Nesse momento, Alicia viu Cristian pegar no seu telemóvel e consultá–lo.–Oh. Parece que ele não vai poder vir – fez uma expressão como se não fosse importante – Diz que surgiu um imprevisto e que tem de adiar.Alice ficou um pouco desiludida, mas recuperou rapidamente.–Não há problema– e começou a levantar–se do banco quando Cristian lhe agarrou o pulso.–Esperem, onde é que vão? Ainda podemos aproveitar o facto de estarmos aqui e tomar um café. Não há mal nenhum em passarmos algum tempo juntos, não achas?Ela tentou libertar–se do seu aperto, mas os dedos dele estavam bem apertados.–Só vim por causa da oferta que me fizeste– Alicia controlou o seu tom de voz, –Por favor, tenho de ir, tenho coisas para fazer. E tu própria o disseste, não tens de implorar quando és rejeitada.Ele franziu o sobrolho.–Os seus dedos apertaram o pulso dela.Não quero ser vista com um professor à porta da escola e criar rumores– Alicia tentou retirar–lhe a mão novamente.Passa–se alguma coisa?– aproximo
Alicia não se tinha apercebido de como estava exausta até encostar as costas a uma das paredes do elevador. O seu corpo pesava uma tonelada. Por esta altura já tinha fome, tinha comido há muito tempo, mas ao mesmo tempo sentia náuseas. Para não falar que a cabeça lhe começava a doer e que se sentia tonta só de entrar no elevador.Levou a mão à têmpora e apertou–a. Só tinha sido uma noite na rua. Não é como se fosse a primeira vez. Não a ia matar. Soltou um enorme suspiro antes de se ir embora quando chegou ao andar do apartamento de Vincet. Ela dirigiu–se para lá quase mecanicamente. Esperava que ele estivesse a dormir, pois não queria explicar–lhe porque não estava em casa.Não sabia se contar–lhe o que Lukas tinha dito seria apropriado. Ah, a dor de cabeça não a deixava pensar direito. Mas os seus planos foram por água abaixo quando entrou e encontrou a silhueta do próprio Vincet de costas para ela junto a uma das janelas.Ele estava a beber café e olhou para ela por cima do ombro.
Que raio lhe estava a acontecer? Desde quando é que ele se preocupava com os sentimentos dos outros?–Hey, devias encarar as coisas com mais calma,– Lukas deixou–se cair no sofá, –Porque é que em vez de a veres como uma tentação, pensas nela como se fosse, sei lá... como se fosse um familiar que te fez uma visita temporária. Como a tua irmã, sei lá. Tu não fodias com a tua irmã.–Acho que quem tem fetiches aqui és tu, por isso não me envolvas nessa merda– retorquiu Vincet, mas analisando o seu ponto de vista, talvez se analisasse o que Lukas lhe tinha dito, o seu interesse pela rapariga diminuísse. É que... ela não tinha nada que o atraísse realmente, mas ao mesmo tempo tinha.Era algo que eu não conseguia compreender.Nesse momento, o seu telemóvel tocou. Olhou para as horas e eram 10:30 da noite. Tinha mesmo feito um dia em cheio. No ecrã havia uma mensagem. Era da mulher que tinha passado a noite na sua cama. Esperava que ela não se tornasse intensa, pois teria de a bloquear.Desbl
Vincet não gostava de animais de estimação. A razão... eram quase como um fardo, tinham de ser tratados, alimentados, vigiados, levados de um lado para o outro se ficassem doentes, em suma, era uma responsabilidade que não lhe agradava. É por isso que não tinha uma parceira fixa e séria. Era ter de estar atento a uma pessoa e sentir–se preocupado... como agora.Ele detestava a sensação. Fazia o seu peito apertar e a inquietação dançar pelo seu corpo.Ele nem sequer ficou assim quando teve de fechar os contratos mais importantes da sua vida. Não. Viver livre era a melhor coisa. Não ter nada que o incomodasse e desfrutar dos prazeres da vida. Era um luxo a que se podia dar... por isso... o que estava ele a fazer ao voltar para a sua casa de campo quase à meia–noite, com o coração quase na garganta, formando mil cenários na cabeça, em vez de estar a caminho de um hotel ou de outro sítio qualquer?Isso era fácil. Ele agora não vivia sozinho, e a mulher em sua casa nem sequer tinha atendid
Ao receber este tipo de diagnóstico do médico, Vincet não o achou assim tão estranho. Afinal, já o tinha notado em alguns comportamentos de Alicia, desde a cautela, a introversão e até a recusa de contacto físico excessivo se não tivesse o controlo da situação. E se a isso se juntassem as cicatrizes nas costas dela, que ele percebia terem sido provocadas em diferentes ocasiões... da mesma forma, uma estranha angústia apoderou–se dele e o seu peito apertou–se.–Qual é a gravidade?A expressão do médico era séria.–É melhor sentarmo–nos por um momento.E os dois homens à sua frente sabiam que não seria uma conversa simples.Perdoe–me se tomei a liberdade, mas uma vez que vi o que ele tinha no pulso, faz parte da ética do meu médico verificar o resto dos danos– desculpou–se, Vincet fez–lhe sinal para que continuasse, –não posso dizer com certeza a quantidade de danos, pois teríamos de fazer um estudo minucioso do seu interior, mas a sua pele tem muitas manifestações de abuso. É muito bra
Ah, foi um verdadeiro alívio quando a cabeça deixou de lhe doer e o corpo já não estava tão quente que ardia. Foi um alívio quando algo a envolveu e quase a embalou protectoramente. Foi um alívio poder dormir... sem ter de estar à espera que alguém lhe abrisse a porta...Esperar por ele.A consciência de Alicia, anteriormente enevoada, estava a clarear a uma velocidade impressionante, o mesmo não acontecendo com o seu corpo que, embora já não sentisse dores, ainda estava bastante beijado, especialmente à volta da cintura. E embora a temperatura do seu corpo parecesse ter baixado consideravelmente, havia um calor localizado nas suas costas que era agradável e algo familiar.Alicia forçou o seu corpo a acordar completamente e abriu os olhos. Demorou algum tempo a concentrar–se no que a rodeava, mas pestanejou várias vezes. Não se lembrava de ter chegado ali. Ela... estava a sentir–se muito mal, andava de um lado para o outro, mas os seus pensamentos estavam confusos depois de se ter dir
Tique–taque, tique–taque.Era o único som que Alicia conseguia ouvir no quarto escuro como breu, enquanto o seu olhar estava fixo no teto. Naquela noite... foi–lhe quase impossível dormir um pouco e já eram três horas da manhã há algum tempo. Se continuasse assim, iria para a universidade sem ter dormido e isso não era bom, não conseguiria concentrar–se bem por causa do sono.Ele suspirou.Ela estava cansada, mas a sua cabeça aparentemente não. Os pensamentos eram um verdadeiro turbilhão. Agora estava sozinha. Vincet não voltara a dormir com ela depois daquela noite em que a vigiara até de madrugada, e talvez tivesse sido melhor assim.Nunca tinha visto o homem como algo mais do que uma simples pessoa. Nunca tivera um interesse amoroso como tal, nem um parceiro, embora a dada altura a ideia lhe tivesse passado pela cabeça e despertado a sua curiosidade, mas não tinha ido mais longe, talvez devido à sua situação e modo de vida. Por isso, quando viu Vincet, só o viu como outra pessoa e,
Ah, agora Alicia entendia. Não era para ela que estavam a olhar, mas para Vincet que estava atrás dela. Ainda assim, não se sentia confortável com toda a atenção que estava a receber, e a sua mão apertou–se na borda do elegante e caro casaco do Diretor Executivo.–Tutor?– foi a pergunta que saiu da boca de Cristian com um ligeiro travo de desprezo que logo foi disfarçado, –Desculpe, mas a Alicia já tem idade suficiente para que alguém tenha de tomar conta dela como se fosse uma criança.Vincet era um homem adaptado a lidar com certos tipos de pessoas para o seu trabalho e a sua paciência estava bem solidificada para não deixar escapar o que realmente queria dizer naquele momento, por isso também não se sentiu intimidado pelo professor de Alicia, pelo contrário, baixou a cabeça e sorriu ligeiramente enquanto o seu braço apertava possessivamente Alicia contra ele. Sentiu o gemido dela quase como um murmúrio seguro, devido à impressão da forma como ele se estava a comportar.Na altura, n