Eu não sei o que dizer. Um silêncio pesado cai sobre nós. Só se ouço o barulho da chuva, que começa a diminuir. Respiro profundamente.
—Miguel, você está muito pensativo, fala o que está sentindo. Não me deixe fora.
Ele me olha com a respiração agitada.
—Esse cara. John Reynolds. Você sabia que seu pai e o pai dele sonham com a união das famílias?
Meu coração ainda está batendo tão furiosamente no meu peito e eu levo um momento para entender o que acabo de ouvir. Quando assimilo a informação, um rastro de raiva percorreu minha medula.
Eu engulo em seco.
—Não pode ser! Eu conheço meu pai, você deve estar enganado. Ele não faria uma coisa dessas.
— Há verdade em cada palavra que eu te disse. Mamãe me contou. Não é de
Duas semanas depois...Eu estou no meio do quarto de Miguel, com os olhos vendados. Ele amarrou um pano negro em meus olhos. Estou usando uma anágua de seda negra. Estremeço, pois, sei que ele está por perto.Minha boca se separa, e eu ofego, sedenta por seu toque, por seus lábios. Apalpo o ar, procurando seu corpo. Eu me sinto vulnerável, pois sei que ele está me observando.Dou alguns passos e paro quando o ouço atrás de mim, logo sinto seu perfume... arrepio-me inteirinha.—Miguel.—Quem mandou sair da cama? —Ele diz baixo e rouco perto da minha orelha.Eu me viro e o toco, estremeço com o contato do seu corpo forte, nu e quente junto ao meu.—Você demorou...Seus dedos mergulham em meus cabelos e ele me faz inclinar minha cabeça para trás e arrasta seus l&aa
No dia seguinte, eu me levantei cedo. Todo dia vejo Miguel passar com seu cavalo negro da minha janela. Porém hoje eu não o avistei, só quando voltava com o meu cavalo depois de cavalgar uma hora pela fazenda. Nessa hora ele estava indo em direção ao seu carro. Imediatamente sorri satisfeita e pensei:Que bom que ele ouviu meu conselho em ir ao médico.Meus olhos então o beberam pois ele estava lindo de doer. Usava uma calça de sarja preta e camisa da mesma cor, botas de cano curto.Agora, depois de um banho demorado e vestida com um vestido de algodão preto estou aqui em frente a janela, ansiosa, apreensiva, a cada minuto checo se ele chegou.Resolvo por uma cadeira em frente a ela quando vejo que os minutos passam e nada dele aparecer. Sento-me pensativa com a imagem do lago pedra alta seco. Talvez a sua queda e todo o esforço de levar o gado mais longe para beber água
Mais tarde quando entro na saladou com meu pailendo um jornal. Eu respiro fundo tentando controlar meu nervosismo, forço um sorriso.—Aonde você estava?—Conversando com Miguel. —Digo, preciso prepara-los para quando eu e ele anunciarmos que estamos juntos e é sério.Ele assente para mim sem sorrir, acho que tentando entender a natureza do "conversando".—O que acha de cavalgarmos juntos?Eu sorrio.—Maravilhoso. Vou colocar minhas roupas de montaria.***Papai e eu cavalgamos em silêncio, até certo ponto. Quando avistamos o gado e os peões Vitor está no meio deles. Eles estão fazendo a travessia do gado para a fazenda dos Reynolds. O mugido soa ao alto trazido pelo vento.Paramos nossos cavalos ante essa vista.—Pai, o senhor vai fazer mesmo o lago artificial? —Pergunto.Meu pai olha surpreso
Eu me levanto cedo e visto uma camisa branca, calça jeans e botas de couro macio. Antes mesmo de tomar o café da manhã passo na casa de Miguel.Ah, eu sinto uma saudade absurda dele.Porém nem todos os dias conseguimos ficar juntos, eu fico apenas com seus olhares de desejo e meus sentimentos guardados querendo vir à tona.Eu estou cansada de migalhas, mas é melhor elas do que nada. Ás vezes, eu tenho vontade de correr e me jogar em seus braços, beijar sua boca sem me importar com nada. Na caminhada até a casa dele sorrio sozinha quando penso em seu sorriso, seu carinho, suas carícias, seu corpo, seu cheiro.—Miguel! —Eu o chamo do lado de fora de sua casa. Mas não houve resposta.Será que ele voltou a trabalhar não respeitando as recomendações de meu pai?Cumprimento dois cavalariços que passam por mim.&m
MiguelRezando para que ela não veja a preocupação em meus olhos, eu a beijo. Ela separa sua boca e me beija de volta, de seus lábios escapam gemidos, me deixando louco, excitado.Eu passo as mãos pelos seus braços já arrepiados suavemente. Ansiosa, ela me pressiona mais contra seu corpo e começa a corresponder me provocando com seus lábios travessos.Fico numa agonia sem fim, entre o bem e o mal. Não sei se tenho futuro com Laura. Meu beijo se intensifica por causa do meu desespero de pensar em ter que desistir de nós, eu a abraço com força com vontade de me fundir a ela.Aos poucos nossos beijos vão diminuindo e a realidade me tomando, aumentando minha preocupação também e a culpa sobre as mentiras que eu ando dizendo a ela que está tudo bem... que não temos nada com que nos
Você precisa manter a calma. Repito pela terceira vez a mim mesma, enquanto me olho no espelho com um vestido mostarda que valoriza minhas formas. Meu corpo inteiro está aceso em saber que passaremos a tarde inteira juntos.Saio de casa olhando ao redor com medo de algum empregado me ver vestida desse jeito, mesmo sabendo que àquela hora do dia, dificilmente encontrarei alguém. Caminho rápido, me esgueirando pelos cantos. Coloquei sandálias sem salto para poder apressar meu passo. Uma pena, pois gostaria de dançar com ele, em cima de um lindo sapato de salto alto.Linda e sexy.Minutos depois, com o coração agitado, eu estou batendo na porta da casa de Miguel. A porta se abre e ele surge com uma rosa vermelha presa entre os dentes. Usando uma calça preta social, camisa branca semiaberta no peito e sapatos sociais pretos.Uma onda de hormônios sem controle jorra no meu sang
Miguel —Miguel, aquilo que cogitamos, se confirmou...sinto muito. Deus! Eu me sinto empalidecer. —Seu exame apontou que você, realmente tem, Charcot-Marie-Tooth, em seu caso em grau um, mais leve, já que apenas apareceu na perna direita. Eu encaro meu médico e apenas balanço a cabeça em troca. Sem palavras continuo a olhar para ele. O que ele disse quebrou meu coração. Uma sensação horrível aperta dentro de mim, pior que um soco no meu estômago. Minha garganta se mantém apertada quando engulo em seco, a tristeza cada vez mais tomando conta de mim. O médico solta um suspiro, antes de me lembrar novamente: —Como já conversamos da outra vez, essa doença é um defeito genético do seu cromossomo, então, é arriscado ter um filho, já que é portador da doença. Seu filho nascerá com o problema e pode não ter a mesma sorte que você e ter essa mesma doença em um nível mais grave. Ele pode vir
Laura—Vou fazer um café forte para você.—Não quero café, vai me dar dor no estômago... —Ele disse enrolado.—E bebida não? —Pergunto a ele impaciente.—Vá para casa Laura. Me deixe aqui. A bebedeira irá passar sozinha.Eu o solto o ar decepcionada.—Temos tão pouco tempo para ficarmos juntos. Por que você fez isso? O que está acontecendo, Miguel?—Nada. Eu estava aqui, sozinho. Me lembrei que eu tinha essa garrafa.... —Sua cabeça tomba.Minhas narinas estão dilatadas, as palmas das mãos suando vendo a figura lamentável de Miguel bêbado no sofá. Eu o seguro pelo braço.—Miguel, vem, vamos para a cama. Pelo jeito essa bebedeira não vai passar tão cedo.Ele abre os olhos.—Não quero, me de