Oliver olha-o sem entender o motivo de tal pedido. Marlon explica-lhe que não lhe cabe na cabeça que aquelas pessoas terríveis sejam realmente os seus pais biológicos. O advogado acena afirmativamente, embora o advirta que nem todas as famílias são como a deles, há muitas muito disfuncionais.
—Está bem, sei disso, mas preciso de esclarecer esta dúvida —aceita Marlon, com a esperança de que Camélia não tenha nada a ver com aquela família que quase matou o seu irmão—. Ficaria muito feliz se ela fosse adotada, ou se a tivessem levado. É uma rapariga excecional, não merece nenhum deles, exceto a avó.Umas batidas na porta interrompem-nos. A cabeça da sua esposa e secretária, Márcia, aparece, informando que Enrique Mason quer vê-lo.—Enrique Mason? —perguntam os dois em uníssono.—SMarlon lê o envelope que Enrique trouxe, repleto de informação sobre as atrocidades que Mailen tem feito ao Ariel durante todos estes anos, factos dos quais ele não tinha conhecimento algum, o que o desconcerta profundamente. Sempre esteve a cuidar do irmão à distância, sem o sufocar. Mas Ariel desaparecia por temporadas e eles presumiam que viajava com as mulheres que conquistava.Quanto mais examina as páginas que Enrique Mason recolheu para sua própria proteção durante todo este tempo, mais lhe custa acreditar no seu conteúdo. Como é possível que os seus guardas não o informassem de nada disto? Tem de ser uma invenção deste homem para se livrar do castigo que imporá à sua família, diz para si mesmo.—Quando é que isto aconteceu? Quando é que esta mulher louca sequestrou o meu irmão? Por que é que o Ar
No hospital, o doutor Félix chega apressadamente com os maqueiros. Sem perder tempo, transfere a cama onde estão Ariel e Camelia, que adormeceu abraçada a ele. Os seguranças escoltam-nos enquanto Félix dá ordens categóricas: ninguém, exceto ele próprio, tratará do Ariel; não haverá enfermeiras, e tanto ele como a sua noiva encarregar-se-ão pessoalmente dos seus cuidados. Como medida de máxima precaução, tranca a porta à chave. Depois, seguindo as instruções de Marlon, adverte a família do Ariel para não o visitarem nem saírem sozinhos.Camelia acorda no meio da noite. Confusa por se encontrar num quarto diferente, tenta abrir a porta para perguntar aos seguranças sobre esta mudança repentina, mas encontra-a trancada. Sem dar muita importância, volta-se e aproxima-se do Ariel, inclinando-se para o beijar sua
As lágrimas escorrem como rios pelas faces de Camelia ao ouvir sua adorada avó. Sente como se aquelas palavras a tivessem despertado, tirando-a do mundo escuro onde se havia refugiado.—Avó, não me repreenda mais, prometo. Eu farei, ficarei ao lado dele enquanto ele me quiser —assegura com renovada coragem ao sentir o apoio da avó—. Não permitirei que a Marilyn nem essas loucas ganhem, não me separarei dele, a menos que ele deixe de me querer.—Bravo, filha, bravo! Luta pela tua felicidade —exclama a idosa—. Camelia, sê egoísta nem que seja uma vez na vida, mereces isso. Ainda que renuncies ao teu nome, a tudo por ele, acredita que vale a pena, minha filha, vale a pena. Tens o meu apoio, não voltarei a deixar-te à mercê deles nunca mais.A idosa faz uma pausa, como se as palavras que está prestes a pronunciar ficassem presas na garganta. Depois
Embora ainda lhe custe acreditar que tudo o que Enrique Mason conta seja verdade, bem no seu íntimo sente que existe algo de verdadeiro nessas provas. Por isso está decidido a ir ao fundo da questão para proteger o seu irmão mais novo, mesmo que seja de si próprio se necessário. Consegue ver a mesma decisão nos olhos do seu irmão Ismael, que se limita a acenar com a cabeça, como se não houvesse necessidade de uma palavra entre eles.—Desde que saímos da escola, só estive com ela até descobrir quem era o Ariel; nesse momento abandonou-me —confessa Enrique—. No próprio dia da formatura, a Mailen começou a perseguir o teu irmão. Quando o Ariel se recusou a aceitá-la de volta, pelo que sei, viajou para o estrangeiro e envolveu-se com um veterano realizador de cinema, que lhe facilitou a entrada na escola de representação. Casou
Enrique suspira, sentindo-se encurralado e sem escapatória. Garante que só soube depois de a Mailen ter raptado o Ariel. Tinha passado quase um mês quando os guardas o capturaram para o interrogar. Não sabia nada desse acontecimento, mas obrigaram-no a contactá-la e assim soube que estava em Malibu. Comunicou isso aos homens do Ariel, que acabaram por o resgatar.—Juro-lhe que não sabia nada desse sequestro, tem de acreditar em mim —garante Enrique, aterrorizado—. Até perguntei aos guardas porque não vos avisavam, e responderam-me que o Ariel o tinha proibido. Que mais podia eu fazer?—Não consigo entender porque é que o Ariel tem estado a sofrer isto sozinho! Não percebo! Será que não confia em nós? —grita Ismael, batendo na mesa.—Eu acho —intervém Oliver, que até àquele momento permanecera em silêncio&
Enrique continua a relatar como, no dia do incidente na aldeia. Depois que ellos se tinham ido com todos os seus homens para levar a Ariel ao hospital. Eles tinham entrado no seu carro e a Mailen amaldiçoava a Camelia por não ter deixado o Ariel com elas, jurando vingança. Olhando fixamente para os Rhys, que o escutavam em silêncio, garante-lhes que aquela mulher está obcecada com o irmão deles e quer fazer com que o Ariel lhe implore para voltar.—E não sei se a história do filho é verdade, mas garanto-vos uma coisa: a Mailen pagava a muitas mulheres, incluindo a Eleonor, para se aproximarem do vosso irmão com a intenção de obter o seu esperma —os olhos dos Rhys abrem-se com incredulidade—. Mas, pelo que sei, nunca conseguiram. No entanto, ela afirma ter um filho dele.—Podes ligar-lhe agora e dizer que as vais ajudar? —pergunta Ismael, arquitetando um pl
Ariel sorri ao ouvir Camelia, notando o ciúme evidente no tom da sua voz. Sabe que precisa contar toda a verdade para dissipar a dúvida que vê refletida nos olhos da namorada.—Mailen me enviou um teste de paternidade positivo, não era uma carta —confessou Ariel—. Quando cheguei à recepção, ela me garantiu que o menino estava dormindo no quarto, que era para acompanhá-la, que ia me entregá-lo porque não podia mais ficar com ele.—Sério? E você o viu? É verdade que tem um filho com ela? —pergunta Camelia realmente interessada.—Não sei, querida, realmente tudo é muito estranho. Por isso fui para esclarecer esse assunto e, se fosse verdade, salvar aquele pobre anjo das garras dela. Mas assim que passei pela porta, um gordo se atirou em cima de mim, e outro me espetou uma agulha no pescoço, e foi isso —conta Ariel levando
Camelia detém-no pousando suavemente um dedo sobre os seus lábios. Olha-o nos olhos, que estão cheios de admiração e dor por ela, enquanto lhe assegura que estava convencida de que ele teria feito o mesmo.—Mesmo quando não sabia o que tinha acontecido, não podia deixar-te ali —diz sem conter as lágrimas—. Com o coração partido, contive-me, vesti-te e tirámos-te daquele lugar. Se não fosse por isso, terias morrido; tinhas uma overdose grave e começaste a ter convulsões. O pai quase te matou!Ariel afasta-se de Camelia para olhá-la fixamente nos olhos. Não consegue acreditar que ela, que parecia tão frágil e indefesa, tenha sido capaz de fazer tudo aquilo que lhe está a contar, à frente de toda a vila, das câmaras de televisão e da louca da Mailen, junto com a Eleonor. Uma imensa felicidade invade-o ao com