Jacob caminhou até o quarto de Joshua. O episódio que acabara de acontecer fez algo dentro dele se quebrar de uma forma irreversível.Seu filho saiu da sala cabisbaixo, segurando os desenhos que havia feito com tanto carinho e que deveriam ter arrancado um sorriso de Samantha, mas foram completamente ignorados.Jacob viu o momento exato em que o brilho nos olhos de Joshua se apagou e quando abriu a porta do quarto, seu coração apertou ainda mais.Joshua estava sentado na cama, os joelhos dobrados contra o peito, abraçado aos próprios desenhos como se fossem a única coisa que ainda o segurava no lugar.O menino não chorava, era isso o que mais doía em Jacob. O pub estava movimentado, a música vibrante preenchia o ambiente e o cheiro de álcool e perfumes caros se misturavam no ar. Luna soltou um suspiro relaxado, saboreando o primeiro gole de seu drink enquanto observava Kevin e Kate debaterem sobre algo completamente aleatório, provavelmente um caso amoroso do amigo que, como sempre, termina em tragédia cômica.— Minha querida Luna… — Kevin inclinou-se na mesa, com os olhos brilhando num tom malicioso. — Vamos falar do assunto que realmente interessa: Jacob Lancaster, o homem, o mito, a lenda e, acima de tudo, a gostosura em forma humana.Luna engasgou levemente com a bebida e Kate soltou uma gargalhada escandalosa.— Eu sabia! Eu sabia que esse papo ia surgir Capítulo 76 - Conversa Entre Amigos
Duas semanas haviam se passado desde o acidente de Samantha. Nesse tempo, Luna havia visto Joshua quase diariamente. Ela sempre dava um jeito de estar por perto, na escola, quando levava Valentina, ou nos passeios que as crianças inventavam apenas para ficarem juntos. A conexão entre os dois crescia a cada dia, e Luna não podia mais ignorar que todas as vezes que olhava para o garotinho, imaginava como seria a vida de seu filho Benjamim.Mas Jacob…Ela não o viu desde o encontro em seu apartamento. Ele parecia ter sumido. Sua mente gritava, criando teorias infundadas, perguntando se ele estava evitando-a de propósito. O pensamento de que Jacob poderia estar se afastando mexia com algo profundo dentro dela, algo que não estava pronta para admitir.
Luna estava na sua sala organizando alguns documentos. Aproveitou que David estava ali para visitar Valentina e pediu que ele ficasse com a menina enquanto resolvia pendências no trabalho. Apesar de tudo o que acontecia ao seu redor, naquele momento, ela estava… feliz.A Universidade de Columbia a convidou para dar uma palestra sobre a tese que ela desenvolvia há anos. Se fosse aceita, teria a chance de seguir no campo das pesquisas e, melhor ainda, passar mais tempo com sua filha.Ela estava tão envolvida em seus pensamentos que quase pulou da cadeira quando o celular vibrou.Olhou o número desconhecido e hesitou. Atender ou não atender? No fim, atendeu.— Alô? — no fim, atendeu.O silêncio do outro lado durou um segundo a mais do que deveria.— Luna?Seu coração parou por um instante.Aquela voz…Jacob.Ela engoliu seco, tentando controlar o impacto que apenas o som da voz dele causava.— Ja-Jacob? — ela se amaldiçoou por ter gaguejado. No entanto, ele riu do outro lado da linha, faz
Luna permaneceu com o celular na mão por longos segundos depois que Jacob desligou. O silêncio da sala parecia ensurdecedor. Seu coração martelava contra o peito, ela sentia o rubor quente em seu rosto.Ela passou a língua pelos lábios secos, tentando ignorar a forma como sua respiração havia mudado. Jacob… O nome dele ecoava em sua mente como um segredo proibido, como algo que não deveria ser dito em voz alta, mas ali estava ele, de volta à sua vida, invadindo seus pensamentos, bagunçando suas certezas.A forma como ele falava com ela… tão leve, tão confortável, como se os anos não tivessem passado, como se aquela conexão que um dia tiveram ainda estivesse lá, pulsante, viva.O pior era que ela não conseguia parar de sorrir.“Pelo amor de Deus, Luna! Ele é casado!” — ela se xingou mentalmente.Apesar de tudo, era inútil negar. Aquele homem ainda exercia um efeito sobre ela que nenhum outro conseguiu. Sacudindo a cabeça, tentando afastar os pensamentos perigosos, pegou o telefone e
Jacob estacionou o carro em frente ao prédio de Luna, sentindo um misto de ansiedade e empolgação. Ele olhou pelo retrovisor e viu Joshua atrás dele, chutando os pés no banco com animação. O menino estava radiante, ansioso para reencontrar Valentina.— Papai, você acha que a Valentina vai gostar do presente que eu comprei pra ela? — Joshua perguntou, segurando a sacolinha colorida no colo.Jacob sorriu.— Tenho certeza que sim, campeão.Os dois desceram do carro juntos e entraram no prédio. Jacob não ia negar, estava nervoso em rever Luna, mas precisava agir como um homem adulto, não como um adolescente apaixonado.
O cinema estava lotado, mas Jacob sentia como se estivesse em um mundo paralelo, onde só existiam ele, Valentina e Joshua. Desde o momento em que pisaram na fila para comprar os ingressos, a animação das crianças tornava tudo mais leve, mais especial.— Eu quero pipoca doce! — Joshua anunciou, já saltitando de ansiedade.— Mas eu gosto da salgada… — Valentina cruzou os bracinhos, pensativa.Jacob riu, segurando as pequenas mãos de cada um, sentindo o calor infantil envolvê-lo.— E se pegarmos as duas e dividirmos?Os olhinhos dos dois brilharam imediatamente.&mdas
Bianca estava saindo de uma loja de sapatos quando seus olhos captaram uma cena inusitada na praça de alimentação do shopping.Jacob Lancaster, o sempre sério e reservado empresário, estava ali, com um sorriso aberto no rosto, segurando duas crianças nos braços.Ela parou de andar, surpresa. Joshua, ela reconheceu imediatamente, mas a outra menina…Bianca franziu a testa e estreitou os olhos. Algo naquela garotinha chamou sua atenção de imediato. Os traços delicados, os cabelos loiros, os olhos azuis… os mesmos olhos de Joshua. Seu olhar desviou para Jacob novamente, foi ali que a peça do quebra-cabeça se encaixou.A menina era igual a ele.