Flávia — Por que acha que ela está diferente? — Oliver pergunta, quase gritando ao pé do meu ouvido, por conta da música alta. Estamos na Ekkos comemorando o jogo dessa noite. Não, Oliver jogando basquete é um espetáculo! Grande, suado, forte, correndo e pulando… Ui, que delícia! — Ela tem andado sorridente no trabalho, está displicente, sonhadora… — E qual o problema nisso? — Estou com medo de que esteja se envolvendo de novo com o Adam. — Quem é Adam? — Ele pergunta. Eu o encaro. Acho que estou falando demais aqui. — Deixa pra lá, vamos curtir. — Ele assente e nós largamos os copos em cima da mesa e vamos para a pista de dança. Estou envolvida. É a primeira vez que isso acontece comigo. Oliver é um carinha diferente de todos com quem saí e não sei se é certo me envolver com ele assim. Nos conhecemos a o quê? Uma semana, duas? Porra, eu vivo com o carinha na cabeça, praticamente vinte e quatro horas por dia. Já estamos até trocando mensagens. Estou indo, a onda está me levando,
Adonis — Alô? — falo assim que alcanço o telefone. — Senhor Kappas, aqui é o gerente do banco. — Ao ouvir de quem se trata, eu me sento na cama e esfrego o rosto para despertar. — Sim, alguma novidade? — Precisamos que venha até o banco, para conversarmos pessoalmente — pede, respiro fundo. — Tudo bem, quando? — A hora que puder. Estamos lhe aguardando. — Ok, irei hoje pela manhã. — Desligo o celular e me deixo cair sobre o colchão, encarando o teto do meu apartamento e solto uma lufada de ar de modo audível. O que será que houve agora? A voz do homem no telefone estava muito séria. Será que descobriram algo? Forço-me a sair da cama e tomar um banho. Vamos ver o que me espera dessa vez. O banho é rápido. Na cozinha como apenas um pedaço de pão de queijo e tomo uma xícara de café fresco. Pego a minha mochila e saio de casa. Hoje é segunda-feira, estou ansioso para levar a Agnes ao sítio que foi dos meus avós. O lugar é bem extenso e muito lindo e eu realmente espero que ela gos
Adonis — Há lugares que nunca mudam, e esse aqui vivi no passado. — Retruco fazendo graça. Abro a porta e lhe dou passagem, largando as malas em qualquer canto da sala e encaro uma Agnes fascinada. — Preciso ir ao supermercado. Se quiser pode ficar e tomar um banho — aviso após apreciá-la em seu momento de encanto. — Posso ir com você, se você quiser. — Dou de ombros. — Você quer ir? — pergunto louco para ela dizer que sim. Seu sorriso se amplia. — Quero. *** Agnes no supermercado, isso é hilário. Parece que nunca fez compras na vida. Rio do seu jeito estabanado e falante, pegando coisas na prateleira, na maioria delas, chocolates e guloseimas. — Você não teve infância não? — resmungo enquanto pego alguns legumes e verduras frescas. — Tive, mas aqui tem coisas que fizeram parte da minha infância e que não vejo mais na cidade. — Você é uma criança embutida no corpo de mulher, Agnes — retruco. Ela me olha de rabo de olho. — Vai me dizer que não gostou? — Pode pegar um arroz da
Agnes A quanto tempo não faço isso? Meu Deus, parece que estou reaprendendo a viver! Estou amando essa história de sair estrada afora, cantando em alto e bom-tom, saindo sem destino por aí… Ok, temos um destino, eu só não sei qual é ainda. No meio da viagem, pego uma cesta que está no banco de trás que o Adonis trouxe consigo, a abro e logo sinto o cheiro de pão de queijo se espalhando no ambiente, enchendo a minha boca d'água. Esse homem faz maravilhas na cozinha, eu já me vejo gorda de tanto comer. Uma mão grande invade a cesta e pega alguns pãezinhos os enfiando tudo de uma só vez na boca. Não sei como cabe tanto! Ele volta a cantar, agora de boca cheia e eu explodo em uma risada gostosa. Observo que entramos em uma área rural. Não gosto muito da vida no campo. Eu fui criada na cidade, mas admito que isso aqui é lindo! De dentro do carro é possível ver algumas plantações, todas estrategicamente enfileiradas e coloridas. As árvores que ladeiam o lugar dando um ar romântico, e
Agnes — Estou sonolenta, acho que preciso dormir um pouco — digo quando terminamos de tirar a mesa e deixamos a cozinha arrumada. São duas e meia da tarde e o sol está tinindo lá fora. — Venha, vou te levar ao seu quarto — diz segurando a minha mão e me levando para um corredor largo. — Meu quarto? Quer dizer que ficarei sozinha nesse lugar desconhecido? — pergunto sugestivamente. Ele enlaça a minha cintura e me puxa para si, ganho um beijo cálido e rápido. — Eu não sabia se ia querer dividir um quarto comigo, então… — Eu quero! — O corto. Ele sorri. — Ainda bem! — Me puxa para um beijo mais audacioso. Minhas mãos alcançam a sua nuca, acaricio os cabelos cheios e atados a uma liga, e eu solto um gemido apreciativo no meio ao beijo. Entramos no quarto assim, atracados um no outro, totalmente entregues e não deu outra. Fizemos um sexo gostoso antes do merecido descanso. *** O sítio, como o Adonis disse, é enorme e a cada passo que damos, é praticamente impossível não se deslumbra
Adonis Suspiro baixinho quando sinto o seu corpo quente colado ao meu. A nossa frente, o fogo crepitando na lareira, nos aquece, enquanto os grilos cantarolam lá fora. Ao nosso lado há uma garrafa de Bourbon vazia e duas taças pela metade. Agnes geme baixinho em minha boca, enquanto a minha língua invade a sua boca, duelando com a sua língua. Quatro dias e depois, o que farei? É impossível não pensar nisso. É tão injusto não poder parar o tempo e manter o que temos aqui. Por que ela precisa pôr esse limite entre nós? Agnes se mexe debaixo de mim, um movimento que faz o meu corpo deitar sobre os almofadões largados sobre o tapete macio. Ela monta sobre o meu corpo e eu admiro o corpo completamente nu, banhado pela luz amarelada da lareira que está a nossa frente. Ela se inclina e volta a me beijar. Os cabelos compridos caem em cascata a minha frente. Eu os seguro firme, na proporção certa e aprofundo o nosso beijo. Um gemido alto e apreciativo escapa da minha boca, quando ela se me
Passos rápidos e largos… Lithe My Fuse soa nos fones de ouvidos na voz de Bastien Slice, enquanto corro pela longa estrada de barro. Definitivamente essa história de me envolver com a minha chefe com prazo de validade está me tirando o sono. Enquanto corro, consigo ver as cenas de nós dois juntos, em cada canto daquela velha casa e em cada pedaço desse sítio. Nós dois fazendo sexo debaixo da pequena cachoeira. Nós dois, será que um dia existirá isso? Sinto os meus pulmões protestarem e as pernas fazem o mesmo logo em seguida. Paro a corrida e ofegante inclino o meu corpo, levando as mãos aos meus joelhos e puxo o fôlego e quando ergo a cabeça percebo que estou longe demais da casa. Merda! Preciso voltar. Enquanto caminho de volta, penso que tenho pouco tempo para conquistá-la e que terei que fazer o meu melhor para ela começar a me ver com outros olhos. Mas, o quê? — Bom dia, patrão! — Pedro diz assim que passo pelo portão. — Deu formiga na cama hoje? — pergunta com o seu sotaque int
Agnes Ai Deus, se isso for um sonho, não quero acordar nunca mais. Nunca fui tão paparicada assim na vida. Os beijos que ele insiste em dar a todo momento, as carícias que acompanham os beijos, acordar e dormir assim. Adonis é um homem maravilhoso, é encantador e apaixonante. Apaixonante não pode. Não posso me apaixonar outra vez, já me deixei levar duas vezes pelo amor e só deu em merda. Bufo internamente. Estou trancada no banheiro a quase vinte minutos. O chuveiro está derramando água e eu se quer entrei debaixo dele. Estou remoendo essa situação a algum tempo. O que era para ser um caso de uma noite só, e agora, já estamos no terceiro dia e pior parte? Estou amando tudo isso. Melhor tomar banho logo, ou pensará que aconteceu algo. Não dá para fechar os olhos. Quando os fechos, sinto logo o seu toque na minha pele. Isso é normal? Não era assim com o Adam. Não era assim com o Jonas, o garoto do colegial. Estou ficando maluca? Será que foi pelo tempo que fiquei sem transar? Não