Fernanda
Depois de apagar por completo, agendo o despertador do celular para umas três horas antes do tempo da entrevista, mas eu esqueço de colocar o aparelho no carregador, por sorte ou um milagre, acordo bem cedo, até um pouco mais do que eu tinha programado. Tomo um bom banho e desço para ajudar minha mãe a preparar o nosso café. Depois de ficar um tempo conversando com ela, subo para o meu quarto e começo a me arrumar bem bonita. Sei que estava muito cedo para sair, mas como a ansiedade gritava dentro de mim, decidi não ficar em casa por muito tempo, pois isso me deixaria ainda mais nervosa. Me despeço da minha mãe e como a empresa era longe da minha casa, eu decidi chamar um taxi. Sei que era um dinheiro extra e que nessa altura do campeonato qualquer gasto poderia nos fazer falta, mas eu estava esperançosa de que dessa vez as coisas seriam diferentes e essa quantia no final, seria muito bem gasta.Pouco tempo depois chegamo na empresa. Pago o taxista e desço já com o coração à ponto de saltar pela boca. Primeiro por puro nervosismo e segundo pelo que aconteceu no dia anterior. Mas, nada me faria parar, se Deus me fez vir aqui novamente foi por alguma razão, e espero que seja para receber boas novas, porquê de pedradas já estava cheia.Cumprimento um novo segurança que estava próximo aos elevadores, que logo me entrega o crachá de visitante e diz que posso seguir direto para a recepção. Faço isso, e mesmo já conhecendo um pouco esse lugar, não pude deixar de observar com mais atenção, era enorme e cada detalhe mais luxuoso do que o outro. Entro no elevador e em segundos chego no quinto andar e avistando uma outra recepcionista, logo penso:"Graças à Deus, àquela velha chata não está aqui, a bruxa deve ter pego a vassoura e levantado voo." — penso caminhando e sorrindo por dentro imaginando a cena da bruxa na vassoura, mas me contenho e me aproximo da mesa dizendo:— Oi, eu me chamo Fernanda Gusmão! Eu vim por causa do anúncio com vaga para acompanhante, como o jornal estava rasgado, eu não tinha o número do telefone e não pude ligar antes. A vaga já foi preenchida? — disparo a falar e a recepcionista me observa com um sorriso no rosto respondendo em seguida— Ah sim! A vaga ainda não foi preenchida. Qual é a sua idade? Já fez isso alguma vez? — a recepcionista pergunta e ao mesmo tempo digitando algo no computador— Tenho vinte e dois anos, e nunca fiz isso, mas estou disposta, e modéstia a parte sou uma ótima companhia. — respondo sorridente, sequer imaginando do que realmente se tratava a vaga de emprego— Hum, isso é excelente! Por favor, preencha essa ficha, e aguarde que o senhor Castelamari, nosso cliente já vai te chamar. — a recepcionista fala e eu arregalo os olhos assustada— Como assim cliente? Então a vaga anunciada era para... — engasgo e sequer consigo terminar de pronunciar a frase— Sim acompanhante de luxo, e o senhor Castelamari ira te analisar, até o momento não foi encontrado ninguém que si encaixe no perfil que ele deseja.A recepcionista fala tranquilamente empurrando uma folha diante de mim mas levanto na hora e nervosa falo:— Ah não, ouve um engano da minha parte. Eu não sirvo para isso, quando eu li o anúncio, ou melhor, metade dele, eu pensei que fosse outro tipo de acompanhante! Jamais esse tipo de trabalho. — falo sem jeito e quando viro meu olhar me deparo com um par de olhos esverdeados me examinando minuciosamenteEra um homem de aparentemente cinquenta ou sessenta anos, mas muito conservado, com um porte másculo e um olhar intimidador, que me causava arrepios. Ele estava acompanhado pelo segurança do dia anterior, que ao me ver, lançou um olhar curioso, pois pelo visto estranhou o meu retorno depois do, não, bem grande que eu havia recebido no dia anterior.O homem, que com certeza era o dono daquilo tudo, se aproximou da recepcionista perguntando se já havia encontrado alguém pra vaga de acompanhante, e em seguida ele me olhou de cima embaixo, como se eu fosse uma peça de carne fresca.— Não senhor Castelamari. Essa moça veio, mas houve um engano, e essa vaga não é o que ela estava esperando.A rexepcionista responde, e o homem torna a me olhar, mas dessa vez de um jeito analítico e eu tremo por dentro. Mas antes de aguardar qualquer resposta, viro de costas e com passos largos desaparecendo dali."Empresa de loucos. Uma hora é assistente do departamento pessoal e outra é acompanhante de luxo. É Fernanda, as coisas não estão fáceis para você. Precisa orar mais menina."Penso enquanto caminho até o ponto de ônibus, sem emprego, preciso economizar, já basta ter gasto dinheiro no táxi em vão. Já estava subindo no ônibus, quando ouço alguém me chamar pelo meu nome. Olho de relance, pois não conhecia ninguém por esses lados, e quando vejo, era a mesma recepcionista simpática que me atendeu a pouco, me chamando.O que será que essa mulher quer comigo?*******Castelamari Cosméticos[Minutos após Fernanda sair da recepção]— Quem era àquela garota que estava na recepção? — Pietro pergunta enquanto se servia de uma dose de whisky— Era uma garota que imaginou que a vaga de acompanhante fosse para outra finalidade. — Antônio diz observando o filho que a cada dia o decepcionava mais, Pietro sempre odiou álcool, não suportava sequer sentir o cheiro, quisera beber. Mas desde o que houve em Roma, ele tem se afundando cada vez mais nesse vício maldito e Antônio não sabia mais o que fazer para ajudar o filho. Afinal, ele se sentia culpado pelo fato de ter feito esse arranjo para tentar casa-lo com Anna Grecco, uma mulher que ele nunca amou, e praticamente arrancou de seu filho a oportunidade de viver por si.— Eu quero que seja ela! — Pietro fala num tom autoritário, surpreendendo até mesmo Antônio, que nunca ouviu o filho falar dessa maneira— Por que exige isso? Gostou da moça? — Antônio pergunta curioso— Ela é perfeita! Só isso que o senhor precisa saber. — Pietro fala grosseiramente e Antônio respira fundo, falando tranquilamente— Pode ser mais explícito? Quais são os seus planos para querer tanto essa moça?— O senhor não deseja me obrigar a viver uma farsa, para ficar a frente dos nossos negócios? — Antônio assente curioso e Pietro continua — Então, tenho ao menos o direito de escolher uma mulher que me agrade, é só isso!Pietro fala com um sorriso no rosto, Antônio o observa desconfiado e do jeito que conhecia o filho, sabia muito bem tudo o que ele poderia fazer com aquela moça e o quão mal poderia ser com ela. Mas, como para os Castelamari, tudo o que importava era o prestígio e manter seu status, Antônio cederia à vontade do filho, fazendo até o impossível para que Fernanda fosse a acompanhante de Pietro e com a esperança de que ela pudesse transforma-lo no homem que ele já foi algum dia.Antônio liga para a recepção, e Ruth, a recepcionista substituta, já estava no seu lugar de costume e prontamente atende:— Sim, senhor Castelamari.— Alcance aquela moça que esteve a pouco aqui e diga para vir imediatamente, tenho uma proposta para ela.— Sim senhor.Antônio finaliza a ligação com a recepcionista, torna a sentar na sua cadeira e faz outra ligação, dessa vez para o seu advogado.— Jarbas?— Sim, Antônio, em que posso ajudar?— Prepare o contrato, imediatamente, acabo de encontrar quem eu procurava.FernandaOlho pra trás, e a mulher foi logo falando:— Fernanda, por favor volte, o Senhor Antônio quer falar com você.Sem pensar duas vezes, logo respondo:— Olha moça, como eu disse, isso não é pra mim, não nasci para isso. Diga à seu patrão que agradeço à oferta, mas não sirvo para ser prostituta.Ela se assusta com minha resposta, segura no meu braço e diz:— Calma menina, ele só quer conversar com você, sem compromisso, você vai perder ou talvez ganhar apenas dez minutos do seu tempo. E então, vamos?Fico pensativa por um curto tempo, coloco na balança os prós e contras de aceitar essa conversa. Realmente que mal teria se eu fosse conversar com esse tal de António? A única coisa era eu dizer o que disse à pouco para essa secretária, que não nasci para me prostituir e ser bonequinha de luxo de nenhum riquinho metido a besta.Como dizer isso não arrancaria pedaço algum do meu cirpo, então decido aceitar e voltar a empresa para ouvir a proposta daquele sujeito, afinal não tenho nad
Fernanda Depois daquela conversa tensa com o Luan, não preguei o olho à noite inteira, fiquei fritando na cama e assim que amanheceu, a primeira coisa que eu fiz foi ligar para o Senhor Antonio, falando sobre a minha decisão. E como eu imaginava, ele ficou muito satisfeito com minha resposta. Decidi ainda não contar pra minha mãe, por hora preciso inventar uma boa desculpa para ela não desconfiar de nada. Quer dizer, conseguir um outro emprego, mas isso, eu resolvo depois. Marcamos de nos encontrar no mesmo lugar de antes, ele me ofereceu um motorista particular para me buscar, mas não aceitei, pois não quero chamar atenção dos vizinhos e menos ainda da minha mãe. Já basta o carão do Luan, que tenho que suportar, agora ser a causadora de um desgosto da minha mãe, isso sim, eu jamais superaria.Antes de sair, me peguei um pouco curiosa, e decidi pesquisar sobre o tal Pietro Castelamari nas redes sociais, mas não achei nada sobre esse homem. Vasculhei tudo o que pude, mas não tinha ab
Fernanda Depois de tudo o que ouvi do senhor Antônio, minha mente estava fervilhando e mil coisas passavam pela minha cabeça. E uma delas, era que já fazia tempo que não ficava com ninguém, pois namorar sério, isso nunca aconteceu comigo e menos ainda de mentira. Não por falta de pretendentes, mas por nunca ter conhecido um cara que realmente mexesse comigo de verdade. Mas, confesso, que muitas vezes tinha vontade de agarrar o Luan, contudo sempre me controlei e por diversas vezes logo em seguida corria para casa tomando banho gelado.O tempo passou, e após a conversa com o Senhor Antônio, eu fui embora. Mas, aquela imagem da fotografia não saia da minha cabeça. Aquele Pietro não é um homem, não pode ser de verdade, lindo, solteiro e rico, as mulheres deviam cair matando. Mas, pelo visto o cara só está mesmo afim de curtição. Será que isso é para punir o pai dele? Afinal, pelo que percebi, eles não se dão muito bem.Com esses pensamentos, vou pra casa, de ônibus, para evitar problema
FernandaNo dia seguinte, Luan tinha feito um café da manhã maravilhoso e levou para mim na cama. Eu ainda dormia, e só despertei depois de sentir os beijos dele no meu pescoço. Me espreguiço e quando abro os olhos, vejo àquela bandeja cheia de delícias, sendo entregue pelo homem mais incrível desse mundo. Olho tudo aquilo e meus olhos se enchem de lágrimas. Nunca havia sido paparicada dessa maneira e isso me deixava muito emotiva.— Que lindo, Lu! — falo com as mãos na frente da boca e os olhos lacrimejados— Mais linda do que a mulher que está na minha frente, é impossível. — Lu diz sorrindo e me dando um selinho — Bom Dia, meu amor. Dormiu bem princesa? — ele pergunta, me dá um outro selinho e senta ao meu lado— Melhor é impossível. Respondo sorrindo, me servindo de um pouco de café. Luan começa a comer junto comigo, e fiquei mega feliz, porque não ficamos sem graça um com outro depois da noite passada. Mas, eu sabia que ele estava louco por uma explicação, a cara dele e seu olh
FernandaAndamos o shopping inteiro, meus pés estavam me matando, mas valeu a pena, pois Laura tinha um bom gosto. Após quase três horas andando sem parar de um lado para o outro, resolvemos parar um pouco pra comer. A fiquei observando por algum tempo, e pelo que pude perceber e pelo que ela dizia, parecia não saber do contrato. Isso era ótimo, quanto menos pessoas soubessem, menor seria o meu incômodo. Afinal, não era nada bonito se prestar a um papel como acompanhante de luxo e ainda por cima de mentira.— Então Fernanda, fui contratada ontem pelo senhor Castelamari, e você deve se considerar uma garota de sorte, pois namorar o solteirão mais cobiçado da cidade não é para qualquer uma. Laura fala com um sorriso no rosto, tento fingir entusiasmo, mas por dentro eu estava só os nervos. Não conseguia parar de pensar no Luan e tudo o que deve estar passando pela cabeça dele. E só em ter que imaginar outro cara me tocando, já sinto uma ânsia incontrolável. — Claro que sim, nossa muito
FernandaNo local marcado, lá estava o motorista. O cumprimento e em sequência seguimos para a casa do senhor Antônio. Eu imaginava que seria uma cobertura ou algo do tipo. Mas, não! Era uma mansão, tipo àquelas que vemos nos filmes do cinema, dava umas cinco da minha, luxuosa, e com muitas pedrarias na entrada. Chegando na porta, fui recebida com um sorriso, pela senhora das fotos.— Olá! Você deve ser Fernanda? O meu nome é Eloá, sou esposa do Antônio e madrasta do Pietro, vou te acompanhar até o quarto para que consiga se aprontar, enquanto os homens da casa não chegam. Com um sorriso, assinto, e subimos até o quarto. Novamente fico boquiaberta, era tudo perfeito, parecia até um quarto de princesa, e confesso que naquele momento era como eu estava me sentindo.Depois de algum tempo, lá estava eu, linda e tão perfeita que nem me reconheci. Fico ali, estática diante do gigantesco espelho que gavia de frente à cama, e só volto a si quando alguém bate na porta. Em seguida, vejo a port
Fernanda Depois do que aconteceu durante a madrugada, demorei à dormir, ou melhor, sequer consegui ter um sono tranquilo, pois os pesadelos que tive com Pietro não me deixaram em paz. O pior deles, foi quando ele invadia o meu quarto e me violentava. "Meu Deus, que loucura! Que esses seis meses passem o mais rápido possível, antes que eu enlouqueça de vez."Acordo bem cedo, com o barulho do meu celular tocando, pego rapidamente e vejo que era minha mãe, com toda certeza estava preocupada com a minha demora.Levanto e sigo apressadamente para a porta de madeira branca, e ao abrir, me deparo com um banheiro maravilhoso, revestido de mármore italiano de cima abaixo e com uma riqueza de detalhes impressionante. Fico boquiaberta e morrendo de medo de mexer em alguma coisa, mas eu precisa fazer minhas higienes matinais, não imaginei que passaria a noite aqui, portanto não vim prevenida e por essa razão, começo a procurar por produtos que eu pudesse utilizar. E por sorte, encontro tudo o q
Fernanda— Prazer, eu me chamo, Pietro Castelamari.Incrédula no que estava acontecendo, fico sem reação, mas depois relaxo e aceito recomeçar. — Prazer, Fernanda Gusmão. Apertamos as mãos e ficamos nos encarando por alguns instantes. Ele sorria lindamente deixando suas covinhas à mostra e eu como uma grande boboca sorri de volta. Em seguida, Pietro liga o carro e desata a falar:— Então Fernanda. o que você fazia antes de...O corto de imediato, evitando um constrangimento entre nós. — Era eu garçonete, e das boas viu, só que meu chefe acabou estragando tudo. Aquele imbecil#. — falo nervosa e Pietro parecia ler nas entrelinhas — Já sei, tentou te agarrar.— Leu meus pensamentos? Sim, ele tentou. — reviro os olhos me lembrando do fato de meses atrás — Não o julgo, você é mesmo muito atraente.Aqueles olhos cintilantes, começaram a me olhar, e eu senti um arrepio, que vinha debaixo para cima. Fiquei sem graça, mas gostei, ele sabia como deixar qualquer mulher excitada. Mas, de ime