A dor de cabeça era terrível. Era por isso que ela odiava o álcool. Alicia tinha tido o cuidado de se manter afastada dele durante toda a sua vida, sabendo das consequências para o seu corpo, mas desta vez não conseguiu escapar–lhe. Até tinha náuseas.Lentamente, abriu os olhos com as pálpebras pesadas. Franziu o sobrolho enquanto os seus olhos demoravam a adaptar–se à luz fraca do quarto que provinha principalmente dos raios de sol da manhã que se filtravam através das cortinas.Depois reagiu. Aquele não era o teto do seu quarto. Ela não estava tão familiarizada com ele por causa do pouco tempo que tinha estado nele, mas definitivamente não era o mesmo. A cama também não era preta.Ela sentou–se com um sobressalto, um pouco assustada. Não se lembrava de nada depois de ter sido carregada por Vincet no restaurante. Depois disso... era apenas um intervalo até então. Ficou alarmada ao aperceber–se de que não estava a usar o vestido, mas sim uma camisa de seda que lhe cobria o corpo. Pelo
Alicia ficou surpreendida ao ver Lukas a entrar pela porta com roupa casual, especialmente num fim de semana.Bom dia, pomba– aproximou–se dela, que estava a trabalhar na mesa da sala.–Bom dia– respondeu Alicia automaticamente.Lukas sentou–se ao lado dela e concentrou–se no que ela estava a fazer, mas fez uma careta ao não perceber uma palavra dos papéis que tinha à sua frente.–como se aplica a fazer as tarefas do fim de semana. Tens de aproveitar a vida e descansar. Além disso...– tocou com o dedo no centro da testa dela, –não tens uma dor de cabeça de ressaca? Ontem caíste que nem um tronco.Alicia franziu a boca.–Tenho um pouco de dor de cabeça, mas consigo aguentar.–Paloma...–Vincet já estava a descer as escadas com umas calças e uma camisa simples, tão casual como Lukas – e lá em cima para trazer a minha mala.Ao mencionar isso, Alicia pestanejou.–Depois, franziu os lábios, não tinha o direito de inquirir sobre a vida dele e, em seguida, tentou rapidamente dissipar a sua c
Alicia olhou para o seu telemóvel à saída da universidade e descobriu que tinha perdido toda a bateria. Também não era como se fosse receber qualquer chamada. Nem Vincet nem Lukas a tinham contactado, e já tinha passado uma semana inteira. Quer dizer... era sexta–feira outra vez e ela ia começar o fim de semana sozinha naquela casa enorme que a tinha feito tremer. Até o seu joelho tinha sarado completamente alguns dias antes.Ela nem queria dizê–lo, mas uma das noites tinha acabado por dormir na cama de Vincet completamente coberta com a colcha e rezando para que ele não a viesse ver naquela situação. Mas ela precisava mesmo de estar num sítio onde não sentisse que estava a ser observada. E podia ser tudo coisa da cabeça dela...Engoliu com força e concentrou–se. Tinha de se habituar a viver sozinha. Era assim que ela seria quando finalmente se libertasse das garras que a prendiam ali. Agora tinha de se certificar de que regressava a casa e preparava o seu jantar.Também tinha muito t
Nesse momento, Alicia viu Cristian pegar no seu telemóvel e consultá–lo.–Oh. Parece que ele não vai poder vir – fez uma expressão como se não fosse importante – Diz que surgiu um imprevisto e que tem de adiar.Alice ficou um pouco desiludida, mas recuperou rapidamente.–Não há problema– e começou a levantar–se do banco quando Cristian lhe agarrou o pulso.–Esperem, onde é que vão? Ainda podemos aproveitar o facto de estarmos aqui e tomar um café. Não há mal nenhum em passarmos algum tempo juntos, não achas?Ela tentou libertar–se do seu aperto, mas os dedos dele estavam bem apertados.–Só vim por causa da oferta que me fizeste– Alicia controlou o seu tom de voz, –Por favor, tenho de ir, tenho coisas para fazer. E tu própria o disseste, não tens de implorar quando és rejeitada.Ele franziu o sobrolho.–Os seus dedos apertaram o pulso dela.Não quero ser vista com um professor à porta da escola e criar rumores– Alicia tentou retirar–lhe a mão novamente.Passa–se alguma coisa?– aproximo
Alicia não se tinha apercebido de como estava exausta até encostar as costas a uma das paredes do elevador. O seu corpo pesava uma tonelada. Por esta altura já tinha fome, tinha comido há muito tempo, mas ao mesmo tempo sentia náuseas. Para não falar que a cabeça lhe começava a doer e que se sentia tonta só de entrar no elevador.Levou a mão à têmpora e apertou–a. Só tinha sido uma noite na rua. Não é como se fosse a primeira vez. Não a ia matar. Soltou um enorme suspiro antes de se ir embora quando chegou ao andar do apartamento de Vincet. Ela dirigiu–se para lá quase mecanicamente. Esperava que ele estivesse a dormir, pois não queria explicar–lhe porque não estava em casa.Não sabia se contar–lhe o que Lukas tinha dito seria apropriado. Ah, a dor de cabeça não a deixava pensar direito. Mas os seus planos foram por água abaixo quando entrou e encontrou a silhueta do próprio Vincet de costas para ela junto a uma das janelas.Ele estava a beber café e olhou para ela por cima do ombro.
Que raio lhe estava a acontecer? Desde quando é que ele se preocupava com os sentimentos dos outros?–Hey, devias encarar as coisas com mais calma,– Lukas deixou–se cair no sofá, –Porque é que em vez de a veres como uma tentação, pensas nela como se fosse, sei lá... como se fosse um familiar que te fez uma visita temporária. Como a tua irmã, sei lá. Tu não fodias com a tua irmã.–Acho que quem tem fetiches aqui és tu, por isso não me envolvas nessa merda– retorquiu Vincet, mas analisando o seu ponto de vista, talvez se analisasse o que Lukas lhe tinha dito, o seu interesse pela rapariga diminuísse. É que... ela não tinha nada que o atraísse realmente, mas ao mesmo tempo tinha.Era algo que eu não conseguia compreender.Nesse momento, o seu telemóvel tocou. Olhou para as horas e eram 10:30 da noite. Tinha mesmo feito um dia em cheio. No ecrã havia uma mensagem. Era da mulher que tinha passado a noite na sua cama. Esperava que ela não se tornasse intensa, pois teria de a bloquear.Desbl
Vincet não gostava de animais de estimação. A razão... eram quase como um fardo, tinham de ser tratados, alimentados, vigiados, levados de um lado para o outro se ficassem doentes, em suma, era uma responsabilidade que não lhe agradava. É por isso que não tinha uma parceira fixa e séria. Era ter de estar atento a uma pessoa e sentir–se preocupado... como agora.Ele detestava a sensação. Fazia o seu peito apertar e a inquietação dançar pelo seu corpo.Ele nem sequer ficou assim quando teve de fechar os contratos mais importantes da sua vida. Não. Viver livre era a melhor coisa. Não ter nada que o incomodasse e desfrutar dos prazeres da vida. Era um luxo a que se podia dar... por isso... o que estava ele a fazer ao voltar para a sua casa de campo quase à meia–noite, com o coração quase na garganta, formando mil cenários na cabeça, em vez de estar a caminho de um hotel ou de outro sítio qualquer?Isso era fácil. Ele agora não vivia sozinho, e a mulher em sua casa nem sequer tinha atendid
Ao receber este tipo de diagnóstico do médico, Vincet não o achou assim tão estranho. Afinal, já o tinha notado em alguns comportamentos de Alicia, desde a cautela, a introversão e até a recusa de contacto físico excessivo se não tivesse o controlo da situação. E se a isso se juntassem as cicatrizes nas costas dela, que ele percebia terem sido provocadas em diferentes ocasiões... da mesma forma, uma estranha angústia apoderou–se dele e o seu peito apertou–se.–Qual é a gravidade?A expressão do médico era séria.–É melhor sentarmo–nos por um momento.E os dois homens à sua frente sabiam que não seria uma conversa simples.Perdoe–me se tomei a liberdade, mas uma vez que vi o que ele tinha no pulso, faz parte da ética do meu médico verificar o resto dos danos– desculpou–se, Vincet fez–lhe sinal para que continuasse, –não posso dizer com certeza a quantidade de danos, pois teríamos de fazer um estudo minucioso do seu interior, mas a sua pele tem muitas manifestações de abuso. É muito bra