Jacob não conseguia desviar o olhar de Luna. O tempo entre eles parecia ter se dissolvido, como se aquela noite, seis anos atrás, nunca tivesse acabado e o que veio depois não passasse de um borrão distante. Vê-la novamente, trouxe um novo sentido a tudo.— Jacob, eu… — Luna tentou dizer, mas a voz falhou.Jacob sorriu de canto, aquele mesmo sorriso que um dia fez Luna se perder por completo.— Você ainda está mais linda do que me lembrava…Luna levou a mão ao peito, tentando acalmar as batidas desenfreadas de seu coração. “Como ele ainda conseguia afetá-la daquele jeito?” O olhar de Jacob era intenso, queimava sua pele como fogo, espremendo a saudade e algo mais… algo que ela não sabia nomear, mas foi isso que a fez perguntar, mesmo sabendo que a resposta poderia doer.— Como está sua mulher?A pergunta trouxe Jacob de volta à realidade como um soco no estômago. Ele não tinha mais 24 anos. Não era mais o jovem impulsivo que largou tudo sem olhar para trás. Ele era um homem feito,
Luna HarrisonEu estava tremendo.Desde o momento em que Jacob apareceu na minha porta, tudo dentro de mim desmoronou ao mesmo tempo que incendiou. Meu coração ainda martelava forte contra as costelas, como se quisesse escapar, como se não coubesse dentro do meu peito. Minhas mãos estavam geladas, suadas, como se eu tivesse acabado de acordar de um sonho ou de um pesadelo, mas não era nada disso.Era real. Ele estava aqui. Depois de seis anos, de tanto tempo tentando esquecer, tentando me convencer de que o passado deveria ficar onde estava, Jacob simplesmente surgiu na minha vida de novo.Foi como se eu nunca tivesse partido.Eu ainda sentia o impacto da sua presença, o jeito que seu olhar me perfurou, o choque silencioso, a tensão entre nós. O tempo não apagou nada. Não levou embora a saudade que eu fingia não sentir ou enfraqueceu a memória do gosto do seu beijo, do calor do seu toque. Pelo contrário… ver Jacob ali, tão perto, tão real, fez com que todos esses sentimentos voltas
Jacob caminhou até o quarto de Joshua. O episódio que acabara de acontecer fez algo dentro dele se quebrar de uma forma irreversível.Seu filho saiu da sala cabisbaixo, segurando os desenhos que havia feito com tanto carinho e que deveriam ter arrancado um sorriso de Samantha, mas foram completamente ignorados.Jacob viu o momento exato em que o brilho nos olhos de Joshua se apagou e quando abriu a porta do quarto, seu coração apertou ainda mais.Joshua estava sentado na cama, os joelhos dobrados contra o peito, abraçado aos próprios desenhos como se fossem a única coisa que ainda o segurava no lugar.O menino não chorava, era isso o que mais doía em Jacob. O pub estava movimentado, a música vibrante preenchia o ambiente e o cheiro de álcool e perfumes caros se misturavam no ar. Luna soltou um suspiro relaxado, saboreando o primeiro gole de seu drink enquanto observava Kevin e Kate debaterem sobre algo completamente aleatório, provavelmente um caso amoroso do amigo que, como sempre, termina em tragédia cômica.— Minha querida Luna… — Kevin inclinou-se na mesa, com os olhos brilhando num tom malicioso. — Vamos falar do assunto que realmente interessa: Jacob Lancaster, o homem, o mito, a lenda e, acima de tudo, a gostosura em forma humana.Luna engasgou levemente com a bebida e Kate soltou uma gargalhada escandalosa.— Eu sabia! Eu sabia que esse papo ia surgir Capítulo 76 - Conversa Entre Amigos
Duas semanas haviam se passado desde o acidente de Samantha. Nesse tempo, Luna havia visto Joshua quase diariamente. Ela sempre dava um jeito de estar por perto, na escola, quando levava Valentina, ou nos passeios que as crianças inventavam apenas para ficarem juntos. A conexão entre os dois crescia a cada dia, e Luna não podia mais ignorar que todas as vezes que olhava para o garotinho, imaginava como seria a vida de seu filho Benjamim.Mas Jacob…Ela não o viu desde o encontro em seu apartamento. Ele parecia ter sumido. Sua mente gritava, criando teorias infundadas, perguntando se ele estava evitando-a de propósito. O pensamento de que Jacob poderia estar se afastando mexia com algo profundo dentro dela, algo que não estava pronta para admitir.
Luna estava na sua sala organizando alguns documentos. Aproveitou que David estava ali para visitar Valentina e pediu que ele ficasse com a menina enquanto resolvia pendências no trabalho. Apesar de tudo o que acontecia ao seu redor, naquele momento, ela estava… feliz.A Universidade de Columbia a convidou para dar uma palestra sobre a tese que ela desenvolvia há anos. Se fosse aceita, teria a chance de seguir no campo das pesquisas e, melhor ainda, passar mais tempo com sua filha.Ela estava tão envolvida em seus pensamentos que quase pulou da cadeira quando o celular vibrou.Olhou o número desconhecido e hesitou. Atender ou não atender? No fim, atendeu.— Alô? — no fim, atendeu.O silêncio do outro lado durou um segundo a mais do que deveria.— Luna?Seu coração parou por um instante.Aquela voz…Jacob.Ela engoliu seco, tentando controlar o impacto que apenas o som da voz dele causava.— Ja-Jacob? — ela se amaldiçoou por ter gaguejado. No entanto, ele riu do outro lado da linha, faz
Luna permaneceu com o celular na mão por longos segundos depois que Jacob desligou. O silêncio da sala parecia ensurdecedor. Seu coração martelava contra o peito, ela sentia o rubor quente em seu rosto.Ela passou a língua pelos lábios secos, tentando ignorar a forma como sua respiração havia mudado. Jacob… O nome dele ecoava em sua mente como um segredo proibido, como algo que não deveria ser dito em voz alta, mas ali estava ele, de volta à sua vida, invadindo seus pensamentos, bagunçando suas certezas.A forma como ele falava com ela… tão leve, tão confortável, como se os anos não tivessem passado, como se aquela conexão que um dia tiveram ainda estivesse lá, pulsante, viva.O pior era que ela não conseguia parar de sorrir.“Pelo amor de Deus, Luna! Ele é casado!” — ela se xingou mentalmente.Apesar de tudo, era inútil negar. Aquele homem ainda exercia um efeito sobre ela que nenhum outro conseguiu. Sacudindo a cabeça, tentando afastar os pensamentos perigosos, pegou o telefone e
Jacob estacionou o carro em frente ao prédio de Luna, sentindo um misto de ansiedade e empolgação. Ele olhou pelo retrovisor e viu Joshua atrás dele, chutando os pés no banco com animação. O menino estava radiante, ansioso para reencontrar Valentina.— Papai, você acha que a Valentina vai gostar do presente que eu comprei pra ela? — Joshua perguntou, segurando a sacolinha colorida no colo.Jacob sorriu.— Tenho certeza que sim, campeão.Os dois desceram do carro juntos e entraram no prédio. Jacob não ia negar, estava nervoso em rever Luna, mas precisava agir como um homem adulto, não como um adolescente apaixonado.