movia e começava a se tocar que era verdade, tinham-na drogado. Também, porque ouvi as risadas e os comentários dos seguranças. Senti pena da moça.

—Vamos, senhorita Camélia, vou levá-la ao hospital, eu arcarei com todas as despesas— ofereci-me, levantei-a e saí com ela no meu carro, mas quando paramos num semáforo, ela saltou em cima de mim.

—Desculpe, senhor, não aguento mais, não aguento mais. Faça-me o "favor" aqui mesmo!— Pediu-me desesperada.

E lá estava eu, quebrando a cabeça. Não vou mentir para vocês, o pior é que, com o desespero com que ela me beijava, pude perceber que ela não sabia fazê-lo; mesmo assim, retribuí o beijo. Mas quando o semáforo ficou verde, continuei com ela em direção ao hospital, onde finalmente chegamos. Expliquei tudo ao médico, dizendo que era minha namorada e que lhe tinham feito essa brincadeira, tentando evitar mencionar minha empresa, vocês sabem, por causa das implicações legais que tudo aquilo poderia ter. Ele me disse que naquele momento não tinham o antídoto e que demoraria pelo menos meia hora para chegar; sugeriu que o melhor seria fazer amor com minha namorada a noite toda, que isso seria o melhor antídoto.

—Caramba, meu irmão! O que você fez? —perguntou Félix—. Ela é muito feia?

—Você fez o "favor" a ela? —interveio Oliver—. Ou a levou para outro hospital?

—Não vou mentir para vocês, fiquei sem saber o que fazer. Ela não se descolava de mim, estava desesperada. Me tocava, me beijava, estava me deixando louco —continuou contando Ariel diante do olhar intrigado dos seus amigos.

—E então? —perguntou Oliver.

—Deixem que eu continue contando —disse Ariel dando um gole em sua bebida— vocês não vão acreditar. Eu ainda não acredito e é isso que me deixa assim.

De repente, me vi diante de um dilema ético de proporções consideráveis. Continuou contando Ariel, vendo como seu amigo advogado Oliver assentia. A proposta do médico, longe de ser uma solução profissional e ética, era um desafio à minha moralidade e à minha responsabilidade como chefe da Camélia.

—Mas não vou negar para vocês, ao ouvir as súplicas da Camélia, meu conflito interno se intensificou e ninguém melhor que vocês sabe o motivo —disse Ariel voltando a beber.

—Então, o que você fez, Ariel? —insistiu Félix.

—O que você queria que eu fizesse diante das súplicas dela e da resposta do médico? —perguntou Ariel e continuou contando tudo o que havia acontecido naquela noite.

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