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▪︎Decisão Difícil▪︎

Fernanda

Olho pra trás, e a mulher foi logo falando:

— Fernanda, por favor volte, o Senhor Antônio quer falar com você.

Sem pensar duas vezes, logo respondo:

— Olha moça, como eu disse, isso não é pra mim, não nasci para isso. Diga à seu patrão que agradeço à oferta, mas não sirvo para ser prostituta.

Ela se assusta com minha resposta, segura no meu braço e diz:

— Calma menina, ele só quer conversar com você, sem compromisso, você vai perder ou talvez ganhar apenas dez minutos do seu tempo. E então, vamos?

Fico pensativa por um curto tempo, coloco na balança os prós e contras de aceitar essa conversa. Realmente que mal teria se eu fosse conversar com esse tal de António? A única coisa era eu dizer o que disse à pouco para essa secretária, que não nasci para me prostituir e ser bonequinha de luxo de nenhum riquinho metido a besta.

Como dizer isso não arrancaria pedaço algum do meu cirpo, então decido aceitar e voltar a empresa para ouvir a proposta daquele sujeito, afinal não tenho nada a perder. Chegamos ao prédio e ela pediu que eu aguardasse em uma sala, bem grande e aconchegante. Por sorte aquela bruxa não estava por lá, com certeza deve estar de folga ou até mesma ter sido trocada de setor, porquê com uma cara feia daquelas deveria espantar qualquer cliente. Fico aguardando e minutos depois o tal Antonio entra.

— Desculpe à demora, ragazza, Fernanda seu nome, né? — assinto e ele estende a mão em minha direção — Prazer, me chamo Antonio Castelamari.

— O prazer é todo meu, mas olha senhor Antonio, tudo não passou de um nero engano, não sou garota de programa, acompanhante de luxo, ou seja lá como vocês chamam as mulheres de vida fácil, então não sei porque mandou me chamar. — solto logo o verbo na cara, sem rodeios, e não entendo a reação dele, que sorri da minha ousadia, deixando seus belos dentes alvos amostra

A encaro seria e ele sem pestanejar diz:

— Olha Fernanda, na verdade não é pra mim, e sim para meu filho. Estou prestes a me aposentar, e ele só quer saber de farra, noitadas, mulheres e não quer saber de responsabilidades de nenhum tipo. Ele precisa mudar o mais rápido possível, pois estou prestes a me aposentar, mas não posso entregar a sucessão das empresas nas mãos de um degenerado como ele. Então dei um prazo de seis meses, pra me mostrar que merece esse voto de confiança, e uma namorada ou acompanhante que seja, daria mais credibilidade para nossos sócios e família. Você é quase da mesma idade que ele, muito bonita, jovem, sabe se vestir, é audaciosa e vejo que sabe se posicionar quando necessário. Então, você tem tudo pra ser a ragazza perfeita para meu filho Pietro.

"O quê? Será que ouvi direito? O próprio pai quer contratar uma mulher para seu filhinho babaca? Isso só pode ser uma piada. Onde estão as câmeras?" — penso e ao mesmo tempo respiro fundo em busca de uma maneira educada para responder algo tão grotesco quanto isso. Mas, como sempre, minha língua não tem freios e vou logo direto ao ponto dizendo o que penso

— Desculpe, não querendo ser grosseira, mas o senhor considera seu filho tão incapaz assim, que não consegue sequer arrumar uma namorada sozinho?

— Ele até seria capaz, se não tivesse se tornado tão vulnerável e fanfarrão, desde que ficou viúvo. As mulheres que ele arruma, são todas muito artificiais e eu quero uma pessoa que seja de verdade. Uma mulher que ele possa apresentar nas festas, nos eventos da empresa e que não dê vexame ou nos envergonhe na frente de todos. Somos uma família muito conhecida e Pietro só tem manchado nosso sobrenome durante todos esses anos. Mas, agora as coisas precisam mudar drasticamente e quero mostrar pra todos que ele se tornou um homem de verdade e digno de carregar o sovrenome Castelamari.

— Entendo, e ele esta a par disso?

— Está sim, mas não gostou muito, contudo aceitou, pois ele não tem escolha, está na hora do solteirão Pietro Castelamari se endireitar e se tornar um homem de verdade. E tenho certeza que você o ajudará nisso.

O senhor Antonio termina de falar e logo em seguida abre uma gaveta bem à frente da sua mesa, retira uma pasta na cor branca e direciona na minha frente. Fico olhando aquilo sem entender o que estava acontecendo, mas quando penso em perguntar, ele começa à falar.

— Sei que deva estar confusa com tudo o que ouviu, mas dentro dessa pasta esta tudo o que você precisa saber sobre a proposta que lhe fiz. Ai tem um contrato, leia com atenção e tem vinte e quatro horas para me dar a resposta.

Não sei si tem namorado, mas sinceramente espero que não.

Guardo o papel novamente dentro da pasta, me levanto e olhando diretamente digo:

— Não tenho namorado, e nem pretendo ter, homens me causam asco e depois do que acabei de ouvir aqui nessa sala, tenho ainda mais certeza que devo continuar pensando da mesma maneira. — já de costas concluo — E o senhor já fique ciente, de que se eu aceitar essa proposta indecente, será unicamente pelo dinheiro, pois estou precisando. Amanha te darei uma resposta. Passar bem.

Sai daquela sala sentindo minha alma fora do corpo, eu poderia imaginar ouvir tudo desse homem, menos uma barbaridade dessas.

"Procura-se uma namorada para o filho do bilionário italiano."

Que piada! Se alguém me contasse isso eu jamais imaginaria, até parece título de uma novela mexicana.

Meu Deus, que loucura!

Sai do prédio sorrindo sozinha dessa situação esdrúxula, mas no fundo confesso que mexeu comigo, pois estou necessitando muito de dinheiro e pelo visto, esse homem pagaria uma pequena fortuna, unicamente para montar esse teatrinho com seu filhinho babaca.

E que mal teria em me tornar a namorada de mentira de um riquinho esnobe?

Continuo caminhando, e imaginando como esse Pietro deva ser. Com certeza esse Pietro deve ser aqueles mauricinhos mulherengos, que tem uma mulher a cada dia, o próprio playboy, riquinho filhinho de papai. Já no ônibus fico observando aquela pasta, ainda não abri o contrato, não tive coragem. Vou esperar chegar em casa para analisar com cuidado, afinal se trata da minha vida e ela não tem preço.

Assim que chego em casa meu celular começa a tocar, retiro da bolsa e ao olhar vejo que era o Luan. Deixo tocar até cair, estou nervosa e ele logo vai fazer um monte de perguntas até descobrir o que estava acontecendo. Ainda é cedo para dizer o que aconteceu, então acho melhor por enquanto, não contar nada para ele. A casa estava um silêncio estarrecedor, pelo visto a minha mãe não estava em casa, menos mal, entro para quarto, trajco a porta e pego o tal contrato para ler com calma.

Olho com calma, e aprentemente parecia ser um contrato com cláusulas normais. Mas isso foram nas duas primeiras paginas, pois a partir da terceira página é que tudo foi ficando muito mais claro. Sem falar que o valor, me enchia os olhos, daria pra pagar as prestações da casa, fazer as despesas, e ainda sobraria muito dinheiro pra mim.

O contrato tinha validade de seis meses, caso eu desista terá uma multa, negociada pelo próprio contratante.

Cláusula um: Será obrigada a ter relações sexuais, caso o contratante deseje.

Cláusula dois: O pagamento será realizado sempre no primeiro dia útil de cada mês.

Cláusula três: Terá direito, a um cartão de crédito sem limites, para compras de vestuários, para se apresentar adequadamente aos eventos sociais.

Cláusula quatro: Não me responsabilizo, caso ambos vierem a se apaixonar, nada será feito para o cancelamento do contrato.

Cláusula cinco: Estará incluso viagens, documentações e tudo o que for necessário para honrar com os compromissos sociais.

Cláusula seis: A contratada não poderá ter relacionamentos extras, menos ainda ser vista em público com outro homem que não seja Pietro Castelamari. Caso isso ocorra, acarretará numa punição, podendo até ser feito o cancelamento do contrato pelo próprio contratante. Incluso multa e juros por parte da contratada.

Li e reli diversas vezes para ter a plena certeza que era aquilo mesmo. E de tudo o que eu li, só não gostei da parte que serei obrigada a ter relações sexuais com um sujeito que nunca vi na vida. Sou virgem e nunca passei de uns beijos mais ardentes com ninguém. E só de imaginar esse cara me tocando, já sinto asco e nojo de mim mesma. Não sei se vou conseguir cumprir com todas essas cláusulas, é melhor eu desistir disso, não sou esse tipo de garota e nunca serei.

Penso nisso e guardo o documento dentro da pasta. Deixo a mesma na minha cama e sigo para o banheiro, preciso de um bom banho para me livrar de uma vez por todas dessa loucura. Porque só posso estar ficando louca para cogitar a possibilidade se aceitar uma coisa dessas.

Termino meu banho, coloco um conjunto de moletom cor de rosa e paro de frente ao espelho para pentear meus cabelos. E sem conseguir parar de olhar para a tal pasta com o contrato, eu penso:

Mas, acho que tem esse contrato tem mais vantagens do que desvantagens. E se eu aceitasse, afinal são apenas por seis meses, e o tempo passa rápido?

Com esse pensamento decido ligar para o Senhor Antônio, pois ele tinha me dito que qualquer dúvida eu poderia ligar. Então foi isso que eu fiz, e no segundo toque ele atendeu.

— Alô, Senhor Antônio, é a Fernanda!

— Sim, sou eu, Fernanda, pode falar.

— Então eu li o contrato, e a parte de ser obrigada a... — tento falar, porém ele logo me interrompe

— Então Fernanda, sobre essa cláusula foi o meu filho quem exigiu, e eu não pude contestar. Mas, vocês podem entrar num consenso, bom, eu acho. — ele fala sem jeito

— Entendi, senhor Antônio, era apenas essa a minha dúvida, no mais era só isso, amanhã eu retorno com minha resposta. Até amanhã!

— Aguardo por boas notícias, Fernanda. Até amanhã!

Finalizo a ligação e logo penso:

"De bobo esse Pietro não tem nadinha, é muito safado, isso sim. Bem que dizem, que viúvo é quem morre, e esse playboy é a prova viva disso."

Mas, estava bastante claro, que ele não iria perder a oportunidade de traçar a carne fresca. Guardo a pasta na gaveta da minha cômoda e tranco com chave, não posso correr o risco da minha mãe ver isso, ela poderia ter um infarto de desgosto. Deus me livre! Mas, acho que chegou a hora de me abrir com o Luan, sei que ele não vai gostar nada nada, mas preciso contar isso para alguém ou vou explodir. E também, caso eu aceite, preciso da ajuda dele, afinal vou necessitar de um cúmplice para minhas saídas, pois a minha mãe não pode nem imaginar uma coisa dessa.

Então troco de roupa, pego minha bolsa, e vou direto pra casa dele. Ele morava sozinho e tinha me dado a chave, então fui logo entrando. Ouvi o barulho de água, com certeza ele estava no banho.

— Lu, já cheguei! — grito e ele pouco tempo depois desce a escada usando só uma bermuda, com seu peitoral definido a mostra e enxugando seu cabelo com uma toalha

"Nossa! Como ele estava lindo!"

Tento me controlar e desvia meu olhar para não dar bandeira. Mas, sei que ele percebeu, porquê estava com um sorrisinho no canto da boca, como se tivesse feito isso de propósito, só para me deixar sem jeito.

— Oi minha princesa! E ai, o que me conta, já tem alguma nova oportunidade de emprego?

— Mais ou menos, mas vou precisar da sua ajuda.

Nesse momento, ele j**a a toalha em cima do sofá, e não tinha como deixar de perceber o volume por baixo daquele shorts.

"Eita, Fernanda, volta no foco."

— Pela sua cara não e coisa boa. Fala logo Nanda.

Respiro fundo, e então começo a explicar desde o início o que tinha acontecido, e a cada palabea que ele ouvia mais bravo ficava. Ele só faltou me pegar e me dar umas boas palmadas.

— Você ficou louca Fernanda? Acompanhante de luxo? Praticamente se tornar uma prostituta? Você não vai aceitar uma coisa dessa, vai?

— Luan, vão pagar muito bem, é uma boa oportunidade para ajuda em casa e quitar todas as nossas dívidas. Minha mãe precisa de um plano de saúde e com esse dinheiro vou conseguir fazer tudo isso. É um milhão de reais, Luan, é muito dinheiro. E eu serei tipo uma namorada de mentira desse riquinho. Só isso, nada mais.

Claro que não mostrei o contrato, a parte de ser obrigado a fazer sexo, soa muito mal, e o conhecendo como conheço, sabia que ele seria bem capaz de rasga-lo e iria correndo contar para minha mãe. E o pior, nunca mais olharia na minha cara.

— E sexo, claro que esse cara vai querer sexo, e você por dinheiro vai se propor à isso?

— Luan, não sou nenhuma criança, e não sou obrigada à nada, só estou pensando na minha família, faço tudo por minha mãe. E afinal, não estou roubando ninguém. — ao falar Luan vira o rosto para o outro lado, seguro com a ponta do dedo em seu queixo o obrigando a olhar em minha direção — Ei, olha pra mim!

— Você quem sabe Fernanda, como você mesma disse, não é nenhuma criança e sabe muito bem os riscos que está correndo. Eu só espero que não se arrependa dessa sua decisão. E quanto tempo durará esse teatro?

— São seis meses, passa rápido. E ele não é nenhum louco, e você me conhece.

Luan não diz mais nada, se levanta e vai para a cozinha preparar algo para comer. Eu fico ali sentada no sofá o aguardando, inconscientemente eu já havia aceitado essa proposta indecente, mas precisava me abrir com o meu único amigo, sei que ele não concorda e menos ainda gostou de tudo o que eu disse, mas estou fazendo isso apenas pela minha mãe e o seu bem estar. E por ela sou capaz de tudo, até tomar uma decisão de me tornar uma marionete nas mãos de um playboy otári0.

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