Agnes — Sabe o que eu acho? Que você se acha a gostosona, mas você precisa saber, que sem mim, você não é nada! Agnes Ferraço, vive escondida atrás de uma imagem. Olha só para você, Agnes. Está sozinha, e sabe por quê? Porque a única pessoa que te quer, sou eu. — Adam disse mais cedo, quando me parou na entrada do prédio da Fashion e eu não segurei o impulso, e deitei a mão na cara do imbecil, o deixando para trás. Entrei no meu carro em seguida e algumas horas depois, estava trancada no meu quarto, remoendo algo que acabei de fazer bem no meio da minha cozinha. Ainda não estou acreditando que eu fiz aquilo. Não acredito que quase beijei o Adonis, meu Deus! Será que foi pelo que o Adam jogou na minha cara? Eu queria provar algo? Não, eu não preciso provar nada para ninguém. Deve ter sido o vinho, só pode ter sido o vinho. É claro que o culpado foi ele. Eu estava chateada, devido à perseguição irritante do Adam. O filho da mãe, bateu em um dos meus eventos em São Paulo e forçou um
Agnes O ambiente é bem aconchegante, mas é bem agitado também. Danceteria Ekkos, faz anos que não piso nesse lugar. Da última vez que vim aqui, namorava o capitão de um time de futebol do colegial. A Flávia saía com um dos amigos do meu namorado. Naquela noite, nós aprontamos todas. Lembro-me que a Flávia armou para um garoto... Como era mesmo o nome dele? Sigo uma Flávia dançante, pelo meio da multidão, segurando em seus ombros. Sério, dá um nervoso estar aqui de novo. Aquela história de que é como andar de bicicleta, não me parece viável. Depois que atravessamos praticamente toda a danceteria, ela para em uma mesa bem lá no canto, na lateral do balcão, onde tem alguns caras animados. Chego a puxar a respiração. — Agnes, esses são Petrus, Oliver e esse eu não conheço — Flávia diz animada. — Sou Mikael, amigo de Oliver. — Amigo? — Ela olha de um homem para o outro. — Prazer, eu sou a Flávia! — Lhe estende a mão. O cara a segura e o contrário de um aperto amigável, ele beija a mão
Adonis Mensagem do Oliver para Adonis. Adonis cadê você? Todos já estão aqui, cara. Adonis é sério. Se você não vier, eu mesmo irei te buscar. Adonis? Estou ficando preocupado. ... As mensagens da Flávia e do Oliver não param. Eu estou a mais de uma hora, sentado em um dos bancos do meu tão sonhado bistrô, secando uma garrafa de uísque. Estou para baixo, totalmente desanimado e justo hoje, é aniversário da morte do meu pai. Definitivamente não tenho clima para ficar no meio da turma, seria uma péssima companhia para essa noite. A situação seria bem diferente se ao menos eu tivesse concretizado o meu sonho, o nosso sonho. Após esvaziar mais um copo, peguei as chaves do carro dentro do meu bolso e resolvo ir para o Ekkos. Dirijo atento, mas sentindo a cabeça levemente zonza e minutos depois, eu paro o carro e adentro a casa noturna, sentindo a música vibrar nos meus tímpanos. Respiro fundo, sentindo o ritmo da música me relaxar imediatamente. Caminho direto para os fundos da boate
Adonis Adentro o escritório da senhora Agnes e como de rotina, começo a organizar a mesa para o seu almoço. Me chame apenas de Agnes. Hoje não sou senhora, nem sua, nem de ninguém. — Agnes. — Experimento o som da palavra na minha boca e sorrio por dentro. É muito bom chamá-la assim. Ponho um último retoque. Um vaso de cristal transparente, com uma única flor dentro dele, bem no centro da refeição. A porta se abre e pela primeira vez ela vem sozinha. Agnes fecha a porta atrás de si e quando se vira de frente para mim, os nossos olhos se encontram. Ela respira fundo e desvia o olhar, indo direto para a mesa, se acomoda, põe o guardanapo de linho branco no colo e abre a primeira bandeja, encontrando uma salada de cogumelos. Tudo isso sem olhar para mim. Reprimo um suspiro audível. Em seguida, ela abre a segunda bandeja, onde um arroz à grega comparece, fazendo-a morder o lábio inferior e por fim, a última bandeja com um delicioso filé de carne acebolado e ao molho de mostarda. Este e
Agnes Ferraço Instantes antes da verdade… Estou a mais de meia hora, com a cabeça inclina para trás e deitada no encosto da cadeira do meu escritório. Aí você pode me perguntar: O que porra você está fazendo Agnes? Aí eu te respondo, deitando o cérebro. Isso mesmo, deitando o cérebro. Cara, eu preciso me lembrar de algum detalhe daquela noite. Após ver pessoalmente o que Adonis guarda dentro das calças, eu fiquei pensando. Como eu não me lembro disso? Então quando a Flávia saiu para fazer o seu trabalho. Trabalho… Porra, não consegui fazer nada ainda nessa mesa. Mesa… O que Adonis faria comigo sobre essa mesa? Entenderam por que não fiz nada ainda aqui em meu escritório? Eu não tenho foco. Voltando ao assunto que fritou o meu cérebro, me lembrei da dança, dos toques, dos beijos em minha pele. Aí veio as imagens de nós dois se pegando como animais no cio no elevador. Ai meu Deus, nunca fiz sexo no elevador! Preciso fazer isso um dia desses. Estou ficando pervertida e culpa é da Flávia
Agnes São sete da noite e pela primeira vez na vida, estou chegando em casa cedo e de cara sou abraçada pelo cheiro maravilhosamente adocicado espalhado por toda a casa. O meu faro me guia até a cozinha e a visão que tenho bem na minha frente é de tirar o fôlego. Adonis em pé no meio da minha cozinha, usando apenas um jeans surrado, um avental e descalço. Os cabelos que vejo sempre presos a uma liga, estão soltos e caindo como uma cascata castanhas na altura dos seus ombros. Ele está concentrado em algo que não perco o meu tempo para descobrir o que é. Deus do céu, fantasias sexuais começam a brotar do nada em minha mente pervertida. Eu ficaria horas e horas o olhando trabalhar e não me cansaria. Ele está usando fones de ouvidos e cantarola algo baixinho e por vezes a cabeça segue um ritmo dançante, porém lento. Resolvo sair do meu esconderijo e os nossos olhos se encontram ávidos. Adonis se livra dos seus fones, e eu dou um sorriso de boca fechada. Puxo a respiração presa em algum lu
Agnes Como algo pode ser tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo? É exatamente assim que eu me sinto com a Agnes aqui, em minha cama, suada e ofegante, depois do seu terceiro orgasmo. Deixo-me cair amolecido ao seu lado no colchão e ela automaticamente vem se aconchegar em meus braços. Instintivamente beijo os seus cabelos suados e encaro a parede de vidro transparente a minha frente. O céu turvo, me diz que o nosso tempo está acabando. Ela está quieta e eu estou quieto. Apenas as nossas respirações se sobre saltam no lugar. É incrível como uma linda mulher, de um alto poder aquisitivo, tenha como alternativa viver sozinha nesse lugar tão amplo e tão solitário. Pergunto-me o que a levou a escolher isso para sua vida? Fecho os meus olhos e aprecio o seu calor natural aquecendo o meu corpo. Ela ergue a cabeça me fazendo abrir os olhos para olhá-la e me lança um olhar cheio de brilho e então um sorriso lânguido se espalha por seu rosto. — Precisamos de um banho — ela diz. — E de mai
Adonis — Bom dia! Espero que não se importe — digo apontando na direção da bandeja. Ela se senta na cama e olha na direção que lhe apontei. Um sorriso largo surge e eu ganho um beijo cálido no canto da boca. — Trouxe o seu café da manhã. Daqui a pouco você precisa ir trabalhar e… — Posso te fazer uma pergunta? — Ela me interrompe. O tom de voz cheio de receios me deixa inseguro. Eu a olho nos olhos e encontro algumas dúvidas neles. Por quê? Nem parece a Agnes da noite passada. — Claro — respondo com um tom firme, mesclando o meu receio. Agnes respira fundo, parece tomar coragem para fazer a tal pergunta e eu aguardo paciente. — Você… faria tudo de novo se eu... quisesse? — Agnes gagueja a pergunta. — Faria — digo sem titubear. — O que aconteceu ontem foi maravilhoso, Agnes! Eu amei cada minuto — falo com o coração cheio e quase saltando pela boca. Agnes está séria e me olhando, como se analisasse as minhas palavras. — Então… você gostou? — De verdade, não sei aonde ela quer chega