Agnes Como algo pode ser tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo? É exatamente assim que eu me sinto com a Agnes aqui, em minha cama, suada e ofegante, depois do seu terceiro orgasmo. Deixo-me cair amolecido ao seu lado no colchão e ela automaticamente vem se aconchegar em meus braços. Instintivamente beijo os seus cabelos suados e encaro a parede de vidro transparente a minha frente. O céu turvo, me diz que o nosso tempo está acabando. Ela está quieta e eu estou quieto. Apenas as nossas respirações se sobre saltam no lugar. É incrível como uma linda mulher, de um alto poder aquisitivo, tenha como alternativa viver sozinha nesse lugar tão amplo e tão solitário. Pergunto-me o que a levou a escolher isso para sua vida? Fecho os meus olhos e aprecio o seu calor natural aquecendo o meu corpo. Ela ergue a cabeça me fazendo abrir os olhos para olhá-la e me lança um olhar cheio de brilho e então um sorriso lânguido se espalha por seu rosto. — Precisamos de um banho — ela diz. — E de mai
Adonis — Bom dia! Espero que não se importe — digo apontando na direção da bandeja. Ela se senta na cama e olha na direção que lhe apontei. Um sorriso largo surge e eu ganho um beijo cálido no canto da boca. — Trouxe o seu café da manhã. Daqui a pouco você precisa ir trabalhar e… — Posso te fazer uma pergunta? — Ela me interrompe. O tom de voz cheio de receios me deixa inseguro. Eu a olho nos olhos e encontro algumas dúvidas neles. Por quê? Nem parece a Agnes da noite passada. — Claro — respondo com um tom firme, mesclando o meu receio. Agnes respira fundo, parece tomar coragem para fazer a tal pergunta e eu aguardo paciente. — Você… faria tudo de novo se eu... quisesse? — Agnes gagueja a pergunta. — Faria — digo sem titubear. — O que aconteceu ontem foi maravilhoso, Agnes! Eu amei cada minuto — falo com o coração cheio e quase saltando pela boca. Agnes está séria e me olhando, como se analisasse as minhas palavras. — Então… você gostou? — De verdade, não sei aonde ela quer chega
Flávia — Que cara é essa? — pergunto assim que entro no escritório da minha amiga e encontro um olhar completamente perdido em algum sonho, que eu não faço ideia de qual é. — Que cara? — Ela parece despertar. Semicerro os olhos e aponto um dedo acusador na sua direção. Quem ela pensa que engana? — Agnes, Agnes, Agnes, não tente me enrolar — advirto-a, dando alguns passos para perto dela. — Eu não tô, eu juro! — Respiro fundo e me aproximo mais da sua mesa, sentando-me na cadeira de frente pra ela. Eu a olho minuciosamente e sorrio escancaradamente. Não estão sentindo? Eu estou sentindo. — Me conta logo. Quero saber de tudo — peço me ajeitando na cadeira, como se me preparasse para uma cessão de cinema. Agnes rola os olhos e se encosta na cadeira me encarando séria. Hahaha, ela queria me mostrar uma carranca, mas está feliz demais para fazer isso. Por quê? Porque desde que chegou ao escritório, está sorrindo feito uma boba, e o olhar sonhador? Jesuise, faz anos que não o vejo por
Flávia — Por que acha que ela está diferente? — Oliver pergunta, quase gritando ao pé do meu ouvido, por conta da música alta. Estamos na Ekkos comemorando o jogo dessa noite. Não, Oliver jogando basquete é um espetáculo! Grande, suado, forte, correndo e pulando… Ui, que delícia! — Ela tem andado sorridente no trabalho, está displicente, sonhadora… — E qual o problema nisso? — Estou com medo de que esteja se envolvendo de novo com o Adam. — Quem é Adam? — Ele pergunta. Eu o encaro. Acho que estou falando demais aqui. — Deixa pra lá, vamos curtir. — Ele assente e nós largamos os copos em cima da mesa e vamos para a pista de dança. Estou envolvida. É a primeira vez que isso acontece comigo. Oliver é um carinha diferente de todos com quem saí e não sei se é certo me envolver com ele assim. Nos conhecemos a o quê? Uma semana, duas? Porra, eu vivo com o carinha na cabeça, praticamente vinte e quatro horas por dia. Já estamos até trocando mensagens. Estou indo, a onda está me levando,
Adonis — Alô? — falo assim que alcanço o telefone. — Senhor Kappas, aqui é o gerente do banco. — Ao ouvir de quem se trata, eu me sento na cama e esfrego o rosto para despertar. — Sim, alguma novidade? — Precisamos que venha até o banco, para conversarmos pessoalmente — pede, respiro fundo. — Tudo bem, quando? — A hora que puder. Estamos lhe aguardando. — Ok, irei hoje pela manhã. — Desligo o celular e me deixo cair sobre o colchão, encarando o teto do meu apartamento e solto uma lufada de ar de modo audível. O que será que houve agora? A voz do homem no telefone estava muito séria. Será que descobriram algo? Forço-me a sair da cama e tomar um banho. Vamos ver o que me espera dessa vez. O banho é rápido. Na cozinha como apenas um pedaço de pão de queijo e tomo uma xícara de café fresco. Pego a minha mochila e saio de casa. Hoje é segunda-feira, estou ansioso para levar a Agnes ao sítio que foi dos meus avós. O lugar é bem extenso e muito lindo e eu realmente espero que ela gos
Adonis — Há lugares que nunca mudam, e esse aqui vivi no passado. — Retruco fazendo graça. Abro a porta e lhe dou passagem, largando as malas em qualquer canto da sala e encaro uma Agnes fascinada. — Preciso ir ao supermercado. Se quiser pode ficar e tomar um banho — aviso após apreciá-la em seu momento de encanto. — Posso ir com você, se você quiser. — Dou de ombros. — Você quer ir? — pergunto louco para ela dizer que sim. Seu sorriso se amplia. — Quero. *** Agnes no supermercado, isso é hilário. Parece que nunca fez compras na vida. Rio do seu jeito estabanado e falante, pegando coisas na prateleira, na maioria delas, chocolates e guloseimas. — Você não teve infância não? — resmungo enquanto pego alguns legumes e verduras frescas. — Tive, mas aqui tem coisas que fizeram parte da minha infância e que não vejo mais na cidade. — Você é uma criança embutida no corpo de mulher, Agnes — retruco. Ela me olha de rabo de olho. — Vai me dizer que não gostou? — Pode pegar um arroz da
Agnes A quanto tempo não faço isso? Meu Deus, parece que estou reaprendendo a viver! Estou amando essa história de sair estrada afora, cantando em alto e bom-tom, saindo sem destino por aí… Ok, temos um destino, eu só não sei qual é ainda. No meio da viagem, pego uma cesta que está no banco de trás que o Adonis trouxe consigo, a abro e logo sinto o cheiro de pão de queijo se espalhando no ambiente, enchendo a minha boca d'água. Esse homem faz maravilhas na cozinha, eu já me vejo gorda de tanto comer. Uma mão grande invade a cesta e pega alguns pãezinhos os enfiando tudo de uma só vez na boca. Não sei como cabe tanto! Ele volta a cantar, agora de boca cheia e eu explodo em uma risada gostosa. Observo que entramos em uma área rural. Não gosto muito da vida no campo. Eu fui criada na cidade, mas admito que isso aqui é lindo! De dentro do carro é possível ver algumas plantações, todas estrategicamente enfileiradas e coloridas. As árvores que ladeiam o lugar dando um ar romântico, e
Agnes — Estou sonolenta, acho que preciso dormir um pouco — digo quando terminamos de tirar a mesa e deixamos a cozinha arrumada. São duas e meia da tarde e o sol está tinindo lá fora. — Venha, vou te levar ao seu quarto — diz segurando a minha mão e me levando para um corredor largo. — Meu quarto? Quer dizer que ficarei sozinha nesse lugar desconhecido? — pergunto sugestivamente. Ele enlaça a minha cintura e me puxa para si, ganho um beijo cálido e rápido. — Eu não sabia se ia querer dividir um quarto comigo, então… — Eu quero! — O corto. Ele sorri. — Ainda bem! — Me puxa para um beijo mais audacioso. Minhas mãos alcançam a sua nuca, acaricio os cabelos cheios e atados a uma liga, e eu solto um gemido apreciativo no meio ao beijo. Entramos no quarto assim, atracados um no outro, totalmente entregues e não deu outra. Fizemos um sexo gostoso antes do merecido descanso. *** O sítio, como o Adonis disse, é enorme e a cada passo que damos, é praticamente impossível não se deslumbra