Fico surpresa com a proposta de Marco.
— Eu não sei, não avisei meus pais. –Digo, olhando para trás como se procurasse respostas de como iria voltar para casa.
Penso em aceitar, mas, me lembro que meus pais me disseram que a cidade grande é um lugar perigoso. Ir com um "estranho" não me parece tão seguro.
— Acho melhor não, não te conheço direito. –Digo, me afastando.
Ele sorri e coça sua nuca.
— Fala sério, está com medo de mim?
— Não diria medo, diria que estou me prevenindo mesmo.
— Olha pra mim, eu tenho cara de quem te faria algum mal? –Ele diz, colocando as mãos nos bolsos de sua calça, fixando seus olhos nos meus.
Tem.
Já é noite, estamos na mesa de jantar. — Como foi seu primeiro dia? –Meu pai pergunta. — Fiz uma amiga. — Mesmo? O pessoal é legal? — São estranhos. — Por que, filha? –Mamãe questiona. — Vi alguns meninos comendo sal pelo nariz. –Digo com muita naturalidade. Meus pais se olham e arregalam seus olhos. O celular de mamãe toca e ela sai da mesa para poder atender. Após alguns segundos ela regressa. — Tenho uma boa notícia! –Ela diz, animada. Voltamos nossos olhares para ela. __ Você foi aceita no Buon Cibo! Eu sabia que você seria aceita! Graças a Jenevive. Largo meus talheres no prato, com o susto. — Como assim "Fui aceita"? Do que você está falando?! — Sobre o restaurante que você preencheu o
Após voltas e voltas, consigo achar o endereço do Buon Cibo, o famoso restaurante italiano. Por fora, ele aparenta ser um lugar extremamente elegante, com grandes janelas de vidro, pisos e paredes de madeira. Respiro fundo. — Você consegue, Margarida. –Digo para mim mesma, batendo a mão em meu peito. Ao entrar, vou até o balcão, um pouco sem jeito, falar com a atendente. — Oi, eu sou nova... Preenchi um currículo e fui aceita. — Vou chamar o Paolo, um momento. –Ela pega o telefone– (…) Sim, parece ser uma das novas contratadas, (…) certo, entendi. –Ela desliga o telefone– Ele já vai vir. Faço positivo com a cabeça e olho em volta, explorando cada canto com meus olhos. Há coqueiros por alguns cantos e mesas grandes. É como eu imaginava, nunca entraria em um lugar assim como cliente. Aperto meus lábios. Coisa de rico mesmo. Olho para a entrada do restaurante e sorrio ao ver Glenda entrar. N
Entro em minha casa. Como farei para esconder esses machucados?Vou até a cozinha, parece que não tem ninguém em casa. Começo a procurar a pomada para ferimentos.Ouço a porta destrancar e escondo meus braços para trás. É meu pai.— Marga, já está em casa? –Ele sorri e vem em minha direção.— Sim, pois é... –Tento sorrir o mais verdadeiramente possível.Ele cerra seus olhos.— Está tudo bem? Seus olhos estão inchados.Sem pensar, cubro meus olhos com minhas mãos, m
𝙼𝚊𝚛𝚌𝚘 ━━━━━━━ •♬• ━━━━━━━ Margarida está atrás do balcão, ela não olha em meus olhos e está abraçando seu próprio corpo. Mas o que tenho a ver com tudo isso? — O que você está dizendo? O que Mercedes fez? –Fico sem entender. — Você é igual a ela, olhe só como a Marga está triste! Diga para sua namoradinha ruiva, com um corpo bonito e lutadora de boxe que mandei isso! A mão direita de Glenda gruda rapidamente em meu rosto, ouço Margarida se assustar. — Qual é o problema de vocês?! –Digo, batendo minha mão no balcão e deixando o dinheiro do Milkshake. Saio do restaurante pisando duro e batendo a porta. Levei um tapa totalmente de graça por algo que a Mercedes fez. Ela realmente tem uma personalidade difícil, o que ela pode ter dito pra Marga para que ela ficasse tão triste?
Não consigo respirar, o vômito em minha garganta continua saindo, Marco está paralisado com a situação.Após ânsias de vômito, Mercedes está parada com a boca aberta, parece não acreditar no que acabou de acontecer.— Eu... Eu não acredito! –Ela diz, suja com meu vômito verde.Minha garganta arde.— M-me desculpe!! Vou te ajudar!! –Digo, sem saber o que fazer.— Não me toque! –Ela bate em minha mão– Sua… Sua… Olhe como me deixou! Que cheiro podre! Marco, como pode ficar com alguém desse tipo, porca, nojenta!Marco olha para Mercedes e encolhe seus ombros, está rindo.— Ei, ei, porca não é nenhum xingamento. –Digo.— E você, sua …!! –Ela olha em volta.Algumas pessoas viram o acontecido, estão comentando e rindo.Mercedes percebe que por minha causa, está passando vergonha, seu rosto branco e que possui sardas começa a ficar vermelho, talvez raiva ou talvez vergonha.— C-calma, não foi de propósito, eu juro
Olho para ele e ele me olha.__ Parece que caiu da mudança. –Ele diz, provavelmente se referindo a minha expressão.__ O quê?__ Nada. –Ele diz, voltando a ficar sério e olhando seu celular.Qual a chance de Dantas ir no Zooquático? Ele não parece gostar de clubes.__ Você vai no Zooquático? –Pergunto.Ele fica alguns segundo olhando em meus olhos, como se julgasse meu passado.__ Depende, quem quer saber? –Ele pergunta.__ Hmm… –Penso em uma resposta que não dê muito na cara que eu estou interessada– Uma pessoa curiosa.__ Diga a esta pessoa que provavelmente sim.Fico calada um instante. Será que se eu disser que não vou, ele perguntaria o por quê e assim renderia algum assunto?__ Eu acho que não vou. –Digo.Ele fica calado e me ignora, safado.__ Não vai perguntar o por quê de eu não ir?__ Isso não me desperta tanta curiosidade.
_ Margarida, acorda! – Ouço a voz de Dantas.Sorrio, com a boca grudada pela baba.__ Vamos lá, acorde. Você é tão bonita.Sorrio, mesmo sem abrir os olhos.__ Sua boca me parece tão macia. –Ouço ele se aproximar.Faço um biquinho, esperando o toque.Meus olhos se abrem quando levo um tapa no bico.__ Margarida, sua tapada! Não está me ouvindo?!Abro meus olhos e me deparo com minha mãe, de bobes e um vestido roxo, feito uma vózinha.Esfrego minhas mãos em meu rosto.__ Você estragou meu sonho e ainda bateu no meu biquinho. –Digo, reclamando.__ Já está na hora de ir, o ônibus vai passar mais cedo hoje.Levanto-me e olho pela janela.__ Mas, mãe, ainda está escuro.__ É uma viagem de 5 horas. Vá se arrumar.Faço uma expressão emburrada, o que irrita minha mãe.__ Eu que deveria estar com essa cara! V
Após uma longa viagem, o ônibus para. Finalmente chegamos.Todos se levantam e saem, Marco também, sem dizer uma palavra. Talvez ele não tenha gostado de dizer pelo que passou para um estranho, ainda mais algo tão íntimo.Vejo vários ônibus em frente um enorme hotel.Ao descer do ônibus, avisto Glenda, parada.Ela vem até mim ao me ver.__ Soube que o motorista tentou matar vocês! Você está bem?__ Na verdade, ele tentou matar ele mesmo. E pro nosso azar, estávamos lá.__ Só isso? Me conta o que aconteceu. Ouvimos o barulho do carro da polícia na hora.__ Ele descobriu que era corno e quis se matar. Marco e eu falamos com ele e ele desacelerou, assim a polícia conseguiu cercar o ônibus.Assim como eu, Glenda não acredita no que aconteceu. Um motorista realmente tentou se matar com muitos alunos no ônibus.Depois de algum tempo, todos os ônibus chegam, e em um piscar de olhos, mesmo não sendo baixa, olho para cima e vejo um