Nina.
Uma mesa linda, ampla, bem decorada e farta. Um jantar de noivado, que absurdo! Como eles pensaram em fazer a droga de um jantar de noivado quando a garota disse não antecipadamente? NÃO, alguém aqui nessa droga de mesa sabe o significado dessa palavra? Bom, se não sabem, vão descobrir agora. Aqui no ceio da família Guerra, a garota prometida – no caso, eu – deve servir ao seu futuro marido como um sinal de boas-vindas a família. Acho que deixei bem claro o meu recado aqui, né? Bem-vindo é o caralho! Pensei me esbaldando na atitude grosseira e saí dali, deixando um Thor inteiramente informado das minhas verdadeiras intenções. O recado foi já dado e eu só posso torcer para que ele realmente tenha desistido de tudo. Me pego rindo da cena que deixei para trás. Nossa, ele estava tão lindo, um gato mesmo e acabei deixando-o igual a um...
— Devo admitir que foi bem ousado o que acabou de fazer. — O som da voz máscula soou bem atrás de mim, fazendo o meu coração bater em disparada. Onde está o Darlan e o que ele está fazendo aqui?
— Espero que tenha entendido o meu recado — rebato sem ao menos virar-me para olhá-lo.
— Perfeitamente — responde, parando ao meu lado. Viro a cabeça para o lado para fitar os seus olhos, mas eles estão fixos no horizonte. — É uma bela paisagem!
— Se entendeu o meu recado, por que ainda está aqui? — rosno, ignorando o seu comentário. Então ele finalmente me olha nos olhos. Um olhar tão intenso quanto frio.
— Porque é a minha de lhe transmitir o meu recado. — Franzo a testa e espero que continue. Thor se aproxima ainda mais de mim e automaticamente me afasto dele, mas ele continua a andar até eu sentir os espinhos da roseira atrás de mim e eu me forço a parar ali mesmo. Contudo, ele para a poucos centímetros de mim e os seus malditos olhos frios ainda estão fixados nos meus. — Sabe, eu vim até aqui determinado a dizer não para essa droga de casamento, mas mudei completamente de ideia.
— Por quê? — indago com um sussurro.
— A sua arrogância, a sua petulância me instigou. — Engulo em seco. — E agora estou ansioso para baixar essa sua crista.
— Eu sou uma Guerra e você nunca conseguirá me dominar — rebato entre dentes. Ele rir e o som que ele faz é...
— Você tem uma semana.
— Para que?
— Para ser minha.
— Eu não vou...
— Amanhã alguém entregará um pacote para você. É o vestido do seu casamento. Esteja linda e perfeita para esse dia, porque quero ter o gostinho de abrir cada botão dele. — Seu tom de voz é baixo, muito baixo e rouco. A sua intensidade me faz ferver, mas a sua presunção, essa sim de deixa possessa. Penso em rebater, dizer-lhe que não haverá casamento algum, que prefiro morrer a me algemar a ele, mas ele se afasta me dando as costas em seguida. — Você tem cinco dia, Nina — avisa e desce a escadaria. Ofegante, volto o meu olhar para a linda e iluminada cidade.
— AAAAH!!! — grito o mais alto que consigo, completamente enraivecida até a minha voz sumir da minha garganta.
***
— Ora, vamos, sorria, hoje é o seu casamento, querida. — Mamãe sibila, olhando-me através do espelho de corpo inteiro e com amargura fito o caríssimo vestido de noiva perolado, com suas rendas florais e pérolas espalhados por todo ele. O tecido de um tom muito claro se arrasta graciosamente por todo o piso ilustrado do meu quarto, encontrando-se com o véu igualmente longo. Em meu rosto tem uma maquiagem perfeita que realça a negritude dos meus olhos, porém, como a minha mãe observou, não tem um sorriso nele. Não há motivos para sorrir, não quando estou indo ao meu próprio funeral. Porque sim, não é um casamento, mas estou sendo sepultada, lacrada em um túmulo com o título Ferraz que serei obrigada a carregar para o resto da minha vida.
— Me deixe, mamãe.
— Filha...
— Eu quero ficar sozinha, por favor! — Ela me mostra uma carinha triste para mim, mas faz o que eu peço. A verdade, é que existe um intuito de ficar sozinha aqui e agora, pois a minha guerra contra esse casamento ainda não acabou. Quer dizer, é algo que não conseguirei evitar de fato, mas não quer dizer que precisa ser do jeito deles, certo? Thor pode até me levar ao altar, mas estará levando para a sua casa a sua própria destruição, porque eu irei infernizar tanto a vida desse homem que com toda a certeza do mundo, ele será obrigado a me devolver. Serei a ovelha negra da família Guerra outra vez, mas serei liberta para fazer o que bem entender e isso começa hoje, bem diante das centenas de convidados ricaços e poderosos, e principalmente diante do altar.
— Minha nossa, como é difícil passar despercebida com um caixa desse tamanho! — Júlia entra no meu quarto esbaforida, carregando uma caixa branca que é quase maior que ela. — Uau, amiga, como você está linda! — Ela admira o perfeito vestido de noiva em meu corpo, tocando no tecido com as pontas dos dedos como se ele fosse feito de cristal. Sua boca e olhos estão literalmente abertos. — Tem certeza de que quer fazer isso, esse aqui é tão... lindo!
— Absoluta. Agora me ajude a me livrar disso. — Júlia começa a desabotoar os intermináveis botões, mas droga, eu tenho pressa, muita pressa. Se eu não aparecer naquele altar improvisado no meio do jardim em alguns minutos, Darlan virá bater naquela porta e me arrastar para aquele maldito casório. — Rápido, Júlia, rápido!
— Calma, estou quase terminando. Só mais um pouquinho... mais um pouquinho... pronto!
— Ótimo! Agora me ajude a pôr o outro e depois, quero que fique lá fora de olho e não deixe ninguém entrar.
— Tem certeza disso, Nina? O Darlan vai te matar.
— Tenho. Agora pare de falar e me ajude.
— Está bem.
Entro apressada na longa saia rodada de tule e seda, e Júlia me ajuda a erguer o vestido do chão. Logo o tecido de seda rendada abraça o meu corpo e as mangas três quartos dão forma ao seu design. A minha amiga começa a fechar os poucos botões nas minhas costas e receosa, olho para o relógio em cima do criado mudo. Vinte minutos, esse é o meu tempo para completar o meu look e sair desse quarto antes que o meu irmão me arranque daqui de dentro. O intuito é sair sozinha e chegar lá sozinha também. Deus, como eu quero ver a cara daqueles babacas quando a noiva começar a marchar naquele tapete vermelho. Assim que Júlia sai para a sua vigília, eu começo a retocar a maquiagem. Na verdade, estou só realçando as suas cores e dando o meu toque final para o meu novo look de noiva. Respiro fundo, me olho no espelho e sorrio amplamente para a minha imagem. Imediatamente vou até a caixa e seguro o buquê apropriado para esse momento.
— Estou pronta — sibilo satisfeita e caminho para a porta.
Do lado de fora uma música começa a tocar anunciando a minha entrada para os convidados. De onde estou, vejo todos eles ficarem de pé ansiosos pela minha entrada e Thor ajeita a sua gravata em um misto de ansiedade e nervosismo, eu acho. As portas largas finalmente se abrem e eu saio me gloriando com a cara pasma de cada um deles ao fitar o deslumbrante e luxuoso vestido negro e o buquê da mesma cor. Mas impagável mesmo foi ver a fisionomia horrorizada do meu irmão e claro, do meu noivo. Enquanto marcho pelo longo tapete, escuto os inevitáveis cochichos e burburinhos que parecem se destacar na música e automaticamente esbanjo um sorriso largo demais. Minutos depois, eu me aproximo do altar e Thor trinca o maxilar, sem conseguir evitar de me olhar dos pés a cabeça, parando na maquiagem darck que parece dar mais vida, ou seja, traz a ideia da própria morte, exatamente como eu queria. O padre faz um som com a garganta e ele perece despertar do seu estado de torpor, saindo do seu lugar e me oferece o seu braço.
— Não vai me dizer o quanto estou linda? — O provoco, mas ele não me responde. Contudo, posso ouvir o som da sua respiração sair pelas narinas igual de um touro enraivecido. É, pelo jeito o deixei sem palavras e contrariado também. A cerimônia é bem curta, com palavras rápidas e simples e por fim, um beijo que eu fiz questão que fosse bem curto.
— Onde está o vestido que lhe dei? — Ele rosna ao pé do meu ouvido quando começamos a dançar a valsa. Propositalmente eu me afasto um pouco para olhar em seus olhos.
— Picotado, ou em um saco de lixo qualquer, vai saber. — Outra trincada no maxilar. e eu só queria poder rir na cara DELE, mas sei que já estou enrascada demais, A final, eu cutuquei a onça com a vara curta.
— Porque fez isso, Nina? — Ount, ele está desapontado? Que peninha dele! Penso debochadamente.
— Não está claro? Porque não é o meu casamento e sim, o meu funeral. — Ele respira fundo.
— Que seja. Morta ou não você é minha. Não importa o que faça, eu vou domar você! — Ele range. Furiosa, tento me afastar e deixá-lo sozinho na pista de dança, porém, ele faz pressão na base da minha cintura e cola ainda mais os nossos corpos. — Não se atreva! — rosna, libertando só um pouco o meu corpo e presa a sua mão ele me faz girar e logo estou presa a ele de novo.
— Por que insiste nessa loucura? Por que quer ficar comigo quando eu não quero estar com você? — O questiono.
— Não é obvio? Eu te comprei e o seu irmão me disse para fazer o que quiser de você. Como ver, ele não se importa. — Engulo em seco e automaticamente olho para o meu irmão rodeado por homens importantes. Ele sorrir para mim e ergue a sua taça em um brinde. Desvio os meus olhos dele e fito o homem na minha frente. — Quero que se comporte até o final da festa e talvez, eu disse talvez eu seja bonzinho com você. — Forço um sorriso.
— É claro... querido! — Forço a última palavra a sair da minha boca.
— Ótimo! Agora vamos cumprimentar os nossos convidados.
Thor.A música finalmente anunciou a sua entrada. Droga, e eu nem sei por que estou tão nervoso, a final, tudo não passa de um bom negócio. Olhei para os convidados ansiosos e ajeitei a gravata impecável no meu pescoço. Minha mãe parecia ansiosa por esse momento. Quando lhe contei sobre o contrato de casamento ela parecia outra pessoa. Ficou mais animada e fazia dias que não via aquele brilho no seu olhar. Só esperando que não esteja idealizando um neto. As portas do casarão Guerra se abrem e eu franzo a testa para a imagem que se projeta na minha frente. Eu não acredito que ela fez isso. Não em um dia em que todos estão aqui. Os meus parças, a minha família, alguns membros importantes do governo. Eu estou me passando por ridículo. Penso quando vejo a Nina entrar com um longo e extravagante vestido de noiva preto, uma coroa da mesma cor adornando a sua cabeça e a porra de uma maquiagem pesada que esconde a beleza dos seus olhos. É impossível não ver os olhos horrorizados dos convidado
Thor.— Eu tenho negócios para resolver.— Mas, hoje? Agora? Você acabou de se casar!— Segundo você, não é pra valer, portanto, não vejo motivos pra ficar trancado nesse quarto com uma garota mimada e metida a besta.— Metida a besta é a senhora sua...— Se terminar essa frase, eu não respondo por mim! — advirto-a, apontando um dedo em riste. Ela balbucia. Acabei de descobrir que gosto quando ela fica assim sem palavras. Isso me diverte. Contudo, ela mexe os ombros com desdém, mas de um jeito engraçado.— Por mim, tudo bem, eu não me importo!— Ótimo! - Dou-lhe as costas para sair.— Espere, será que você pode... — Ela aponta para atrás do vestido. Arqueio as sobrancelhas de um jeito bem atrevido e ela solta o ar exasperado.— O quê? — Dou uma de desentendido.— O vestido. — Faço um gesto de desdém.— O que tem ele? — Ela revira os olhos com impaciência.— Será que o senhor pode me ajudar a abrir os botões?— Ah, desculpa, eu não entendi.— Isso é sacanagem, não é? Você só pode estar
Thor.— Vai lá, pega a porra do meu dinheiro. Mas não esquece de me trazer os dedos de uma mão. Essa será a punição daquele ladrão filho da puta. — Corvo faz sinal para os seus homens e saem do quarto. — E você, preste bem a atenção porque eu não vou repetir. Você pegou a minha mercadoria, portanto, me deve. Se me pagar está de boa, mas se não, eu cobro do meu jeito. Entendeu, porra?— Entendi! Entendi! Isso não vai se repetir.— Entenda uma coisa. Se você não conseguir vender, o problema é seu e não meu. Você tem um prazo e precisa ser macho o suficiente para cumpri-lo. Se não tem o dinheiro, te vira. Rouba a tua mãe, assalta a porra de um banco, vende a tua irmã. Não me importa como vai conseguir a porra do dinheiro. E da próxima vez não haverá mais perguntas — rosno e saio em seguida.Do lado de fora acendo um cigarro, sentindo cada gota da adrenalina percorrer o meu sangue. O trabalho do rei do tráfico não é fácil. Eu aprendi com o Léo que agir com punhos de ferro é a melhor manei
Nina.— NINA?!!Meu corpo inteiro estremece quando ele solta esse rugido que com certeza o casarão inteiro escutou, mas eu não posso demonstrar fraqueza agora. Portanto, viro-me de costas para aquela porta assim que ele dá o primeiro chute violento e miro os meus olhos no horizonte. Seja forte, Nina, seja forte! Mais dois chutes e a porta se abre com uma violência tão brusca que se impacta com força contra uma parede. Em seguida, vem o som da sua respiração. Ela está tão pesada e ofegante, que se pode comparar ao som de um touro em fúria diante de um pano vermelho, que acena provocante para ele. Permaneço de costas para ele e em silêncio, dessa forma ele jamais perceberá que estou com medo. Porque sim, estou com muito medo de que o que eu fiz tenha libertado um monstro, ou apenas o senhor todo poderoso. E credite, o senhor poderoso seria mais fácil de lidar.— Que porra você pensa que está fazendo? — Ele brada adentrando ainda mais o quarto. — Não brinque com fogo, Nina, porque paciên
Nina.— Ele disse isso?! — Minha amiga praticamente grita a indagação ao telefone. Incomodada, afasto o celular do ouvido e torno a encostá-lo.— Com todas as palavras.— E você?— O que queria que eu fizesse?— Sei lá! Que o beijasse, se entregasse, abrisse essas drogas de pernas para ele? Pelo amor de Deus, mulher, não pode deixar um homem desses na mão! Se é que você me entende.— Julia?! — A repreendo, mas já é tarde demais, porque a minha mente desenhou direitinho um homem grande e forte como o Thor manuseando a sua mão hábil bem lá. Sacudo a cabeça para lançar esse pensamento nada decoroso para bem longe de mim.— O que você quer que eu diga?— Ele se declarou pra você e você não fez nada! — exclama ainda admirada.— Ele não está apaixonado por mim, Júlia. Isso é só desejo carnal e você sabe que eu sonho com um amor para a minha vida.— Na real, Nina, acho que você não consegue mais do que isso. Não nesse mundo e definitivamente, não nessa vida — bufo desanimada. O pior é que el
Nina.— Ah, eu não posso aceitar, amiga! Você já me ajuda o bastante. — Seguro a sua mão e forço-a a abrir a palma, colocando o cartão na sua palma, fechando os seus dedos em seguida.— Não me tire as poucas horas que tenho de sono, Júlia, por favor! Eu não vou ficar tranquila se for trabalhar no casarão dos Guerra. Use esse cartão, é por pouco tempo e eu prometo que darei um jeito de resolver essa situação. — Ela puxa uma respiração audível e me abraça bem apertado.— Ain, obrigada, amiga, por tudo que tem feito! — Retribuo o seu gesto, afagando as suas costas.— Às vezes tenho as minhas dúvidas quanto a você ser tão jovem, juro.— Você é como uma irmã pra mim e eu nunca vou te deixar sozinha. Sabe disso, não é? — Ela se afasta, olha nos meus olhos e rimos.— Eu sei, mas nunca saberei como te agradecer. — Nos olhamos em silêncio por um tempo. — Ain, me deixe aproveitar essa cama redonda, estupidamente grande e macia — pede e se esparramando no colchão, abrindo os braços e pernas, e s
Thor.A guerra do tráfico nada mais é do que a ambição por mais poder. Quanto mais poderoso nesse universo, maior a chance de ser intocável tanto pelos homens, quanto pelos seus inimigos e adversários. Tenho certeza de que foi isso o que tentaram fazer com o meu pai. Eles pensavam que o filho do Lorde jamais conseguiria levar a administração da boca a diante. Sabe como é, jovem demais, nunca assumiu uma função na equipe, nunca enfrentou um traficante cara a cara e ainda fazendo faculdade. O que eles não sabiam é que tudo era uma estratégia do Lorde do tráfico. Por trás das cortinas ele me treinava, mostrava o caminho certo para seguir. Os gestos, os olhares, um simples tremular nas mãos, tudo são sinais para me deixar confiante ou em alerta. Meu pai me ensinou tudo sobre os malotes, até mesmo a identificar quando temos uma mercadoria pura e de boa qualidade ou quando ela está batizada, se é que vocês me entendem. Enfim, por que estou falando sobre isso? Porque exatamente agora eu tenh
Thor.— O que tem nessa bolsa? — pergunto e ela estanca outra vez, soltando um suspiro baixo em seguida.— O quê? — Ela me olha por cima do ombro, porém, não esconde o seu nervosismo.— A bolsa, Júlia, o que tem dentro dela?— Ah, nada demais. É só... algumas coisas minhas. — Sorrio, porque eu sei que ela está mentindo pra mim. Faço um gesto para o segurança em pé na porta e o homem prontamente se aproxima.— Entregue a bolsa pra ele — ordeno com um tom levemente rude. Ela arregala os olhos em surpresa.— Ah, o que é isso Thor? Você não confia em mim?— Se não tem nada demais então não há problema em mostrar, certo? — Ela revira os olhos e debutante entrega a bolsa. Meu segurança abre o zíper e começa a tirar algumas coisas de dentro. Confesso que não estou surpreso de encontrar uma quantidade grande de comida lá dentro. Definitivamente essa mulher está extrapolando comigo. — Leve tudo para a cozinha e distribua entre os empregados.— Mas você não pode fazer isso! — A garota protesta,