Agnes Ferraço Instantes antes da verdade… Estou a mais de meia hora, com a cabeça inclina para trás e deitada no encosto da cadeira do meu escritório. Aí você pode me perguntar: O que porra você está fazendo Agnes? Aí eu te respondo, deitando o cérebro. Isso mesmo, deitando o cérebro. Cara, eu preciso me lembrar de algum detalhe daquela noite. Após ver pessoalmente o que Adonis guarda dentro das calças, eu fiquei pensando. Como eu não me lembro disso? Então quando a Flávia saiu para fazer o seu trabalho. Trabalho… Porra, não consegui fazer nada ainda nessa mesa. Mesa… O que Adonis faria comigo sobre essa mesa? Entenderam por que não fiz nada ainda aqui em meu escritório? Eu não tenho foco. Voltando ao assunto que fritou o meu cérebro, me lembrei da dança, dos toques, dos beijos em minha pele. Aí veio as imagens de nós dois se pegando como animais no cio no elevador. Ai meu Deus, nunca fiz sexo no elevador! Preciso fazer isso um dia desses. Estou ficando pervertida e culpa é da Flávia
Agnes São sete da noite e pela primeira vez na vida, estou chegando em casa cedo e de cara sou abraçada pelo cheiro maravilhosamente adocicado espalhado por toda a casa. O meu faro me guia até a cozinha e a visão que tenho bem na minha frente é de tirar o fôlego. Adonis em pé no meio da minha cozinha, usando apenas um jeans surrado, um avental e descalço. Os cabelos que vejo sempre presos a uma liga, estão soltos e caindo como uma cascata castanhas na altura dos seus ombros. Ele está concentrado em algo que não perco o meu tempo para descobrir o que é. Deus do céu, fantasias sexuais começam a brotar do nada em minha mente pervertida. Eu ficaria horas e horas o olhando trabalhar e não me cansaria. Ele está usando fones de ouvidos e cantarola algo baixinho e por vezes a cabeça segue um ritmo dançante, porém lento. Resolvo sair do meu esconderijo e os nossos olhos se encontram ávidos. Adonis se livra dos seus fones, e eu dou um sorriso de boca fechada. Puxo a respiração presa em algum lu
Agnes Como algo pode ser tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo? É exatamente assim que eu me sinto com a Agnes aqui, em minha cama, suada e ofegante, depois do seu terceiro orgasmo. Deixo-me cair amolecido ao seu lado no colchão e ela automaticamente vem se aconchegar em meus braços. Instintivamente beijo os seus cabelos suados e encaro a parede de vidro transparente a minha frente. O céu turvo, me diz que o nosso tempo está acabando. Ela está quieta e eu estou quieto. Apenas as nossas respirações se sobre saltam no lugar. É incrível como uma linda mulher, de um alto poder aquisitivo, tenha como alternativa viver sozinha nesse lugar tão amplo e tão solitário. Pergunto-me o que a levou a escolher isso para sua vida? Fecho os meus olhos e aprecio o seu calor natural aquecendo o meu corpo. Ela ergue a cabeça me fazendo abrir os olhos para olhá-la e me lança um olhar cheio de brilho e então um sorriso lânguido se espalha por seu rosto. — Precisamos de um banho — ela diz. — E de mai
Adonis — Bom dia! Espero que não se importe — digo apontando na direção da bandeja. Ela se senta na cama e olha na direção que lhe apontei. Um sorriso largo surge e eu ganho um beijo cálido no canto da boca. — Trouxe o seu café da manhã. Daqui a pouco você precisa ir trabalhar e… — Posso te fazer uma pergunta? — Ela me interrompe. O tom de voz cheio de receios me deixa inseguro. Eu a olho nos olhos e encontro algumas dúvidas neles. Por quê? Nem parece a Agnes da noite passada. — Claro — respondo com um tom firme, mesclando o meu receio. Agnes respira fundo, parece tomar coragem para fazer a tal pergunta e eu aguardo paciente. — Você… faria tudo de novo se eu... quisesse? — Agnes gagueja a pergunta. — Faria — digo sem titubear. — O que aconteceu ontem foi maravilhoso, Agnes! Eu amei cada minuto — falo com o coração cheio e quase saltando pela boca. Agnes está séria e me olhando, como se analisasse as minhas palavras. — Então… você gostou? — De verdade, não sei aonde ela quer chega
Flávia — Que cara é essa? — pergunto assim que entro no escritório da minha amiga e encontro um olhar completamente perdido em algum sonho, que eu não faço ideia de qual é. — Que cara? — Ela parece despertar. Semicerro os olhos e aponto um dedo acusador na sua direção. Quem ela pensa que engana? — Agnes, Agnes, Agnes, não tente me enrolar — advirto-a, dando alguns passos para perto dela. — Eu não tô, eu juro! — Respiro fundo e me aproximo mais da sua mesa, sentando-me na cadeira de frente pra ela. Eu a olho minuciosamente e sorrio escancaradamente. Não estão sentindo? Eu estou sentindo. — Me conta logo. Quero saber de tudo — peço me ajeitando na cadeira, como se me preparasse para uma cessão de cinema. Agnes rola os olhos e se encosta na cadeira me encarando séria. Hahaha, ela queria me mostrar uma carranca, mas está feliz demais para fazer isso. Por quê? Porque desde que chegou ao escritório, está sorrindo feito uma boba, e o olhar sonhador? Jesuise, faz anos que não o vejo por
Flávia — Por que acha que ela está diferente? — Oliver pergunta, quase gritando ao pé do meu ouvido, por conta da música alta. Estamos na Ekkos comemorando o jogo dessa noite. Não, Oliver jogando basquete é um espetáculo! Grande, suado, forte, correndo e pulando… Ui, que delícia! — Ela tem andado sorridente no trabalho, está displicente, sonhadora… — E qual o problema nisso? — Estou com medo de que esteja se envolvendo de novo com o Adam. — Quem é Adam? — Ele pergunta. Eu o encaro. Acho que estou falando demais aqui. — Deixa pra lá, vamos curtir. — Ele assente e nós largamos os copos em cima da mesa e vamos para a pista de dança. Estou envolvida. É a primeira vez que isso acontece comigo. Oliver é um carinha diferente de todos com quem saí e não sei se é certo me envolver com ele assim. Nos conhecemos a o quê? Uma semana, duas? Porra, eu vivo com o carinha na cabeça, praticamente vinte e quatro horas por dia. Já estamos até trocando mensagens. Estou indo, a onda está me levando,
Adonis — Alô? — falo assim que alcanço o telefone. — Senhor Kappas, aqui é o gerente do banco. — Ao ouvir de quem se trata, eu me sento na cama e esfrego o rosto para despertar. — Sim, alguma novidade? — Precisamos que venha até o banco, para conversarmos pessoalmente — pede, respiro fundo. — Tudo bem, quando? — A hora que puder. Estamos lhe aguardando. — Ok, irei hoje pela manhã. — Desligo o celular e me deixo cair sobre o colchão, encarando o teto do meu apartamento e solto uma lufada de ar de modo audível. O que será que houve agora? A voz do homem no telefone estava muito séria. Será que descobriram algo? Forço-me a sair da cama e tomar um banho. Vamos ver o que me espera dessa vez. O banho é rápido. Na cozinha como apenas um pedaço de pão de queijo e tomo uma xícara de café fresco. Pego a minha mochila e saio de casa. Hoje é segunda-feira, estou ansioso para levar a Agnes ao sítio que foi dos meus avós. O lugar é bem extenso e muito lindo e eu realmente espero que ela gos
Adonis — Há lugares que nunca mudam, e esse aqui vivi no passado. — Retruco fazendo graça. Abro a porta e lhe dou passagem, largando as malas em qualquer canto da sala e encaro uma Agnes fascinada. — Preciso ir ao supermercado. Se quiser pode ficar e tomar um banho — aviso após apreciá-la em seu momento de encanto. — Posso ir com você, se você quiser. — Dou de ombros. — Você quer ir? — pergunto louco para ela dizer que sim. Seu sorriso se amplia. — Quero. *** Agnes no supermercado, isso é hilário. Parece que nunca fez compras na vida. Rio do seu jeito estabanado e falante, pegando coisas na prateleira, na maioria delas, chocolates e guloseimas. — Você não teve infância não? — resmungo enquanto pego alguns legumes e verduras frescas. — Tive, mas aqui tem coisas que fizeram parte da minha infância e que não vejo mais na cidade. — Você é uma criança embutida no corpo de mulher, Agnes — retruco. Ela me olha de rabo de olho. — Vai me dizer que não gostou? — Pode pegar um arroz da