Kell Olho-me mais uma vez no espelho. O uniforme até que está legal, mas eu poderia estar usando um vestidinho. Droga, porque a nossa primeira conversa tem que ser no colégio? Jogo a mochila nas costas e saio do meu quarto, seguindo direto para a cozinha e logo o cheiro do pão fresquinho encanta o meu paladar. Largo a mochila em cima da cadeira ao lado e observo o meu pai fazendo algumas panquecas, a minha mãe falando ao telefone e a Carolina olhando algum tipo de revista de moda em cima do balcão.— Você está linda, Kell! — A danada diz assim que me vê e logo todas as atenções estão focadas em cima de mim. O meu pai me olha minuciosamente.— Está mesmo. — Minha mãe diz com um sorriso espontâneo.— Maquiagem? — Meu pai comenta trazendo um refratário para a mesa, mas sem tirar os seus olhos de cima de mim. Forço um sorriso nervoso para ele.— É, gostou? — pergunto mais natural possível.— Sim, mas você não é de se maquiar pela manhã — comenta atento e eu puxo uma respiração.— Pois, é
KellEscuto o sinal tocar e imediatamente o meu coração dispara feroz dentro do meu peito. Está na hora. Penso em pegar o meu espelho de mão e dá mais uma olhadinha no meu visual, todavia, eu não tenho tempo para isso. Mais alguns minutos e o meu tio ou o meu pai vem me buscar. Então sai apressada da sala, jogando minha mochila nas costas e caminhei com passos rápidos demais. Os saltos medianos fazem alguns sons de galopes no piso oco e quando chego nas portas largas que me levarão para o lado de fora, chego a suspirar de antecipação. Ele está lá, em pé bem na minha frente, na escadaria da escola. Lipe abre um sorriso lindo ao me ver, que me faz esquecer de respirar imediatamente. É, penso que estou apaixonada de verdade dessa vez. Não é apenas um namorico inocente, nem só um passatempo ou uma coisa de adolescente. Eu estou realmente apaixonada pelo Felipe. Solto mais um suspiro baixo e vou ao seu encontro. Ao me aproximar, o garoto me estende a sua mão e eu a seguro, sentindo um lev
Petrus O brilho forte da luz que vem do lado de fora me incomoda quando abro uma brecha de olho. Me viro na cama, jogando o travesseiro no rosto e tento dormir outra vez. A noite passada foi um fiasco. Eu sabia que não deveria ter ido, mas a Simone tinha que insistir, droga! O tempo todo Adonis me olhava como se eu fosse um lixo humano. Ele me fuzilava apenas com o olhar e eu sei que sou o único culpado por tudo o que aconteceu, mas porra! Não dá para me dar uma nova chance? Inquieto com os meus pensamentos, me viro mais uma vez na cama e esmurro o travesseiro, tentando amaciá-lo e tento desligar a minha mente. Quase não dormi a noite anterior. A minha mente estava cheia de coisas que eu preciso fazer e nem ao menos sei por onde começar. Viro-me mais uma vez e bufo jogando o lençol para o lado e desisto de dormir. Preciso de um banho frio, preciso situar minha cabeça e fazer algo proveitoso ou vou pirar. No caminho para o banheiro me livro da única peça que veste o meu corpo, uma cu
PetrusÀ tarde, depois de fazer a barba e de dar um jeito no meu cabelo, estou na rua. Em minha mão há um envelope pardo, cheio de currículos que pretendo entregar até o fim da tarde. Observo a terceira agência de recursos financeiros com receio. Esse é o único serviço que sei fazer. A minha vida inteira trabalhei com ações, dinheiro e investimentos. Mas, por causa da palavra ex presidiário carimbado praticamente em minha testa, eu só ouvi “não” em todas as empresas que eu já visitei. Confesso que estou desanimado. Puxo a respiração e entro em mais um prédio. A informação nos classificados diz que precisa de um agente de valores com experiência. Esse sou eu, certo? Eu realmente espero que sim.— Bom dia! Eu me chamo Petrus Borbolini e vim pelo anúncio — digo assim que me aproximo da recepção. Uma moça vestida com um uniforme elegante me sorri.— Você tem um currículo? — pergunta solicita. Faço um sim, com a cabeça e tiro o documento de dentro do envelope. A mulher o lê com atenção e
Simone — Não deu certo — digo me deixando cair no sofá da sala de visitas da Flávia. A mulher me olhou com olhos agigantados e de boca aberta.— O lance da barata não deu certo? Alguma coisa você fez de errado, Simone, só pode! — Ela acusa me apontando seu maldito dedo.— Eu não fiz nada de errado — rebato frustrada. — Fiz tudo exatamente como você me mandou. Fiquei completamente nua dentro daquele banheiro e encenei a minha melhor cena de desespero.— E ele não te olhou? Ele é gay — acusa deliberadamente.— Ele não é gay! — Rio do seu comentário descabido.— Como você sabe? Um homão daqueles, sozinho em um apartamento com uma mulher linda, loira e trancado dentro de um minúsculo banheiro com ela, completamente nua e o cara não fez nada? Não tirou nenhuma lasquinha se quer? Só pode ser gay. — Volta a acusar. Meu sorriso se amplia.— Petrus não é gay, Flávia. Eu sei porque pude sentir a sua dureza contra o meu corpo quando o abracei. — Solto de uma vez. Acredita que os olhos da mulhe
SimoneSão três e meia da madrugada e ainda está tudo escuro lá fora. Acordei assustada porque tive um puta pesadelo. Sonhei com o Adam tentando matar o Adonis, mas quem levava o tiro era o Petrus. Automaticamente pulei para fora da minha cama, corri para a porta do seu quarto e fiquei ali, bem quietinha o olhando dormir e em algum momento, sem eu perceber, uma lágrima começou a rolar por meu rosto. Eu a capturei com as costas da minha mão. Pela primeira vez na vida tive medo. Medo de perdê-lo de vez, de que morresse de verdade, de não poder mais vê-lo. Se isso acontecesse, o meu mundo acabaria junto com ele, porque eu não sei se notaram, mas ultimamente tudo em minha vida gira ao seu redor. Não sei o que deu em mim, mas em algum momento me peguei andando silenciosamente em direção da sua cama e com muito cuidado, eu me sentei na beirada do colchão e o olhei ali adormecido. Deus como pode ser tão lindo, tão perfeito? Os cílios negros e longos emolduram as pálpebras morenas, a boca car
Adonis Mais um beijo, mais outro e mais outro. É tão difícil deixá-la ir. São sete e meia da manhã e Agnes precisa ir para o escritório da Model, mas eu simplesmente não consigo deixá-la ir.— Você não tem que ver uma entrega lá do bistrô, não? — Ela pergunta se espreguiçando debaixo de mim. Puxo levemente os seus lábios entre os meus dentes e ela sorri.— Tenho, mas quem se importa? — digo e escuto o som da sua risada baixa em seguida. A puxo bruscamente pelas pernas e coloco as mesmas em meus ombros. Ela leva a mão à boca a abafa um grito surpresa e uma risada divertida surge no mesmo instante. Seguro os seus pulsos e levo as suas mãos a altura da sua cabeça, então a tomo em um beijo apaixonante e possessivo e ela geme gostoso em minha boca. Levo as minhas mãos aos seus seios e sigo dando beijos molhados por sua pele quente e macia. Definitivamente sou louco por ela. Perdidamente fascinado no seu corpo e quando penso em pegar um preservativo na gaveta do criado mudo e levar essas c
Horas depois…AdonisSemicerro os olhos e não acredito no que estou vendo bem diante dos meus olhos. O minúsculo pedaço de pano grosso e azulado cobre — ou pelo menos tenta cobrir o corpo de uma mini mulher em pé bem na minha frente. Onde a Kell pensa que vai usando uma mini-mini saia que mal cobre as suas coxas? Levo as mãos aos cabelos e espalho os fios longos que estão soltos e adentro a sala, dando de cara com uma mochila parruda e largada no sofá.— Filha, que roupa é essa? — Não segurei a minha indagação. Porra, ela está quase nua! A menina se olha de cima a baixo e me lança um olhar confuso. — Kelly amor, você está quase nua! — Dou voz aos meus pensamentos e minha filha revira os olhos.— Pai, por favor! — Ela pede.— E para que essa mochila? Vai viajar? — questiono indo na direção da bolsa, mas a menina a pega antes de mim.— Eu avisei a três dias. Hoje é a noite do pijama na casa da Marina.— Noite do… Vai ter garotos nessa noite do pijama? — Procuro saber. Kell engrandece os