Jogada de negócios

…Ethan…

A manhã seguinte ao nosso jantar estava como se a minha cabeça fosse uma névoa cinzenta. Eu acordei com a sensação de que estava em território desconhecido. Algo em Camila me fazia questionar minhas próprias certezas. Durante toda a noite, seus olhos não saíam da minha cabeça, e eu não conseguia focar em nada mais. Mas precisava sacudir aqueles pensamentos para bem longe de mim. Afinal de contas, eu sou um homem acostumado a comandar e a minha personalidade sempre foi controladora e meticulosa. No mundo dos negócios, não há espaço para erros, e eu não tolero incompetência. Sempre fui calculista, estratégico. Mas algo naquela mulher parecia cutucar um lado meu que eu não reconhecia. E eu detesto surpresas.

Quando entrei no escritório, Dante estava lá, esperando por mim, como sempre. Ele sabia exatamente quando eu estava em uma daquelas fases tensas.

- Cara, você está com aquela cara de quem foi abalado. O que aconteceu? - Dante perguntou, batendo na mesa de vidro com a mão, chamando minha atenção.

- Não foi nada, Dante. Só muito trabalho e estou curioso com o nosso novo projeto! - Eu olhei para ele, tentando manter a compostura.

- Você tem certeza? Porque eu diria que você está ferrado, da pra perceber de longe. - Será que eu estava ferrado mesmo? Ele continuou. - O jantar de ontem não foi nada?

- É só mais uma das minhas jogadas de negócios. Nada de mais. - Eu bufei e me joguei na cadeira, tentando até eu me convencer do que dizia!

Mas, no fundo, eu sabia que ele estava certo. Camila tinha começado a mexer com a minha cabeça. Algo nela despertava um desejo de controle, de quebrar minha própria resistência. E eu não sabia o quanto estava disposto a permitir isso.

…Camila…

O dia seguinte foi cheio de reuniões com a equipe do projeto, mas meu pensamento estava completamente em outro lugar. Eu era determinada, apesar de muitas vezes parecer teimosa. Eu gostava de desafios e odiava perder. Sempre fui independente, sem medo de dizer o que penso, mesmo que isso já tenha me causado alguns problemas. Mas, acima de tudo, eu era resiliente.

Porém, o jantar com Ethan ficou martelando na minha cabeça, me deixando nervosa e… curiosa. Eu não sabia o que ele queria, ou o que eu mesma queria. Estava claro que havia algo entre nós, uma tensão silenciosa, mas muito real. O dia passou voando e quase não o vi naquele dia, o que me deixou muito intrigada. O que ele estava pretendendo? Será que não estava à sua altura? Ou ele estava fugindo de mim? Quantas perguntas sem respostas…

Eu estava precisando conversar com minha amiga, então marquei com ela para nos encontrarmos no cafezinho que sempre íamos após o trabalho.

Chegamos ao cafezinho e ela já foi logo fazendo perguntas… ela não perdia tempo mesmo.

- Então, amiga, como foi o ‘jantar de negócios’? - Juliana riu, fazendo aspas no ar com as mãos.

- Você está insuportável, sabia? - Eu sorri, mas não pude esconder o nervosismo. - Foi… interessante. Ele é muito difícil de ler, sabe? Mas é exatamente isso que me deixa… curiosa.

Juliana arqueou uma sobrancelha. - Curiosa? Camila, você tem que parar de se fazer de difícil. Ele está caindo na sua, e você está só resistindo. Olha, eu já vi esse filme antes. Não vai durar muito, sabe?

- Você acha? Ele quase não deu as caras hoje, penso que ele não esteja caído assim não.- Eu a olhei com uma mistura de preocupação e empolgação.

- Amiga, ele está te observando. Isso está mais claro que nunca. - Juliana disse, com um olhar de quem sabia das coisas. - Se j**a! Agora é a hora de fazer ele perceber que você não é uma mulher qualquer.

Eu sorri para ela, mas, lá no fundo, o medo ainda me consumia. Ethan era um homem imponente, um líder, e, de algum modo, eu sabia que isso seria mais difícil do que parecia.

De lá, fui para meu apartamento para tentar descansar sem pensar no Ethan, o que seria muito difícil. Eu queria mesmo era desvendar logo o mistério daquele CEO imponente e lindo, na verdade um Deus grego!

…Dante…

Antes de ir para casa, não podia deixar de verificar como meu amigo estava. Eu já sabia. Sabia que meu ele estava tentando se convencer de que nada estava acontecendo entre ele e Camila. Quando entrei em sua sala, o vi mais uma vez com aquela cara de quem estava morrendo por dentro, não pude evitar a piada.

- Então, como está o jogo de sedução, Sr. Lancaster? - Eu disse, com um sorriso malicioso. Ele me olhou, irritado, mas eu sabia que ele não ia me mandar calar a boca dessa vez.

- Eu não estou ‘jogando’, Dante. Está claro para você, ou quer que eu desenhe? - Ele falou com uma frieza que só eu sabia disfarçar. Mas eu vi o fundo da questão. Ele estava se segurando.

- Ah, tá. Então me diz por que você está com esse olhar de quem viu um fantasma? - Eu ri, e ele só revirou os olhos.

- Não sei. É só um projeto. Mais um dia de trabalho. - Eu não aguentei e comecei a rir. “- Claro. E por que, então, eu sinto que você está no limite de se apaixonar por ela? - Eu quis sair correndo depois de falar isso, porque eu bem conhecendo o meu amigo, ele era capaz de jogar a cadeira em mim.

- Eu não sou assim, Dante. Eu não me envolvo com pessoas como ela. Não é meu estilo. - a sua resposta me surpreendeu, não esperava ele falar assim. Eu olhei para ele e sabia que a batalha interna estava longe de terminar. - Esse é o problema, Ethan. Você não sabe o que está perdendo.

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