Atende o telemóvel– disse Vincet contra o ouvido de Alicia, depois de ela o ter agarrado, mas hesitante em falar com Liliana, –Põe–no em alta–voz, quero saber o que diz, toca.Alicia olhou para ele e franziu os lábios. Vincet sorriu de lado e deu–lhe um beijo de apoio na face. Depois respondeu.–Dime––Finalmente, Alicia, sabes que não gosto quando demoras tanto tempo a responder, como se eu tivesse todo o tempo do mundo– protestou a mulher do outro lado.Alicia conseguia sentir o corpo de Vincet a apertar–se debaixo dela e a sua sobrancelha a franzir–se.–Eu estava na casa de banho– respondeu ele, –O que se passa?–Manda–me dinheiro. Se estás naquela casa há muito tempo, já deves ter dormido com ele, de certeza que ele te dá uma boa mesada. Aquele Vincet está cheio de dinheiro, não pode ser assim tão sovina.Alicia fixou os olhos no diretor executivo, negando e com a vergonha estampada no rosto perante o atrevimento da mãe, mas ele acenou com a cabeça, mexeu os lábios e disse que sim
Horas antesLukas dirige–se para o hospital com um sorriso nos lábios que faz com que as mulheres que passam por ele olhem para ele, e como não o fazer quando a aura de felicidade que o envolve é enorme. Iria reencontrar–se com a pequena cria que não era de todo uma cria. Parecia uma leoa com as garras de fora, querendo arrancar–lhe um pedaço, pois nesse caso ele seria o seu leão. GRRRRR.Entra no hospital e dirige–se diretamente para o átrio. Embora já soubesse onde encontrar o médico, queria verificar se a sua consulta tinha sido marcada corretamente. Tinha–a marcado em nome de Vincet para que ela não fugisse. Ele queria vê–la.–Boa tarde, estou aqui para ver a Dra. Juliana– disse ele, sem conseguir esconder o sorriso. Parecia ter passado uma eternidade desde a última vez que a tinha visto.Uma enfermeira meio arrebatada abanou a cabeça quando Lukas estalou os dedos à sua frente.– Querida, não tenho o dia todo para que me admires, podes ir ver, por favor?– Havia uma ponta de impaci
A veia da têmpora de Juliana estava agora a latejar e a sua mão com a caneta tremia sobre o papel. Arrependeu–se de não o ter expulsado do seu gabinete quando chegou a altura, para não ter de ouvir os seus protestos, que deveria estar a dar ao seu chefe, não a ela, mas pela forma como falava, parecia que já lhe tinha dito.Então... o que é que ela estava a fazer, nada. Só estava a perder o seu tempo.–... e depois o Vincet fez isso, por isso nessa noite saí para uma festa com o meu amigo Roan e envolvi–me com... –...Juliana estreitou os olhos. Ah, agora já percebia onde é que ela queria chegar. Recordando o que tinha acontecido entre eles naquela noite. E não ia mentir, tinha sido o melhor sexo que tinha tido até então, não era burra, tinha sentido que a ligação entre eles tinha sido muito boa, ele também não era mau fisicamente. Era um homem bonito que lhe chamaria a atenção se ela tivesse cabeça para isso, com um bom físico e carisma, mas ao contrário de outros, ela não estava à pr
Lukas conduzia na direção que Juliana lhe tinha indicado, com as mãos a agarrar firmemente o volante do carro e o rosto ligeiramente franzido. Não era pessoa para tirar conclusões precipitadas, mas algo o incomodava.–Tenho algo a considerar– disse ele, quebrando o gelo depois de vários minutos sem falar. Tinha reparado que a mulher tinha as mãos cruzadas no colo.–O quê?– Juliana não percebeu a pergunta. Lukas olhou–a de lado.–Bem, nós vamos ter uma relação em que vamos ter sexo e, embora eu adore a ideia, vamos acabar por nos misturar. Se tivermos algum problema que possa afetar um ao outro, é melhor dizê–lo agora– foi direto ao assunto.Viu as sobrancelhas de Juliana erguerem–se e depois caírem. Ela desviou o olhar.–Não... não há nada.Lukas não ficou satisfeito com a resposta dela e, parando o carro num sinal vermelho, estendeu a mão com um movimento rápido e empurrou a máscara de Juliana para baixo, revelando o que estava por baixo dela. E o que ele viu fez com que os seus olho
Alicia estava a servir o pequeno–almoço para três pessoas à mesa, algo que se estava a tornar um hábito para ela, que costumava cozinhar demais, pois Lukas costumava aparecer do nada a todas as horas. Não que isso a incomodasse de todo. O homem tinha algo que não sabia para animar o ambiente. Ouviu a porta do escritório de Vincet abrir–se e os dois saíram.–Lukas tinha um sorriso enorme no rosto, era isso que ele queria dizer.Alicia endireitou–se e quase caiu para trás quando Lukas se lançou em direção a ela e a abraçou.–Obrigado, mil vezes obrigado– começou a dizer o secretário por cima do ombro, num tom de choro.Alicia olhou para Vincet, que tinha uma careta no rosto e que agarrou no pescoço do amigo e o puxou para o soltar.–Não te agarres a ela como a uma pastilha elástica– rosnou.–Aaaahhh, não me digas isso, seu acumulador de merda. Pensas que por estares com a pomba agora és o único na vida dela. Mesquinho– Lukas rosnou–lhe também.Uma gota de suor escorreu pela têmpora de A
O carro parou na esquina do costume para deixar Alicia a caminho da faculdade, embora ela soubesse que, por esta altura, seria certamente o centro das atenções, afinal de contas, Vincet tinha feito um bom espetáculo ao ir buscá–la e os seus colegas de turma não iam ficar calados. Começou a sair do carro depois de se despedir, mas a sua mão foi agarrada por Vincet, que se moveu rapidamente.Ela virou–se para ele a meio do caminho, com dúvidas no rosto.–Há algum problema?O diretor–geral fechou os olhos.–E onde está o meu beijo?Nesse momento, o rosto de Alicia ficou vermelho de vergonha.–Podem comer à vontade, façam de conta que não estou aqui– disse Lukas do banco da frente com um abanão na cama.Um bufo saiu do peito de Vincet e ele esperou por ela, embora, conhecendo–a, ainda fosse demasiado cedo para ela tomar a iniciativa se não estivesse bêbeda. Ele só queria ver a reação dela e gostava muito quando ela corava daquela maneira. Deixou–a ir e ia dizer–lhe que era uma brincadeira
Alicia não ficou surpreendida quando uma das raparigas à sua frente perguntou.–Pode dar–me o número de telefone do homem que a veio buscar ontem?Não era apenas a arrogância com que ele falava, mas a autoridade com que o fazia. E Alicia sabia que, se dissesse –não– em primeiro lugar, eles não aceitariam, em segundo lugar, de certeza que iriam continuar a insistir e, além disso, era provável que tornassem o pouco tempo que ela tinha tido num inferno de problemas. E a última coisa que ela queria era procurar problemas. Ela queria formar–se de uma vez. Não ficar a olhar para a cara de todas aquelas pessoas que, até há menos de 24 horas, a tinham ignorado completamente.Por isso, optou por uma alternativa melhor, a inteligência não podia ser apenas para os estudos.–Gostavas que o teu número fosse dado a alguém de quem não gostas?– perguntou com uma calma que não lhe era caraterística.A rapariga abriu a boca para protestar, mas outra rapariga interveio.–Como é que podes dizer isso? Não
Vincet abriu a porta do seu apartamento com um ligeiro sorriso e um grande saco na mão. Havia um ligeiro odor etílico a sair dele, devido aos dois copos de vinho que tivera de consumir durante o jantar de negócios, mas não era assim tão mau que ele não tivesse controlo sobre isso. Estava apenas mais bem–disposto do que noutras alturas. Especialmente depois do dia que tivera e da prenda que ia entregar.Já a futura dona daquelas prendas estava sentada nas almofadas da sala, em frente à mesa baixa, com alguns documentos a estudar e a traduzir, afinal em breve teria a sua formatura e, com certeza, o exame final. Quando ele se aproximou, ela ouviu–o e olhou por cima do ombro.Boa noite, Vincet,– Alicia sorriu–lhe, levantando os bordos dos lábios, embora o seu rosto estivesse um pouco sério devido à concentração que normalmente adquiria quando estava a estudar.Aproximou–se dela e baixou–se ao seu lado, esticando o pescoço e deixando um beijo rápido nos lábios de Alicia, apanhando–a de sur