𝙼𝚊𝚛𝚌𝚘 ━━━━❰・❉・❱━━━━
A mesma não responde se posso entrar ou não, então giro a maçaneta.
— Se estiver trocando de roupas, cubra tudo, estou entrando! –Digo, abrindo a porta de olhos fechados.
Ao abrir meus olhos vejo-a no chão, abraçada com sua boneca.
— Valentina! –Exclamo, a pegando no colo e a colocando de volta em sua cadeira. Dou alguns tapinhas em seu rosto– Tina, se isso for alguma brincadeira, não tem graça!
Ela continua sem responder. Pego em sua mão e noto o suor.
— VALENTINA!! –Grito
Tudo piora quando vejo uma gota de sangue escorrer por seu nariz. Fico extremamente preocupado e percebo também que não há sinais vitais.
Pego-a em meu colo, praticamente correndo e vou a caminho da sala, pedir por socorro. Como pode não ter NINGUÉM na droga dessa casa?!
Uma hora ou outra sei que alguém vai achar essa carta, espero que não tão tarde. Direi algumas coisas que não posso ir sem ao menos colocá-las no papel. Margarida, se está lendo essa carta, quer dizer que já peguei o primeiro trem. Me desculpe por não ter aberto o jogo com você desde o começo. Me desculpe por ser um idiota amedrontado. Um vacilão de merda. Talvez me arrependa disso, na verdade, já estou arrependido. Sei que deveria ter levado você comigo. Mas sei também que tem a sua própria vida. Não vou pedir para que me espere, não serei egoísta a esse ponto, mas vou pedir para que nunca me esqueça. Vou pedir para que todos os dias se lembre de mim, assim como também lembrarei de você. Não sou bom o suficiente para você. Você merece alguém que te dê toda a felicidade do mundo, e eu infelizmente não tenho a felicidade nem para mim.  
A primavera é a minha estação do ano favorita. As flores ficam lindas, o céu fica lindo, os animais ficam lindos, tudo fica extremamente lindo!A janela de minha pequena casa mostra a verdadeira face do paraíso. Uma enorme tranquilidade. Posso ver também várias borboletas brincando ao longe. — Marga! –Exclamou mamãe– Quer sair dessa janela e me ajudar com o almoço? –Questionou, ajeitando seu avental. — Claro! –Concordei, com um grande sorriso nos lábios. Ela olha para a janela e solta um longo ar de desgosto. — Odeio esse lugar. –Murmurou. Mamãe e papai são um tanto opostos. Ele é um cara de interior e ela uma completa patricinha de cidade grande. Ele a trouxe para viver aqui, e assim me tiveram. Ela odeia essa fazenda. — Mas mamãe, aqui é tão lindo e calmo! Olha só como a GineGeni é feliz aqui! –Digo, dando um giro, como s
Ao aparecer do sol, minha mãe me acorda, ainda muito animada. Seu sorriso está o mais longo possível.— Animada?! –Questinou, sorrindo muito e quase saltitando.Fecho meus olhos e respiro fundo até não poder mais.— Você não imagina como.— Ótimo, se arrume, o ônibus já vai passar.Parece que ironia não é muito o seu forte.Ela sai do quarto e deixa a porta aberta. Olho para o teto por alguns segundos, na esperança de acordar e tudo ser um sonho.— Acorde Marga, vamos lá! –Aperto meus olhos.Falha.— Droga, vou mesmo embora! –Dou um leve tapa no colchão.Me livro de minhas cobertas e sento em minha cama, p
Ao cair da tarde, o celular não parece ser tão estusiasmante como dizem. Não há nada de interessante. Enquanto meus pais estão ocupados com seus afazeres, encontro-me em meu quarto, pensando em mil coisas que poderia estar fazendo se ainda estivesse em Dona Colina. Brincar com GineGeni seria uma delas.— Será que ela está sentindo minha falta? –Perguntei para mim mesma.Ouço o barulho da cidade. Buzinas, pessoas falando alto e rindo.Não parece um lugar tão perigoso. Como um lugar que aparenta ser tão calmo pode ter um grande número de assaltos? Logo, uma luz se acende em cima de minha cabeça, e uma ideia surge: Por que não dar uma volta de bicicleta para conhecer o novo espaço?Tudo bem que não sei nem andar direito, mas, como dizem, &eacut
Linda, bem sucedida, gostosa, cheia de homens em seus pés, essa é a Rihanna. Eu sou só a Margarida, que acaba de acordar e se lembra do que vai acontecer hoje.Cubro minha cabeça com o travesseiro.— Preciso pensar em algo! –Exclamei, olhando para os lados em busca de respostas.Olho para o abajur que fica em cima de uma pequena cômoda, ao lado de minha cama.Tenho uma magnífica ideia. Levanto e vou até a gaveta de meu guarda roupas e pego o termômetro. Volto para minha cama, e esquento o termômetro no abajur, até ficar extremamente quente e coloco na boca. Faço a melhor cara de morta que posso.Ouço passos e logo vejo a maçaneta de meu quarto girar.— Você ainda não está pronta?! –Indagou, me vendo deitada,
Fico surpresa com a proposta de Marco.— Eu não sei, não avisei meus pais. –Digo, olhando para trás como se procurasse respostas de como iria voltar para casa.Penso em aceitar, mas, me lembro que meus pais me disseram que a cidade grande é um lugar perigoso. Ir com um "estranho" não me parece tão seguro.— Acho melhor não, não te conheço direito. –Digo, me afastando.Ele sorri e coça sua nuca.— Fala sério, está com medo de mim?— Não diria medo, diria que estou me prevenindo mesmo.— Olha pra mim, eu tenho cara de quem te faria algum mal? –Ele diz, colocando as mãos nos bolsos de sua calça, fixando seus olhos nos meus.Tem.
Já é noite, estamos na mesa de jantar. — Como foi seu primeiro dia? –Meu pai pergunta. — Fiz uma amiga. — Mesmo? O pessoal é legal? — São estranhos. — Por que, filha? –Mamãe questiona. — Vi alguns meninos comendo sal pelo nariz. –Digo com muita naturalidade. Meus pais se olham e arregalam seus olhos. O celular de mamãe toca e ela sai da mesa para poder atender. Após alguns segundos ela regressa. — Tenho uma boa notícia! –Ela diz, animada. Voltamos nossos olhares para ela. __ Você foi aceita no Buon Cibo! Eu sabia que você seria aceita! Graças a Jenevive. Largo meus talheres no prato, com o susto. — Como assim "Fui aceita"? Do que você está falando?! — Sobre o restaurante que você preencheu o
Após voltas e voltas, consigo achar o endereço do Buon Cibo, o famoso restaurante italiano. Por fora, ele aparenta ser um lugar extremamente elegante, com grandes janelas de vidro, pisos e paredes de madeira. Respiro fundo. — Você consegue, Margarida. –Digo para mim mesma, batendo a mão em meu peito. Ao entrar, vou até o balcão, um pouco sem jeito, falar com a atendente. — Oi, eu sou nova... Preenchi um currículo e fui aceita. — Vou chamar o Paolo, um momento. –Ela pega o telefone– (…) Sim, parece ser uma das novas contratadas, (…) certo, entendi. –Ela desliga o telefone– Ele já vai vir. Faço positivo com a cabeça e olho em volta, explorando cada canto com meus olhos. Há coqueiros por alguns cantos e mesas grandes. É como eu imaginava, nunca entraria em um lugar assim como cliente. Aperto meus lábios. Coisa de rico mesmo. Olho para a entrada do restaurante e sorrio ao ver Glenda entrar. N