Capítulo 4

| Beyoncé - Cuff it|

Emma Quinn

Eu amo meus irmãos, mas nessas horas eles só me colocam em furada. Meu pensamento mais cedo era de que quando chegasse na boate fosse relaxar, no entanto, hoje tudo está conspirando contra mim, o trabalho foi cansativo, o trânsito caótico me deixou ainda mais impaciente.

E, assim que cheguei, Nicholas me pediu uma ajuda no bar — Elisa infelizmente não pode vir devido a uma crise digestiva —, minha ideia seria não demorar tanto, mas pelo jeito vou continuar por aqui por um bom tempo.

Para fechar com chave de ouro o meu dia estressante, aquele homem charmoso que me deixa intrigada voltou.

Não sei o por quê, sempre fico nervosa quando ele está no mesmo espaço que eu, e se pensava que meu dia não podia piorar, uns minutos depois, ele está inclinado no balcão esperando ser atendido.

Como todos estão ocupados, eu vou até ele, pego meu bloquinho de notas e paro na sua frente, enquanto o espero se decidir, o observo e meu fôlego se perde um pouco.

Eu sabia que ele é lindo, mas não tinha noção do quanto, seu olhar penetrante é profundamente charmoso, seus cabelos escuros tinham um corte mediano que ia chegando na nuca e os fios um pouco repicados jogados para trás iam cobrindo suas orelhas, uma mecha rebelde foi para sua testa e caiu no seu olho, ele rapidamente passou as mãos no cabelo e jogou para trás.

O ato simples parece ser inocente, mas para mim foi completamente sexy. O sex Appeal ultrapassa todos os limites.

Quando ele finalmente pede, dou um sorriso por sua sugestão e acabo flertando de volta.

Rapidamente vou até o espaço das bebidas e preparo algo doce e ardente. Sinto seu olhar em minhas costas, tento não deixar transparecer que estou um pouco trêmula.

Que coisa estranha, eu nunca me senti assim com um homem antes!

Me concentro no drink adicionando morangos com um pouco de leite condensado, coloco uma dose pequena de whisky e duas cerejas.

Vou até o balcão de pedidos e entrego a bebida para ele. A música que começa a tocar da Beyoncé não ajuda em nada, no momento só deixa o clima mais atrativo.

O observo experimentar fechando os olhos em seguida, as feições de prazer dominam o seu rosto, exatamente igual ao prazer do sexo.

Será que ele faz essa carinha mesmo?

Minha respiração se torna ofegante, meus olhos caem para os seus lábios, sinto uma vontade louca de apertar meus lábios contra os dele só para sentir se ele exalava toda essa tensão gostosa mesmo e o cheiro do seu perfume é intoxicante, muito maravilhoso.

Aproveito que ele ainda está saboreando a bebida de olhos fechados, e rapidamente corro meus olhos por seu corpo, a combinação da jaqueta de couro com a calça jeans escura lhe davam um ar completamente enigmático e sensual, pelo que percebi ele tem um estilo atlético na medida certa, nada muito musculoso e nem muito magro. É exatamente o meu tipo de homem, sem falar na sua altura, deveria ter 1,85.

Sinto um formigamento se igualando a um frio gostoso na barriga. A possibilidade de fazer sexo animal com esse homem essa noite vem a minha mente.

Então eu me choco com os meus pensamentos, eu não vou para cama com qualquer pessoa, no mínimo eu teria que checar a ficha do cara para saber era limpo — somente por força do hábito, ninguém pode me julgar — e Deus, eu devo estar ficando louca, nem mesmo sabia o nome dele.

Os olhos escuros se abrem voltando a me olhar, desvio rapidamente o olhar dele e percebo que ele tomou uma boa dose da bebida.

— Exatamente como eu queria. — Ele diz tendo toda a minha atenção de novo, sua língua passa por seus lábios, não posso deixar de acompanhar o ritmo, minhas pernas estremecem e automaticamente as cruzo para acalmar o calor que surge onde não deve. — Jeong Park. — Ele estende as mãos na minha direção se apresentando.

— Emma Quinn — respondo segurando em suas mãos dando um aperto suave.

Quando nos tocamos, o calor se intensifica e fico encabulada, soltamos as mãos em simultâneo, percebo que ele parece um pouco surpreso, tanto quanto eu.

— Ah, que nome bonito, senhorita Quinn.

— Obrigada, o seu também, é asiático certo?

— Sim, sou coreano. — Ele dá um sorriso e duas covinhas lindas aparecem marcando o seu rosto —, da Coreia do Sul para ser mais exato, mas eu vim para a América ainda muito pequeno.

— Hm, eu nunca fui à Coreia do Sul, pretendo ir um dia.

— É um país maravilhoso, acho que vai gostar — ele cruza os braços sobre o balcão, esse movimento faz os músculos do seu bíceps se apertarem um pouco na jaqueta de couro.

— Deseja algo mais, senhor Park?

A sombra de um sorriso quase se forma em seus lábios, seus olhos escuros dilatam e se iluminam com a minha pergunta, se ele estiver pensando o mesmo que eu, minha pergunta inofensiva, pode ter causado um gatilho.

Sem tirar os olhos do meu, ele pega o copo virando o restante da bebida tudo de uma vez, sua língua novamente passa por seus lábios.

— Não, só irei ficar com a bebida por hoje, quem sabe outra hora, vou pensar em algo a mais. — Ele dá um sorriso mais aberto e as covinhas aparecem de novo. — Foi um prazer, senhorita, nós esbarramos por aí de novo. — Seu olhar se abaixa para a minha boca, demorando um pouco mais do que deveria.

Então, de repente ele se vira e sai, noto que estou prendendo a respiração, vou para trás para me encostar no outro balcão. Respiro devagar e o procuro pela boate, mas ele não está mais ali.

Pego alguns cubos de gelos no balde, jogo na minha boca para acalmar o meu corpo quente, ouço uma risadinha bem do meu lado.

— Nossa irmã, esse sujeito mexe mesmo com você, finalmente se falaram — A voz debochada do meu irmão mais velho sussurra em meu ouvido. — Marcou alguma coisa? — e logo acrescenta —, se quiser, não precisa ficar aqui.

— Deixa de ser intrometido, Nicholas — rebato cruzando meus braços virando para ele.

— Ah, qual é, há muito tempo que eu e Elis, reparamos nesse flerte, pelo que vi, a tensão sexual estava gritando por todos os lados, você tem um interesse nele, é reciproco — Nick se aproxima e inspira o cheiro —, e ainda está cheirando a sexo.

Dou um tapa no ombro do meu irmão.

— Quer morrer? — pergunto com desdém — cuide de sua vida, por que não age como um irmão normal?

Ele solta uma gargalhada, estou completamente corada. Só os meus irmãos sabem me deixar envergonhada.

— Ué, já estou fazendo isso, implicando com a minha irmãzinha mais nova. — Nicholas rir de novo — Não precisa ficar esquentadinha, eu realmente acho que você está precisando de…

— Se você terminar, eu mato você — interrompo sua frase antes que se complete. Dou mais um tapa nele ao perceber sua zoação e vou atender outro cliente.

Quando dá uma certa hora da madrugada, a boate ainda está cheia, estou tão cansada, preciso me deitar em uma cama. Nicholas se aproxima de mim, dessa vez com o rosto mais sério me puxando para um abraço afetuoso.

— Maninha, você já me ajudou muito, vai descansar, dorme lá em casa. — Ele sugere. — Elis e o papai ficaram felizes.

— Eu estou tão cansada que não vou reclamar — dou um sorriso de agradecimento, o abraçando de volta, nos largamos e tiro o avental dando a volta no balcão. — Tchauzinho!

Pego a chave do meu carro pendurada no vestido e saio da boate, entro no meu carro soltando um bocejo, dou a partida indo em direção a casa do meu pai.

Por sorte, Robert Quinn construiu o pub perto de casa, cinco minutos depois já estou em frente a minha antiga casa, estaciono o carro saindo em seguida, retiro uma chave da bolsa em seguida abro a porta da casa, está tudo apagado. Tiro os sapatos para não fazer barulho e subo as escadas que levam até o segundo andar.

Viro no corredor pensando em bater na porta do quarto de Elisa, para saber como minha irmã está, entretanto, resolvo a deixar dormir, sigo para o quarto ao lado, assim que entro eu tranco a porta.

Dou uma olhada em volta e acendo a luz, meu antigo quarto continua do mesmo jeito que o deixei; as paredes pintadas com uma cor clara, uma cama de solteira no cantinho com uma colcha arrumada, o guarda-roupa no outro canto, e um pequeno banheiro, ainda tem o quadro de fotos pendurado na parede acima de uma cômoda, chego mais perto dando um sorriso ao ver.

Há várias fotos de minha adolescência e de quando era criança, uma foto chama minha atenção, pego o retrato ainda sorrindo levemente, eu estava com uma cara emburrada de braços cruzados, tinha 10 anos se não me engano, aquele dia fui adotada por Robert. Viro o retrato e olho a data, foi exatamente o que penso, me deito na cama olhando para a foto por um bom tempo.

Às vezes ainda sonho com o orfanato, quando soube que havia sido adotada foi uma surpresa, pois embora eu tenha sido uma criança bonita, sempre afastei as pessoas que tentavam se aproximar, até mesmo as outras crianças, gostava de ficar sozinha, eu não tinha bons modos, às vezes até batia nas outras crianças quando me irritava, e mesmo com o meu gênio difícil, Robert quis me adotar, na época sua esposa havia falecido, e ao invés de adotarem um cachorrinho, ele escolheu uma criança.

Bem, não foi fácil tentar me educar, as freiras tentaram por muito tempo e não conseguiram, até que com seu bom humor, paciência e carinho, meu pai conseguiu quebrar o gelo, arrancando o meu sorriso lentamente, a mesma coisa aconteceu com Nicholas e Elisa, eles me receberam muito bem, porém, tive muita dificuldade de me acostumar com os dois.

Eles eram mais velhos e mais fortes, puxar uma briga com os dois seria um desafio, com certeza eu iria apanhar feio, já que era mais pequena e magrinha. E, muito mais boca suja também, na época eu falava palavrão como se bebesse água.

Dou uma risada ao me lembrar de todas as vezes que tinha que rezar o terço sempre que praguejava diante das freiras. Isso era todo dia, quase toda hora.

Mas os meus irmãos, lentamente me conquistaram, não demorou muito para começarmos a nos divertir, às vezes arrancavam algumas risadas minhas, e quando fui para escola, era uma das situações mais difíceis do mundo, pois tinha que ser mais sociável, e tentar acompanhar o ritmo das aulas. No orfanato alguns voluntários me ensinavam a ler e a escrever, sempre peguei rápido, mas ali foi completamente diferente.

Mas para a minha surpresa peguei o jeito rápido e minhas notas sempre foram altas sem muito esforço.

Assim que fiz dezoito anos voltei ao orfanato, apenas para saber se tinham alguma suspeita sobre meu passado, porém me avisaram que não sabiam de nada, apenas o básico que fui deixada no orfanato com cinco anos e meu nome era Emma.

Saber que havia sido abandonada desse jeito sempre me deixou bem irritada, e eu queria entender o motivo. As noites sonhos estranhos invadem meu sono, era algo que eu não gostava, quando acordo só me lembro de chuva, uma limusine, cheiro de um perfume forte que lembrava a madeira e a roupas limpas, e um sobretudo preto, só por essas lembranças tenho certeza que não eram boas pessoas .

Entretanto aquilo não importava muito agora, meus pais biológicos não me quiseram e a vida que se segue. Isso só me transformou na mulher que sou hoje. Bem sucedida com uma vida estável e livre de qualquer compromisso. Está ótimo assim. Coloco a foto debaixo do travesseiro, me levanto retirando a minha roupa, ficando só de calcinha e sutiã. Apago a luz, volto a deitar na cama.

Assim que fecho os olhos, o homem gostoso chamado Jeong Park vem à minha mente.

O sobrenome dele não é estranho, talvez se conversasse com ele um pouco mais a noite poderia ter terminado de outra maneira, comigo e o senhor enigmático — com o jeito de quero te foder a noite toda sem parar — na minha casa, acabando em minha cama, com muitos gemidos e suspiros, contudo, infelizmente aquilo ainda não é hora para isso. Em outro momento, talvez, tenha outra oportunidade e quem sabe esse desejo crescente não seja logo encerrado.

Viro meu corpo para o lado e sem perceber adormeço entregue completamente ao cansaço.

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