Capítulo 22Giulia sentiu a pele ser aquecida suavemente pela luz da manhã entrando pelas frestas da cortina. Seu corpo se espreguiçou preguiçosamente sobre os lençóis, um sorriso involuntário surgindo ao lembrar da noite anterior.O cheiro amadeirado de Carlos ainda estava impregnado no travesseiro ao lado, e por um momento, ela permaneceu ali, apreciando a sensação de segurança e aconchego.Mas logo, a realidade voltou à sua mente. Precisava se levantar.Com um suspiro, afastou o cobertor e sentiu o frescor da manhã tocar sua pele. Caminhou até o banheiro e abriu o chuveiro, deixando a água morna escorrer por seu corpo, levando embora qualquer resquício de cansaço.Com os olhos fechados, permitiu-se relaxar, mas a lembrança do pesadelo ainda assombrava sua mente. Giovanni ainda era uma sombra no seu caminho, mas ali, na fazenda de Carlos, ela se sentia protegida.Após o banho, enrolou-se em uma toalha felpuda e foi para o seu quarto, escolheu uma roupa confortável: uma blusa leve de
Capítulo 23Os dias se transformaram em semanas, e quando Giulia percebeu, um mês já havia se passado desde que começou a se relacionar com Carlos. O tempo ao lado dele era calmo, tranquilo e, acima de tudo, feliz.Carlos não apenas a acolheu em sua vida, mas também fez questão de mostrar que seus sentimentos por ela eram reais. E, como prova disso, ele lhe deu um anel de compromisso.- Para que você saiba que está segura comigo. - Ele disse ao colocar a joia em seu dedo. - E que não vou a lugar nenhum.Giulia ficou sem palavras, emocionada com o gesto. Não esperava por isso, mas gostou da sensação de pertencimento que o anel trouxe.Todas as noites, adormeciam juntos, seus corpos entrelaçados sob os lençóis, compartilhando não apenas a paixão intensa, mas também a companhia e o carinho que um tinha a oferecer para o outro. Cada toque, cada beijo, cada sussurro era uma confirmação do que estavam construindo.A rotina na fazenda se tornou parte dela. Acordava ao lado de Carlos, tomavam
Capítulo 24Giulia despertou com a cabeça latejando e o corpo pesado. Piscou algumas vezes, tentando afastar a névoa do sono, mas a confusão tomou conta de sua mente assim que percebeu o ambiente ao seu redor.A escuridão era quase total, exceto por uma pequena fresta de luz que passava por debaixo de uma porta.Por um instante, seu coração se encheu de esperança. Talvez estivesse na fazenda, talvez tudo não passasse de um sonho ruim. Instintivamente, suas mãos deslizaram pelo colchão, procurando o calor familiar de Carlos ao seu lado. Mas tudo que encontrou foi o lençol áspero e frio.O pânico se instalou em seu peito.Ela se ergueu bruscamente, ignorando a tontura que ameaçava dominá-la, e levou a mão à testa. A lembrança veio como um golpe: os homens no mercado, o sedativo sendo aplicado em seu pescoço, a visão escurecendo...- Não... não, não, não... - sussurrou, a respiração acelerada.Seu coração batia como um tambor enquanto seus olhos tentavam se ajustar à penumbra. Tateou ao
Capítulo 25Giulia sentou-se no chão, abraçando os próprios joelhos enquanto as lágrimas escorriam silenciosas por seu rosto. O peito subia e descia em soluços contidos, e seu corpo ainda tremia com a lembrança das palavras de Giovanni. Ele não havia mudado. Nunca mudaria.Sentia-se sufocada, aprisionada não só entre aquelas paredes, mas dentro do pesadelo do qual acreditava ter escapado.O tempo passou sem que ela soubesse ao certo quanto. Aos poucos, sua respiração se estabilizou e as lágrimas secaram, deixando apenas o cansaço em seu lugar.Foi então que o trinco da porta girou e a madeira rangeu levemente quando a porta se abriu.Giulia ergueu o olhar, observando uma mulher entrar no quarto sem lhe dirigir um único olhar. Ela foi até a janela, destrancando-a com um movimento rápido antes de abri-la, permitindo que uma brisa suave entrasse, renovando o ar pesado do ambiente.Sem dizer nada, a mulher se afastou, passando pela porta no mesmo instante em que outra entrou carregando um
Capítulo 26Carlos suspirou profundamente, sentindo o peso da noite que chegava sem nenhuma notícia de Giulia. No fundo, ele já sabia a verdade os capangas de Giovanni a haviam levado. A angústia de não saber onde ela estava ou o que poderia estar enfrentando o corroía por dentro.Vitória já tinha ido dormir, e ele ficou sozinho na sala. Seu olhar perdido fixou-se no céu estrelado, mas sua mente estava a quilômetros dali, presa na incerteza.Tentando aliviar a tensão, foi até a cristaleira, pegou uma garrafa de vinho e serviu-se de uma taça. Tomou um longo gole, deixando o líquido amargo aquecer sua garganta antes de pousar a taça sobre a mesa. Seus olhos então recaíram sobre um porta-retrato próximo.Era a foto mais recente que tinham juntos, um momento capturado por Vitória. Giulia estava sorrindo ao seu lado, os cabelos vermelhos ao vento, e ele, com o braço protetor ao redor dela, parecia um homem que finalmente havia encontrado paz.Apertou o porta-retrato nas mãos, soltando um s
Capítulo 27Carlos esfregou o rosto, tentando espantar o cansaço, enquanto segurava o telefone com mais firmeza. Seu coração bateu mais forte ao ouvir as palavras de Mateo.— Então você conseguiu… — murmurou, ainda processando a informação. — Sabe exatamente onde eles estão?— Sim — respondeu Mateo. — A família Moretti tem uma propriedade afastada, uma espécie de fortaleza. Eles se escondem bem, mas não o suficiente.Carlos ficou de pé num salto, seu peito inflando com adrenalina.— Estou indo com você.Houve um silêncio do outro lado da linha antes de Mateo soltar uma risada seca.— Você é maluco. Vou ter que me preocupar com você também?— Não precisa. — A voz de Carlos saiu firme, carregada de determinação. — Já fui do exército, Mateo. Já vi a morte na minha frente. Não tenho medo de nada.Mateo suspirou.— Se é assim, então será bem-vindo. Mas espero que não esteja enferrujado.Carlos sorriu de canto, um brilho desafiador nos olhos.— Mais fácil você estar do que eu, já que sou fa
Capítulo 28Giulia passou a noite acordada, presa em seu próprio corpo, sentindo os efeitos cruéis do afrodisíaco queimarem em suas veias. O calor intenso a consumia por dentro, e o toque do lençol em sua pele parecia insuficiente para aliviar a necessidade avassaladora que pulsava dentro dela.Giovanni havia saído do quarto furioso, os olhos faiscando de raiva e ciúme. Antes de bater a porta, lançou-lhe um olhar carregado de desprezo e convicção.— Eu sei que você esteve com outro. Posso sentir isso em você.Giulia fechou os olhos, respirando fundo para conter as lágrimas. Sua garganta estava seca, seu corpo exausto. A droga ainda percorria seu sistema, mas agora misturada ao cansaço e à frustração.Horas depois, ela se arrastou até a janela trancada, apoiando as mãos na moldura de madeira. A luz pálida do amanhecer começava a aparecer. Era um novo dia… mas para ela, a mesma prisão.O barulho da fechadura girando a trouxe de volta à realidade. Seu coração disparou. O que Giovanni que
Capítulo 29Giovanni decidiu liberar Giulia para andar livremente pela casa naquele dia, mas deixou claro para seus homens que a vigilância deveria ser constante. Ele sabia que a esposa era astuta e, se tivesse a menor oportunidade, tentaria fugir. No entanto, dessa vez, a situação estava a seu favor. Ela estava em um território desconhecido, cercada por seguranças leais a ele. Fugir seria quase impossível.Ciente disso, Giulia resolveu aproveitar o dia. No quarto luxuoso que haviam designado para ela, no andar superior e ao lado do quarto do marido, escolheu um biquíni elegante e amarrou uma tanga nos quadris. Depois de se olhar no espelho por um instante, saiu para a piscina.No primeiro andar, Giovanni estava no escritório, resolvendo assuntos importantes ao telefone, quando seu olhar se desviou para a imensa janela que dava vista para o jardim. O que viu o fez perder completamente a concentração na conversa.Giulia caminhava descalça pelo gramado, a pele iluminada pelo sol, os cab