Cinco

Thor.

A música finalmente anunciou a sua entrada. Droga, e eu nem sei por que estou tão nervoso, a final, tudo não passa de um bom negócio. Olhei para os convidados ansiosos e ajeitei a gravata impecável no meu pescoço. Minha mãe parecia ansiosa por esse momento. Quando lhe contei sobre o contrato de casamento ela parecia outra pessoa. Ficou mais animada e fazia dias que não via aquele brilho no seu olhar. Só esperando que não esteja idealizando um neto. As portas do casarão Guerra se abrem e eu franzo a testa para a imagem que se projeta na minha frente. Eu não acredito que ela fez isso. Não em um dia em que todos estão aqui. Os meus parças, a minha família, alguns membros importantes do governo. Eu estou me passando por ridículo. Penso quando vejo a Nina entrar com um longo e extravagante vestido de noiva preto, uma coroa da mesma cor adornando a sua cabeça e a porra de uma maquiagem pesada que esconde a beleza dos seus olhos. É impossível não ver os olhos horrorizados dos convidados com essa cena macabra e logo em seguida vem os comentários das pessoas. Bufo por dentro, porém, mantenho o meu rosto sério e me forço a ir ao encontro da minha noiva que está plena sorridente. É claro que está. A desgraçada está se divertindo com tudo isso, mas o que ela não sabe é que não importa o que ela faça, eu vou abrir mão do meu poder. Eu preciso dele para encontrar respostas e se para isso eu tenho que aguentar essa garota estúpida e mimada, eu aguentarei. Contudo, assim que estiver nos meus domínios, mostrarei quem manda nessa porra toda.

— Não vai dizer o quanto estou linda? — Provocadora do caralho! Rosno por dentro e decido não responder ao seu ataque, a final, o que é dela está guardado. A colocarei em seu devido lugar e depois, quero ver se esse sorrisinho ainda prevalecerá.

***

O caminho para a minha casa é feito no mais completo silêncio. Ela de olho nas ruas calmas através da janela do carro e eu fazendo o mesmo, só que com a mente cheia de pensamentos, e um deles é, o que farei com essa maluca agora? Assim que o veículo estaciona em frente à entrada da casa, os empregados se aproximam para ajudar com as malas.

— Leve-as para o meu quarto — ordeno assim que Nina começa a subir os degraus. Contudo, ela para e olha para trás.

— Como assim para o seu quarto? — Arqueio as sobrancelhas para o nariz arrebitado.

— Você é a minha esposa agora. Onde pensou que ia ficar?

— Em um quarto de hóspedes? — Rio descaradamente do absurdo que acabou de sair da sua boca.

— Nem fodendo! — rosno e passo por ela. Os empregados sobem as escadas com as malas da minha esposa, ela segue logo atrás deles e eu bem atrás dela. Enquanto sobe, Nina olha para todos os cantos da casa, mas não faço a mínima ideia do que está pensando. Após deixar as malas em um canto do quarto, os empregados saem nos deixando a sós e eu tenho o cuidado de fechar a porta em seguida.

— Mas, aqui só tem uma cama. — Ela diz o óbvio. Eu simplesmente arqueio as sobrancelhas

— Sim. — Me livro do terno.

— Então, onde você vai dormir?

— Como assim, na minha cama, oras!

— Mas, e eu, onde vou dormir? - Ela não está perguntando isso. Tenho vontade de rir na cara dessa garota mimada.

— Você só tem duas opções aqui, Nina. Dividir essa cama comigo, ou dormir no tapete. —  Aponto para o tapete ao pé da cana. Sua boca pintada de preto faz um O ministrando o quanto está escandalizada com as opções que lhe ofereço. Lanço lhe um olhar firme e aguardo a sua resposta.

— Você não faria isso. Quer dizer, acredito que tenha um pingo de cavalheirismo nesse sangue envenenado de entorpecentes, que me deixará dormir confortavelmente nessa cama. — Livro-me das abotoaduras e dou dois passos na sua direção, à medida que a garota se afasta igual um bichinho assustado.

— Olha, Nina, para o seu governo eu não sou nenhum Don Juan, nem um cavalheiro. — Enquanto falo, me aproximo mais da garota. Ela engole em seco e os seus lábios tremularam. Então ela para de andar, porque o seu limite acabou quando as suas pernas tocaram na lateral da cama. Meus olhos permaneceram firmes nos seus e propositalmente parei tão perto dela, que é possível sentir a sua respiração quente bater no meu rosto. — Eu sou um neandertal em todos os sentidos que você possa imaginar, portanto, eu não vou ceder nada pra você. Ou dorme comigo na cama ou vai para o chão. — Ela infla os pulmões e eu me afasto lhe dando as costas.

— Não tem problema. — Ela diz atrevida e eu rio. — Eu fico com o tapete mesmo. — Viro-me para olhá-la com desdém e começo a desabotoar a camisa.

— Por mim, tudo bem — rebato e continuo com o meu trabalho de livrar-me dessa roupa infernal.

— O que você pensa que está fazendo? — A garota praticamente grita a interrogação. Nina parece horrorizada.

— Tirando a minha roupa.

— Mas, você precisa fazer isso aqui?!

— Aqui é o meu quarto, para onde eu iria?

— Mas eu estou aqui bem na sua frente.

— Bom, eu não vejo nada demais. Você é a minha esposa e os casais fazem essas coisas, certo?

— Nós não somos um casal de verdade e você não vai ficar pelado na minha frente! — Ela rosna, porém, ignoro completamente o seu protesto e largo a camisa em cima de uma poltrona, e na sequência começo a abrir as calças.

— Oh!! Por que não vai fazer isso no banheiro?

— Porque eu não quero, Nina. Faz o seguinte, se não quer ver tapa os olhos. — E lá está aquele “O” perfeito em sua boca. É tão perfeito que me faz pensar em fazer coisas absurdas com ela.

— Seu... seu... seu idiota! Seu ogro, mal-educado! — Ela se afasta xingando e eu gargalho, me livrando das calças. Entro no closet e visto uma roupa formal. E assim que saio, Nina me olha da cabeça aos pés. — Você vai sair? — Dou de ombros.

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